A
sociedade atual passa por revoluções diversas, incluindo-se os meios de
informação, midiáticos e tecnológicos. Todos os dias somos invadidos com novas
informações e novas maneiras de absorver e aprender, influenciando diretamente
em todos as esferas da vida, desde o pensar, o agir, o ensinar e o aprender.
Num momento em que a capacidade de aprender é cada vez mais importante nas
interações que estabelecemos e que o conhecimento se torna um recurso social
determinante, a escola torna-se ainda mais relevante ao propiciar oportunidades
para que os alunos descubram a capacidade que o conhecimento tem de transformar
a realidade e resolver problemas e criar outras alternativas possíveis. Essa é
a sociedade aprendente.
O
termo aprendente foi cunhado pela psicopedagoga argentina, Alicia Fernàndez,
uma grande influenciadora da psicopedagogia no Brasil. Os conceitos de
aprendentes e também de ensinantes não são sinônimos de aluno e
professor e sim a posicionamentos subjetivos/objetivos singulares frente ao
conhecimento, ultrapassando o âmbito escolar, mas que podem se referir na
linguagem cotidiana à função de ensinar e/ou de aprender. Na visão de Alicia,
para que seja possível a aprendizagem, é necessário que quem aprende conecte-se
mais com seu sujeito ensinante e quem ensina conecte-se mais com o sujeito
aprendente, ou seja, aquele que está aprendendo deve poder mostrar suas ideias,
opiniões e hipóteses sobre o que está aprendendo, enquanto quem ensina deve
reconhecer que o outro, ao mostrar o que sabe, também o ensina.
Esse
momento dessa sociedade da informação gerou muitas mudanças sociais que
impactam o desenvolvimento de um modo geral, que exigem modificações das
escolas em relação à estratégia e, automaticamente, mudanças na família e no
ambiente em que vivemos. De que forma os profissionais da educação, sejam eles
psicopedagogos, professores, pedagogos ou psicólogos educacionais, podem
intervir para favorecer o desenvolvimento dessas crianças e jovens nessa
sociedade aprendente? O papel desses profissionais da educação é manterem-se
conectados com os novos elementos que o mundo propõe para essa sociedade
percebendo e de que forma essas crianças e jovens estão interagindo com
esses novos elementos. Esse profissional será o mediador entre esses elementos
sociais e a capacidade do sujeito em articular isso, ou seja, buscar o
equilíbrio entre o sujeito e o objeto de conhecimento.
Estes
profissionais que compõem uma equipe multidisciplinar tem diferentes
posicionamentos cada um do seu lugar e do seu espaço de saber apropriado
precisam assegurar a integralidade do ser aprendente, portanto neste novo
contexto da sociedade aprendente, o conhecimento torna-se um imperativo de
convivência, por isso hoje é inconcebível reduzir a educação escolar tão
somente a conhecimentos acumulados, tem-se a necessidade de avaliar e intervir
para e transformar a educação escolar em experiências saudáveis de
aprendizagem.
Percebe-se
que diante da multiplicação dos diferentes modos de conhecimento ainda é
premente a cultura da humanização nas relações compartilhadas entre alunos e
professores e as novas formas de ensinar e de aprender, além das influências
genéticas sobre o sujeito da aprendizagem, considerando-se também o ambiente em
que vive. Acompanhar e entender estas mudanças constitui um exercício
desafiador e essencial para os diversos profissionais da educação. Por conta
disso, esse será o cerne do IV Simpósio Internacional de Psicopedagogia desse
ano. Esperamos que novas ideias, pensamentos e experiências possam nos levar
para caminhos e visões que contribuam para que a educação progrida e haja
crescimento e evolução constantes para alcançarmos uma sociedade melhor.
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