A endometriose ocorre quando o endométrio, tecido que
reveste a cavidade uterina, insere-se fora do útero. A doença atinge de 10 a
15% das mulheres e os sintomas levam cada vez mais delas ao consultório,
relatando desde cólicas menstruais fortes, desconforto durante as relações
sexuais até dificuldade para engravidar. E nos consultórios, o cirurgião
Demétrius Germini garante que as dúvidas são quase sempre as mesmas. Confira
abaixo quais são elas e o que de fato é verdade sobre essa doença.
1) É verdade que a endometriose é hereditária?
Estudos com mulheres gêmeas apontam a hereditariedade
como um dos fatores que podem aumentar o risco da doença. “Sim, casos de endometriose
na família pode ser um fator de alerta para mulheres”, explica o cirurgião.
Mas, de acordo com o médico, ainda é difícil identificar as mães portadoras de
endometriose, porque a doença era mal diagnosticada no passado.
2) Por que demorou tanto para que um médico me desse esse
diagnóstico?
A doença pode ser confundida com uma série de outros
problemas, por isso é considerado um diagnóstico difícil de se fazer. “Por isso
é imprescindível que a paciente encontre um especialista que confira os sintomas,
ouça seu relato e faça os exames que ajudarão a fechar esse diagnóstico”, diz o
médico.
3) Será que a endometriose aumenta o risco de câncer?
Estudos mostraram uma pequena correlação entre o
antecedente de endometriose e alguns tipos de câncer, principalmente o de
ovário. Sabe-se, porém, que a relação entre endometriose e câncer é muito
pequena, em torno de 0,5% a 1% dos casos.
4) É normal sentir muita dor por causa da doença?
Infelizmente, sim. As pacientes relatam cólicas
menstruais, dor na relação sexual ou mesmo intestinal no período menstrual, dor
para urinar e dor pélvica crônica. Por isso é imprescindível que o médico seja
procurado o mais cedo possível, faça o diagnóstico e indique o tratamento.
5) Tenho endometriose. E agora, será que posso
engravidar?
Sim, na maioria dos casos você pode. Apesar da doença ser
apontada como a maior causa de infertilidade feminina - segundo a Sociedade
Brasileira de Endometriose, há mais de 6 milhões de brasileiras, na faixa
etária de 20 a 40 anos - dessas, somente cerca de 30% terão dificuldades para
engravidar.
6) O único tratamento é o cirúrgico?
As pílulas anticoncepcionais podem apenas melhorar a
sensibilidade de diversos sintomas, mas não fazem as lesões desaparecerem.
Assim, o tratamento cirúrgico ainda é o único disponível capaz de retirar as
lesões.
7) Então, terei de passar por uma cirurgia
convencional?
Não necessariamente. A videolaparoscopia, menos invasiva,
e é o tratamento indicado para quase todos os casos. Somente pacientes que
apresentam aderências ou sangramentos mais graves precisam abrir o abdômen.
8) Quais as vantagens da videolaparoscopia?
A cirurgia para o tratamento da endometriose geralmente é
feita por meio da videolaparoscopia, que tem como objetivo cauterizar os focos
de endometriose e retirar as aderências formadas pela doença. Nós a chamamos de
cirurgia minimamente invasiva porque não precisará de grandes cortes externos
na pele.
Geralmente são realizadas pequenas incisões, praticamente
imperceptíveis, na altura do umbigo e da virilha. O procedimento não dura muito
mais do que duas horas em casos de endometriose mínima a moderada. O tempo
mínimo de internação hospitalar é de 24 horas e a recuperação completa após a
cirurgia para endometriose pode variar de 7 a 14 dias. Tudo isso é uma grande
vantagem para a paciente.
9) Há alguma dieta específica para quem tem o problema?
Até há alguns estudos sendo feitos nesse sentido, mas
ainda não temos indicação de que existem alimentos que podem piorar ou mesmo
ter relação com a endometriose.
10) A endometriose tem cura?
A endometriose é uma doença crônica, ou seja, não tem
cura. No entanto, a maioria das mulheres levam uma vida normal após o
tratamento adequado.
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