Marcela Araújo, nutricionista da MedSculp e autora do livro Fitoterapia Aplicada à Nutrição, explica os benefícios e o modo de usar as folhas, raízes e sementes
Planta medicinal é toda planta ou parte dela que
contém substâncias ou classe de substâncias responsáveis por ação terapêutica.
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), as plantas
medicinais são aquelas com tradição de uso como remédio em uma população ou
comunidade, e que são capazes de aliviar ou curar enfermidades. De acordo com a
Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 80% da população de países
em desenvolvimento adere a práticas tradicionais na atenção primária à saúde e,
desse total, 85% fazem uso de plantas medicinais.
A ingestão das plantas medicinais é eficaz. Após a
comprovação científica da base empírica desenvolvida por comunidades e grupos
étnicos ao longo do tempo, o interesse acadêmico sobre plantas medicinais e
seus usos têm crescido. Com isso, a fitoterapia foi inserida em cursos de
graduação da área da saúde e programas de pós-graduação passaram a ter as
plantas medicinais como linha de pesquisa.
De acordo com Marcela Araújo, nutricionista da
MedSculp e autora do livro Fitoterapia Aplicada à Nutrição, as plantas
medicinais em geral são usadas em preparações caseiras, como chá (infusão,
decocção ou maceração), suco, xarope caseiro, compressa, cataplasma, garrafada
medicinal, banhos, inalação ou gargarejo. “A forma mais adequada de uso e
preparo para aproveitar o benefício da planta medicinal depende de alguns
fatores como, por exemplo, a parte da planta a ser utilizada. Por isso, mesmo
sendo preparações caseiras para uso imediato, é fundamental a orientação de um
profissional de saúde habilitado quanto ao preparo e a utilização dessas
preparações”.
No geral, as plantas medicinais e fitoterápicos
podem ser grandes aliados na manutenção da saúde, prevenção e tratamento de
doenças e até na performance esportiva. “A prescrição de plantas medicinais e
fitoterápicos é individualizada. Ela precisa levar em consideração a história
de saúde, os sinais e sintomas, os medicamentos e suplementos utilizados pelo
paciente, entre outros fatores. Através do uso de plantas medicinais e
fitoterápicos podemos ter uma boa resposta para queixas relativamente comuns
hoje com ansiedade, falta de energia e disposição, alterações de sono e
alterações intestinais, por exemplo”, completa a nutricionista.
Vale destacar que o uso de plantas medicinais pode
ter efeitos colaterais e interação com outras plantas e medicamentos. “Dessa
forma, a prescrição por profissional habilitado contendo a nomenclatura
botânica correta da planta, a parte a ser utilizada, a forma de utilização e
modo de preparo, a posologia e modo de usar e o tempo de uso, é de extrema
importância para melhor aproveitamento dos benefícios das plantas medicinais na
saúde de forma segura e eficaz”, comenta Marcela.
Contraindicações
Há uma crença de que as plantas medicinais são um
recurso terapêutico alternativo isento de efeitos indesejáveis e desprovido de
toxicidade e contraindicações. O famoso “É planta, então mal não faz”. Porém,
essa crença se torna equivocada, uma vez que evidências científicas demonstram
a ocorrência de intoxicações e efeitos colaterais relacionados ao uso de
plantas medicinais.
“As plantas medicinais podem provocar interações
com outras plantas ou com medicamentos alopáticos. O acúmulo de substâncias
ativas, por mistura ou indicações terapêuticas semelhantes, sem nenhum
conhecimento e comprovação científica das mesmas, gera risco de intoxicações
variadas desde uma simples dermatite até a morte. O número de casos de reações
adversas a plantas medicinais e seus derivados têm aumentado no Brasil e em todo
o mundo”, alerta Marcela.
Plantas do bem
Segundo Marcela Aragão, existem algumas plantas
amplamente conhecidas e utilizadas e que atuam nos principais sistemas do
organismo como:
A Camomila (Matricaria recutita L. Rauschert), a
Melissa (Melissa officinalis L.) e o Maracujá (Passiflora
edulis Sims), por exemplo, são plantas que atuam no sistema nervoso
central e são comumente usadas pelo seu efeito ansiolítico e sedativo leve.
Já o Alecrim (Rosmarinus officinalis L.), a
Alcachofra (Cynara scolymus L.), a Erva-doce (Pimpinella
anisum L.) e o Boldo-do-chile (Peumus boldus Molina.) são plantas
utilizadas pelo seu efeito no sistema digestório, por sua ação digestiva,
antiespasmódica, na redução da formação excessiva de gases ou em transtornos
hepáticos, por exemplo.
A Cavalinha (Equisetum arvense L.) e o Dente de leão
(Taraxacum
officinale Weber), por sua vez, são plantas que atuam no sistema
geniturinário e são usadas como diurético.
E plantas comumente usadas pelo efeito
estimulante/tônico ou adaptógeno como o Chá verde (Thea sinensis.), o
Chá mate (Ilex paraguariensis.), o Guaraná (Paullinia
cupana Kunth), a Rhodiola (Rhodiola rosea L.) e o Ginseng (Panax
ginseng C. A. Mey.).
MedSculp Clínica
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