A ciência explica: coisas ambíguas, em geral, dão muito mais medo do que aquelas que são abertamente ruins, confirma neurocientista Fabiano de Abreu. Este fator pode explicar tamanho medo que algumas pessoas possuem destes personagens tão comuns.
Hoje é 10 de dezembro, data em que se
celebra no Brasil o Dia do Palhaço. Personagens tão comuns na infância,
conseguem despertar um sentimento forte de medo em crianças e até em alguns
adultos. Tamanho receio diante daquelas figuras caricatas pode ser explicado
com ajuda da ciência.
Segundo o neurocientista, filósofo e
psicanalista Fabiano de Abreu, tudo é fruto da forma como a nossa mente
observa o personagem: “A figura do palhaço se enquadra no famoso ditado ‘lobo
em forma de cordeiro’. Afinal, por não sabermos o que está por trás
daquela máscara, o nosso cérebro reptiliano (aquele que é fruto de milhões de
anos de evolução), ativa um sinal de alerta de perigo diante deles.”
Quando isso acontece, “além dos
neurônios já terem armazenado as figuras que envolvam riscos reais, o corpo
desperta a ansiedade, e, consequentemente, ativa a amígdala. Esta é uma região
do cérebro que cuida dos instintos e das emoções, e ela traz este sentimento de
preocupação e inicia uma série de pensamentos negativos para a pessoa”, explica.
No entanto, Abreu ressalta que não são
todos os personagens tradicionais da infância que geram este sentimento nas
pessoas: “Um exemplo disso é quando a pessoa alimenta uma figura engraçada e
carinhosa, como o Papai Noel, e outra debochada, como o palhaço”. A imagem
natalina, por exemplo, é algo de fácil identificação na mente humana,
"pois mesmo a pessoa tendo a barba real ou postiça, por exemplo, o cérebro
traz aquela ideia real de um bom velhinho. Além disso, a pessoa já tem essa
informação guardada de que um idoso não vai fazer mal”, completa.
Mas, com o palhaço a história é um pouco diferente: “Neste caso, por serem personagens espalhafatosos, que gostam de zombar com as outras, com brincadeiras que não inspiram conforto e segurança, geralmente eles acabam amedrontando as crianças com essas atitudes e se tornam um símbolo de terror, por exemplo. Daí este medo tão grande deles”, reforça o neurocientista.
Além disso,
Fabiano enfatiza que, “como o palhaço é um personagem ambíguo, esta insegurança
está ali guardada na parte mais instintiva do cérebro”. Para reverter isso, é
importante que as famílias reforcem a visão contrária do palhaço para que a
criança não cresça com estes bloqueios na mente: “Mostre que aquela figura é
engraçada, divertida e que ele vai trazer coisas boas para a criança”,
recomenda. Depois disso, é só aproveitar o espetáculo e dar boas risadas com
eles.
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