Entre os muitos aprendizados que essa pandemia vai
deixar na área da educação, talvez o maior deles seja a valorização da escola e
do trabalho do professor em si, pelos pais e pela sociedade em geral.
Percebemos uma valorização surpreendente da escola e do seu papel na sociedade
porque ficou claro que educar não é nada simples. Foi-se o tempo em que a
escola se preocupava ou se voltava mais à educação formal. Hoje, ela
proporciona uma formação integral, o que permitiu aos pais enxergar o quanto
ela faz falta também para o desenvolvimento das crianças. Depois da área da
saúde, o setor mais impactado pela pandemia provavelmente foi o setor
educacional. E esse impacto se deu porque, além de termos todas as atividades
suspensas inicialmente, e depois radicalmente transformadas, temos agora o
enorme desafio da volta, que não será como antes. Para que o retorno às aulas
presenciais possa ocorrer, de fato, existem três aspectos fundamentais que
precisam ser considerados.
O primeiro diz respeito a todas as normas de
higiene que deverão ser adotadas pelas escolas para auxiliar as crianças e os
adolescentes no momento em que as aulas retornarem presencialmente. Hoje, a
responsabilidade desse cuidado é da família, mas quando as aulas recomeçarem,
essa responsabilidade será também da escola. Sendo assim, todos os professores
passam a ser agentes, coordenadores e orientadores de saúde. Além de precisarem
dominar e conhecer as novas normas de saúde, eles terão que orientar os alunos,
informá-los, educá-los e controlá-los para que os seus comportamentos estejam
alinhados com os protocolos atuais de higiene e saúde, propostos pela OMS.
O segundo aspecto, fundamental, é conseguir manter
dentro das escolas o distanciamento exigido. Salas readequadas, redistribuição
de turmas, instalações de pias, marcações de espaços, ou seja, tudo que os
outros setores já estão fazendo. A escola precisa garantir uma distância mínima
e segura entre os seus alunos. Esse vai ser, certamente, um grande desafio,
pois não se trata apenas da reorganização do espaço físico e do funcionamento,
mas do número de profissionais que precisarão estar conectados e ativos para
cuidar desses alunos. Sabemos que a realidade escolar atual mostra uma grande
quantidade de alunos para poucos funcionários.
Por fim, o terceiro aspecto diz respeito à
aprendizagem, primordialmente avaliar o que o aluno aprendeu nesse período em
que ele ficou sem aulas ou realizando atividades na modalidade de ensino
remoto. Caberá à escola estabelecer mecanismos de avaliação para verificar qual
o aproveitamento dos alunos em relação ao conteúdo que foi ofertado de forma
remota, bem como o conteúdo que deverá ser retomado e, principalmente, criar um
planejamento de atividades no retorno às aulas. Além de tudo isso, a escola
precisará pensar na possibilidade da inclusão do ensino híbrido, que é a junção
do ensino presencial e não presencial. Enfim, sabemos que são enormes os
desafios, todos postos à escola neste período sem aulas presenciais, exigindo
que gestores e professores comecem a se preparar para o tão esperado retorno.
Renato
Casagrande - consultor da Conquista Solução Educacional
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