A
evolução da tecnologia e as novas formas de acesso ao Ensino Superior provocaram
mudanças importantes no perfil do vestibulando. A popularização do smartphone
gerou uma conectividade intensa, mesmo em sala de aula, mudando o foco de
atenção do estudante. “Trabalhar com alunos dessa geração implica uma percepção
de que a atenção deles é mais dispersa. Alguns resolveram chamar isso de
hiperatividade. É, na verdade, reflexo de uma cultura digital de alta
frequência, fixando os padrões cognitivos em modelos voláteis, de pouca
consistência. Um desafio para o trabalho de preparação para provas mais
exigentes”, afirma o professor de História no Curso Positivo, de Curitiba,
Daniel Medeiros.
Se,
por um lado, as redes sociais deram voz aos jovens e os levou a buscar análises
mais confiáveis para as questões que os impactam quase em tempo real, por
outro, tornou o argumento dos estudantes pouco consistentes, exigindo dos
cursos preparatórios a expansão da área de Humanas, com a inclusão da
disciplina de Filosofia e Mundo Contemporâneo na grade curricular. A forma de
comunicação também mudou e o contato com os professores se estende agora para
fora da sala de aula, com a utilização das redes sociais. “Esse trabalho na
interface torna-se, cada vez mais, uma outra parte do trabalho do professor e
do curso”, confirma Medeiros. “O cuidado e o limite desse uso exige uma
responsabilidade e uma maturidade enorme, pois todos ficam mais expostos”,
alerta.
Outros
fatores que afetaram bastante o perfil do vestibulando foram a expansão do Enem
como ingresso ao Ensino Superior e a política de cotas, que tornou o ingresso
do não-cotista muito mais complicado. Para o diretor do Curso Positivo,
professor Renato Ribas Vaz, o perfil do vestibulando se dividiu em dois, depois
da implantação do sistema de cotas pelo Governo Federal: o vestibulando de
escola particular e o vestibulando de escola pública. “Se, por um lado, o
estudante de escola pública está cada vez mais perto da universidade federal, o
de escola particular viu suas chances reduzirem a 66% das vagas – ou seja, a
concorrência, que já era acirrada, aumentou mais que 100%”, ressalta.
Diante
disso, outro fator chamou a atenção dos cursos pré-vestibulares: os alunos de
escola particular estão começando a se preparar para o vestibular com
antecedência. “Antigamente, os alunos de cursinho eram aqueles que já tinham
tentado um vestibular e não tiveram sucesso. Assim, faziam o preparatório na
segunda tentativa. Há algum tempo, os cursinhos absorveram os estudantes do
terceirão, que buscavam uma melhor preparação para passar na primeira
tentativa. Hoje, estamos recebendo muitos alunos da segunda série do Ensino
Médio e, inclusive, alguns da primeira”, conta Vaz, um dos professores que
fundou o Curso Positivo há mais de quarenta anos.
Em
um mundo onde a palavra de ordem é disrupção, ver o perfil do aluno mudar requer
adaptações para se manter na liderança de mercado. Por isso, o Curso Positivo
anunciou uma série de mudanças, que começam a ser aplicadas ainda em 2016.
Entre elas, um novo modelo de revisões e simulado, com maior ênfase nas provas
discursivas e redação, de forma a avaliar constantemente os resultados – e não
apenas ao final do ano letivo.
Para
2017, mais mudanças são anunciadas. A começar pela data de início das aulas,
que passou para 29 de janeiro – mais de um mês de antecedência, comparado aos
anos anteriores. “O Enem é realizado no meio do segundo semestre e, em seguida,
já começam todos os vestibulares. Assim, o tempo de estudo reduziu bastante.
Por isso, a necessidade de adiantar o início das aulas”, justifica Vaz. O ano
que vem marca também o lançamento de um novo material didático, desenvolvido
pelo Curso Positivo nos últimos quatro anos, para preparar o novo vestibulando.
8 Fatores que proporcionaram a mudança no perfil dos
vestibulandos:
-
Sisu
-
Cotas
-
Enem
-
Google
-
Vestibulares cada vez mais cedo
-
Smartphones
-
Era digital
-
Redes Sociais
Perfil do novo vestibulando:
Estudante de escola pública:
Muito
conectado, encontra na internet um aliado nos estudos. Mas se entedia em sala
de aula, se o professor não tiver uma dinâmica capaz de conquistar a sua
atenção durante a explicação. A maior dificuldade na redação é a construção de
argumentos consistentes e o uso de gírias da internet. Com o Enem, Sisu e a
política de cotas, viu suas chances de ingresso no Ensino Superior se
multiplicarem e, por isso, busca o seu espaço. Para isso, os que miram os
cursos mais concorridos, como Medicina, Direito e Engenharia, acabam recorrendo
aos cursinhos para garantir a vaga.
Estudante de escola particular:
Conectado 24
horas, chega a ser confundido com estudantes hiperativos. Possui grande
dificuldade de concentração e memorização, já que as ferramentas de busca e
calculadoras estão a um clique de distância. Acostumado com os teclados, tem
grandes dificuldades com a caligrafia – e precisa de mais tempo para estudar as
questões discursivas e redação. Com o Enem, Sisu e a política de cotas, viu a
concorrência aumentar mais de 100% no vestibular. Por isso, sente a necessidade
de se preparar desde o início do Ensino Médio.
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