Brasil
tem uma das maiores taxas de nascidos prematuros do mundo; especialista
responde dúvidas frequentes sobre prematuridade
Estima-se que todos os anos nascem
340 mil bebês prematuros no Brasil, segundo a ONG Prematuridade. Do total de
partos brasileiros, os prematuros correspondem a 12%, acima da média de
nascimentos prematuros mundial, que é de 10%.
Fatores vindos da mãe e alguns do
próprio feto conduzem ao parto antes das 37 semanas de gestação, considerado
pelos especialistas a idade gestacional adequada para a chegada do bebê ao
mundo exterior. Entre as circunstâncias, a gravidez de múltiplos, em geral,
contribui para a prematuridade.
Foi o que aconteceu com Rogéria
Henrique Gontijo, 36 anos. Após um aborto espontâneo, a promotora de vendas
relata que sentiu vontade de tentar mais uma vez a maternidade. Ela já tinha um
rapaz de 18 anos, mas queria ser mãe novamente.
Foi então que, ao positivar os
testes de gravidez (de farmácia e de sangue), fez uma ultrassonografia e
descobriu estar grávida não de uma ou duas, mas, três meninas. “Na minha
família, apenas minha avó paterna teve filhos gêmeos. Eu nunca imaginei que
poderia ter, ainda mais de forma natural. Eu não sabia se ria ou chorava quando
descobri”, brinca.
De acordo com o obstetra da Maternidade Brasília Segismundo Borges Neto, a gestação tripla natural é difícil e incomum. Além disso, geralmente, a grande maioria dos múltiplos nasce prematura - entre 33 e 35 semanas - pois há preocupação de até quando se pode levar a gravidez.
“Problemas com a mãe e com os
fetos podem ocorrer. A única forma de prevenir essa situação é com o pré-natal
adequado. Nas consultas fazemos a profilaxia, receitamos ingestão de corticoide
e dieta rigorosa, para que a gestante não ganhe muito peso, além de outros
tipos de acompanhamentos necessários para o bem-estar da mãe e dos bebês. É uma
gravidez de alto risco, mas que pode ser tranquila quando realizado o pré-natal
adequadamente”, aconselha o médico.
Rogéria conta que já sabia que
suas filhas nasceriam prematuramente, entretanto, Ester, Luísa e Talita
chegaram antes do esperado: às 34 semanas de gravidez, as meninas nasceram na
Maternidade Brasília, em novembro deste ano.
“Estava em casa e mexi na barriga
como de costume e a bolsa estourou. Achei que era urina. Fui ao banheiro, fiz
xixi, mas quando me levantei continuava escorrendo. Então percebi que era a
bolsa. Corremos para o hospital e elas nasceram bem e rápido. Ficaram na
incubadora, pelo fato de terem nascido pequenas e precisarem recuperar o peso,
mas por pouco tempo”, relata.
Hoje, em casa, Rogéria conta que
a rotina com as bebês é bem agitada. “Não é nada fácil! Dormir é raro! Até que
todo mundo mame e arrote já é quase a hora de outra mamada”, conta. A mãe das
trigêmeas ainda disse que reforça a alimentação das filhas com fórmula pelo
fato de não conseguir produzir leite do peito rapidamente para a demanda das
meninas.
Seis perguntas sobre prematuridade
A neonatologista da Maternidade Brasília Ana Amélia Meneses Fialho Moreira responde seis perguntas sobre prematuridade:
Quais as principais causas de
prematuridade?
Fatores maternos: hipertensão
arterial, diabetes gestacional, incompetência istmo-cervical (quando o colo do
útero dilata e dá início a trabalho de parto prematuro)
fatores fetais: malformações,
restrição de crescimento por insuficiência de placenta.
Quais as chances de um bebê
prematuro sobreviver?
Define-se por prematuro todo bebê
que nasce com menos de 37 semanas. Atualmente, com os avanços na terapia
intensiva neonatal, a sobrevida de bebês cada vez mais prematuros e com menor
peso ao nascimento tem se tornado uma realidade frequente. Há um baixo índice
de mortalidade de prematuros, embora aconteça.
O que a mãe deve fazer para
evitar a prematuridade?
O bebê prematuro pode, em grande
parte, ser prevenido com um pré-natal adequado e iniciado o mais cedo possível.
A detecção de problemas maternos que podem desencadear o parto prematuro deve
ser feita durante as consultas de pré-natal, incluindo avaliação de exames
clínicos-laboratoriais disponíveis nas Unidades Básicas de Saúde.
Com quanto tempo de vida um bebê
prematuro pode ir para casa?
Muitas vezes os prematuros ficam
internados por vários meses e passam por diversos problemas de saúde logo no
início da vida, e finalmente, após lutar bravamente, o bebê prematuro, junto
com a equipe multiprofissional e com o apoio da família, está em condições de
alta. Durante a internação os prematuros recebem atendimento de fisioterapia
respiratória, motora, atendimento fonoaudiólogo, terapia ocupacional, com
atendimentos individualizados para cada etapa de desenvolvimento. Portanto, é
muito relativo o tempo de cuidados exclusivos no hospital.
Esse bebê terá sequelas?
Depende das complicações
apresentadas. Os bebês muito prematuros podem apresentar sequelas neurológicas,
problemas auditivos, de visão, respiratórios, entre outros.
É seguro ter um bebê prematuro?
O mais
importante é a assistência para o bebê prematuro. É importante que ele nasça
numa instituição de saúde que tenha uma equipe multiprofissional especializada
em bebês prematuros, com uma UTI neonatal equipada. Assim, com uma assistência
integrada. Cada vez mais bebês muito prematuros têm sobrevivido com melhor
qualidade de vida.
Maternidade Brasília
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