Para
quem é leigo no assunto, o Programa de Avaliação Internacional de Estudantes
(PISA) trata-se de uma pesquisa comparativa, realizada com jovens de 15 anos em
79 países, incluindo o Brasil, visando os letramentos em Leitura, Matemática e
Ciências. Devido ao grande número de nações, alguns critérios foram definidos para
comparar o desempenho brasileiro com os outros, como proximidade regional e
cultural, mas também com países de alto desempenho como Finlândia, Coréia,
Estados Unidos e Canadá.
Os
resultados preliminares, divulgados no dia 4 deste mês, em Paris, revelam dados
assustadores: em Leitura ficamos em 57º lugar, em Matemática 70º e em Ciências
66º. O resultado é muito ruim e mesmo que fiquemos separando ensino privado das
escolas públicas, para descobrirmos duas realidades bem diferentes, precisamos
pensar na educação do Brasil como um todo. Para que haja possibilidade de
melhora, as políticas públicas precisam ser eficazes e sistêmicas abrangendo
todas as estruturas, inclusive a formação contínua dos professores.
De
acordo com o último Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), a renda de 10% da
população é superior à metade da renda de todo o país, mostrando que a
desigualdade é tão desiquilibrada quanto a educacional. Desta forma, os estudantes
da classe mais baixa não conseguem as mesmas oportunidades, no sentido amplo,
dos estudantes da classe alta.
Muitos
professores da rede pública se sentem abandonados pelo governo e vivem com medo
da violência dentro da escola. Vários estão afastados por uma questão de saúde
e outros totalmente desiludidos com a profissão. Afinal, como lecionar nesse
cenário com a promoção praticamente automática, gerando turmas cada vez mais
desiguais e aprendendo menos?
Contudo,
ainda acredito que podemos melhorar, nem que demore décadas.
Para
isso, é preciso olhar com atenção os modelos que têm dado certo e adequá-los às
realidades regionais. A inovação é inerente às mudanças de sucesso. Precisamos
da parceria governo-escola-família e, principalmente, de uma pedagogia do
afeto, não fabril e classificatória. Precisamos entender que as competências
socioemocionais são tão importantes quanto a cognitiva, que a habilidade
digital e tecnológica seja utilizada com critérios e autoria, que o aprendizado
é multidisciplinar e constante. A resiliência faz parte do processo, a empatia
ajuda em nosso autoconhecimento e nos torna mais íntegros.
Tudo
isso têm que passar pela escola.
Talvez
o grande desafio dos professores seja saber avaliar essas novas habilidades.
Eles devem voltar a estudar para aprender novas metodologias e ensinar de forma
diferente, criando atividades mais colaborativas e menos competitivas, baseadas
em problemas fechados, abertos e até sem solução. É fazer o aluno trabalhar em
equipe, respeitando todas as diferenças.
A
sociedade brasileira precisar entender que se temos modelos de escolas que
funcionam, professores com excelência acadêmica, estudantes que conquistam
medalhas internacionais em olimpíadas que se tornam excelentes profissionais e
cidadãos, então todos juntos podemos melhorar a nossa educação.
Sandro
Yoshio Kuriyama - docente do Curso Avançado de Matemática do Colégio Marista
Arquidiocesano, localizado em São Paulo (SP). Leciona nas redes pública e
privada há 25 anos.
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