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segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Setembro Amarelo: a diferença entre ouvir e escutar


Acender um alerta na sociedade para salvar vidas quando se fala em prevenção ao suicídio é tão complexo quanto o comportamento de uma pessoa com a intenção de tirar a própria vida. Ainda que nem todas as mortes possam ser evitadas, as estatísticas seriam menores com uma intervenção precoce. Mas, normalmente, só há proatividade quando a doença mental já está bem avançada e evidente.

 

O Setembro Amarelo é um convite para a reflexão sobre a importância de fazer parte de uma rede de apoio que possa ajudar quem precisa e incentivar a busca por auxílio aos mais de 18,5 milhões de brasileiros que convivem com os transtornos de ansiedade e os 11,5 milhões que tentam lidar com diferentes graus de depressão¹. Devemos entender por rede de apoio não só familiares e amigos, mas também chefes e colegas de trabalho, escola e faculdade, vizinhos, membros de comunidades religiosas e, até mesmo, o médico de confiança. Ou seja, todos aqueles que fazem parte do círculo social mais próximo do paciente e que estejam dispostos a ajudá-lo.

 

Os temas depressão, suicídio e ansiedade são sensíveis no Brasil e, com a pandemia de Covid-19, houve um aumento significativo do número de casos. Os motivos vão desde o medo de contágio até o sentimento de perda e luto, fora o estresse causado pelos efeitos do confinamento. Para mostrar a importância de acolher e ser acolhido, a ABRATA (Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos) apoia a campanha “Bem Me Quer, Bem Me Quero”, tendo o girassol como o símbolo da vida, que, assim como os seres humanos, precisa do apoio de todo o ecossistema para se manter firme e lindo, mesmo em dias nublados.

 

Todos os anos são registrados cerca de 12 mil suicídios somente no Brasil e mais de 1 milhão no mundo. Quase a totalidade (97%) dos casos de suicídio estava relacionada a transtornos mentais como a depressão, em primeiro lugar, seguida do transtorno bipolar, abuso de álcool e drogas ilícitas².

 

Os comportamentos e as emoções de quem pensa em cometer suicídio são vários e não surgem de uma hora para outra. As pessoas dão sinais. O afastamento dos amigos e familiares, o abandono de atividades até então importantes, a mudança drástica de humor, a baixa autoestima, os períodos de tristeza. Há ainda sentimentos de raiva, falta de perspectiva, discurso negativo e vago, aumento no consumo de bebida alcoólica, uso de drogas, padrão de sono anormal e comportamento imprudente não usual³. 

 

Além da automutilação, praticada por cerca de 10% dos jovens com 14 a 20 anos de idade que podem vir a tirar a própria vida, há quem escreva uma carta de despedida, doe seus bens ou deixe instruções. São raras as situações onde esses problemas ficam ocultos ao longo do tempo. É importante deixar claro que cometer suicídio não tem a ver com egoísmo, covardia, falta de amor à vida ou fuga dos problemas. Na maioria dos casos, a pessoa busca pôr fim a um sofrimento e aliviar uma dor com os quais não consegue lidar.

 

Com o mundo virtual, os sintomas tendem a se exacerbar. Uma pessoa com depressão vê nas redes sociais o oposto da realidade que ela vive hoje: as fotos de jantares bonitos, um #TBT das viagens dos sonhos, relacionamentos descritos como uma história de amor sem fim, pessoas que parecem felizes o tempo todo. Esse contraste acarreta uma frustração e também afeta a vontade de viver do deprimido.

 

É preciso se conscientizar, despir-se do preconceito e do conceito de que a depressão é frescura, preguiça e falta de trabalho. E praticar a empatia, tentar entender a visão do mundo da outra pessoa, como ela o enxerga. Não desafiar quem diz sentir vontade de morrer, mas ouvir sem julgamentos para buscar uma forma de ajudar. O suicídio costuma ser o desfecho de uma saúde mental já muito debilitada e da falta de perspectivas - de acordo com o olhar desse paciente - de acabar com a dor pela qual está passando. Nada tem a ver com covardia. E quem estava perto não percebeu ou, se percebeu, duvidou.

 

Para quem está à volta do paciente, a escuta ativa ajuda na construção de uma rede de apoio eficaz, que será importante na aceitação de um acompanhamento psiquiátrico e psicológico, contribuindo para a adesão ao tratamento e, consequentemente, a recuperação do paciente. Escutar é muito mais do que ouvir. Escutar requer dar atenção, interpretar sinais e, principalmente, oferecer apoio. É o que todos nós precisamos para nos levantar.

 



Alexandrina Meleiro - médica psiquiatra, doutora em Psiquiatria pela Faculdade de Medicina da USP, membro do Conselho Científico da ABRATA (Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos).

