No Brasil discute-se com muita frequência o problema do uso de
drogas. Essa discussão, muitas vezes controversa e acalorada, é justificada e
necessária.
Entretanto, quero defender aqui que estamos, como país,
negligenciando a principal discussão de saúde pública. A principal droga que
compromete e provoca danos à nossa população é o álcool, droga legal, que pode
ser comprada em nosso país em praticamente qualquer local, a qualquer hora do
dia e na quantidade que se queira, inclusive por menores, em franco desrespeito
à lei.
Mais urgente e importante para o Brasil do que a discussão sobre
drogas ilícitas é a regulação da droga lícita mais nociva para a sociedade, que
é o álcool. Para que avancemos, como um país que se preocupa com a saúde de
seus cidadãos, é fundamental que estabeleçamos regras para o consumo do álcool.
Estas regras visam à limitação da quantidade de álcool ingerida e, com isso,
reduzem a chance de doenças físicas e mentais, da violência doméstica, do abuso
infantil, da perda de produtividade acadêmica, etc. Todos esses problemas têm
forte associação com o uso de álcool.
O melhor modo de controlar o uso de álcool é pela regulação
ambiental. Medidas como o controle das horas do dia em que se pode vender
álcool e a limitação completa de sua publicidade são as primeiras a ser tomadas
e têm que ser reforçadas na agenda de saúde pública, sem hesitação. É tempo de
ajustarmos nossas decisões políticas às verdadeiras necessidades de nossos
cidadãos.
Prof. Dr. Guilherme Messas -, Psiquiatra especialista em Álcool
e Drogas, é Professor e Coordenador do Programa de Duplo Diagnóstico em Álcool
e Outras Drogas da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. É
Coordenador da Câmara Temática Interdisciplinar sobre Drogas do Conselho
Regional de Medicina de São Paulo. Contato: gmessas@gmail.com
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