Neurocientista e psicanalista Fabiano de Abreu alerta que a saúde física destes profissionais vem definhando junto da saúde mental, cada vez mais afetada pela ansiedade e pelo estresse
O
mês de setembro é marcado pelo Setembro Amarelo, mês de conscientização sobre o
suicídio, Dia de Combate ao Estresse (23/09) e o Dia do Coração (29/09). Logo
em seguida, no dia 15 de Outubro, vem o Dia do Professor. A proximidade destas
datas poder ser coincidência, mas são assuntos diretamente ligados. Estresse,
depressão e falta de cuidados físicos, como boa alimentação e exercícios, são
uma combinação fatal e frequente entre professores de todo o Brasil, em
especial, os que trabalham com alunos da Educação Básica. O Brasil está no
segundo lugar entre os países mais estressados do mundo, segundo a Associação
Internacional de Controle do Estresse e da Tensão, sendo o Estresse uma das
principais causas de afastamento da sala de aula. Apenas no estado de São
Paulo, 30 mil professores faltam diariamente em decorrência deste problema, de
acordo com reportagem publicada no Portal do Centro do Professorado Paulista,
que ouviu o psicanalista, neurocientista e filósofo Fabiano de Abreu sobre o assunto.
O
pesquisador faz um alerta sobre a saúde destes profissionais destacando a
relação entre ansiedade e saúde cardíaca. “O estresse pode afetar a vida
trazendo desde sintomas psíquicos como físicos, podendo levar à depressão.
Acne, dores de cabeça, dores crônicas, dores no estômago, alergias e problemas
na pele, baixa imunidade facilitando doenças, fadiga, queda de cabelo,
taquicardia, bruxismo, sudorese, tensão muscular e alguns outros sintomas que,
em última análise, aumentam também os riscos de ataque cardíaco”, explica
Abreu. O pesquisador destaca que a ansiedade e o estresse prejudicam o coração
porque os neurotransmissores, que são mensageiros químicos no cérebro, sofrem
um desequilíbrio quando estão em situações de ansiedade continuada. “A produção
de adrenalina e noradrenalina, produzidas também nas glândulas suprarrenais,
aumentam quando estamos ansiosos ou estressados, refletindo-se num aceleramento
dos batimentos cardíacos e da pressão arterial, podendo levar ao ataque
cardíaco”, explica. Ainda há o cortisol, hormônio regulador do estresse
produzido nas glândulas suprarrenais, que pode causar a morte em pessoas que já
tiverem doenças cardiovasculares.
Jornada
de trabalho exaustiva, com aulas presenciais e online, somada à baixa
remuneração, à falta de oportunidades para se capacitar, aos materiais de
trabalho insuficientes e à indisciplina dos alunos, que em diverso casos chegam
a agredir os profissionais de maneira verbal e até física, formam um quadro
grave que desencadeia os males citados. “Hoje o professor não
pode fazer nada que logo terá que responder pelos atos, por menores que
sejam, mesmo que realizados na tentativa de educar. Os alunos não
respeitam os professores como antigamente, agredindo-os com palavras e, em
alguns casos, até fisicamente”, destaca Fabiano de Abreu. Junto a isso, a baixa
remuneração obriga os docentes e procurarem atividades extras, o que os
sobrecarrega.
A
solução existe, de acordo com o psicanalista. São comportamentos simples:
dormir
oito horas à noite, fazer exercícios físicos, ter convívio social, boa
alimentação, leituras, filmes e séries que melhorem o humor e evitem excesso de
informações e pensamentos negativos. Mesmo que isso pareça impossível na
correria do dia a dia, é necessário se forçar a parar em algum momento.
“Resolver os problemas em ordem de prioridade e sem pressa, já que um problema
bem resolvido e em mais tempo vale mais que um problema mal resolvido rapidamente”,
aconselha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário