Qual a primeira resposta que vem à sua mente quando
você pensa na sua inteligência? Você se considera inteligente? Ou não?
Antigamente, o conceito de inteligência se resumia
somente aos testes de QI. Um QI considerado alto, ou acima dos 120 pontos,
revelava a inteligência de uma pessoa. Por muitos anos, esse número insensível
e impiedoso marcou a forma como as pessoas se viam perante a própria
inteligência, como eram julgadas na idade escolar e, mais tarde, nas
profissões.
Crianças eram estigmatizadas e, muitas vezes,
carregavam essa marca até o fim de suas vidas por não serem inteligentes o
suficiente. Sem os testes de QI, eram julgadas pelas notas que obtinham nas
provas, em especial, nas matérias que exigiam lógica, matemática e raciocínio
intelectual.
Mais tarde, na vida adulta, moldavam suas carreiras
de acordo com a inteligência que tinham ou não.
Empresas contratavam seus funcionários usando como
referência os testes disponíveis para medir a inteligência. Os mais
inteligentes eram contratados na hora. Os outros eram dispensados ou tinham que
aguardar uma nova oportunidade.
Hoje o conceito de inteligência já não é mais o
mesmo, mas ainda assim, muitos ainda se avaliam por um único número que só
simboliza uma parte de sua capacidade mental.
O que mudou? Por quê?
As empresas estão cada vez mais competitivas entre
si e o mercado de trabalho, cada vez mais difícil. É um desafio para quem
procura uma colocação e também para quem escolhe a sua equipe. Os líderes e
gerentes das instituições começaram a perceber que algumas pessoas eram
extremamente inteligentes, porém não conseguiam se sociabilizar com o resto da
equipe. Tinham dificuldades de relacionamento, de fazer parcerias, de colaborar
com o próximo. Eram pessoas, muitas vezes, desajustadas, de difícil
convivência, até mesmo improdutivas. Não conseguiam lidar com o estresse, não
reagiam bem às pressões, não conseguiam obedecer às ordens ou seguir
determinadas regras.
Hoje, já é um consenso de que quanto maior a
colaboração entre os membros de uma equipe, melhor o trabalho fluirá, maior a
produtividade. Não há mais espaço para competições e sim para interações.
Dessa forma, começou a ficar claro que somente a
inteligência lógica e matemática não era o suficiente para reconhecer um bom
funcionário. Outras características passaram a ser tão ou mais valorizadas que
a inteligência medida pelo QI.
Inteligência Emocional
Na década de 1990, o interesse pela inteligência
emocional foi despertado pelo livro de Daniel Goleman que descrevia essa
capacidade como a maior responsável pelo sucesso ou insucesso dos indivíduos,
apesar de que esse conceito já vinha sendo usado desde 1920.
Um indivíduo emocionalmente inteligente é aquele
que consegue identificar e controlar suas emoções, de forma que elas possam ser
utilizadas em nosso benefício.
Os pilares da IE são o autoconhecimento emocional,
o controle emocional, a automotivação, a empatia e os relacionamentos
interpessoais.
E, porque essa inteligência, hoje, é tão valorizada
e essencial não só para os relacionamentos pessoais, mas para o mundo acadêmico
e profissional?
A inteligência emocional melhora os relacionamentos.
Diminui a ansiedade e o estresse. Aumenta a empatia. Aumenta o poder de decisão
e a produtividade. Eleva a autoestima. Facilita a conquista do equilíbrio.
Uma inteligência não anula a outra. Porém, se você
for o administrador de uma empresa e quiser a melhor equipe para atingir suas
metas, somente o teste de QI não é mais suficiente. A inteligência humana não
pode mais ser rotulada por um simples número. O ser humano é complexo e assim
também é a sua capacidade mental.
Quantas inteligências temos?
Em 1983, Howard Gardner introduziu o conceito das
inteligências múltiplas, com uma visão multidimensional da inteligência.
Hoje, as diversas inteligências são classificadas em Inteligência Linguística, Matemática, Musical, Espacial, Corporal, Intrapessoal, Interpessoal, Espiritual, Naturalista e Existencial.
Cada uma destas inteligências revela uma
habilidade, um talento que o indivíduo apresenta. Um enxadrista precisa ter
muita inteligência espacial para visualizar diversas jogadas antecipadamente.
