Um estudo publicado no Journal of Internal Medicine revelou que 86% dos pacientes com casos leves de Covid-19 perdem o olfato e o paladar durante a infecção pelo vírus. Ainda que os sentidos sejam recuperados em até seis meses, o levantamento apontou que cerca de 5% das pessoas seguiram com dificuldades para sentir cheiros e gostos.
De acordo com o otorrinolaringologista Gilberto Ulson Pizarro, do Hospital
Paulista, a prática hospitalar cotidiana vem mostrando que, em alguns casos, a
cura do Covid-19 não é suficiente para que o olfato e o paladar retornem à sua
capacidade total.
"Em alguns casos, é necessário que o paciente seja submetido a tratamentos
específicos como, por exemplo, treinos para que olfato e paladar voltem à
normalidade. Deficiências nesses sentidos são perigosas, pois podem gerar
problemas relacionados à não percepção de alimentos estragados, vazamentos de
gás, dentre outras atividades tão comuns em nosso dia a dia", explica o
médico.
O estudo registrou o alto índice de perda de olfato e paladar somente em casos
considerados leves. Em pacientes com sintomas moderados a graves, apenas 4% a
7% das pessoas perderam a capacidade de sentir cheiros e sabores.
Com o objetivo de ampliar e qualificar o diagnóstico e o tratamento da perda de
olfato e paladar, o Hospital Paulista conta com um Ambulatório que atende
pacientes que tiveram Covid-19 e também aqueles que desenvolveram o problema
por outras razões.
Inaugurado no segundo semestre de 2020, o Ambulatório de Olfato e Paladar trata
de casos de perda parcial ou total de olfato e paladar. Um de seus objetivos é
identificar a verdadeira causa do problema, de modo a adaptar o tratamento às
necessidades de cada paciente.
"Até dezembro, havíamos registrado cerca de 180 pacientes, que tiveram
Covid-19 e apresentaram algum grau de perda de olfato. Destes, 4,5% tiveram
anosmia (perda total) e 18%, microsmia (redução parcial). Os demais
apresentaram rápida recuperação do olfato a partir do tratamento ou
naturalmente, conforme se curavam do novo Coronavírus", explica o
especialista.
Se a perda dos sentidos for temporária, são utilizados medicamentos. No
entanto, se o problema persistir, é possível administrar um tratamento
utilizado mundialmente, conhecido como Treinamento Olfatório, disponível no
Ambulatório.
"Neste tipo de tratamento, não há melhora imediata. É preciso que o
paciente saiba disso, persista e não desanime ou desista. Ele deve encarar como
uma fisioterapia olfatória", afirma Pizarro, com uma ressalva.
Segundo ele, é importante saber que existem diferentes testes para diagnosticar
alterações do olfato, sendo de fundamental importância contar com uma avaliação
correta e, de preferência, precoce, a fim de aumentar as chances de reverter o
quadro.
"Qualquer alteração no olfato merece a visita ao médico, pois o sentido é
de fundamental importância à nossa segurança, para detectar um vazamento de gás
na cozinha, fumaça ou alimentos estragados, por exemplo, e para gerar qualidade
de vida - o prazer em sentir cheiro de perfumes e comidas", completa o
médico.
Hospital Paulista de
Otorrinolaringologia
Rua Doutor Diogo
de Faria, 780, na Vila Clementino
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