Chinelos e rasteirinhas são os protagonistas na
composição de muitos looks de verão, mas o uso desses
calçados requer moderação, uma vez que eles pecam no quesito absorção de impacto
e aumentam o risco de algumas lesões, explica o presidente da ABTPé (Associação
Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé), Dr. José Antonio Veiga
Sanhudo.
Os chinelos, por exemplo, são compostos por apenas
uma sola fina, plana, habitualmente rígida e sem suporte do arco longitudinal
medial, e a fixação ao pé se dá através de uma tira somente, ou seja,
amortecimento e estabilidade precários para uma estrutura composta por 28
ossos, 32 articulações e aproximadamente 100 músculos, tendões e ligamentos. “O
risco de torções com estes calçados também é maior, já que o chinelo não
oferece nenhuma estabilidade para a região do calcanhar e tornozelo. Outro
ponto importante para se observar é que a falta de proteção ao redor do pé
aumenta o risco de traumas diretos, como arranhões e dedos quebrados”, salienta
o presidente da ABTPé.
O uso prolongado de calçados baixos, como chinelos
e rasteirinhas, é especialmente arriscado para mulheres que têm o hábito de
andar de salto alto. A mudança de posição dos pés, descendo do salto, aumenta a
tensão nas estruturas posteriores, especialmente o tendão de Aquiles e a fáscia
plantar, e pode levar ao aparecimento de lesões nestas estruturas. “Por isso,
caminhadas na praia ou na orla devem ser precedidas e seguidas de alongamento,
e o melhor é sempre usar tênis para diminuir a transmissão do impacto”,
ressalta o médico.
Queridinha das mulheres no verão, o uso prolongado
de rasteirinha está associado ao desenvolvimento da fascite plantar, um
processo inflamatório ou degenerativo que afeta uma membrana de tecido
conjuntivo fibroso, que recobre a musculatura da sola do pé, desde o osso
calcâneo até a base dos dedos dos pés, a fáscia plantar. Esta estrutura auxilia
na manutenção da curvatura do pé, graças à sua posição anatômica. “Com a
rasteirinha, ocorre um aumento na tensão da fascia plantar, o peso do corpo
fica concentrado no calcanhar, e associado a baixa proteção de impacto o
aparecimento de lesões por sobrecarga se torna mais frequente”, fala o
especialista.
Dor intensa debaixo do pé, perto do calcanhar, é o
principal sinal da fascite plantar e tipicamente ela é mais intensa nos
primeiros passos pela manhã, ou após ficar algum tempo na posição sentada. A
recuperação desta lesão costuma ser lenta. O tratamento é realizado por meio de
medicamentos antiinflamatórios e analgésicos, uso de palmilhas, fisioterapia e
alongamento, que pode ser realizado em casa, desde que haja orientação médica.
Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do
Tornozelo e Pé (ABTPé)
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