 


Referências:

1-SindJustiça. Disponível em https://sindjustica.com/2020/05/27/brasil-tem-maior-taxa-de-transtorno-de-ansiedade-do-mundo-diz-oms/ Acesso em 12/08/2021

2- Biblioteca Virtual Ministério da Saúde. Disponível em https://bvsms.saude.gov.br/10-9-dia-mundial-de-prevencao-do-suicidio/ Acesso em 29/07/2021

3- Organização Pan-Americana de Saúde – tópicos Depressão. Disponível em https://www.paho.org/pt/topicos/depressao. Acesso em 27/07/2021


Mês Mundial do Alzheimer: bem-estar do paciente deve ser estendido a familiares e cuidadores

 

As demências são um grupo de doenças que afetam a capacidade de um indivíduo viver de maneira independente devido a alterações da memória, raciocínio e habilidades sociais. Estas transformações podem acontecer em maior ou menor intensidade, a depender do subtipo. Dentre as causas de demência, a Doença de Alzheimer (DA) é a mais comum e representa cerca de 70% dos casos. Sua ocorrência aumenta significativamente com a idade e prejudica, no início, principalmente, a formação de memória para novos fatos e habilidades de localização.

O surgimento da doença está associado a um depósito de proteínas em alguns grupos de neurônios e ao "envelhecimento" precoce de células em certas regiões. Isso leva, com o tempo, à redução progressiva do volume cerebral, principalmente em áreas como os hipocampos, diretamente relacionados à formação de novas lembranças.

Estima-se, segundo estudos da OMS (Organização Mundial da Saúde), que mais de 50 milhões de pessoas no mundo já sofrem com a patologia. De acordo com a instituição, tal número deverá ser três vezes maior até 2050, o que significa que uma pessoa a cada três segundos desenvolve a demência. Para propagar o conhecimento e a conscientização sobre a patologia, tanto por sua importância populacional, quanto pelo seu impacto sobre a qualidade de vida dos pacientes e, sobremaneira, à dos familiares, a Associação Internacional do Alzheimer instituiu o dia 21 de setembro como o Dia Mundial de Conscientização sobre a Doença Alzheimer.

A despeito da liberação recente de drogas específicas que poderiam, em fases iniciais, retardar a evolução da DA, o seu tratamento farmacológico ainda é, predominantemente, para manejo de sintomas. Entretanto, vale ressaltar que apesar das limitações da terapia medicamentosa, há muito o que ser feito para melhorar a qualidade de vida dos pacientes com síndromes demenciais.

Sintomas depressivos e distúrbios do sono devem ser sempre avaliados nestes pacientes, assim como deve ser estimulado um cuidado multiprofissional que envolva fonoaudiólogos (visando evitar broncoaspiração e estimular as habilidades de comunicação do paciente), fisioterapeutas (a fim de reduzir a perda de massa muscular, fragilidade e quedas), terapeutas ocupacionais, nutrição, enfermagem e equipe de saúde mental. Atividades que o paciente tinha prazer em realizar antes do diagnóstico devem ser encorajadas, como as que envolvam música, dança e o uso de línguas estrangeiras, a fim de se estimularem diversas áreas cerebrais.

Paralelamente, o suporte aos familiares e cuidadores é essencial para esta equação. Isso porque o paciente com demência exige cuidados constantes e grandes desafios físicos e emocionais.

Estudos nacionais chegaram a documentar uma frequência até 5 vezes maior de depressão e ansiedade dentre cuidadores de pacientes com DA quando comparados ao restante da população. Isso ilustra a necessidade de se estender o cuidado de saúde mental para este grupo. Alguns dos principais fatores que aumentam a chance das complicações são a ausência dos períodos de descanso. Sendo assim, dividir o cuidado é essencial e garante não só a saúde de quem cuida, mas para a qualidade da atenção de quem precisa.

Cabe ressaltar que, passado o peso e a preocupação iniciais após o diagnóstico, é sempre importante procurar usar o tempo para planejamento do cuidado e, principalmente, uma formação de redes de apoio. Conversar com outras famílias que passam ou já passaram pela mesma situação e ter um profissional capacitado e acessível são importantes ferramentas para minimizar os obstáculos que venham a surgir, reduzindo o peso sobre os ombros do cuidador, que deve se sentir parte de uma equipe cujo objetivo é sempre o bem-estar mútuo.

 


Dr. Felipe Franco da Graça - Neurologista do Vera Cruz Hospital


Oncoguia: Câncer Colorretal - 6 coisas que você precisa saber

O ator Luis Gustavo Blanco morreu neste domingo (19), aos 87 anos, em Itatiba (SP). Ele sofreu complicações por conta de um câncer no intestino. De acordo com informações da família, Luis Gustavo estava em tratamento contra a doença desde 2018. O câncer do intestino grosso, também chamado câncer de cólon e reto, ou câncer colorretal, é uma doença que atinge indistintamente homens e mulheres.

