Especialistas do Centro Mackenzie de Pesquisa sobre Infância e Adolescência participam do estudo e concluíram que prejuízo pode chegar a R$ 26 bilhões
Pesquisa coordenada por economistas do Care Policy and Evaluation Centre da universidade London School of Economics and Political Science (LSE), em colaboração com o Perinatal Mental Health Project, tem professoras mackenzistas como representantes do Brasil.
O prejuízo, de aproximadamente R$ 26 bilhões, é o principal resultado da
pesquisa econômica que avalia o impacto em não tratar os problemas emocionais
perinatais nas mulheres e em seus filhos. Estes gastos incluem, por exemplo,
assistência hospitalar e perda de produtividade. À frente do projeto estão as
professoras Cristiane Silvestre de Paula e Ana Alexandra Caldas Osório, ambas
do Centro Mackenzie de Pesquisa sobre Infância e Adolescência, do Centro de
Ciências Biológicas e da Saúde (CCBS) da Universidade Presbiteriana Mackenzie
(UPM), campus Higienópolis, juntamente com Alicia Matijasevich, do
Departamento de Medicina Preventiva da Universidade de São Paulo (USP).
Uma ressalva importante é que devido a indisponibilidade de dados no Brasil, as pesquisadoras acreditam que os valores encontrados possam estar subestimados. Esses resultados são os primeiros da América Latina e indicam a urgência de investimentos brasileiros na saúde mental perinatal.
Durante a gravidez e pós-parto, 15% a 30% das mulheres apresentam
ansiedade ou depressão. Dados recentes durante a pandemia da Covid são ainda
mais preocupantes, indicando que até 47% das mulheres no período perinatal
apresentavam problemas psicológicos. Os impactos para as mulheres e seus filhos
são de longo prazo e devastadores, no entanto, a área continua negligenciada.
São raros os estudos revelando o impacto econômico relacionado aos
problemas de saúde mental na população brasileira. Cristiane Silvestre de Paula
afirma que, por isso, a pesquisa conjunta tem uma grande força de mobilização
ao demonstrar que bilhões de reais seriam economizados se tratássemos
adequadamente os problemas emocionais das grávidas e puérperas de nosso país.
O objetivo principal foi de estimar os custos da depressão e
ansiedade perinatal, considerando os impactos de longo prazo tanto nas mães
quanto nas crianças brasileiras. A pesquisa foi coordenada por economistas do Care
Policy and Evaluation Centre da renomada universidade inglesa London
School of Economics and Political Science (LSE), em colaboração com o Perinatal
Mental Health Project, tendo no Brasil pesquisadoras do Centro Mackenzie de
Pesquisa sobre Infância e Adolescência da UPM e Departamento de Medicina
Preventiva da USP.
Ana Osório explica que “a situação de saúde mental de grávidas e
puérperas já era grave no nosso país antes da pandemia e só aumentou com a
crise do coronavírus”. Além disso, ela diz que estudos de custo econômico
mostram inequivocamente a magnitude e urgência deste problema de saúde pública.
De acordo com Alicia Matijasevich, embora os problemas de saúde
mental perinatais, principalmente depressão, sejam reconhecidos há bastante
tempo na maioria dos países desenvolvidos, em países em desenvolvimento não há
uma atitude ativa para abordá-los. “São poucos os profissionais de saúde que
conseguem identificar precocemente, orientar e tratá-los adequadamente evitando
consequências deletérias nas mães e em seus filhos”.
Os resultados podem ser consultados na íntegra no artigo
intitulado The lifetime costs of perinatal depression and anxiety in Brazil
(tradução livre: Os custos brasileiros da depressão e ansiedade perinatal no
decorrer da vida) na revista científica Journal of Affective Disorders.
Para acesso ao artigo na íntegra, clique aqui.
Universidade
Presbiteriana Mackenzie
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