Como a compra de selos de verificação nas redes
sociais pode afetar a credibilidade e alcance dos perfis de marcas e criadores
de conteúdo? Um dos assuntos mais comentados e polemizados nos últimos tempos
nas redes sociais, é a mudança de paradigma que o Twitter e a Meta, composto
pelo Facebook e Instagram, estão realizando ao iniciarem processos de venda dos
desejados selos de verificação. Mas antes de falarmos sobre as consequências
desta mudança, é importante lembrar o que a verificação significa, como se originou
e como evoluiu.
A origem do selo de verificação aconteceu em 2009,
quando o Twitter anunciou a versão beta das contas verificadas. Na
época, a companhia havia sido processada por Tony La Russa, gerente do time de
baseball americano, Saint Louis Cardinals, após o mesmo ter sido personificado
por um conta falsa na rede social. Por conta disso, a co-fundadora do Twitter,
Biz Stone, reconheceu a oportunidade de melhorar a experiência do usuário e
implementou uma prévia beta das contas verificadas.
O modelo desde então mudou bastante com a aplicação
do formato sendo reproduzida pelo Instagram, Facebook, TikTok e muitas outras.
Todas aplicando um discurso similar, afirmando que a verificação é uma forma
das pessoas saberem se as contas de destaque que estão seguindo ou pesquisando
são exatamente quem elas dizem que são.
A realidade é um pouco diferente. A verificação se
tornou um negócio, custando milhares de reais em alguns casos, pois de forma
indireta indica autenticidade e relevância. Mas mais do que isso, se tornou um
clube exclusivo que muitas pessoas pagaram caro e trabalharam muito para fazer
parte. E tudo isso está mudando.
É fundamental destacar que o sistema de verificação
pago proposto varia, significativamente, entre as diferentes redes sociais: no
Twitter, um programa oferece maior visibilidade e engajamento orgânico, além de
outros benefícios, como a capacidade de inserir arquivos maiores e mais
pesados. Por outro lado, no Facebook e no Instagram, a verificação paga se
limita inicialmente às pessoas físicas com documentos governamentais
verificados e, por enquanto, sem benefícios adicionais de alcance ou
visibilidade.
Tanto o Twitter quanto a Meta têm uma necessidade
gigantesca de buscar novas formas de monetização, e esse é o principal motivo
por trás do processo. O "pássaro azul" está rodeado de polêmicas,
demissões em massa e uma vertiginosa queda de receita com anúncios, de acordo
com a Standard Media Index. Por sua vez, a empresa do Metaverso vem sofrendo
financeiramente desde o lançamento das ferramentas de privacidade da
Apple.
Mas o que estamos vendo é que o impacto na receita
dessas empresas com o programa de verificação paga pode ser positivo ou
negativo, como exemplificado pelo caso de LeBron James, que abandonou o Twitter
após a introdução da nova forma, fazendo com que a plataforma perdesse um dos
seus maiores criadores e âncoras de atenção.
Com tudo isso, há algumas dúvidas e preocupações
que permeiam a mente tanto dos criadores, quanto dos anunciantes: como fica a
relevância digital com a mudança no formato de verificação? Perfis que não
comprarem os selos irão perder alcance orgânico? A verdade é que estamos apenas
no início deste movimento e o verdadeiro impacto dessas mudanças ainda está por
ser determinado.
Quanto à credibilidade, já existem fortes indícios
de que a compra de selos de verificação pode ser mal vista pelas comunidades.
Criadores que antes não tinham verificação e estão realizando essas compras,
têm recebido grandes crescimentos no Twitter e estão sendo taxadas como tendo
importância comprada, diminuindo sua relevância.
A realidade é que a intensa competição no mercado
de produção de conteúdo faz com que a qualidade e a aderência sejam fatores
cada vez mais importantes para o sucesso dos criadores. As plataformas de vídeo
curto, por exemplo, revolucionaram a descoberta de influenciadores e produtores
de conteúdo, facilitando o reconhecimento de novos talentos, outrora
desconhecidos, com a sua gigantesca entrega orgânica, como foi o caso do Luva
de Pedreiro, que não tinha presença nas redes sociais antes de 2021.
Portanto, a relevância dos produtores de conteúdo e
das empresas será cada vez mais proporcional à qualidade do conteúdo que
entregam. Em suma, a compra de selos de verificação nas redes sociais tem o
potencial de afetar a credibilidade e o alcance dos perfis de marcas e dos
criadores. No entanto, a qualidade e a aderência do conteúdo continuarão sendo
determinantes para o sucesso nesse mercado altamente competitivo - e é
nisso que os anunciantes têm que focar.
Kim Nery é CCO - diretor de Criação da Pira, empresa especializada na criação e realização full service de projetos com foco na construção e fortalecimento de comunidades digitais, em especial para a geração Z. Kim é considerado um jovem criativo que vem quebrando paradigmas na comunicação tradicional e no mercado de conteúdo e publicidade do país, ao longo da sua trajetória profissional, liderou o primeiro filme publicitário com um bebê Johnson's nordestino, narrado com sotaque familiar e cantado em formato de xote. Além disso, Kim atuou em empresas como a Agência Califórnia, na qual assumiu a posição de head de Criação e Planejamento. Em seguida, assumiu a posição de head de Conteúdo e Network na FitDance, assim que foi adquirida pelo Grupo SBF.
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