Se o câncer se formar a partir de um pólipo, pode se desenvolver na parede do cólon ou do reto ao longo do tempo. A parede do cólon e do reto é composta de várias camadas. O câncer colorretal começa na camada mais interna (mucosa) e pode crescer através de uma ou todas as camadas.

Quando as células cancerígenas estão na parede do cólon ou do reto, podem crescer nos vasos sanguíneos ou vasos linfáticos. A partir daí, elas podem ir para os linfonodos próximos ou outros órgãos.

Na maioria das vezes, o câncer colorretal se desenvolve gradativamente por uma alteração nas células que começam a crescer de forma desordenada sem apresentar qualquer sintoma. Por esse motivo, a detecção precoce é fundamental.

Quanto mais cedo é diagnosticado, maiores as chances de cura da doença. O Oncoguia ressalta 6 coisas sobre a doença:


  1. É o segundo tipo de câncer mais frequente em homens e mulheres. 

·         20.520 homens e 20.470 mulheres. (estatísticas do Inca para casos diagnosticados por ano no Brasil)

 

2. Sim, você precisa prestar atenção nas suas fezes.

·         Sem tabu e sem frescura: é muito importante que você observe as suas fezes. Preste atenção também no seu hábito intestinal (mudou? Está muito variado?)

·         Ou seja, o seu cocô ficou diferente e permanece assim? Converse com o seu médico! 

 

3. A colonoscopia é o exame que previne o câncer colorretal 

·         O procedimento dura de 15 a 30 minutos e o paciente é sedado para evitar qualquer desconforto.

·         Se você tem mais de 50 anos ou se tem mais de 40 com casos da doença na família, converse com seu médico e faça exames de rotina. 

 

4. Nem todo paciente com câncer colorretal usa bolsa de colostomia. E nem toda bolsa de colostomia é definitiva.

·         Atualmente, com o avanço das técnicas cirúrgicas e das opções de tratamento, as colostomias não são uma opção frequente e quando necessárias, são muitas vezes temporárias.

 

5. Ter um pólipo não significa ter câncer colorretal.

·         Os pólipos podem ser benignos ou pré-cancerígenos, mas em alguns casos, se não forem retirados, podem se tornar malignos (câncer). 

·         Os pólipos são retirados durante a colonoscopia.

 

6. Ficar longe de salsichas, salames, linguiça e outros, é fundamental na prevenção do câncer colorretal.

Cuidar da sua alimentação é cuidar da sua saúde. 


A higiene bucal e sua importância na prevenção da doença de Alzheimer

O papel do cirurgião-dentista no retardo e tratamento da doença que pode atingir 150 milhões de pessoas até 2050


Em 21 de setembro é celebrado o Dia Mundial de Conscientização da doença de Alzheimer. A origem da data tem como principal objetivo aumentar a compreensão sobre essa patologia degenerativa que afeta milhões de pessoas no mundo.

Em 2021, uma revisão de literatura publicada na Revista Eletrônica Acervo Científico, produzida pelo Centro Universitário Atenas, de Minas Gerais, sugere que doenças periodontais estão relacionadas com o mal de Alzheimer. Em primeiro plano, as bactérias causadoras da periodontite acarretam uma resposta inflamatória sistêmica agravada pelas células de defesa do indivíduo, por consequência, esse quadro facilita seu desenvolvimento, em pessoas predispostas, ampliando os efeitos nocivos dos portadores da demência.

Além disso, o acesso das bactérias ao córtex cerebral e a consequente liberação de citocinas pró-inflamatórias constituem um mecanismo pelo qual a periodontite pode se relacionar com o desenvolvimento do Alzheimer. Quando a doença se instala, a higiene bucal passa a ficar comprometida, aumentando ainda mais o estado de confusão mental do paciente e, também, seu comportamento - estresse, irritação e desconforto.

Sabe-se, portanto, que a saúde bucal é muito importante para a prevenção do Alzheimer, por isso, a associação do hábito diário de escovar os dentes, somado ao uso de fio dental e o acompanhamento de um cirurgião-dentista pode auxiliar, e muito, o retardo ou prevenção do desenvolvimento da doença.


Cuidados especiais com os mais idosos

A presidente da Câmara Técnica de Odontogeriatria do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), Dra. Denise Tibério, reforça que o portador de Alzheimer precisa ter um cuidado especial para não desenvolver doenças periodontais. “A gengivite e a periodontite estão relacionadas com o acúmulo de placas bacterianas na superfície dentária, por isso a dificuldade de higienização à medida que a doença prospera, fazendo com que aumentem os biofilmes nas superfícies dentárias, evoluindo mais a progressão dessas doenças bucais”.

A cirurgiã-dentista destaca, ainda, que o Alzheimer possui três fases principais, e os portadores precisam ter um cuidado especial com a saúde bucal e a assistência de familiares ou cuidadores, para cada uma das fases.

Na fase inicial, o idoso esquece de fazer a higiene e precisa ser lembrado. É indispensável orientá-lo sobre a utilização correta da escova de dentes, assepsia da língua, estimular o fluxo salivar, além de orientar o uso de próteses, se for o caso”, orienta a especialista em Odontogeriatria. Neste período, o idoso apresenta as primeiras dificuldades, que quase sempre são confundidas com o envelhecimento natural e passam despercebidas. A Odontogeriatria, conhecendo a evolução da doença, pode auxiliar na elaboração de um planejamento para propiciar conforto e qualidade de vida. “Já na fase intermediária, é provável que tenhamos a figura de um cuidador, pois há o comprometimento da rotina do idoso, e o profissional precisa ser orientado sobre a abordagem e como fará a higiene bucal do paciente. A retirada das próteses é aconselhável nesta etapa. Na fase avançada, a limpeza da boca torna-se mais difícil. Muitas vezes, a alimentação ingerida é pastosa e, provavelmente, o idoso já esteja acamado, podendo apresentar alterações de comportamento”, completa a cirurgiã-dentista.


Sinal de Alerta

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que existam 35,6 milhões de pessoas com a Doença de Alzheimer no mundo, número que tende a dobrar até 2030 e triplicar até 2050. No Brasil, com uma população de quase 30 milhões de pessoas acima de 60 anos, (sendo a idade o único fator de risco reconhecido mundialmente para a doença) de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mesmo com subnotificação, quase dois milhões de pessoas sofrem de demências e, cerca de 40 a 60% delas, são do tipo Alzheimer. Esses dados são da última pesquisa realizada em 2019.

À medida em que a população de idosos aumenta, é fundamental contar, ainda mais, com a presença do profissional de odontologia, participando do tratamento desses pacientes com Alzheimer ou qualquer outra demência identificada desde a fase de planejamento do tratamento, seja para atendimento em consultórios, hospitais, asilos, ou em domicílio. “O cirurgião-dentista, neste momento, torna-se um ‘educador’ da família e dos cuidadores responsáveis, orientando-os e treinando-os para manter a higiene bucal do paciente com qualidade de vida e, assim, ganhar sua confiança”, conclui a Dra. Denise Tibério.

 


Conselho Regional de Odontologia de São Paulo - CROSP

 www.crosp.org.br


Luta de quem tem no transplante uma nova chance para viver foi impactada na pandemia

Transplante renal teve queda de 16,3% no Brasil; doação do órgão mudou destino do administrador Edinei e pode dar nova oportunidade para educadora física Mariana


O dia 14 de junho de 2020 é um marco na vida do administrador Edinei Tomaz de Miranda, de 33 anos, que vive em Ponta Grossa (PR). Foram sete meses dependendo de uma máquina de hemodiálise para viver, até receber a notícia que renovou as suas esperanças: havia chegado a sua vez na fila do transplante. “Uma oportunidade para recomeçar e ter a minha vida de volta”, lembra.

E se a luta por um órgão sempre foi grande, em meio à pandemia, o número de pacientes que tiveram essa nova chance caiu. O transplante renal foi o que teve maior redução no Brasil: de 16,3% no primeiro semestre de 2021, de acordo com dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). A cirurgia do Edinei foi realizada no Hospital Universitário Cajuru, em Curitiba (PR), que é referência nesse tipo de transplante no Brasil.

Covid-19 e uma nova batalha

Mas, como o órgão apresentou um início de rejeição pelo organismo, o administrador precisou tomar um medicamento imunossupressor. A medicação debilitou seu sistema imunológico e ele acabou infectado pelo novo coronavírus, meses após o transplante, em setembro de 2020. Situação vivida por 10% dos transplantados renais, segundo números da ABTO.

Mais uma vez a vida de Edinei estava por um fio. Com 70% do pulmão comprometido, ele precisou ser hospitalizado na UTI para pacientes com covid-19 do Hospital Marcelino Champagnat, também em Curitiba. E durante esse processo a equipe médica responsável pelo seu transplante renal se manteve ao seu lado para acompanhar o tratamento, examinar a função renal e garantir a recuperação rápida. “Os profissionais do Hospital Universitário Cajuru foram minha principal rede de apoio. O comprometimento, a atenção e o acolhimento recebido fizeram a diferença para que eu conseguisse passar por essa fase de cabeça erguida”, relembra. 

Angústia da espera

Receber a notícia da necessidade de um novo órgão é difícil. E ainda mais complicado é viver à espera pelo transplante. Uma angústia vivenciada desde outubro de 2020 pela curitibana Mariana Purcote Fontoura, de 33 anos, que precisou substituir temporariamente a função renal pela diálise peritoneal. Ela é uma dos 1,4 mil paranaenses que estão na fila aguardando por um rim, enquanto o número de transplantes desse tipo teve queda de 16,4% no Paraná, segundo dados comparativos, entre o primeiro semestre de 2020 e 2021, do Sistema Estadual de Transplantes do Paraná. 

Após um exame de rotina do rim no HUC, sem sintomas aparentes, a professora de educação física teve o diagnóstico de doença renal crônica no estágio 5, quando o rim não é mais capaz de desempenhar suas funções básicas. “Foi assustador e impactante, em um primeiro momento, descobrir que estava com falência renal. Mas, aos poucos, entendi que o transplante não é apenas um tratamento possível, como também um procedimento que está avançado e com atuação de excelência no Hospital Cajuru”, conta Mariana. 

Referências de esperança

As equipes médicas capacitadas e a estrutura hospitalar fazem do Paraná referência nacional no transplante de rim. Uma posição que se torna possível com o trabalho desempenhado por profissionais de diversas instituições paranaenses, com destaque para o Hospital Universitário Cajuru. Mesmo sem atuar como referência para a covid-19, o HUC sentiu os obstáculos trazidos pelo vírus à realização de transplantes, como a superlotação de hospitais, a suspensão de cirurgias eletivas e, principalmente, o impedimento da doação de órgãos de pessoas com morte encefálica contaminadas pelo coronavírus.

Apesar das dificuldades, o hospital, que tem atendimento 100% SUS, seguiu alcançando bons resultados no procedimento. Um sucesso explicado pelo trabalho da equipe de transplante renal, coordenada pelo nefrologista Alexandre Tortoza Bignelli. Há mais de duas décadas atuando com pacientes renais crônicos, o médico explica que o HUC desponta como referência no Paraná, no Brasil e, até mesmo, no mundo. Isso em razão dos altos índices de sobrevida do enxerto transplantado e dos pacientes, chegando a 95% dos casos no Hospital Universitário Cajuru. “Olhando para trás, não trocaria por nada o que escolhi para a minha vida, uma vez que eu e minha equipe permitimos que pacientes mudem de uma condição de dependência de uma máquina para uma condição de liberdade”, relata Alexandre.

Com o aumento da cobertura de vacinas e a queda das internações, a tendência é a recuperação das taxas de captação e transplante. Mas a conscientização sobre as doações ainda é um desafio. “É preciso que a população entenda que a doação de órgãos é um gesto de amor que pode salvar até dez vidas, mudando o destino de pessoas como Edinei e dando uma nova chance para mulheres como Mariana”, reforça o médico. 


Setembro – Mês da Conscientização da Alopecia

Além de medicamentos e implantes, luzes de ledterapia podem combater a queda dos cabelos



Segundo dados da Sociedade Brasileira do Cabelo (SBC), a calvície afeta mais de 42 milhões de brasileiros. Cerca de 50% das mulheres também apresentam queixas com relação à queda de fios.

Setembro é o mês de conscientização da Alopecia, condição que provoca o rareamento ou a queda dos cabelos. Há diversos tipos: alopecia androgenética, alopecia areata, alopecia senil, alopecia de tração, cada qual com suas características.

O diagnóstico é feito durante o exame físico do paciente. É muito importante diagnosticar o tipo de alopecia, uma vez que os tratamentos são diferentes. Alguns exames de sangue, tricoscopia e até mesmo biópsia pode ser necessário para elucidar com clareza cada caso.

No que se refere aos tratamentos, atualmente, há diversas formas para coibir a queda dos fios como ingestão de medicamentos específicos, tópicos e orais, implantes capilares, entre outros. A Ledterapia, tratamento realizado com luzes, com tecnologia avançada, surge como uma indicação em quase todas as formas de alopecia.

De acordo com o médico angiologista Dr. Álvaro Pereira, referência no tratamento, “a ledterapia baseia-se na irradiação das células do folículo capilar, fazendo com elas trabalhem mais, aumentando a produção das proteínas que compõem os fios”.

O especialista afirma que já recebeu em seu consultório muitos pacientes com alopecia e os resultados na aplicação das luzes foram extremamente satisfatórios. “Há muitas mulheres também, mesmo adultas jovens, entre 30 e 45 anos, com eflúvio telógeno, que procuram a ledterapia para tratar a queda dos cabelos. Os resultados são impressionantes!”, conclui o médico.

 


Dr. Álvaro Pereira – Angiologista formado pela FMUSP em 1978, com residência em Cirurgia Vascular no HCFMUSP, Doutorado em Cirurgia Vascular na Divisão de Bioengenharia do INCOR - HCFMUSP, pós-doutorado no B&H Hospital - Harvard.


