Condição pode ser discreta ou grave e afeta 28.900 brasileiros por ano
A mortalidade infantil ainda é um fantasma que
assombra nosso país. As causas mais lembradas são desnutrição, desidratação e
infecções, como pneumonia. No entanto, existe uma condição que também vitimiza
crianças e que é pouco abordada: a cardiopatia congênita.
Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia,
28.900 brasileiros nascem com algum tipo de má formação cardíaca de causa
genética, hereditária, ambiental ou mista. Desses, 80% precisam de algum tipo
de cirurgia.
"As más formações congênitas representam a
segunda principal causa de morte de crianças menores de 1 ano no mundo e a
terceira causa de óbito até os 30 dias de vida", alerta a Dra. Renata Isa
Santoro, cardiologista pediátrica pela Sociedade Brasileira de Pediatria. A
cardiopatia congênita é qualquer alteração na formação do coração e de seus
vasos, que ocorre, geralmente, nas primeiras oito semanas de gestação, podendo
se manifestar após o nascimento, na infância, na adolescência e até na vida
adulta.
Dra. Renata conta que de cada 100 crianças que
nascem no mundo, uma terá uma cardiopatia e precisará de ajuda nos primeiros
dias de vida. O diagnóstico é fundamental para a indicação do melhor
tratamento. "Há sintomas que são percebidos pelo pediatra no clínico durante
o exame físico, como falta de ar, cansaço quando faz esforços, pele azulada,
alteração nos batimentos cardíacos, desmaios, mudança na pressão arterial,
dificuldade nas mamadas, entre outros", diz a médica.
Os exames pré-natal são essenciais para o diagnóstico
precoce. O ultrassom morfológico permite avaliar todas as estruturas do feto e
o ecocardiograma fetal avalia a saúde cardíaca da criança. O ecocardiograma
deve ser feito entre 21 e 28 semanas de gestação e há mulheres com risco
aumentado de ter um bebê com algum problema cardíaco: as diabéticas, as
hipertensas, aquelas que têm lúpus ou infecções como rubéola e sífilis, as que
fazem uso de medicamentos e drogas sem acompanhamento médico e as que têm
histórico familiar da doença.
"O diagnóstico durante a gestação pode
salvar muitas vidas, pois alguns coraçõezinhos precisam de intervenção médica e
centros especializados logo após o nascimento", conclui a cardiologista
pediátrica.
Dra. Renata Isa Santoro
- • Médica pela faculdade de ciências médicas de
Santos - UNILUS • Especialista em
Pediatria pela AMB/SBP • Especialista na
área de atuação em Cardiologia Pediátrica pela AMB/SBP/SBC • Especialista em Ecocardiografia fetal e pediátrica
pela UNICAMP • Mestrado em Ciências pela
UNICAMP • Atuou como Cardiologista
Pediátrica, Ecocardiografista e na formação da residência médica em cardiologia
pediátrica na UNICAMP de 2007 a 2018.
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