Celebrar
o passado, para construir o presente e planejar o futuro. Esse é o objetivo da
Organização das Nações Unidas – ONU, que declarou que 2022 será o ano
internacional do vidro. A ideia é enfatizar a importância tecnológica,
científica, cultural e econômica do vidro, uma vez que este material é o
mais puro e único 100% reciclável que existe.
Engana-se
quem pensa que o vidro está presente apenas em embalagens, fachadas, ou janelas
e portas. Encontramos o material nas fibras ópticas; em energias solares, como
fotovoltaica e concentrada; energia eólica, na redução de emissão de carbono;
na energia nuclear; na vitrificação de resíduos perigosos; nas composições de
biovidro presentes na reparação óssea; regeneração e resolução de tecidos, para
problemas auditivos e dentários entre milhares de outras versões.
Apesar
de ser protagonista em infinitas utilizações é considerado o patinho feio dos
resíduos, por ter na reciclagem o menor valor agregado, fazendo com que os
próprios catadores não sejam atraídos para este tipo de material, dado que o
vidro é predominantemente composto de areia e outros minerais abundantes no
planeta.
Dessa
forma, 2022 é seu ano de destaque e por conta disso, universidades e centros de
pesquisa, sociedade civil, associações, artistas, educadores, fabricantes e
empresas dos cinco continentes direcionarão um olhar especial para o vidro e
tudo o que envolve a cadeia, desde a produção, utilização, reutilização até o
descarte, priorizando sua reciclagem.
Importante
lembrar que o vidro nada mais é do que uma mistura de matérias-primas naturais,
as mesmas utilizadas há milhares de anos. A única coisa que mudou desde que se
têm notícias de seu descobrimento, por volta de 7.000 AC, é a tecnologia
empregada, que deu maior rapidez ao processo e diversificou o uso.
Os
números do setor da reciclagem mostram que desde sua implantação no Brasil, o
segmento tem crescido cerca de 5% ao ano e os dados oficiais não são precisos,
demonstrando uma variação entre 45 e 49%. Este é um dado preocupante visto que
as milhões de toneladas de lixo produzidas anualmente não têm destino adequado
o que causa um gigantesco dano ambiental especialmente nos lixões, o que é um
problema de saúde pública além de outros efeitos negativos.
Vale
ressaltar que, em 2020, o Brasil alcançou um total de 82,5 milhões de toneladas
de Resíduos Sólidos Urbanos – RSU ou 1,07kg por habitante. Desse volume, apenas
4% foi destinado à reciclagem. Não menos importante são os dados da pesquisa
Ciclosoft de 2018, cujo resultado demonstra que, do volume coletado pelas
iniciativas de coleta seletiva, apenas cerca de 8% é vidro.
Dessa
forma, o Brasil, em especial, comemorará o ano de 2022 iniciando um caminho de
grande aumento de capacidade produtiva no segmento de embalagens de vidro e
grandes esforços dedicados por um número crescente de empresas atuantes no
segmento de reciclagem de vidros e logística reversa visando elevar o vidro ao
protagonismo da sustentabilidade.
Juliana Schunck - diretora da Massfix, empresa de reciclagem
de vidros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário