Pessoas com dieta rica em peixes, grãos, legumes e frutas têm chances até 35% menores de desenvolver a doença
Cada vez mais em destaque diante do aumento de casos nos tempos de pandemia, a depressão volta à cena neste mês por causa do Setembro Amarelo. Com várias iniciativas, a campanha serve para a conscientização dos perigos que envolvem a doença e dá dicas sobre como evitá-los. Um dos inimigos na batalha pela saúde mental é a ingestão frequente e exagerada de açúcar.
Bruna Pavão, consultora nutricional da marca Cuida Bem, explica que já
existem estudos que relacionam o excesso de doces a uma maior incidência da
depressão. “De acordo com algumas pesquisas, o alto consumo, por um período
prolongado, pode aumentar em até 23% as chances de desenvolver transtornos de
humor.” Ela também pontua que o açúcar em grandes quantidades tem potencial de
provocar estímulos cerebrais da mesma forma que algumas drogas, como cocaína e
heroína. “Ou seja, pode viciar em igual medida, ou mais.”
Resposta
inflamatória
Para
entender melhor o papel dos doces para quadros de transtornos de humor, é
preciso compreender a relação que guardam com o organismo dos indivíduos. O
primeiro ponto destacado por Bruna para essa associação é que os carboidratos
(classificação em que entra o açúcar) podem levar ao aumento de substâncias
pró-inflamatórias responsáveis pela liberação de neurotransmissores como o
cortisol e a noradrenalina. Em desequilíbrio, os dois são capazes de impactar
negativamente o estado de ânimo.
Doce e
prazer: relação com os dias contados?
Apesar de
os doces serem comumente relacionados a sensações de prazer, o que geralmente
ocorre quando eles são consumidos em doses exageradas é o aumento da taxa de
açúcar na corrente sanguínea. Em resposta, o pâncreas produz mais insulina,
hormônio que carrega o açúcar para o interior das células e quando fica acima
do nível considerado normal, provoca alterações no organismo e também no humor.
“O hábito
de se alimentar bem e corretamente, por meio de uma dieta rica em fibras e com
o consumo adequado de alimentos com baixo, médio ou alto índice glicêmico,
diminui o risco de depressão e de sofrer com mudanças no humor em cerca de 25 a
35%. Por isso, deve-se evitar um cardápio com excesso de farinhas processadas e
açúcar, que atrapalham a digestão e a flora intestinal”, orienta a consultora
nutricional.
O intestino
tem uma função fundamental na hora de consumir os alimentos em favor do humor.
Bruna explica que “banana, chocolate amargo, peixes e produtos lácteos são boas
fontes de triptofano, um aminoácido que não é produzido pelo corpo humano e que
eleva a concentração de serotonina, produzida
em sua maior parte pelas células desse órgão. O açúcar em si não tem
necessariamente relação com o prazer”.
Ainda assim, ninguém discorda que uma fatia de pudim é muito bem-vinda
de vez em quando. E tudo bem, segundo a especialista, mas a ingestão diária deve ser
limitada a uma porção pequena. A
Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a
ingestão máxima de 50g de açúcar por dia, enfatizando que o ideal é não
ultrapassar os 25g. “Prefira doces do tipo zero – a linha Cuida Bem tem
Cocada, Tablete de Amendoim, Paçoca com Sementes e até Pé de Moleque sem adição
de açúcar. Além das barras de nuts, que ajudam na saciedade. Substituir as
sobremesas por alimentos naturalmente doces, como as frutas, é outra dica.”
O que é
contraindicado mesmo é o hábito de ingerir bebidas açucaradas, tais como
refrigerantes e sucos industrializados. De acordo com Bruna, “estudos
observacionais apontam que o consumo prolongado delas diminui o volume total do
cérebro, afeta a memória, pode causar alterações de humor e levar a um maior
risco de derrame e demências de forma geral”.
Alerta!
Bruna ainda
ressalta que a depressão é uma doença psiquiátrica, que precisa ser diagnóstica
e é multifatorial. “Ela vem acompanhada de alterações de humor como tristeza
profunda, sentimentos de dor sem causa específica, baixa autoestima e culpa;
também pode estar associada a distúrbios do sono e alimentares. É importante
buscar ajuda e aproveitar correntes como as provocadas pelo Setembro Amarelo
para discutir o tema abertamente.” Depressão é um estado de saúde sério e
precisa ser avaliado com atenção e urgência.
Santa
Helena
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