Muitas vezes, os empresários
ficam tão focados no dia da operação de suas empresas que acabam se esquecendo
de algo fundamental: como garantir a continuidade do negócio, independentemente
de fatores de riscos internos ou externos? Pensar no futuro de uma companhia é
um desafio e deve ser uma preocupação constante de todos os que desejam ver
suas empresas se perpetuarem por longos anos.
Pensando nisso, a ISO, Organização Internacional de
Normalização, com sede na Suíça e 163 países membro, criou em 2012, a ISO
22.301, a norma de Gestão da Continuidade do Negócio (BCM - Business
Continuity Management), que visa preparar as empresas para lidarem com
situações de crise que possam comprometer sua continuidade.
Trata-se
de uma ferramenta orientativa que estabelece uma proposta estratégica e uma
estrutura operacional que aumenta a resiliência da organização perante a
interrupção de suas atividades. Fornece ainda um plano de restauração para a
empresa, suprindo seus principais produtos e serviços, bem como evidenciando
prazos para restauração.
A
ISO 22.301 identifica e gerencia ameaças atuais e
futuras de qualquer empresa, independentemente do porte ou segmento. Ela cria
uma atitude pró ativa a fim de minimizar os impacto de incidentes (como incêndios,
enchentes, falta de eletricidade, sucessão societária, roubos/furtos, crises
financeiras, entre outros) sejam eles internos ou
externos à organização. Com ela, o tempo de inatividade durante as crises é
minimizado, assim como o tempo de recuperação, visto que a empresa se
preparou previamente para tais acontecimentos.
Esse
preparo faz com a empresa e todos os seus envolvidos ganhem mais resiliência,
já que a companhia consegue demonstrar capacidade de superação. Ao identificar, mapear e
compreender processos críticos e do impacto de possíveis rupturas em toda a
organização, a empresa se torna mais sólida e preparada para lidar com
adversidades. Construir, promover e incorporar essa cultura
assegura que a continuidade dos negócios se torne parte integrante dos seus
principais valores.
Por meio da sensibilização de
todos os colaboradores para os possíveis riscos, são desenvolvidos treinamentos
e é criado um plano de emergência que contemple ações pró ativas - visando a
redução da probabilidade de um ponto vulnerável se transformar em uma crise - e
também reativa, vislumbrando a diminuição do impacto dos incidentes. A gestão
de um incidente é realizada através de soluções efetivas, já que os
colaboradores recebem suportes e informações adequadas para qualquer situação.
Ao
contrário do que parece, a implementação é bastante simples. A empresa passa
por uma fase de diagnóstico, que pode ser feito tanto por uma equipe interna de
gestão quanto por uma consultoria terceirizada, desde que se detenha
conhecimento específico sobre essa norma. Essa etapa pretende identificar os
riscos. A próxima fase estabelece um cronograma, que varia caso a caso, uma vez
que é completamente personalizado para cada empresa. Quando os ajustes
estiverem prontos, uma acreditadora ligada ao INMETRO faz a avaliação para
certificar.
Implantar
essa certificação significa promover a comprovação da capacidade de
gerenciar uma interrupção do negócio e ainda proteger a reputação da
organização e de todas as marcas envolvidas. Os benefícios são muitos, entre eles a
melhoria
do perfil de risco face aos seguradores (tendo como resultado prêmios de
seguros reduzidos), a redução do impacto financeiro dos incidentes e a
melhoria da reputação da organização, demonstrando uma abordagem profissional
à gestão. Dessa forma, a empresa garante mais segurança dos recursos e,
consequentemente, uma grande vantagem competitiva frente aos concorrentes menos
preparados. Empresas mais fortes formam uma sociedade mais justa e competitiva
internacionalmente.
Alexandre Pierro - engenheiro mecânico, bacharel em física
aplicada pela USP e fundador da PALAS, consultoria em gestão da qualidade.
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