Palestra revela como a progressão está sendo controlada no mundo.
A pandemia de coronavírus impediu Campinas de sediar o 64º Congresso
Brasileiro de Oftalmologia (CBO 2020) planejado para acontecer na cidade este
ano. Pela primeira vez o evento organizado pelo CBO (Conselho Brasileiro de
Oftalmologia) vai ser virtual, invés de presencial. A abertura acontece na
próxima sexta-feira (4) quando faz homenagem ao Instituto Penido Burnier que
este ano completou 100 anos de atuação. Até segunda (7) o evento apresenta mais
de 400 horas de atualização médica com apresentações simultâneas em 10 salas.
Este ano o congresso conta com a participação recorde de 40 palestrantes
internacionais, reúne 4,5 mil especialistas, vai apresentar os principais temas
da Oftalmologia e ferramentas de inteligência artificial que permitam à
especialidade enfrentar a pós pandemia
Painel
sobre miopia
Como não poderia deixar de ser, o CBO 2020 conta com um painel sobre
miopia, dificuldade de enxergar à distância, que está se tornando uma
verdadeira epidemia no mundo e, portanto, um grave problema de saúde pública. A
estimativa da OMS (Organização Mundial da Saúde), é de que hoje 2,6 bilhões são
míopes no mundo. Pior: No Brasil 27,7% da população ou 59 milhões de
brasileiros têm miopia e a maioria, 53% dos que precisam usar óculos de grau
não têm acesso à correção visual.
Na segunda-feira (7) o oftalmologista do Instituto Penido Burnier,
Leôncio Queiroz Neto, apresenta a partir das 8:30 horas palestra sobre miopia.
O médico ressalta que apesar da falsa crença popular, não há comprovação de que
deixar de usar óculos possa piorar a miopia, nem que os óculos viciem os olhos.
“Quando são retirados a visão fica embaçada porque sem correção visual míopes
enxergam mal, salienta. Isso explica
porque a falta de óculos leva à deficiência visual. Para ele a genética, sem dúvida, é um fator importante
no desenvolvimento da miopia, mas fatores ambientais também influem na maior
prevalência e evolução.
Telas
digitais
O oftalmologista afirma que horas em frente à tela do computador,
celular ou tablet é uma das variáveis que responde pelo aumento da miopia na
infância. Isso porque, um levantamento feito pelo especialista mostra que o
prolongado esforço visual para enxergar
de perto faz o olho perder a capacidade de focalizar à distância.
É a miopia transitória ou
acomodativa que pode ser eliminada com mudança de hábito, explica. O tempo
máximo preconizado de uso contínuo de dispositivos por crianças é de 2 horas. O
problema é que a pandemia de COVID-19 somada ao isolamento social aumentou este
tempo. Por isso, na pós pandemia podemos ter mais míopes do que o previsto, pondera
Como
controlar a progressão
Queiroz Neto afirma que artigos sobre miopia publicados em diversos
países apontam que o controle da miopia em crianças também tem influência do
tempo de exposição ao sol. O médico explica este efeito pode estar relacionado
à maior produção de vitamina D. Isso porque, nossos olhos têm receptores da
vitamina D que melhora o funcionamento do sistema ocular. Banhos de sol diários
de duas horas são preconizados, comenta, porque já está comprovado que a luz
ultravioleta aumenta a resistência das fibras de colágeno da córnea. O
oftalmologista afirma que também há evidências de que a retina tem receptores
de dopamina, hormônio do bem-estar produzido durante a exposição ao sol, que
também regula o crescimento axial do olho, maior entre míopes
Por paradoxal que possa parecer, comenta, estudo realizado nos EUA com
uma lente de contato que provoca miopia periférica sem altera o foco central
também pode controlar a evolução da miopia em crianças. O médico ressalta que
os problemas de visão não alteram a aparência e a criança nem sempre sabe se
enxerga bem. Por isso, a recomendação é consultar um oftalmologista todo início
de ano letivo.
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