90% dos casos de câncer de pulmão
possuem como origem o hábito. Por isso, é fundamental alertar sobre os
prejuízos à saúde e lembrar que é sempre tempo de parar de fumar
O Dia Nacional de Combate ao Fumo,
comemorado em 29 de agosto, é dedicado à conscientização dos danos causados
pelo tabagismo. Dentre eles, o câncer de pulmão, doença que tem como origem em
90% a prática do hábito, está no topo. Os fumantes possuem um risco 20 vezes
maior de desenvolverem tumores pulmonares, fazendo com que o alerta seja visto
com ainda mais sensibilidade para este grupo em especial.
Segundo a Organização Mundial da
Saúde (OMS), apesar dos dados não serem novidades, os tumores pulmonares ainda
lideram o ranking de doenças oncológicas com maior número de óbitos todos os
anos. Além disso, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), mais de
30 mil pessoas irão ter o diagnóstico da doença em 2022.
Um dado alarmante, também
apresentado pelo INCA, indica que aproximadamente 10% dos brasileiros acima de
18 anos fumam - ou seja, 20 milhões de pessoas são fumantes no país. Mesmo o
Brasil sendo reconhecido mundialmente por suas campanhas de combate ao fumo,
esse desafio ainda é grande. Segundo a Dra. Mariana Laloni, oncologista da
Oncoclínicas São Paulo, é necessário alertar quanto ao uso de vaporizadores de
fumo, que tem sido usado principalmente por jovens.
"Apesar
da redução do consumo de cigarros no país, em decorrência das campanhas
de conscientização e proibições do fumo, que vêm sendo aplicadas em locais
públicos desde a década de 1990, o número absoluto de tabagistas ainda é
alarmante. E os novos dispositivos tecnológicos de vape, que conquistam
especialmente as chamadas gerações Millennial e Z sob a falsa justificativa de
serem menos nocivos à saúde e por seu design moderno - que serve como atrativo
adicional para essa parcela da população - representam uma ameaça ainda maior
de retrocesso na luta contra o tabagismo", comenta a especialista.
No mundo, a OMS aponta que
atualmente 8 milhões de pessoas vão à óbito por causa de doenças relacionadas
ao tabaco. No Brasil, esse número pode chegar a 156 mil mortes anualmente - uma
média de 428 óbitos por dia. Vale lembrar ainda que o tabagismo vai muito além
do câncer de pulmão, incluindo problemas de saúde como: doenças
cardiovasculares, diabetes, infarto e Acidente vascular cerebral (AVC), entre
outros.
Iluminando o
caminho
Com o avanço da ciência, as
diferentes maneiras de tratar o câncer foram se transformando ao longo dos
anos. No caso das neoplasias de pulmão, as alternativas terapêuticas têm sido
indicadas para o enfrentamento da doença, como é o caso da radioterapia
isolada. "A indicação depende principalmente do estadiamento, tipo,
tamanho e localização do tumor, além do estado geral do paciente", diz
Mariana Laloni.
A imunoterapia exerce um papel
importante para o enfrentamento do câncer de pulmão. A partir do reconhecimento
do tumor pelo organismo, e que com o passar do tempo ele irá se
"disfarçar" para não ser reconhecido e crescer, a técnica consiste em
fazer com que o corpo ative uma espécie de chave, religando a resposta
imunológica para agir contra o problema.
"Embora o sistema imune
esteja apto a prevenir ou desacelerar o crescimento do câncer, as células
cancerígenas sempre dão um jeitinho de driblá-lo e, assim, evitar que sejam
destruídas. O papel da imunoterapia é justamente ajudar os ‘soldados’ de defesa
do organismo a agir com mais recursos contra o câncer, produzindo uma espécie
de super estímulo para que o corpo produza mais células imunes e assim a
identificação das células cancerígenas seja facilitada - devolvendo ao corpo a
capacidade de combater a doença de maneira efetiva", explica a
especialista. Entretanto, é fundamental alertar que antes de remediar, o câncer
de pulmão deve ser prevenido. Para Mariana Laloni a melhor alternativa é sempre
parar de fumar.
