Psicóloga explica que o convívio diário
acaba evidenciando situações agressivas entre os casais
De acordo com a Organização Mundial da
Saúde Mulheres, no último ano, 243 milhões de mulheres sofreram violência
física, sexual e/ou psicológica por um parceiro íntimo. O Brasil é o 5° no
ranking de feminicídio, três em cada cinco mulheres sofrem, sofreram ou
sofrerão de relacionamentos assim, e segundo esse mesmo órgão esses casos
aumentaram em 50% durante a pandemia.
A quarentena, desde o início, se tornou
difícil para muitas pessoas, principalmente para aquelas que possuem um namoro
ou casamento conturbado. Os relacionamentos abusivos não são nenhuma novidade,
mas durante todo esse período em casa, eles se tornaram mais propensos a
acontecer.
"Antes, com a rotina diária,
alguns casais passavam pouco tempo junto, por isso, as brigas que aconteciam
eram consideradas normais, com o confinamento, foi evidenciado um número muito
grande de relacionamentos abusivos, até mesmo de pessoas que nunca haviam
passado por isso. Já aqueles que tinham essa união conturbada, as ofensas,
agressões passaram a ser muito mais frequentes", explica a psicóloga
Beatriz Brandão.
Essas situações não são exclusivamente
com o sexo feminino, no entanto, 80% dos casos acontecem com as mulheres, de acordo
com a ONU, podendo ser facilmente explicado devido ao machismo estrutural da
sociedade. Motivo pela qual ocorrem diversos questionamentos e julgamentos do
porquê a mulher simplesmente não sai daquele casamento ou namoro.
Para a psicóloga, é muito difícil
identificar essas divergências logo no início, e quando a pessoa que sofre o
abuso começa a reconhecer o que está acontecendo, o abusador já deixou traumas
psicológicos, fazendo com a pessoa não se sinta suficiente, se sentindo culpada
por algo que ela não fez.
"Outra característica bem marcante
do abusador é que ele induz a pessoas gradativamente a se afastar de
familiares, amigos e até mesmo do emprego, parecendo ser algo bom para ela, mas
no final ele só quer que a parceira fique ainda mais presa naquele
relacionamento, virando uma bola de neve", comenta Beatriz.
Como identificar
As características principais são as
tentativas de controle sobre a vida do companheiro, ou seja, começa sempre com
coisas simples, como pedidos para não cortar o cabelo, trocar de roupa, não ir
visitar aquele parente porque ele se sente desconfortável e assim por diante.
No entanto, essas situações começam a
ficar mais graves, os pedidos se tornam ordens e quando não são aceitas, o
abusador grita, ofende e até mesmo agride, sempre com a desculpa de que fez
aquilo por culpa do outro.
"Na maioria dos casos, as
agressões psicológicas são as mais frequentes, então ele desqualifica a pessoa
em público, ofende, diminui, utiliza de um falso moralismo, se vitimiza e trai
com uma certa frequência", afirma.
É comum perceber, que em seguida de
situações como essa, o abusador utilize de compensações para se desculpar, como
envio de flores, compra algo que faria o outro feliz e faz juras de mudança que
não vão acontecer, assim, o ciclo se repete novamente.
"Para sair de um relacionamento
abusivo, geralmente é necessário da intervenção de outra pessoa para ajudar
quem está sofrendo, seja uma amiga, parente, colega de trabalho, entre outro.
Peça a ajuda de alguém que possa lhe oferecer segurança e denuncie no telefone
180 (Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência) ou para a
polícia no 190. O importante é que haja um tratamento pós-trauma para fazer com
que quem estava em situação de risco se sinta livre e feliz novamente",
finaliza a psicóloga.
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