Do embrião ao colo

Com objetivo de auxiliar no planejamento de fertilidade, Waldemar Carvalho, ginecologista e obstetra especializado em reprodução humana, auxilia os tentantes a darem passos em direção ao que antes parecia impossível: constituir famílias por meio de tratamentos inovadores no âmbito da reprodução assistida


Por muito tempo considerado ficção científica, o congelamento de óvulos é hoje uma realidade para as mulheres que desejam adiar a maternidade. É respeitando essa escolha e entendendo a importância do planejamento reprodutivo nos dias atuais, que o ginecologista e obstetra Waldemar Carvalho, se tornou referência no âmbito da reprodução assistida. A frente atualmente, clínica especializada em reprodução humana, ele acredita que a decisão de quando engravidar é um poder exclusivo da mulher e é por isso que, ao longo dos seus 23 anos de carreira, se dedica a preservação da fertilidade feminina e auxilia a mulher também na sua gestação, desde o embrião até o colo.

Com o objetivo de "povoar o mundo", Carvalho já realizou muitos partos ao longo de sua carreira. Atualmente, além de atuar na área de reprodução humana, videolaparoscopia e videohisteroscopia, o especialista acompanhou toda evolução da reprodução assistida no Brasil e tem contribuído também para a mudança do atual cenário do planejamento reprodutivo e para o crescimento do acesso ao congelamento de óvulos, possibilitando que mulheres, ao optar pela preservação da fertilidade, se sintam seguras e acolhidas.

Foi pela paixão da profissão do pai, seu grande inspirador e um dos pioneiros em reprodução humana no Brasil, que Waldemar Carvalho decidiu trilhar o caminho da medicina. Nascido e criado na capital paulista formado pela Faculdade de Medicina de Jundiaí. Em seguida fez residência médica na Faculdade de Medicina de Botucatu UNESP (Universidade Estadual Paulista). Vendo a oportunidade de expandir ainda mais seu conhecimento, Carvalho fez especialização no Portland Fertility Center em Londrese deu o primeiro passo para ingressar na área da medicina reprodutiva, em 1999.

De volta ao Brasil, o especialista ingressou em uma instituição especializada em saúde reprodutiva, que hoje tem o nome de Instituto Ideia Fértil no qual é membro do corpo clínico até hoje, e também deu um importante passo na sua trajetória quando, no mesmo ano, abriu a sua clínica particular.

"Já me deparei com inúmeros desafios ao longo da minha carreira e todos foram especiais e contribuíram para minha evolução como profissional. Desses, um dos mais marcantes foi quando ajudei um tentante solteiro, que era HIV positivo, a realizar seu sonho de ser pai. Dado esse dilema da sua condição de saúde, optamos pela melhor forma de realização do sonho dele com segurança e apresentei o caso para o Conselho Regional de Medicina (CRM) sugerindo a lavagem de sêmen antes da fecundação do óvulo, técnica a qual possuo referência no país. Quando o CRM me deu parecer positivo, demos andamento e foi um sucesso, tanto no desenvolvimento do caso, quanto para a segurança de todos os envolvidos. Hoje ele já é pai e mora em outro país com a criança", conta o médico.

Atualmente, Carvalho também está a frente do centro cirúrgico e de reprodução humana para pacientes com infecções virais crônicas do Instituto Ideia Fértil. Reconhecido por sua atuação no setor, mestre em ciências da saúde, é membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH), Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA) e Sociedade Paulista de Medicina Reprodutiva (SPMR). Ao longo da sua carreira, já publicou cerca de diversos artigos científicos e é coautor de livros na área reprodutiva.

Com uma abordagem humanizada e sempre respeitando a escolha da mulher, Carvalho realiza cesáreas, bem como partos naturais nas mais renomadas maternidades de São Paulo. Além disso, realiza consultas, exames e acompanhamento de fertilização e pré-natal na sua clínica particular. Visando proporcionar mais conforto e um ambiente acolhedor, o especialista expandiu e reestruturou a sua clínica, que recentemente passou a se chamar remetendo a questão de preservação de fertilidade da mulher. O espaço conta com a estrutura necessária para um atendimento humanizado, realização de exames, colhimento e congelamento dos óvulos e fertilização in vitro. Além de consultas para quem optar por reprodução assistida e reprodução humana. A está localizada na Avenida Vereador José Diniz, 3300, no Campo Bela, Zona Sul da capital.

 


Waldemar Carvalho - CRM/SP 86.113 - @waldemarcarvalho - ginecologista e obstetra especializado em reprodução humana pela Portland Fertility Center, de Londres, Inglaterra. Com 23 anos de carreira, é referência Fertilização Assistida, preservação da fertilidade feminina e laparoscopia/histeroscopia. Atualmente, além de realizar cesáreas, bem como partos naturais nas mais renomadas maternidades de São Paulo, também gerencia sua clínica particular, onde atende seus pacientes em consultas, exames, colhimento e congelamento de óvulos e fertilização in vitro. A clínica Tempo Fértil está localizada na Avenida Vereador José Diniz, 3300, Campo Belo, Zona Sul de São Paulo.


