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sábado, 13 de maio de 2023

“Mães atípicas vivem luto pelo filho idealizado que não veio e alegria pela criança que tem em seus braços”, diz fisioterapeuta

Especialista em reabilitação infantil com quase 20 anos de atuação, Silvana Vasconcelos defende que a sociedade precisa promover inclusão das crianças e cuidados com a saúde mental das mães


O diagnóstico de uma criança atípica nunca é fácil e afeta de maneira significativa as finanças e o emocional das famílias, principalmente das mães. Afinal são elas que muitas vezes abrem mão de suas carreiras e sonhos para enfrentar a maratona de consultas, exames e avaliações solicitadas pelos médicos, além de dedicar suas rotinas para acompanhar os filhos em sessões de terapias para proporcionar a eles condições de se desenvolver da melhor maneira possível. 

“As mães que chegam na rede em busca da terapia intensiva para seus filhos apresentam muitas emoções. É uma mistura de esperança, ansiedade, preocupação e tensão por carregarem o peso das responsabilidades e os desafios diários que enfrentam para cuidar de uma criança com necessidades especiais. E o cansaço emocional delas é visível por lidar com pressão, falta de tempo para cuidar de si mesmas e a sensação de isolamento”, afirma a fisioterapeuta, Silvana Vasconcelos, mestre em Fisioterapia e diretora da rede de seu nome em seis estados do Brasil. 

Além de tudo, muitas vezes essas mães estão sozinhas. De acordo com dados do Instituto Baresi, no Brasil quase 80% dos pais abandonaram as mães de crianças com deficiências e doenças raras antes dos filhos completarem 5 anos de vida. Crianças com necessidades especiais exigem recursos e tratamentos especiais que em algumas regiões nem estão disponíveis. Fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, acompanhamento médico frequente e equipamentos especializados têm custos financeiros significativos que geram estresse na família. 

“Costumo dizer que me vejo diante de mães que estão em um processo de luto e de alegria ao mesmo tempo. Luto pelo filho idealizado que não veio e alegria pela criança que tem em seus braços. Elas enfrentam o desafio de equilibrar o papel de cuidadora de seus filhos e outras responsabilidades - como trabalho, cuidar de outros membros da família, administração doméstica e autocuidado. Esse equilíbrio pode ser exigente e desgastante”, lamenta Silvana.

 

Luta por direitos 

“As mães de crianças com deficiência são verdadeiras defensoras e advogadas incansáveis. Elas estão sempre na linha de frente, lutando pelos direitos de seus filhos e garantindo que tenham acesso a todos os serviços e recursos necessários. Elas buscam informações, educam-se sobre as necessidades de seus filhos e se tornam verdadeiras especialistas na área”, pontua Silvana. 

Apesar de alguns avanços, ainda existe muito a evoluir, principalmente na educação e conscientização da sociedade sobre as necessidades específicas dessas crianças e suas famílias e para combater o preconceito. Inclusão e acessibilidade são aspectos fundamentais para garantir que as crianças e suas famílias se sintam bem-vindas e apoiadas na sociedade. Isso significa tornar os espaços públicos, escolas, parques e instalações recreativas mais acessíveis, com rampas de acesso, banheiros adaptados e equipamentos de playground inclusivos. Campanhas educativas, palestras e eventos comunitários ajudam a disseminar informações e promover a compreensão dos desafios que essas mães enfrentam.

 

Rede fornece apoio psicológico gratuito 

Em meio a todas as dificuldades da jornada desafiadora, existe também muito suporte e apoio dos profissionais que atuam para proporcionar alívio e orientação para que as mães possam tomar decisões bem informadas sobre a vida de seus filhos. “Treinamentos e orientações práticas sobre técnicas e exercícios de reabilitação para serem feitos em casa capacitam as mães para um papel ativo no cuidado e na terapia de seus filhos, promovendo o desenvolvimento e a independência. 

“Nas unidades da Rede Silvana Vasconcelos ouvimos atentamente as preocupações, validamos suas experiências e oferecemos empatia. Temos suporte às mães atípicas com orientações, acesso ao profissional via WhatsApp a qualquer momento, sala de convivência para troca de experiência entre os pais, orientação familiar e sessões semanais de terapia com psicólogo para qualquer mãe que sinta necessidade. Tudo isso gratuito para ajudá-las a lidar com o estresse, reduzir a sensação de isolamento e fortalecer sua resiliência”, diz Silvana. 

Além disso, essas mães desenvolvem uma incrível capacidade de empatia, compreendendo lutas e desafios enfrentados por outras famílias, criando grupos entre si para oferecer apoio e solidariedade. Essa conexão cria uma rede de apoio valiosa, onde experiências e conselhos são compartilhados, fortalecendo-as mutuamente já que pode ser difícil encontrar outras pessoas que entendam suas experiências únicas e ofereçam apoio emocional e prático”, finaliza.


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