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quarta-feira, 8 de junho de 2022

Saiba como o uso de telas pode prejudicar o sono infantil

Crianças de 0 a 2 anos são as mais afetadas pelo uso excessivo de telas, segundo Dra. Ana Jannuzzi, médica especializada em Pediatria e Estudos do Sono.

 

Seja pela televisão, ipad, computador ou smartphone, o fato é que as crianças, assim como os adultos, estão passando cada vez mais tempo em frente às telas. Não à toa, o Brasil lidera hoje o ranking de países com mais “tempo diário na internet”, com mais de 10 horas de uso. O dado foi divulgado por uma pesquisa da plataforma britânica Lenstore, em 2021 -- feito durante a pandemia. Na contramão desse movimento em crescimento, são inúmeros os profissionais de saúde infantil e as evidências científicas que alertam sobre o impacto negativo do uso intenso e precoce de telas para as crianças. 

A recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria é que crianças menores de 2 anos de idade não tenham qualquer acesso a telas ou eletrônicos, mas na prática a realidade é diferente. Para a médica com especialização em Pediatria e Estudos do Sono , Dra. Ana Jannuzzi, o excesso de telas também pode ser prejudicial ao sono dos pequenos. 

“Existem estudos que trazem estatísticas alarmantes sobre o uso excessivo de telas na infância, com cerca de 70% das crianças, com idade entre 0 e 2 anos, à frente de algum dispositivo. Um dos grandes motivos para não expor as crianças a isso é o impacto que essas telas têm no sono. Sabemos que o sono infantil é um dos quesitos mais preocupantes para as famílias. Contudo, muitas não conseguem identificar que as são grandes possíveis vilãs para as noites interrompidas”, explica Jannuzzi, mãe de duas pequenas de 1 e 3 anos de idade e famosa nas redes sociais por abordar assuntos sobre saúde materno infantil e sono. 

Segundo a especialista, o fator mais determinante para interferência dos dispositivos no sono das crianças são as luzes brancas e azuis presentes nas suas telas, que atrapalham a produção da melatonina. Esse hormônico é um dos principais responsáveis por regular o sono e é produzido em maior quantidade a noite, quando o sol baixa. “Estudos indicam que o uso de telas também acelera a degradação e a quantidade de melatonina no organismo das crianças. A falta de controle dos pais sobre a exposição das crianças as telas é fator que pode desencadear despertares noturnos, pesadelos e terror noturno nas crianças. Isso porque, como elas não sabem distinguir esses conteúdos, podem interpretar com angustiantes e violentos”, acrescenta Jannuzzi. 

Mas a médica especializada em pediatria esclarece que não é preciso suspender totalmente as telas da rotina das crianças, mas sim usá-las com moderação e equilíbrio. “Não podemos ser radicais em um mundo cercado por telas. Podemos ter estratégias práticas para limitar o uso dos aparelhos, ou seja, fazer um uso consciente das telas, em especial para não prejudicar o sono das crianças”, comenta Jannuzzi. Para ajudar nessa tarefa, a médica com especialização em Pediatria aponta algumas dicas que podem ajudar os pais no uso consciente da tela com os filhos:

 

  1. Fique de olho nos horários e no tempo de uso: 

“Se for necessário usar telas, dê preferência ao horário da manhã e, sempre que possível, longe do sono noturno. Também estabeleça um limite de uso para não deixar a criança tempo demais à frente de um dispositivo. Na hora de dormir, tolerância zero. Nesse período, também seria importante ficar atento a exposição indireta a telas de adultos, como ter a criança em um ambiente com a TV ligada”, explica Ana Jannuzzi.

 

  1. Saia de casa após o uso prolongado de telas: 

“Sempre que possível, saia de casa ou fique perto do áreas (parquinhos e pracinhas) após o uso prolongado de telas com as crianças. Isso diminui as chances dos pequenos ficarem irritados”.

 

  1. Fique de olho no conteúdo: 

“Sempre escolha o conteúdo para as crianças. Nunca permita que ela tenha livre acesso ao controle para escolher seus próprios canais. Estudos mostram que 8% das famílias não têm qualquer controle sobre o conteúdo que as crianças assistem. Essa estatística também expõe que crianças com 2 anos ou mais já assistem conteúdos violentos. Dê preferência a desenhos mais calmos, com menos transição entre imagens e com o som mais baixo. Evite os muito acelerados e a troca constante de conteúdo quando a criança estiver entediada, porque isso impacta demais no seu sistema de recompensa e faz com que ela fique cada vez mais insatisfeita. E nada de redes sociais para as crianças. As mídias podem ser extremamente prejudiciais para a formação do imaginário infantil. Em especial por conta da hiper sexualização e referências inadequadas.”, alerta Jannuzzi.

 

  1. Invista na contação de histórias: 

“Conte histórias o seu pequeno e depois grave, assim você terá um acervo de áudio-histórias para a criança ouvir nos momentos em que ela quer usar eletrônicos. Isso estimula a criatividade sem dar tanta informação como as telas. Também podem ser usados os audiolivros”, orienta a médica especializada pediatria.

 

  1. Não se culpe: 

“Não se culpe como mãe ou pai, caso precisa estender um pouco o uso das telas em m determinado dia ou perder o controle por algum motivo especial. O importante é ter a consciência de que estão fazendo o melhor possível para evitar a exposição a telas”, consola Ana Jannuzzi, especialista em sono infantil.

  

Ana Jannuzzi - médica, formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Tem pós-graduação em pediatria pela Universidade Cândido Mendes, e pós-graduação em estudos do sono, pela UniBF, do Paraná. Mãe de duas pequenas (1 ano e 3 anos de idade), é ainda autora do best-seller “O ano de Ouro”, obra com mais de 8 mil exemplares vendidos, um guia para mães e famílias sobre o 1 ano do bebê. Com milhares de seguidores no Instagram (@drajannuzzi), a médica também é referência em Educação em saúde materno-infantil na área de sono do bebê e da criança. É autora da capacitação em “Sono e Rotina”, em parceria com a Faculdade de Brasília, único curso do Brasil vinculado à uma Faculdade certificada pelo Ministério da Educação (MEC) sobre o assunto. Atualmente, cursa pós-graduação em “Sono na Infância e Adolescência” pela Escola Superior de Saúde Cruz Vermelha.


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