Alguém já se perguntou se Bach ou Beethoven tiravam notas boas em matemática?
No entanto, ninguém duvida de que eles foram gênios. Gênios musicais. Ana
Botafogo e Maria Esther Bueno apresentaram, sem dúvida, uma imensa inteligência
corporal. Os maiores líderes da história possuíam, sem dúvida, uma inteligência
interpessoal acima da média. Enfim, cada pessoa pode se destacar em uma área,
dependendo do quanto sua capacidade mental atua naquela área.
]Mas, e as pessoas que não se acham boas em nada?
Primeiro, isso não existe. Todos nós possuímos algumas inteligências, senão
todas, mesmo que nenhuma delas se destaque. Algumas pessoas terão uma ou outra
inteligência bastante alta, enquanto outras terão maior equilíbrio entre suas
aptidões. Segundo, todas as inteligências podem ser desenvolvidas. Talvez não a
ponto de se tornar um Einstein, um Chopin, uma Marie Curie, um Guga, uma
Fernanda Montenegro, porém, todos nós podemos nos tornar mais inteligentes do
que somos em todas as áreas de nossa vida. Nossa mente não tem limites para
aprender, para se remodelar, para se tornar mais eficiente. Bastam os
exercícios e a prática.
A maioria das pessoas se preocupa em fazer exercícios físicos. Cinco vezes por semana, mesmo sem ter a mínima vontade, levantam pesos, correm, fazem abdominais e procuram um corpo cada vez mais perfeito. Nada de errado nisso. Muito pelo contrário. O exercício físico é muito importante tanto para o corpo quanto para a mente. Além do mais, a inteligência corporal precisa dessas práticas para melhorar e se desenvolver.
E quanto às outras inteligências? Alguém se preocupa em desenvolvê-las? Resolver problemas lógicos é excelente para melhorar a nossa capacidade intelectual. Aprender a tocar um instrumento musical ou simplesmente tentar apreciar uma música de vez em quando já pode melhorar a inteligência musical. Cursos de inteligência emocional são excelentes para que possamos desenvolver esta inteligência tão importante para o nosso sucesso. Para quem não tem inteligência espacial, jogar xadrez pode ser muito difícil, a princípio, mas com o treino, nossa mente consegue se adaptar àquela nova realidade.
Não é preciso ser um gênio em nenhuma das áreas.
Mas é possível desenvolver nossas diversas inteligências sempre um pouco mais.
Ninguém mais precisa se prender a rótulos incutidos em nossa mente desde que
éramos bebês. A vida é dinâmica, assim como a nossa mente.
Quem pode ser considerado inteligente, então?
Sabemos que algumas pessoas são consideradas
geniais por terem se destacado muito além dos outros em alguma área de sua
vida. Mas o conceito de inteligência nos dias atuais é uma soma de todas as
nossas inteligências. Você pode ter uma aptidão muito exacerbada e outras mais
fracas, ou você pode ter um equilíbrio em todas as suas capacidades mentais. O
importante é unir essas inteligências de tal forma que juntas elas facilitem o
seu caminho para uma vida mais plena, mais feliz e mais satisfatória. O
indivíduo mais inteligente é aquele que se sente mais realizado pessoal e
profissionalmente.
Agora voltando à primeira pergunta do artigo. Você é inteligente?
Lucia Moyses é psicóloga - neuropsicóloga e escritora. Em 2013, a autora lançou seu primeiro livro “Você Me Conhece?” e dois
anos depois o livro “E Viveram Felizes Para Sempre”, ambos com um enfoque em relacionamentos humanos e psicologia.Três
anos após a especialização em Neuropsicologia, Lucia lançou os três primeiros
livros: “Por Todo Infinito”, “Só por Cima do Meu Cadáver” e “Uma Dose Fatal”, da coleção DeZequilíbrios. Composta por dez livros
independentes entre si, a coleção explora a mente humana e os relacionamentos
pessoais. Cada volume conta um drama diferente, envolvendo um distúrbio
psiquiátrico, tendo como elo o entrelaçamento da vida da personagem principal. Em
2018, a psicóloga lançou mais três livros: “A Mulher do
Vestido Azul”, “Não Me
Toque” e “Um Copo de
Veneno”, totalizando seis livros da coleção. Em 2020, Lucia,
lança o livro "A Outra".
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