Cinco informações que toda mulher precisa saber sobre câncer ginecológico

Brasileiras ainda desconhecem fatores de risco e sinais de tumores que podem afetar o colo de útero, ovário, vagina, vulva e endométrio


Setembro também é época de alertar as mulheres de todas as idades sobre a importância da prevenção ao câncer ginecológico. O calendário é especialmente importante porque ainda há muita desinformação sobre o conjunto de tumores malignos que podem afetar não apenas o útero como outras partes que compõem o aparelho reprodutivo, como ovário, vagina e vulva. De acordo com a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), os cânceres ginecológicos são responsáveis por 19% dos diagnósticos da condição no mundo a cada ano. Apesar da aumentada incidência, poucos conhecem - e previnem - esses tipos de tumores femininos.

"O diagnóstico precoce pode salvar vidas, mas muitas mulheres ainda vêem esse assunto como um tabu e por isso acabam não levando suas queixas para os consultórios", explica Michelle Samora, oncologista do CPO Oncoclínicas.
Para a especialista, a falta de conhecimento faz com que sinais iniciais da doença sejam ignorados, contribuindo para identificação tardia do câncer em órgãos femininos.

Abaixo a médica destaca algumas informações essenciais sobre os diferentes cânceres ginecológicos:



Fique atenta aos sinais

O câncer de ovário é a segunda neoplasia ginecológica mais comum em mulheres, ficando atrás somente do câncer de colo de útero. A maioria absoluta das neoplasias de ovário - 95% - é derivada das células epiteliais, ou seja, aquelas que revestem o ovário. Os outros 5% vêm de células germinativas (as que formam os óvulos) e de células estromais (as que produzem a maior parte dos hormônios femininos).

Trata-se do sétimo tipo de câncer mais comum em mulheres no mundo, com cerca de 314 mil novas pacientes diagnosticadas com a doença por ano. No Brasil, também ocupa a sétima posição entre as neoplasias mais incidentes no sexo feminino (excluídos os tumores de pele não melanoma). Para 2020, o INCA (Instituto Nacional de Câncer) estimou 6.650 novos casos no país.

Mas atenção: os sintomas do câncer de ovário são discretos e demoram a se manifestar. Por isso, na maioria dos casos, é diagnosticado tardiamente, quando a doença já se espalhou pelo aparelho reprodutor, dificultando o tratamento. Quando aparentes, pode ocorrer um aumento do volume abdominal, aumento na vontade de urinar, alterações no ciclo menstrual, dor durante a relação sexual, entre outros. Muitos sintomas, quando aparentes, são parecidos com os desconfortos do dia a dia da mulher e, na maioria dos casos, são deixados de lado. Caso perceba qualquer alteração, é recomendado que a mulher procure um especialista.



Mioma e o anticoncepcional

Também ao contrário do que muitas mulheres imaginam, o mioma não é maligno e o uso de contraceptivos é benéfico à saúde do útero. O mioma é um tumor benigno que pode surgir no útero e não aumenta o risco de câncer. Além disso, o uso de anticoncepcional diminui o risco deste tipo de câncer. Aliás, o que diminui o risco de câncer de endométrio são dieta e exercícios físicos, uso de anticoncepcional e amamentação.



Hereditariedade

Apenas 10% dos tumores ovarianos são decorrentes da predisposição genética hereditára - causados por uma mutação em certos genes, herdada de pai ou mãe, que pode aumentar o risco de surgimento do tumor. Em situações especiais, quando avó e mãe apresentaram tumores de ovário é possível realizar exames específicos de análise genética. Caso seja comprovado a suspeita, é possível indicar medidas como a cirurgia preventiva de retirada dos ovários, mas, ainda assim, esta é uma decisão que deve ser tomada de forma conjunta por paciente e médico.



Vacina do HPV e preservativo como forma de proteção

O HPV é o principal fator relacionado ao câncer do colo uterino, de vagina e de vulva. Quando tomamos conhecimento do agente causador do câncer do colo de útero, os dados são alarmantes, pois 90% das mulheres acometidas com câncer de colo do útero têm o vírus.



Tipos de câncer de útero

Muitas mulheres desconhecem que existem dois tipos de câncer que podem surgir no útero: o de endométrio (camada interna do útero) e o de colo de útero (porção mais inferior do útero). Apesar de surgirem no mesmo órgão, são tumores totalmente diferentes. O câncer de colo de útero está muito relacionado à infecção por HPV, já o câncer de endométrio tem relação com hormônio feminino. O diagnóstico preciso é feito através da biópsia.

