Atualmente, a marca própria é vista
como uma excelente e importante ferramenta de fidelização. Não à toa, todas as
grandes redes supermercadistas do Brasil investem cada vez mais em suas marcas,
como é o caso do Grupo Pão de Açúcar, Carrefour e Dia. O mesmo fenômeno
acontece com as redes farmacêuticas, como RaiaDrogasil e Pague Menos.
Nos anos 2000, apenas 15% dos
consumidores acreditavam e confiavam nos produtos de marca própria. Hoje, esse
número chega a 80%, já que não ficam atrás de nenhum outro quando falamos em
qualidade e custo-benefício. São produtos que, realmente, entregam o que
prometem.
Com a pandemia causada pelo novo
coronavírus, as marcas próprias cresceram ainda mais rápido do que era
esperado. Na realidade, esse fenômeno, em momentos de crise econômica, é algo
recorrente. Foi o que ocorreu, por exemplo, em meados de 2008, na Europa. No
continente europeu, inclusive, pesquisas apontam que 50% do consumo será de
produtos de marcas próprias até 2025. Mas, devido à crise, acredita-se que isso
pode ocorrer antes, até 2023.
Chegou a hora de fabricantes e redes
que vendem marcas próprias investirem cada vez mais em produtos inovadores, com
qualidade e bom preço, surpreendendo o consumidor e entregando cada vez mais
custo-benefício. Melhor, passou da hora de o varejo acreditar que a marca
própria é, sim, relevante. Os produtos precisam sair do trivial e do
básico.
Obviamente, os itens do dia a dia, como
leite e farinha de trigo, são essenciais. Tanto que, uma pesquisa feita pela
Nielsen, em parceria com a Associação Brasileira de Marcas Próprias e
Terceirização (ABMAPRO), em abril, aponta o
crescimento nas vendas de produtos de marcas próprias, como leite (73,7%), óleo
(65,9%) e farinha de trigo (63,9%).
No entanto, a oferta vai além dos itens
básicos. Um case de muito sucesso e que comprova o que estou falando é a marca
Taeq, pertencente ao grupo Pão de Açúcar. Fundada em 2006, é a ‘queridinha’ do
público porque investe em itens diferentes, inovadores, especiais e que
surpreendem a clientela. O foco da marca são os produtos voltados para
alimentação saudável, com destaque para os ingredientes naturais e a linha de
orgânicos.
Recentemente, o Carrefour lançou uma
linha de 11 cervejas artesanais de marca exclusiva, a Nauta. O que faz uma rede
tão grande como o Carrefour investir nesse tipo de produto? A questão aqui é
que a empresa estudou o cliente, entendeu o que ele queria e entregou além, ou
seja, surpreendeu! E, sem dúvidas, esse é o caminho para o futuro.
A Needs, da Rede RaiaDrogasil, é outra
marca que mostra a importância de investir em qualidade e bom custo-benefício.
Com um público fidelizado, a rede está muito próxima do cliente para entregar o
que ele necessita. Exatamente por isso, lançou a Vegan By Needs, uma linha
vegana de itens de higiene e beleza.
A marca própria é o que salva o varejo
em momentos de crise econômica, permitindo ao consumidor comprar os mesmos
produtos por preços mais baixos e, assim, garantir aos pequenos, médios e
grandes comerciantes continuarem vendendo. É tão importante para os
fornecedores quanto para as grandes redes varejistas. Foi a marca própria, por
exemplo, que permitiu à classe média baixa consumir produtos diferentes, como
cereais, iogurtes e requeijão.
Chegou a hora de valorizar toda a rede
de pessoas que permite que as marcas próprias existam e entreguem tamanha
qualidade: fornecedores, donos de marcas e consumidores. Sim, é também graças a
você, consumidor, que acredita na marca própria, que existe investimento para o
setor crescer e entregar - sempre - o melhor produto, com qualidade e bom
preço.
Muito se fala sobre o novo varejo. Mas
eu acredito que o varejo está sempre se reinventando. À medida que o consumidor
muda, o varejo precisa mais que rápido entender essas mudanças. Como foi dito
ao longo deste texto, o consumidor quer ir além do bom custo-benefício. Chegou
o momento de surpreendê-lo e entregar cada vez mais inovação.
Neide Montesano - presidente da Associação Brasileira de
Marcas Próprias e Terceirização (ABMAPRO)
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