Apostar em alimentos
ricos em gorduras boas é a melhor opção em uma dieta saudável
Uma
recente pesquisa realizada pelo Ministério da
Saúde apontou
que a obesidade não para de crescer na população brasileira. Dados inéditos
revelam que uma em cada cinco pessoas no País está acima do peso. A prevalência
da doença passou de 11,8%, em 2006, para 18,9%, em 2016. No combate ao excesso
de peso, seja por questões estéticas ou de saúde, é comum que se retire a
gordura da dieta. Em um primeiro momento, pode parecer o certo, se
relacionarmos, de forma simplista, que a ingestão de gordura resulta nos
pneuzinhos em nosso corpo. Contudo, não é bem assim na prática.
“É
fundamental estar ciente de que elas também contribuem para um bom
funcionamento do corpo e, por isso, o ideal é manter o equilíbrio. É preciso
conhecer os alimentos e suas propriedades para fazer escolhas certas, sem
simplesmente deixar as gorduras de lado”, explica a endocrinologista Janaina Koenen. Ela ressalta que é fundamental
entender o papel da gordura em nosso organismo e adicioná-la de forma correta à
alimentação, mesmo quando a intenção é emagrecer.
“O
papel de vilã nutricional que a gordura ocupa atualmente pode estar com os dias
contados. Diversos estudos já mostram que mesmo a saturada, encontrada em
carnes, ovos e queijos, não está associada a doenças cardiovasculares como se
acreditou por muitos anos”, pondera Koenen. Segundo a endocrinologista, esse
grupo de alimentos foi condenado a partir de hipóteses não comprovadas sobre o
colesterol, no entanto, é crescente o número de estudos que já identificaram
que a gordura boa deve predominar. “Uma dieta equilibrada pode ter mais de 50%
de gorduras totais, existem artigos que falam até em 70%”, frisa.
E
o colesterol?
“Apenas
por volta de 20% do colesterol sanguíneo vem da dieta, pois a maior parte é
produzida naturalmente no fígado. Ou seja, já foi demonstrado que comer mais
gordura não necessariamente se traduz em ter um LDL maior”, comenta Koenen.
Segundo a médica, ocorre que o LDL tem sete subtipos, agrupados por tamanho em
quatro classes: I, II, III, e IV, sendo apenas uma delas prejudicial à saúde, o
chamado “LDL pequeno e denso”. “Ele sim está relacionado à aterosclerose. Além
de aumentar os riscos de infarto e acidente vascular cerebral (AVC),
especialmente quando aparece em sua forma oxidada; o que ocorre quando há um
nível alto de inflamação no organismo. É dessa inflamação que precisamos
cuidar”.
“Além
disso, as gorduras saturadas são as únicas que aumentam o HDL, que é o
colesterol bom”, lembra Koenen. Já os óleos vegetais (canola, milho, soja,
girassol) devem ser evitados. Isso porque são ricos em ômega 6, a gordura
inflamatória, que faz o oposto da gordura Ômega 3, presente no salmão selvagem,
atum, arenque, cavalinha e sardinhas. Ovos caipira também contém ômega 3.
Ainda
segundo a endocrinologista, em diabéticos, já foi comprovado que triglicérides
altos e HDL baixo, além dos níveis de PCR ultrassensível, são indicadores mais
eficazes para predizer risco de infarto do que o LDL isolado. “Sabe-se, ainda,
que tabagismo, estresse e sedentarismo aumentam consideravelmente a inflamação
e são fatores de risco muito mais importantes e com mais evidência que o nível
de LDL isoladamente para o risco de doença cardiovascular”, finaliza.
Janaina Koenen - Graduada em Medicina
pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); Especialista em
Endocrinologia e Metabologia pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e
Metabologia (SBEM); Mestre em Inovação Tecnológica e Propriedade
Intelectual pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); Membro da
Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM); Membro da
Sociedade Brasileira de Diabetes. (comissão científica da diretoria da
regional de Minas Gerais); Membro da Endocrine Society.
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