A seguir, a oncologista Mariana
Laloni esclarece dez perguntas e respostas comuns sobre a relação entre o fumo
e o câncer.
O fumo pode
aumentar o risco de câncer de pulmão?
Sim. O tabagismo pode aumentar em
aproximadamente 20 vezes o risco de desenvolver câncer de pulmão. Cerca de 90%
dos casos estão relacionados ao fumo.
Quais são os
principais sintomas do câncer de pulmão?
Nas fases iniciais da doença, onde
a chance de cura é maior, o problema é, infelizmente, silencioso, não
apresentando sintomas. Já nas fases em que o câncer está mais avançado, o
paciente pode apresentar sinais no aparelho respiratório, como tosse, dor no
peito e falta de ar.
Quais são os
principais tipos de câncer de pulmão?
Existem dois tipos de câncer de
pulmão, sendo eles o carcinoma de pequenas células e o de não pequenas células.
Geralmente, o segundo caso corresponde a 80 a 85% dos casos, podendo ser
subdividido em carcinoma epidermóide,
adenocarcinoma e carcinoma de grandes células. No mundo, o tipo mais comum é o
adenocarcinoma, atingindo 40% dos pacientes.
Como é o
tratamento para câncer de pulmão?
Para o tratamento adequado, é
importante analisar o estadiamento, subtipo, tamanho e localização do tumor,
além se o paciente possui algum tipo de comorbidade. Caso a doença esteja em
seu estágio inicial e localizado apenas no pulmão, a indicação é de cirurgia ou
radiocirurgia, uma radioterapia direcionada.
Já nos casos mais
avançados, porém sem lesões à distância, o tratamento escolhido pode ser a
combinação da quimioterapia e radioterapia, podendo consolidar a imunoterapia.
Quando existem metástases, o caminho para os recursos irá depender do tipo de
tumor.
Além do
câncer de pulmão, o tabagismo aumenta o risco de outros tipos de câncer?
Sim. Além do câncer de pulmão, o
fumo pode aumentar os riscos para o câncer de de cabeça e pescoço, boca,
laringe, faringe e bexiga.
Quais são os
principais elementos cancerígenos dos cigarros convencionais?
Ao todo, existem quase cem tipos
diferentes de substâncias cancerígenas nos cigarros tradicionais. As principais
são: monóxido de carbono, amônia, cetonas, formaldeído, acetaldeído, acroleína,
nicotina e alcatrão. Dentre elas, é importante ressaltar aida a mais perigosa
em termos cancerígenos: a nicotina.
Qual dessas
substâncias causa dependência em cigarros?
É justamente a nicotina, uma vez
que provoca a sensação de prazer e pode levar ao vício. Essa substância
psicoativa faz parte da Classificação Internacional de Doenças (CID) da OMS.
O cigarro
eletrônico também aumenta o risco de câncer de pulmão?
Sim. Como ele vaporiza um líquido
com grande quantidade de nicotina, a substância também pode elevar os riscos da
doença. Mas, vale lembrar que ainda não se sabe qual a extensão de impacto no
desenvolvimento de cânceres, devido ao desenvolvimento recente e uso variado do
produto: há pessoas que fumam apenas ele, outras que consomem cigarros
eletrônico e convencional, aquelas que nunca fumaram cigarro convencional e
foram direto para o eletrônico, as que substituíram o convencional pelo
eletrônico, etc.
Depois de
quanto tempo sem fumar há a diminuição do risco de desenvolvimento de cânceres
ligados à nicotina?
Com o passar das horas e dias, os
benefícios à saúde são bastante perceptíveis e as chances de desenvolvimento de
cânceres também diminui com o passar dos anos - com 10 anos sem fumar, os
riscos são considerados baixos. Mas, dependendo da carga tabágica - número de
maços por dia vezes o número de anos que a pessoa fumou - é importante
continuar de olho.
Que impacto
haveria nos diagnósticos de câncer se todos os fumantes do mundo conseguissem
se livrar do vício agora?
O principal impacto seria a
diminuição de aproximadamente 33% do número de casos de câncer diagnosticados
e, ao longo do tempo, uma redução ainda mais expressiva.
Grupo Oncoclínicas
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