A adolescência é
uma fase crítica da vida que requer atenção redobrada de pais e educadores e o
isolamento social provocado pela pandemia tornou o cenário ainda mais preocupante
O aumento indiscriminado do uso da internet e redes
sociais, a falta de políticas públicas de combate ao suicídio e as mudanças
sociais no país são os motivos apontados por pesquisadores da Unifesp
(Universidade Federal de São Paulo) para justificar o aumento desproporcional
do suicídio entre adolescentes que vivem nos grandes centros urbanos do país:
24% de 2006 para 2015. O estudo, publicado na Revista Brasileira de
Psiquiatria, mostra que a depressão é a chave e o fator de risco para o
suicídio. Em um ano em que a pandemia alterou drasticamente a vida de todos,
comprometendo a socialização de jovens em uma fase tão determinante da vida, o
assunto deve ser motivo de preocupação não só para os pais, mas também para
escolas e educadores.
Especialistas afirmam que é fundamental que os
adolescentes aprendam a lidar com suas emoções a fim de controlar o
comportamento e moldar as atitudes. Ajudar os jovens nesse caminho é um dos
principais desafios da Educação contemporânea. De acordo com a diretora pedagógica
do Sistema Positivo de Ensino, Acedriana Vogel, é preciso desenvolver as
competências socioemocionais desses adolescentes que, além de passarem por
mudanças hormonais e particularidades típicas da fase, estão cada vez mais
expostos aos problemas do mundo adulto.
Segundo a pedagoga, a capacidade de lidar com as
próprias emoções é essencial no período escolar e será ainda mais útil no
futuro profissional desses jovens. Já contemplada na Base Nacional Comum
Curricular (BNCC), muitas escolas começaram a trabalhar o desenvolvimento
dessas competências em sala de aula durante o ensino remoto. As reflexões
levantadas por professores fazem os alunos aprenderem sobre identidade e
autoconhecimento, projeto de vida, autoestima, entre outros temas. “As aulas
constituem momentos oportunos para que os professores abordem temas que gerem
discussão e reflexão, provendo um espaço para ouvir os estudantes. Quanto mais
abertura para que eles possam se expressar, mais produtivo será o trabalho em
sala de aula”, explica.
Segundo Acedriana, é na escola que, em geral, os
adolescentes se deparam com os primeiros grandes desafios, onde aprendem a
socializar e começam a entender que as frustrações fazem parte da vida. "É
o momento ideal para ajudarmos esses alunos a entenderem melhor suas questões.
Às vezes, tudo o que eles precisam é serem ouvidos e terem alguém que os ajude
a identificar os sentimentos", acrescenta a educadora. Segundo ela, neste
ano, por conta da pandemia, do isolamento social e da suspensão das aulas presenciais,
a falta de atividades em grupo e do relacionamento com indivíduos da mesma
idade geraram dificuldades ainda maiores para crianças e adolescentes.
"Para 2021, isso precisará ser considerado por gestores escolares e
professores que vão precisar incluir nos planejamentos de trabalho maneiras de
compensar esse cenário, trabalhando fortemente não apenas as habilidades e
competências cognitivas para ajudar a desenvolver a inteligência emocional, mas
também o acolhimento e a escuta ativa", conclui.
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