O que as empresas precisam fazer para garantir um mercado de trabalho
melhor para trabalhadores no futuro?
O futuro
do trabalho tem sido um tema de grande importância nos últimos anos. As
mudanças tecnológicas e a globalização têm transformado significativamente o
mercado laboral, criando novas formas de exercício profissional e exigindo
novas competências. Segundo o relatório da Comissão Global sobre o Futuro do
Trabalho da Organização Internacional do Trabalho (OIT), estima-se que cerca de
40% dos empregos atuais poderão ser automatizados nos próximos 15 anos,
enquanto novas profissões devem surgir em médio prazo. No entanto, esse futuro
não é necessariamente garantido. Muitos dos trabalhadores que estão sendo
afetados pelas mudanças não estão recebendo proteções adequadas – o que pode
levar a desigualdades sociais e econômicas ainda mais profundas.
Nesse
contexto, é essencial que as empresas desempenhem um papel importante na
criação de um mercado de trabalho justo e inclusivo. Isso inclui garantir que
as mudanças tecnológicas sejam utilizadas de forma ética e responsável,
evitando a discriminação e promovendo a igualdade de oportunidades. Por
exemplo, se um algoritmo de recrutamento for treinado em dados históricos de
contratação – que refletem preconceitos e discriminação racial e/ou de gênero
–, é possível que ele perpetue esses mesmos vieses e recortes na seleção de
candidatos no presente. Por isso, as empresas precisam garantir que esses
algoritmos sejam construídos e treinados de forma justa e transparente, com uma
variedade de dados que não perpetuem as desigualdades históricas.
Além
disso, as empresas devem garantir que as tecnologias sejam utilizadas para
promover a igualdade de oportunidades, em vez de reforçar as desigualdades
existentes. Um exemplo pode ser a adoção de tecnologias de trabalho remoto para
possibilitar que os trabalhadores tenham mais flexibilidade e oportunidades de
trabalhar em seu próprio tempo – o que pode ser particularmente benéfico para
os profissionais com responsabilidades familiares ou limitações de mobilidade.
As
empresas também precisam considerar o impacto mais amplo de suas decisões em
relação ao mercado de trabalho. Isso pode incluir a adoção de práticas
sustentáveis de emprego, como a criação de oportunidades de treinamento e
desenvolvimento para os trabalhadores ou a oferta de salários e benefícios
justos. Essas práticas não apenas ajudam a promover a justiça social, mas
também auxiliam na criação de um ambiente de trabalho mais produtivo e
sustentável a longo prazo.
Que fique
de aviso: agora somos nós – trabalhadores – que escolhemos as empresas em que
queremos trabalhar e não o contrário!
Com o
crescimento da tendência de flexibilidade no mercado de trabalho, muitos
profissionais estão optando por trabalhar como autônomos, escolhendo as
empresas com as quais desejam colaborar em vez de se submeterem a empregadores
tradicionais, levando em consideração melhores condições de trabalho. De acordo
com uma pesquisa realizada pelo LinkedIn, intitulada "Global Talent Trends
2021", a demanda por trabalhadores autônomos cresceu significativamente
nos últimos anos; espera-se, inclusive, que continue a crescer no futuro
próximo, com 73% dos líderes de Recursos Humanos pesquisados afirmando que as
contratações autônomas serão uma parte significativa de sua estratégia de
talento nos próximos cinco anos.
Ao mesmo
tempo, as empresas também precisam garantir que os profissionais autônomos
sejam tratados de forma justa, recebendo remuneração adequada e proteções
trabalhistas. Isso pode incluir a adoção de práticas de pagamento
transparentes, acordos contratuais claros e a oferta de benefícios como seguro
de saúde e aposentadoria.
Com a
adoção de práticas justas e transparentes, as empresas podem atrair e reter
talentos valiosos, ajudando a criar um mercado de trabalho mais justo e
equitativo para todos. Mas, é imperativo que isso seja uma cultura inerente das
relações entre empresas e trabalhadores.
O próximo
passo para alcançar um futuro do trabalho mais inclusivo e equitativo é
continuar o diálogo e a colaboração entre empresas, governos, trabalhadores e
sociedade em geral. Juntos, podemos identificar as principais barreiras para a
inclusão e promover soluções concretas para superá-las.
Abaixo,
listo algumas iniciativas que podem contribuir para esse objetivo.
- Fomentar o diálogo
e o compartilhamento de melhores práticas entre empresas, a fim de
promover a igualdade de oportunidades e a inclusão no mercado de trabalho.
- Incentivar
políticas públicas que promovam a inclusão como a educação inclusiva e a
capacitação para profissionais de grupos historicamente e socialmente mais
vulneráveis.
- Promover a
diversidade e a inclusão na liderança empresarial, garantindo que todas as
vozes sejam ouvidas e representadas nas decisões estratégicas da empresa.
- Incentivar a
participação de pessoas de grupos sub-representados em programas de
mentorias, capacitações e estágios, de forma a garantir oportunidades
igualitárias de crescimento profissional.
- Fomentar a
transparência e a responsabilidade das empresas em relação às suas
práticas de recrutamento, seleção e remuneração, bem como às condições de
trabalho oferecidas a todos os seus colaboradores.
É
importante lembrar que a equidade não é um objetivo que pode ser alcançado de
uma vez por todas, mas sim um processo contínuo de aprendizagem, reflexão e
ação, que nos conduzirá às reduções das desigualdades sociais e à nutrição da
nossa economia. O futuro do trabalho é uma oportunidade única para que as
coisas possam acontecer de forma diferente, com mais impacto social positivo e
sustentável.
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