Doença silenciosa afeta milhões de
brasileiras e diagnóstico tardio auxilia na propagação de desinformações sobre
a doença
Uma a cada 10 mulheres entre 25 a 35 anos no Brasil sofre de
endometriose, segundo dados do Ministério da Saúde. A doença consiste em uma
inflamação do sistema reprodutor feminino, que acontece quando o endométrio (ou
tecido similar), tecido que reveste o útero por dentro, se implanta em vários
locais na cavidade abdominal, como ovário, intestino e bexiga.
De acordo com o Dr.
Thiers Soares, ginecologista especialista em
cirurgia por vídeo e robótica, muitos casos demoram anos para serem
diagnosticados. O atraso médio mundial é de oito anos entre as primeiras
queixas e o diagnóstico definitivo.
A identificação acontece, muitas vezes, a partir de exames de
imagem, como a ultrassonografia transvaginal e a ressonância magnética da
pelve. “A demora em diagnosticar os focos da doença pode levar ao estado mais
grave do quadro, quando é necessário partir para uma intervenção cirúrgica”,
explica o especialista. Mesmo assim, é importante lembrar que a endometriose
não tem cura. Ela é uma condição crônica, que deve ter acompanhamento
constante.
Apesar de existir tratamento, a demora no diagnóstico da doença, o
início tardio do tratamento, bem como a falta de ampla discussão sobre o tema
abrem margem para a propagação de desinformações sobre a endometriose,
impactando negativamente a percepção das mulheres sobre a condição e como
tratá-la.
Abaixo, o Dr. Thiers Soares listou cinco dos principais mitos
relacionados à doença:
1- Quem tem endometriose não pode engravidar.
Mito! Essa afirmação não passa de uma desinformação, já que o tratamento cirúrgico e/ou as terapias de reprodução assistida aumentam a possibilidade de gravidez. Com o tratamento correto para cada caso, é totalmente possível que a paciente tenha uma vida reprodutiva normal.
2- Toda mulher que tem endometriose precisa retirar o útero
Mito! A cirurgia para retirada do útero só é recomendada em casos
específicos, quando a paciente já passou por outros tipos de tratamento que não
surtiram os efeitos desejados no organismo e quando a própria paciente deseja
essa alternativa. De qualquer forma, existem alternativas disponíveis que
tornam possível o controle da doença, além de uma vida reprodutiva saudável. E
é bom lembrar que a remoção do útero causa mudanças significativas no corpo da
mulher, além de não ser possível engravidar futuramente. Por isso, é importante
avaliar cada caso e as opções de tratamento disponíveis, bem como os desejos da
paciente.
3- Toda mulher sente dores muito fortes por conta da
endometriose
Mito! Não necessariamente. A dor forte na região pélvica, durante o
período menstrual, é, sim, um sintoma muito comum em pacientes com
endometriose, mas isso não significa que ele irá afetar todas as mulheres que
tenham a doença. É importante lembrar também que existem casos em que a
endometriose é assintomática. Em muitos casos, a paciente só faz o diagnóstico
após ter dificuldade para engravidar.
4- A endometriose só afeta mulheres entre os 30 e 40 anos de
idade
Mito! Como o diagnóstico da endometriose demora em média oito anos, é
comum que muitas mulheres só descubram que têm a doença, de forma tardia, mas é
possível fazer diagnóstico, inclusive, em adolescentes.
5- A endometriose pode ser prevenida
Mito! A medicina ainda não tem uma resposta sobre qual (is) a (s) causa
(s) da doença. Apesar de existirem suspeitas de que a genética tenha sua parte
na origem da endometriose, nada foi confirmado até o momento. Portanto, não
existem métodos que podem ser adotados para prevenir a doença. Existem práticas
comportamentais (dieta, exercício etc.) que podem ser adotadas, junto ao
tratamento, para um maior controle da endometriose, proporcionando uma melhor
qualidade de vida para a paciente.
Dr. Thiers Soares - Graduado em Medicina pela Fundação Universitária
Serra dos Órgãos (2001), Dr. Thiers Soares é ginecologista especialista em
doenças como Endometriose, Adenomiose e Miomas. Também é médico do setor de
endoscopia ginecológica (Laparoscopia, Robótica e Histeroscopia) do Hospital
Universitário Pedro Ernesto (Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ).
O especialista é membro honorário da Sociedade Romena de Cirurgia Minimamente
Invasiva em Ginecologia, membro honorário da Sociedade Búlgara de Cirurgia
Minimamente Invasiva, membro honorário da Sociedade Romeno-Germânica de
Ginecologia e Obstetrícia e membro da diretoria e comitês de duas das maiores
sociedades mundiais em cirurgia minimamente invasiva em ginecologia (SLS e
AAGL). Recentemente, o Dr. Thiers Soares foi um dos responsáveis por trazer
para o Brasil a técnica de Ablação por Radiofrequência dos Miomas Uterino, um
tratamento moderno e eficaz, que causa a destruição térmica de tumores
uterinos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário