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sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

Por ano, mais de 340 mil nascidos no Brasil são prematuros

Brasil tem uma das maiores taxas de nascidos prematuros do mundo; especialista responde dúvidas frequentes sobre prematuridade


Estima-se que todos os anos nascem 340 mil bebês prematuros no Brasil, segundo a ONG Prematuridade. Do total de partos brasileiros, os prematuros correspondem a 12%, acima da média de nascimentos prematuros mundial, que é de 10%. 

Fatores vindos da mãe e alguns do próprio feto conduzem ao parto antes das 37 semanas de gestação, considerado pelos especialistas a idade gestacional adequada para a chegada do bebê ao mundo exterior. Entre as circunstâncias, a gravidez de múltiplos, em geral, contribui para a prematuridade. 

Foi o que aconteceu com Rogéria Henrique Gontijo, 36 anos. Após um aborto espontâneo, a promotora de vendas relata que sentiu vontade de tentar mais uma vez a maternidade. Ela já tinha um rapaz de 18 anos, mas queria ser mãe novamente.

Foi então que, ao positivar os testes de gravidez (de farmácia e de sangue), fez uma ultrassonografia e descobriu estar grávida não de uma ou duas, mas, três meninas. “Na minha família, apenas minha avó paterna teve filhos gêmeos. Eu nunca imaginei que poderia ter, ainda mais de forma natural. Eu não sabia se ria ou chorava quando descobri”, brinca. 

De acordo com o obstetra da Maternidade Brasília Segismundo Borges Neto, a gestação tripla natural é difícil e incomum. Além disso, geralmente, a grande maioria dos múltiplos nasce prematura - entre 33 e 35 semanas - pois há preocupação de até quando se pode levar a gravidez.  

“Problemas com a mãe e com os fetos podem ocorrer. A única forma de prevenir essa situação é com o pré-natal adequado. Nas consultas fazemos a profilaxia, receitamos ingestão de corticoide e dieta rigorosa, para que a gestante não ganhe muito peso, além de outros tipos de acompanhamentos necessários para o bem-estar da mãe e dos bebês. É uma gravidez de alto risco, mas que pode ser tranquila quando realizado o pré-natal adequadamente”, aconselha o médico. 

Rogéria conta que já sabia que suas filhas nasceriam prematuramente, entretanto, Ester, Luísa e Talita chegaram antes do esperado: às 34 semanas de gravidez, as meninas nasceram na Maternidade Brasília, em novembro deste ano. 

“Estava em casa e mexi na barriga como de costume e a bolsa estourou. Achei que era urina. Fui ao banheiro, fiz xixi, mas quando me levantei continuava escorrendo. Então percebi que era a bolsa. Corremos para o hospital e elas nasceram bem e rápido. Ficaram na incubadora, pelo fato de terem nascido pequenas e precisarem recuperar o peso, mas por pouco tempo”, relata.

Hoje, em casa, Rogéria conta que a rotina com as bebês é bem agitada. “Não é nada fácil! Dormir é raro! Até que todo mundo mame e arrote já é quase a hora de outra mamada”, conta. A mãe das trigêmeas ainda disse que reforça a alimentação das filhas com fórmula pelo fato de não conseguir produzir leite do peito rapidamente para a demanda das meninas.

 

Seis perguntas sobre prematuridade 

A neonatologista da Maternidade Brasília Ana Amélia Meneses Fialho Moreira responde seis perguntas sobre prematuridade: 


Quais as principais causas de prematuridade?

Fatores maternos: hipertensão arterial, diabetes gestacional, incompetência istmo-cervical (quando o colo do útero dilata e dá início a trabalho de parto prematuro)

fatores fetais: malformações, restrição de crescimento por insuficiência de placenta.

 

Quais as chances de um bebê prematuro sobreviver?

Define-se por prematuro todo bebê que nasce com menos de 37 semanas. Atualmente, com os avanços na terapia intensiva neonatal, a sobrevida de bebês cada vez mais prematuros e com menor peso ao nascimento tem se tornado uma realidade frequente. Há um baixo índice de mortalidade de prematuros, embora aconteça.

 

O que a mãe deve fazer para evitar a prematuridade?

O bebê prematuro pode, em grande parte, ser prevenido com um pré-natal adequado e iniciado o mais cedo possível. A detecção de problemas maternos que podem desencadear o parto prematuro deve ser feita durante as consultas de pré-natal, incluindo avaliação de exames clínicos-laboratoriais disponíveis nas Unidades Básicas de Saúde.

 

Com quanto tempo de vida um bebê prematuro pode ir para casa?

Muitas vezes os prematuros ficam internados por vários meses e passam por diversos problemas de saúde logo no início da vida, e finalmente, após lutar bravamente, o bebê prematuro, junto com a equipe multiprofissional e com o apoio da família, está em condições de alta. Durante a internação os prematuros recebem atendimento de fisioterapia respiratória, motora, atendimento fonoaudiólogo, terapia ocupacional, com atendimentos individualizados para cada etapa de desenvolvimento. Portanto, é muito relativo o tempo de cuidados exclusivos no hospital.

 

Esse bebê terá sequelas?

Depende das complicações apresentadas. Os bebês muito prematuros podem apresentar sequelas neurológicas, problemas auditivos, de visão, respiratórios, entre outros.

 

É seguro ter um bebê prematuro?

O mais importante é a assistência para o bebê prematuro. É importante que ele nasça numa instituição de saúde que tenha uma equipe multiprofissional especializada em bebês prematuros, com uma UTI neonatal equipada. Assim, com uma assistência integrada. Cada vez mais bebês muito prematuros têm sobrevivido com melhor qualidade de vida.

 


Maternidade Brasília


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