Especialista em Comunicação Corporativa, professora PhD em Análise do Discurso em Situação de Trabalho - Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem
O conceito ESG - sigla em inglês para Environmental,
Social and Governance, que representa a preocupação das empresas com melhores
práticas ambientais, sociais e de governança. Criada pela ONU durante um evento
que reuniu instituições financeiras de vários países, tem como objetivo definir
critérios e ações para solucionar problemas referentes aos três temas, a partir
do relatório “Who Cares Wins” (Ganha quem se Importa), que reúne os conceitos,
objetivos e metas a serem alcançados pelas empresas.
As empresas ESG devem estar sempre
atentas a seus stakeholders. A escuta consciente ajuda a entender o que cada um
deles está pedindo e como isso converge para as ações e valores da empresa.
A empresa tem voz! É essa comunicação
que torna transparente suas intenções reais e de que forma estão alinhadas com
o conceito ESG. É fácil perceber quando a empresa já atua numa comunicação ESG.
Suas comunicações são mais questionadoras, ela se coloca de forma menos
impositiva, não-agressiva e passa total segurança nas suas mensagens.
Mais do que comunicar, as empresas ESG
usam as várias formas de se comunicar para demonstrar que se impostam de fato
com o mundo. Está preparada para falar, mas também para ouvir.
Apesar da onda ESG, as genuínas trazem
ao público uma voz muito mais carregada na emoção que na ansiedade, porque se
conecta com a intenção real de mostrar claramente o caminho que a empresa está
escolhendo.
A voz da empresa ESG se ocupa em
engajar seus ouvintes e, para isso, não se importa em adequar o vocabulário
para que seja compreendida. É preciso mostrar que a fala está -- antes de tudo
-- alinhada com suas estratégias e ações. Isso não se faz somente com ação
afirmativa, como plantar árvores, doar recursos para Ongs etc. É preciso ser
genuinamente ESG.
O propósito deixa a “voz” dos
interlocutores mais segura, porque eles acreditam de fato caminho escolhido e
traçado. De nada vale afirmar que é ESG, mas continua fazendo, por exemplo,
suas publicidades sem esse valor. Produzir produtos e serviços que não revelam
esses valores.
Uma pesquisa da Aberje (Associação
Brasileira de Comunicação Empresarial) divulgada no ano passado, avaliou
respostas de 79 empresas de vários setores da economia sobre como o papel da
comunicação é estratégico na agenda ESG das empresas. Segundo a pesquisa, a
área de comunicação está presente em 100% dos comitês responsáveis por ESG nas
empresas que têm esse tipo de estrutura para cuidar desses pilares e 95% das
empresas respondentes acreditam que o foco e as ações em ESG deverão aumentar
nos próximos anos.
Além disso, indica que os três principais
meios usados pelas organizações para informar suas ações na área de
sustentabilidade são conteúdo em canais digitais (89%), conteúdo em canais
próprios para públicos estratégicos (75%) e mídias sociais (72%). Entre as
mídias, ênfase para o LinkedIn (68% usam esta rede) e Instagram (52%).
Para ser ESG é preciso fazer uso de uma
escuta interessada e sem julgamentos para obter coerência com suas ações. O
cliente de hoje está muito mais crítico e passou a analisar a comunicação de
outra forma. Não é difícil para ele fazer conexões entre as ações e as
comunicações que as empresas realizam. O desalinhamento resulta em um gap entre
a imagem e a essência.
Portanto, a preocupação com esse “tom
de voz” deve focar a comunicação das suas realidades constantemente e, mais que
nunca, esse tom de voz deve expressar a verdade, a transparência e a real
intenção de ser ESG por propósito e não por modismo.
Juliana
Algodoal - Considerada
uma das maiores especialistas em Comunicação Corporativa do país, Juliana
Algodoal é PhD em Análise do Discurso em Situação de Trabalho - Linguística
Aplicada e Estudos da Linguagem e fundadora da empresa Linguagem Direta*.
Acumula mais de 30 anos de experiência no desenvolvimento de projetos que
buscam aprimorar a interlocução no ambiente empresarial - tendo como clientes
grandes companhias, como Novartis, Pfizer, Aché, Itaú, Citibank, Unimed, SKY,
Samsung, Souza Cruz, dentre outras. Também é presidente do conselho
administrativo Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia.
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