Sintomas semelhantes, medo de infecção e até dificuldade no acesso ao tratamento pode aumentar a letalidade da doença, que já é alta
O
câncer de pulmão é uma doença com alto índice de letalidade por causa da rápida
evolução, se comparada com outros tipos de câncer e pelo diagnóstico que, na
maioria dos casos, só acontece quando a doença já está em estágio avançado. A
pandemia causada pelo novo coronavírus pode agravar ainda mais essa situação ao
provocar um atraso em consultas e realização de exames que, para o câncer de
pulmão, pode significar chances bem menores de cura.
Um
estudo realizado pela instituição Cancer Research UK, em Londres, no Reino
Unido, mostra que o número de encaminhamentos urgentes de câncer de pulmão foi
o menor entre os tipos de câncer desde abril e estima-se que pelo menos 16 mil
pacientes deixaram de ser encaminhados para exames diagnósticos de câncer de
pulmão desde março. Segundo Carlos Gil Ferreira, oncologista torácico e
presidente do Instituto Oncoclínicas, o fato das duas doenças apresentarem
sintomas respiratórios pode ser desafiador. “Sintomas como tosse persistente,
falta de ar, cansaço e falta de energia podem ocorrer tanto em pacientes com
Covid-19 como naqueles com câncer de pulmão”, diz o médico.
No
caso de pacientes que já têm o diagnóstico da doença, é possível que haja
dificuldade no acesso aos tratamentos ou receio de exposição à Covid-19. O
oncologista lembra que é preciso ter muito cuidado pois pacientes com câncer de
pulmão em geral têm outras comorbidades e muitos são tabagistas, fatores que
podem ser agravantes no caso de uma infecção de corona vírus. “É fundamental
procurar ajuda e conversar com o médico para que seja decidido em conjunto o
melhor procedimento”, afirma o doutor Gil.
Ainda
segundo o especialista, durante a pandemia de Coronavírus muitos pacientes
deixaram de fazer exames, o que causou um retardo nos diagnósticos. “Por outro
lado, foram descobertos casos de câncer de pulmão em pessoas que não se
imaginavam com a doença, mas fizeram exames de imagem do tórax por conta do
Covid19 e anteciparam o diagnóstico”.
Dr. Carlos Gil Ferreira - Possui
graduação em Medicina pela Universidade Federal de Juiz de Fora (1992) e
doutorado em Oncologia Experimental - Free University of Amsterdam (2001). Foi
pesquisador Sênior da Coordenação de Pesquisa do Instituto Nacional de Câncer
(INCA) entre 2002 e 2015, onde exerceu as seguintes atividades: Chefe da
Divisão de Pesquisa Clínica, Chefe do Programa Científico de Pesquisa Clínica,
Idealizador e Pesquisador Principal do Banco Nacional de Tumores e DNA (BNT),
Coordenador da Rede Nacional de Desenvolvimento de Fármacos Anticâncer
(REDEFAC/SCTIE/MS) e Coordenador da Rede Nacional de Pesquisa Clínica em Câncer
(RNPCC/SCTIE/MS). Desde 2018 é Presidente do Instituto Oncoclínicas e Diretor
Científico do Grupo Oncoclínicas. No âmbito nacional e internacional foi Membro
Titular da Comissão Científica (CCVISA) da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA). No âmbito internacional é membro do Career Development and
Fellowship Committee e do Bylaws Committee da International Association for the
Research and Treatment of Lung Cancer (IALSC); Diretor no Brasil da
International Network for Cancer Treatment and Research (INCTR); Membro do
Board da Americas Health Foundation (AHF). Editor do Livro Oncologia Molecular
(ganhador do Prêmio Jabuti em 2005) e Editor Geral da Série Câncer da Editora
Atheneu. Já publicou mais de 100 artigos em revistas internacionais.
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