Com quarentena, trabalho em casa, aulas online e todas as mudanças geradas pela pandemia, tivemos grandes alterações na rotina. Somado ao acúmulo de atividades e responsabilidades, além das tecnologias que têm nos ajudado a sobreviver, mas, por outro lado, “pensam por nós”; muitos têm sentido perda da noção de tempo e lapsos de memória.
“De fato, a memória é uma das nossas funções cognitivas mais importantes e serve para arquivar experiências e informações adquiridas ao longo da vida. A perda de memória patológica acomete, principalmente, a memória de curto prazo, aquela que usamos para nos lembrar de algo recente. Um exemplo é a pessoa que tende a repetir as mesmas perguntas que foram respondidas há pouco tempo”, explica a psiquiatra Dra. Danielle H. Admoni, especialista pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria) e psiquiatra geral na Unifesp.
Como manter a boa
memória
A área da neuropsicologia, que
estuda a memória, ainda é muito nebulosa. Mas estudos mostram que os bons
hábitos de vida são verdadeiros aliados da boa memória. Dentre eles, a prática
de atividade física aeróbica por, pelo menos, três vezes na semana. “O
exercício intensifica a capacidade cognitiva, de atenção e concentração. Outro
fator muito importante é o sono. Noites mal dormidas interferem muito na
manutenção da memória, já que ela é consolidada neste período. O tabagismo e o
uso frequente de álcool também são prejudiciais, pois provocam um
envelhecimento cerebral precoce”, aponta Danielle H. Admoni.
Em relação aos medicamentos,
há controvérsias. Uma pesquisa recente indicou que o uso de donepezila, uma
medicação utilizada para o Alzheimer, aumenta a capacidade da memória de
portadores da síndrome de Down. Isso fez com que universitários americanos
passassem a usá-la. “No entanto, ainda não há nenhuma comprovação científica
que mostre a sua eficácia em pessoas que não possuem a síndrome. Alguns
fitoterápicos, como ginko biloba, parecem melhorar o fluxo sanguíneo cerebral,
beneficiando, indiretamente, a memória”.
Segundo a psiquiatra, a melhor forma de diagnosticar estas patologias é a
realização de uma avaliação neurológica e psiquiátrica. “Vale citar também
outras boas dicas que podem melhorar significativamente a memória e a atividade
cognitiva, principalmente nos tempos atuais. Leitura, aprendizado de novas
línguas, a prática de exercícios matemáticos e a constante sociabilização,
ainda que virtual, são hábitos importantes para a manutenção da memória e para
retardar o surgimento de demências comuns a idade avançada”, finaliza Danielle.
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