Especialista fala
sobre as principais vacinas que devem ser aplicadas antes de viagens nacionais
e internacionais
Segundo dados da Agência Senado, a imunização
infantil encontra-se nos níveis mais baixos dos últimos 30 anos, sendo que em
2021 apenas 60% das crianças haviam sido vacinadas contra hepatite B, tétano,
difteria e coqueluche; 70% contra tuberculose e paralisia infantil; e menos de
75% contra sarampo, caxumba e rubéola. Esse ano, a adesão foi ainda menor,
sendo que até o final de setembro de 2022, apenas 34% das crianças, entre 1 a 4
anos, haviam tomado a vacina contra poliomielite. Esses números reforçam a
importância da manutenção assídua ao calendário de vacinação como forma de
prevenção de doenças agudas, inclusive nos períodos das férias de verão onde a
circulação de pessoas aumenta.
A enfermeira especialista em vacinação da Clínica
Vacinne, Kátia Oliveira, afirma que o quadro é preocupante e que toda a
população deve priorizar a atualização da carteira de vacinação. “O Brasil
sempre foi exemplo quando o assunto é vacinação, mas de alguns anos para cá a
adesão tem caído vertiginosamente. Os motivos são diversos, indo desde a falta
de incentivo dos órgãos públicos, até a falta de conhecimento da população
sobre os benefícios da vacinação”, afirma.
Além das vacinas tradicionais, com as férias
chegando, Kátia reforça sobre a importância de colocar as vacinas como parte do
pacote de viagens da família, principalmente aquelas que pretendem viajar para
lugares onde há exigência de comprovante de vacinação. “Em algumas regiões do
Brasil e também fora do país, algumas imunizações são obrigatórias, como as que
defendem contra febre amarela e dengue. Essas são as chamadas vacinas das
férias e sem elas as pessoas não podem circular em determinadas regiões. Além
disso, ficam desprotegidas justamente quando estão mais vulneráveis e longe de
casa”, conta.
Kátia também explica que, diferente do que muitas
pessoas podem pensar, as doenças que contam com a prevenção pela vacina, não
são benignas, muito pelo contrário, são graves e podem deixar sequelas e levar
a óbito. “Meningite e caxumba, por exemplo, podem causar surdez. A difteria
pode levar os rins à falência. O sarampo pode retardar o crescimento e reduzir
a capacidade mental. A coqueluche pode causar lesões cerebrais. A mulher
grávida que contrai rubéola, pode gerar um bebê com sérios problemas como
deformações cadíacas, glaucoma, catarata, podendo chegar a ter um aborto”,
alerta.
Para saber quais vacinas priorizar, Kátia elenca
abaixo as principais vacinas que devem estar em dia no planejamento das férias:
Tríplice viral - Protege contra sarampo, caxumba e
rubéola. Esse imunizante é administrado em duas doses, sendo que a primeira é
recomendada para crianças a partir de 1 ano de idade e a segunda aos 18 meses.
Adultos até 29 anos, que não receberam a vacina, devem receber as duas doses.
Para pessoas entre 30 e 49 anos, a vacinação é em dose única.
Tríplice bacteriana - Imuniza o organismo contra
difteria, tétano e coqueluche e deve ser aplicada em crianças com até 7 anos,
em doses aos 2, 4 e 6 meses. Dois reforços devem ser realizados aos 18 meses e
4 anos. Após os 7 anos de idade, é recomendado receber uma dose do imunizante
de dTpa – tríplice bacteriana acelular do tipo adulto, e duas doses de dT
(dupla do tipo adulto).
Meningite - Esse imunizante apresenta três
possibilidades: Meningocócica C, Meningocócica B e Meningocócica Conjugada
Quadrivalente (ACWY), sendo que antes de receber qualquer um desses
imunizantes, é importante consultar se a localização da viagem oferece o risco
de contrair o vírus, para entender qual vacina os viajantes devem receber.
Hepatite A e B - É indicado para pessoas que
planejam viajar para Ásia, África e as regiões Norte e Nordeste do Brasil.
Nesse caso, o esquema vacinal envolve a aplicação de duas doses para crianças e
adolescentes a partir de 1 ano e menores de 16, com intervalo recomendado de seis
meses entre os imunizantes. Para pessoas a partir dos 16 anos, a recomendação é
de três doses da vacina, com intervalo 0-1-5 entre as aplicações.
Febre amarela - O imunizante contra a febre amarela
é obrigatório para algumas viagens ao exterior, em que é pedido o cartão de
vacina internacional atualizado. Essa vacina deve ser administrada a partir dos
9 meses de vida até os 59 anos em dose única.
Gripe/vírus Influenza - Todas as crianças entre os
6 meses de vida e 9 anos devem receber a vacina em duas doses com intervalo de
um mês, além da revacinação anual. Para pessoas acima dos 9 anos, a aplicação
do imunizante deve ser em dose única anual.
Pneumocócicas - As vacinas pneumocócicas se
apresentam em três tipos: Conjugada 10-valente (VPC10), Conjugada 13-valente
(VPC13) e Polissacarídica 23-valente (VPP23). Todas as crianças entre 2 meses e
6 anos devem receber os imunizantes. A partir dos 6 anos, adolescentes e
adultos portadores de algumas doenças crônicas são recomendadas as vacinas
VPC13 e VPP23. Já para pessoas com mais de 50 anos e, sobretudo, para maiores
de 60, indica-se esquema com as vacinas VPC13 e VPP23.
Dengue - Esse imunizante protege contra infecções
causadas pelos quatro sorotipos (DEN1, DEN2, DEN3 e DEN4), mas só pode ser
aplicado em pacientes que comprovadamente já foram infectados pelo vírus. A
vacina está licenciada para crianças a partir de 9 anos, adolescentes e adultos
até 45 anos e é recomendada para indivíduos infectados por dengue, em três
doses com intervalo de seis meses entre cada uma.
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