Recentemente, uma jovem de São Paulo morreu por sepse em razão de infecção contraída após uma cirurgia de extração do dente do siso. O fato serve de alerta para os profissionais de saúde em geral, em especial neste caso os cirurgiões dentistas, pois de acordo com o ILAS (Instituto Latino-Americano de Sepse) é preciso popularizar os sintomas para viabilizar o reconhecimento precoce e, consequentemente, o tratamento adequado, uma vez que o tempo de ação é determinante para evitar óbitos.
Conhecida
antigamente como infecção generalizada ou ainda como septicemia, a sepse é uma
resposta inadequada do próprio organismo contra uma infecção que pode estar
localizada em qualquer órgão. Essa resposta inadequada pode levar ao mau
funcionamento de um ou mais órgãos, com risco de morte quando não descoberta e
tratada rapidamente. A infecção pode ser bacteriana, fúngica, viral, parasitária
ou por protozoários.
A sepse é
uma das principais causas de morte em nossos hospitais. Estima-se que haja,
somente em unidades de terapia intensiva, mais de 400 mil pacientes/casos
anualmente, resultando em cerca de 240 mil óbitos, de acordo com estudo
realizado pelo ILAS e publicado pela revista internacional The Lancet, em 2017.
Ao contrário do que se pensa, sepse não é um problema só para pacientes já
internados em hospitais. A maioria dos casos ocorre em pacientes que procuram
os serviços de urgência e emergência.
Especialmente
na Odontologia, a especialista Dra. Claudiane Rezende (CRO/MG 33.184) alerta
que doenças infecciosas bucais, como doenças periodontais, abscessos
perirradiculares (periodontais e endodônticos), abscessos intraósseos,
alveolites, osteonecroses, perimplantites; lesões extensas de mucosa; doenças
periodontais necrosantes, gengivoestomatite herpética, candidoses, dentre
outras doenças oportunistas, manifestadas tanto na comunidade quanto naqueles
já internados, constituem uma importante fonte de sepse.
“O cirurgião
dentista deve estar treinado para o diagnóstico precoce dos sinais de infecção
grave, principalmente em pacientes sistemicamente comprometidos, idosos,
crianças e gestantes”, diz a odontóloga.
De acordo
com os especialistas do ILAS, o reconhecimento precoce é a chave para o
tratamento adequado. Os profissionais devem ser treinados a reconhecer os
primeiros sinais de gravidade de uma infecção, inclusive em consultório. Quando
chamado para avaliar pacientes internados, o cirurgião dentista pode auxiliar
no diagnóstico e controle da sepse. O tratamento adequado do foco infeccioso
nas primeiras horas tem clara implicação no prognóstico. Medidas simples, como
coleta de exames, culturas, início rápido dos antimicrobianos e ressuscitação
hemodinâmica podem salvar vidas.
O ILAS
orienta que os cirurgiões dentistas fiquem atentos a alertas como: alterações
na temperatura, taquipneia e taquicardia, sinais flogísticos de inflamação em
cavidade bucal, como sangramento, fístulas e ou abcessos, seguidos ou não de
dor ou edema, sejam estes após procedimentos odontológicos ou não, pois
infecções de origem bucal podem evoluir para sepse. A confusão mental, falta de
ar, tonturas, mal-estar e fraqueza podem ser sinais de disfunção orgânica, ou
seja, de sepse.
Nos sites do
ILAS é possível encontrar informações, materiais e orientações para as
instituições de saúde e profissionais utilizarem no processo de implementação
do protocolo gerenciado de sepse (www.ilas.org.br;
www.diamundialdasepse.com.br;
e Youtube)
e também para o público em geral conhecer mais sobre a condição e a importância
dos cuidados bucais no sobrevivente de sepse: https://reabilitasepse.com.br/cuidados-bucais/.
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