O Dia Internacional da Mulher, 8 de março, destaca a força e a coragem
femininas tão presentes em nossas vidas. Nós do setor agro sempre soubemos que elas
são parte essencial em na atividade no campo, que vem a cada dia ganhando mais
participação e liderança delas.
Substantivo feminino, a agricultura está sendo cada vez mais feita por
mulheres, como mostra uma recente pesquisa da Associação Brasileira de
Marketing Rural e Agronegócio (ABMRA): elas ocupam 30% dos cargos de comando no
campo, três vezes mais do que em 2013, quando este número era de 10%.
Quando não são as principais responsáveis pelas propriedades, elas atuam
como administradoras, dividem as atividades com um familiar ou estão sendo
preparadas para assumir essas funções. Elas não são mais apenas as “filhas do
dono”, elas agora são as próprias donas.
O levantamento foi feito ao longo de 2017, com 2.090 agricultores e 717
pecuaristas de 15 Estados, e mostra um crescimento enriquecedor que, em parte,
é fruto da tecnologia. Com o aumento das inovações tecnológicas no campo, a
força física deixou de ser uma barreira para muitas atividades.
A mulher antes acabava indo parar no campo quando ficava viúva ou quando
perdia os pais. Mas a importância crescente do agronegócio também veio
acompanhada de uma revolução cultural. Os jovens querem permanecer no campo,
muitas mulheres não são mais criadas para ficar em segundo plano e esses novos
agentes estão transformando a agropecuária.
Dados da Food and Agriculture Organization (FAO), das Nações Unidas,
indicam que mais da metade dos alimentos que chegam às mesas em todo o mundo
são produzidos pelas mulheres, principalmente por meio da agricultura familiar.
E nas nações menos desenvolvidas, a presença delas no agronegócio é
ainda mais expressiva: mais de 70% das mulheres economicamente ativas nesses
países trabalham na agricultura. Na África e no Caribe, por exemplo, 80% dos
trabalhos domésticos e rurais são executados pelas mulheres.
Elas produzem até 80% dos gêneros alimentícios básicos. Ressalta-se que
na África, cerca de 70% de toda a mão de obra agrícola é constituída por
mulheres, que produzem 90% da comida daquele continente.
Trata-se de uma nova realidade, onde 36,2% das mulheres optaram pelo
trabalho no campo. Soma-se a isso o fato de que elas estão cada vez mais
preparadas para exercer as funções pertinentes à agropecuária. Uma em cada
quatro mulheres do agro tem formação superior, enquanto que entre os homens
este índice cai para um em cada cinco.
Um exemplo é a participação das mulheres na tradicional Escola Superior
de Agricultura "Luiz de Queiroz” (Esalq/USP), de Piracicaba. A presença
feminina na Universidade já atinge, em média, 50% nos cursos de graduação,
especialmente na Agronomia.
Esse movimento feminino traz não somente uma enriquecedora diversidade,
mas também qualificação para aumento de produtividade e renda. Uma qualificação
necessária em tempos de atividade no campo permeada por drones, GPS e
aplicativos para smartphones.
É um caminho sem volta que só agrega ao setor. Quem melhor do que a
mulher entende que a semente precisa ser plantada no momento certo e necessita
de cuidados constantes até se transformar em um fruto a ser colhido?
Embora os homens ainda sejam maioria no setor, nada menos do que 81% dos
entrevistados pela pesquisa consideram que a participação da mulher no campo é
essencial. É reconhecer que não há uma disputa entre os sexos, é saber que
unidos, homens e mulheres, somos mais fortes, produtivos e rentáveis.
Bastaria dizer que a agricultura tem uma deusa, e não um deus. Ceres
representa a fertilidade da terra e o ciclo da vida. O plantar e o nascer, o
cuidar e aperfeiçoar.
Parabéns a todas as mulheres!
Arnaldo Jardim - secretário da Agricultura e Abastecimento do Estado de
São Paulo e deputado federal PPS/SP (licenciado)
Site: www.arnaldojardim.com.br
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