O Castelo da Fiocruz ficará iluminado de amarelo durante
todo o mês de setembro. O objetivo é valorizar a vida e chamar a atenção para o
suicídio que, apesar de ser responsável por 32 mortes por dia no Brasil, ainda
é tratado como tabu pela sociedade. Para a Fiocruz, este é um problema de saúde
pública e a estatística somente será reduzida com esclarecimento e prevenção.
A campanha é uma parceria com o Centro de Valorização da
Vida (CVV). Um marco importante para colocar em pauta a questão foi a
definição de 10 de setembro como o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Na
data, profissionais de saúde e movimentos organizados se movimentam pela
causa.
A
Fiocruz incluiu esta questão em sua agenda multidisciplinar de pesquisas, que
são realizadas por especialistas de unidades
como a Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp) e o Instituto de Comunicação
e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict). Os estudos abordam
desde o suicídio entre idosos, adolescentes, indígenas e policiais até os
relacionados às drogas, ao cyberbullying e às doenças incapacitantes, tais como
Aids, esclerose múltipla, lúpus, hanseníase e câncer. A instituição durante o
mês de setembro, entre outros eventos, vai promover palestras abordando os
diversos aspectos do tema.
“A
instituição, seguindo outras iniciativas de prevenção e recomendações da OMS,
entende que é preciso colocar a prevenção do suicídio na agenda de saúde mental
da saúde pública brasileira, observando cuidados imprescindíveis como
jornalismo responsável, arquitetura segura e transporte cidadão”, ressalta o psiquiatra e psicanalista Carlos
Estelita-Lins, pesquisador da Fiocruz e coordenador do Grupo de Pesquisa de
Prevenção ao Suicídio da Fiocruz.
Números
Segundo o relatório da OMS, o Brasil é o oitavo país em número
absoluto de suicídios. O relatório revela que, anualmente, mais de 804 mil
pessoas cometem suicídio por ano no mundo, o que representa uma morte a cada 40
segundos. Cerca de 75% dos casos ocorrem em países de rendas média e baixa. De
acordo com especialistas, uma das maiores causas de tentativas de suicídio são
os transtornos do espectro
depressivo. Os estudiosos observam ainda que
quem tenta suicídio pede ajuda.
A OMS afirma que é possível prevenir suicídios - mais de 90% poderiam ser evitados, segundo
a agência. Para isso, defende, entre outras iniciativas, a adoção de uma abordagem multisetorial
abrangente, já que muitos países não têm uma estratégia nacional de prevenção.
No Plano de Ação de Saúde Mental 2013/2020 da OMS há uma meta de reduzir em 10%
os índices de suicídio.
Em relação às faixas etárias, segundo os dados do
relatório, o suicídio é a segunda maior causa de mortes entre pessoas de 15 a
29 anos. O documento, porém, mostra que as taxas de suicídio são
maiores entre os que têm mais de 70 anos.
Mapa da Violência 2014/Jovens no
Brasil
Nas capitais, o
crescimento dos suicídios na população total do período 2002/2012 foi menor do
que o dos estados como um todo: 33,6% para os estados e 21,9% para as capitais.
Na população jovem, essa diferença é maior ainda: 15,3% de aumento nos estados
e para 1,8% nas capitais.
Chama também atenção no Mapa da Violência 2014, o fato que alguns desses municípios que aparecem nos primeiros lugares nas listas de mortalidade suicida são locais de assentamento de comunidades indígenas, como São Gabriel da Cachoeira, São Paulo de Olivença e Tabatinga, no Amazonas, e Amambai e Paranhos e Dourados, no Mato Grosso do Sul.
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