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domingo, 25 de setembro de 2016

BRASIL UM PAÍS DE IDODOS



Os avanços da medicina aumentaram a sobrevida média das pessoas , como conseqüência , cerca de 12% da população brasileira têm idade superior a 65 anos e o grupo que mais cresce hoje , é o das pessoas com mais de 80 anos. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o grupo de idosos de 60 anos ou mais será maior que o grupo de crianças com até 14 anos já em 2030 e, em 2055, a participação de idosos na população total será maior que a de crianças e jovens com até 29 anos. Segundo a Organização Mundial de Saúde, idosa é a pessoa com 65 anos de idade ou mais. A  idade é o principal fator de risco para as doenças cardiovasculares, que são, de longe, a principal causa de morte na população geriátrica. Atualmente,  sabemos que o fator idade não é impeditivo para a instituição de tratamentos voltados as doenças cardiovasculares, pelo contrário, esse segmento da população é o que  mais precisa dessas opções terapêuticas.

O coração do idoso:
- O envelhecimento produz  mudanças progressivas na estrutura do coração.  As válvulas aórtica e mitral  se espessam e calcificam , achados que podem interferir com o seu fechamento normal . Embora esses fenômenos possam levar à estenose ou estreitamento da válvula aórtica (a mais acometida entre todas as válvulas cardíacas), não é freqüente o comprometimento da função da válvula só por estes mecanismos . Nos vasos sangüíneos, ocorre uma diminuição da elasticidade da parede destes  vasos , acarretando  uma  maior rigidez . No miocárdio , o número de miócitos  (células musculares) diminui , havendo uma maior deposição de células adiposas (células de gordura). O pericárdio (revestimeno externo do coração), também se torna mais espesso. O coração , num todo , torna-se mais rígido.

- No sistema de geração e condução do estímulo elétrico cardíaco , ocorre uma perda celular , com substituição por tecido  fibroso e  gordura . No nó sinusal (marcapasso natural do coração ), observa-se uma substancial diminuição do número de células marcapasso ( cerca de 10% em relação a indivíduo saudável de 20 anos de idade ) . Ocorre ainda , uma deposição de tecido gorduroso em volta do nó sinusal , podendo levar ao isolamento completo desta estrutura . Esses mecanismos podem produzir a doença do nó sinusal , uma causa comum de implante de marcapasso em idosos. O restante do sistema de condução não é exceção , pois também sofre deposição de tecido de gordura , com perda de células elétricas . Além disto , a calcificação do esqueleto cardíaco esquerdo é evidente, podendo alterar a integridade do sistema de condução .

- A diminuição da elasticidade da parede das artérias, associadas ao processo de calcificação das mesmas, fazem com que a pressão arterial sistólica (máxima) aumente progressivamente após os 55-60 anos de idade. A pressão arterial diastólica ( mínima ) , não aumenta após os 55 anos , por isso , clinicamente passa a não ter maior importância. O sistema nervoso autônomo , que controla os batimentos cardíacos e a pressão arterial , torna-se menos eficiente , acarretando maiores variações da pressão arterial , bem como , espisódios de quedas desta pressão  ao adotar a posição de pé ( hipotensão ortostática ) .

- O processo de aterosclerose ( formação de placas de gordura na parede das artérias ), por ser crônico e degenerativo , torna-se mais exuberante em pacientes idosos.

- Em repouso, o débito cardíaco (desempenho do coração como uma bomba), mantém-se normal. Com a freqüência cardíaca mais baixa, o aumento no volume sistólico (quantidade de sangue bombeada a cada batimento) é o responsável pelo débito cardíaco mantido. Como exercício, a dificuldade  de atingir a freqüência cardíaca máxima, impede que o idoso atinja o consumo máximo de oxigênio quando comparado a indivíduos mais jovens.

Doenças cardiovasculares em idosos:
As principais doenças cardiovasculares que acometem os idosos são: insuficiência cardíaca, hipertensão arterial, doença arterial coronariana, doenças das válvulas do coração (estenose aórtica e insuficiência mitral), arritmias cardíacas ventriculares e supraventriculares e miocardiopatia hipertrófica.

- Insuficiência cardíaca: é a principal causa de hospitalizações em idosos. Sua prevalência vem crescendo, a despeito dos avanços da medicina em relação ao tratamento das doenças cardiovasculares.

- Hipertensão arterial: a maioria dos idosos é portadora de hipertensão arterial. A diminuição da elasticidade da parede das artérias, associada ao processo de calcificação das mesmas, fazem com que a pressão arterial sistólica (máxima) aumente progressivamente após os 55-60 anos de idade. No idoso comumente observarmos a elevação isolada da pressão arterial máxima (hipertensão arterial sistólica isolada). A pressão arterial diastólica ( mínima ) , não aumenta após os 55 anos , por isso , clinicamente passa a não ter maior importância. O sistema nervoso autônomo, que controla os batimentos cardíacos e a pressão arterial, torna-se menos eficiente, acarretando maiores variações da pressão arterial, bem como, episódios de quedas desta pressão arterial, quando o idoso adota a posição de pé (hipotensão ortostática). Outro achado comum em idosos é o efeito do consultório (elevação da pressão arterial dos idosos hipertensos no ambiente médico) ou a hipertensão de consultório (elevação da pressão arterial só no ambiente médico, mas  com pressão arterial normal fora deste), estes achados ocorrem principalmente em mulheres. O termo pseudohipertensão é usado para indicar uma medida de pressão arterial elevada, que é fruto da calcificação intensa das artérias, sem que realmente haja uma elevação significativa desta pressão arterial no interior dos vasos.

- Doença arterial coronariana: o comprometimento das artérias do coração por placas de ateroma é mais evidente em idosos. As suas manifestações são a cardiopatia isquêmica em sua forma aguda (angina do peito instável  e infarto do miocárdio) e em sua forma crônica (angina do peito estável, insuficiência cardíaca e arritmias cardíacas). A idade é um fator de risco para a morte nos pacientes com infarto do miocárdio.

- Doenças das válvulas cardíacas: merece destaque a estenose aórtica calcificada (estreitamento da válvula aportica), que é causa de morte súbita em idosos. Em muitos países, essa condição já é a principal indicação de cirurgia cardíaca em  idosos. A insuficiência mitral degenerativa ou secundária a dilatação do ventrículo esquerdo, também é um achado comum.

- Arritmias cardíacas: as arritmias supraventriculares (originadas nos átrios) e as ventriculares (originadas nos ventrículos) são comuns em idosos. A fibrilação atrial  é a arritmia cardíaca persistente , mais comum no idoso , podendo acarretar insuficiência cardíaca e embolização  ( liberação de coágulos ) , com derrame cerebral.

- Miocardiopatia hipertrófica: essa é uma doença cardíaca que pode ser inicialmente diagnosticada em qualquer fase da vida, inclusive na terceira idade.



Thiago Monaco - geriatra, Professor Doutor da Disciplina de Geriatria da Faculdade de Medicina da UniNove.
(11) 5051-5572
Al. dos Jurupis, 452, cj 64, Moema, São Paulo - SP


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