A gestão operacional das redes de distribuição continua a acompanhar os padrões de compras dos consumidores e outras influências globais, como aumento da inflação e iniciativas de sustentabilidade que crescem exponencialmente. Aparentemente, da noite para o dia, a escassez de demanda agora está se transformando em excedentes de oferta. Tudo isso está complicando ainda mais a capacidade dos varejistas de orientar suas redes de supply chain com base em comportamentos, regras e regulamentações que mudam o tempo todo.
O comportamento do consumidor evolui, como já é de se esperar. O aumento da
demanda por acesso a mercadorias com maior qualidade de serviço está desafiando
a capacidade dos varejistas de definir, otimizar e executar toda sua cadeia de
suprimentos.
Hoje já é altamente visível em todo o setor: a saturação excessiva de
relatórios sobre os atrasos da cadeia de suprimentos, anteriormente um termo
vago para qualquer pessoa de fora do meio, agora é um tópico comum de
discussão. Apesar da conscientização geral sobre o tema nos últimos tempos,
ainda não se tem uma noção real da complexidade para alcançar um bom desempenho
até mesmo nas operações de supply chain mais simples. Em vez disso, a exposição
constante e rotineira levou à diminuição da paciência de alguns consumidores, a
despeito dos problemas contínuos no cenário econômico e geopolítico.
O controle proativo de todos os aspectos financeiros e operacionais de supply
chain é mais crucial do que nunca para equilibrar as alavancas que gerenciam a
capacidade, a mão de obra e o volume de entrada e saída em todas as instalações
de uma rede.
Foram criados armazéns pop-up, centros de consolidação e
transferências intermodais adicionais - para atender às crescentes demandas de
clientes e internacionais, ajudando a aliviar os desafios de rendimento e
margem. Os varejistas foram pressionados a reconsiderar todos os aspectos de
sua cadeia de suprimentos, incluindo estoque, método de distribuição e
infraestrutura associada.
A grande questão é: apesar de tudo isso, como os varejistas podem encontrar o
equilíbrio correto entre riscos que permitam a resiliência legítima? Um
excelente ponto de partida? Abordar o “efeito prime” (prime effect) e a demanda
exponencial por esforços de ESG.
Influência do consumidor nº 1: o efeito prime
Embora uma epidemia global tenha aumentado a pressão sobre as atividades de
supply chain, o universo da oferta e da demanda não é alheio a turbulências. A
maioria das pessoas concorda que nada afetou o setor de varejo de forma mais
significativa que o "efeito prime". Graças à introdução da entrega no
mesmo dia ou em até dois dias, o consumidor descobriu há muito tempo que as
cadeias de suprimento atuais podem fornecer bens e serviços aos clientes mais
rapidamente do que nunca.
Sabemos que os líderes do setor de supply chain para o varejo estão travando
batalhas constantes para atingir o equilíbrio certo da demanda de entrada e
saída em suas instalações. Considerando o mercado de trabalho altamente competitivo
e a inflação associada, uma maneira dos varejistas combaterem as restrições de
capacidade é por meio da automação.
Embora a automação do centro de atendimento exista há décadas, o ROI para
implementações em larga escala nem sempre fez sentido devido ao custo inicial
astronômico exigido.
Devido aos acontecimentos recentes, as respostas para perguntas de décadas
estão começando a mudar. O investimento inicial para automação em larga escala
é agora o mínimo necessário para se manter competitivo.
Se expandirmos para uma rede global de varejo, tendências semelhantes estão
ocorrendo. As capacidades de projeto e análise contínuos não são negociáveis para organizações
orientadas a serviços bem-sucedidas que desejam manter altos níveis
de atendimento ao cliente.
Influência do consumidor nº 2: exigência de comprovação de ações de
ESG
A evolução das regras e a maior conscientização ambiental do consumidor
elevaram o padrão do que significa ser uma marca “ecologicamente correta”. Para
um grupo cada vez maior de consumidores, encontrar o equilíbrio ideal entre
preço, qualidade e serviço já não é suficiente, assim como uma mera referência
superficial à proteção ambiental já não basta.
Muitos consumidores também perceberam que o slogan “empresa ambientalmente
correta” é usado como uma peça de marketing a ser estampada nos produtos sem
qualquer critério, e não uma promessa real de esforços de governança ambiental
e de sustentabilidade (ESG).
Como resultado, tais afirmações estão mais sujeitas do que nunca a não
funcionar. A velha espera de muitas organizações para comprar compensações de
carbono já está sendo repetidamente investigada, com muitos críticos quanto ao
impacto e ao valor reais dessa iniciativa.
Para atender a essa demanda e, ao mesmo tempo, manter uma percepção positiva da
marca, as ações de ESG estão sendo cada vez mais consideradas na tomada de
decisões, além dos objetivos típicos de crescimento em longo prazo.
Além das dificuldades mencionadas, regulamentações novas ou aprimoradas
estão sendo exigidas das organizações a cada trimestre, além da publicação mais
frequentes de relatórios aprofundando a visibilidade sobre tópicos que
anteriormente não faziam parte das decisões de compra do cliente.
A matemática envolvida no desenvolvimento de produtos ecologicamente corretos,
de alta qualidade e com preço acessível não é fácil – especialmente quando se
leva em consideração o impacto de fatores externos da cadeia de suprimentos.
Exige uma série de metas de longo prazo, execução incremental e supervisão
total da criação do produto, desde o fornecimento de materiais até os canais de
distribuição por meio dos quais são vendidos aos clientes.
Aproveitando a tecnologia para alcançar a
resiliência
As
tecnologias de supply chain serão capazes de prever a próxima pandemia? E o
próximo evento geopolítico que exigirá uma reação rápida da legislação?
Improvável. A realidade, porém, é que resiliência não se trata de prever o
imprevisível ou profetizar catástrofes, mas sim de traçar caminhos baseados em
uma série de situações pertinentes aos negócios.
É um
equívoco comum que as empresas devam projetar suas ações de supply chain com
base em eventos de baixa probabilidade e alto impacto. O desenho operacional da
cadeia de suprimentos e a análise de sensibilidade correspondente devem ser
baseados em eventos de alta probabilidade e baixo/médio impacto. A resiliência
corresponde essencialmente a estar preparado para esses eventos.
A inteligência precisa estar alojada dentro dos negócios e ser altamente
acessível para que você possa projetar para cenários conhecidos - como
fechamento de portos, greves trabalhistas e gargalos de capacidade modal - além
de testes para encontrar pontos de ruptura. Quando os eventos inevitáveis
acontecerem, a tecnologia precisará fornecer respostas claras e concisas para
as perguntas em questão.
Como os testes de alta frequência e o planejamento para cenários imprevistos
podem ser combinados em uma tecnologia? O planejamento de cenários é o bote
salva-vidas do seu negócio. É o plano de emergência. Ele merece tempo, atenção
e a tecnologia certa para criar a rota ideal que fará com que seus negócios
voltem a 100% o mais rápido possível, especialmente quando a volatilidade
persistir.
Ivan Jancikic - Regional Vice
President, Engagement Management & CSP LATAM da Coupa Software
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