5 perguntas sobre a terceira dose das vacinas de Covid-19 respondida

Especialista explica seus benefícios, para quem é direcionada e as medidas de proteção após a imunização completa


Até o dia 24 de agosto, mais de 220 milhões de doses das vacinas contra a COVID-19 já haviam sido distribuídas entre os estados brasileiros, com cerca 180 milhões de doses aplicadas entre primeiras e segundas doses ou dose única, segundo nota da Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à COVID-19 do Ministério da Saúde. O avanço da vacinação em território nacional está acelerado e é responsável pela diminuição de 70% das mortes, sendo que a população de 60 anos ou mais apresenta 100% de cobertura para primeira dose e cobertura muito próximo a isso para a segunda.  

São números animadores, mas que ainda não protegem a população completamente, especialmente com a ascensão de novas variantes no mundo todo. Por essas e outras, a vacinação com a terceira dose de imunizantes se iniciou na população idosa e, até a segunda quinzena de setembro de 2021, está em vias de começar para os profissionais da saúde. De acordo com a Profª Drª. Raquel Xavier de Souza Saito, docente do curso de graduação em enfermagem da Faculdade Santa Marcelina, dependendo da evolução da epidemia no país, bem como o surgimento de novas evidências científicas, a administração de doses adicionais para outros grupos poderá ser considerada. 

Com a eminência dessa nova realidade, a especialista respondeu cinco questões sobre o tema para que a população possa se preparar e estar devidamente imunizada e segura contra a pandemia do coronavírus.  


Quais os benefícios da terceira dose da vacina? 

São dois os principais fatores que justificam o usa da terceira dose de vacinas contra COVID-19. Primeiramente, dados comprovam uma queda progressiva de proteção imunológica entre os idosos acima de 70 anos e, particularmente, acima de 80 anos. Logo, uma terceira dose poderia prolongar a proteção. Em segundo lugar, pessoas com alto grau de imunocomprometimento tendem a apresentar resposta imunológica reduzida e, nesse caso, uma terceira dose aumentaria essa resposta. “Recomendações sinalizam que, a vacina a ser utilizada para a dose adicional deverá ser, preferencialmente, de RNA mensageiro, como Pfizer e Wyeth, ou, de maneira alternativa, vacina de vetor viral, como Janssen ou AstraZeneca”, explica a docente.  


Qual o intervalo entre a segunda e terceira dose? 

O intervalo recomendado pelo Ministério da Saúde é de seis meses após a segunda dose ou dose única, independentemente do imunizante aplicado. Para indivíduos imunocomprometidos, esse período de intervalo deverá ser menor: somente 30 dias.  


Teremos que tomar uma nova dose de vacina todos os anos? 

A exemplo da vacina da gripe, pode ser necessária uma dose anual de imunizante para manter o controle da doença. “Isso deverá se repetir até que o vírus seja devidamente erradicado, ou seja, até que, depois de várias vacinações coletivas, não se observe mais a ocorrência da infecção na população de uma determinada região” afirma Raquel.  


A necessidade de uma terceira dose significa que ainda não estamos seguros? 

A terceira dose é considerada uma dose de reforço, que busca reduzir qualquer interferência em um conjunto de variáveis, como esclarece a professora. “Uma vacina, para que tenha efetividade, depende de vários fatores: comportamento de replicação viral, conservação, imunidade e capacidade de resposta do indivíduo. A terceira dose vem para fortalecer esses fatores”.  


E depois da terceira dose? Quais serão as medidas de proteção? 

A utilização de máscaras poderá seguir vigente, especialmente entre pessoas que apresentem síndrome gripal – essa deverá ser uma regra de etiqueta a ser adotada. E, como nenhuma vacina tem eficácia de 100% para a prevenção de qualquer doença, as medidas de proteção já conhecidas poderão seguir em avaliação. “Distanciamento social, uso de máscaras, higienização das mãos, limpeza e desinfecção de ambientes e isolamento de casos suspeitos e confirmados conforme orientações médicas são medidas que, quando utilizadas de forma integrada, favorecem o controle da transmissão da Covid-19 e suas variantes”, finaliza a doutora.  

 


Faculdade Santa Marcelina    


Setembro Verde: Comunicar à família o desejo de doação de órgãos é fundamental para que milhares de vidas sejam salvas

Apesar do Brasil ser o segundo país com maior número de transplantes, cerca de 40% dos familiares não autorizam a doação - por isso, autodeclaração da intenção de doar é essencial

Programa de Transplantes do Einstein, que faz parte do PROADI-SUS, é uma das iniciativas de apoio a transplantes na rede pública de saúde, e que, este ano, já garantiu o procedimento a 96 pacientes

 

Segundo o Registro Brasileiro de Transplantes da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), mesmo o Brasil sendo o segundo país do mundo em número de transplantes, cerca de 40% do total de potenciais doações não têm autorização da família, e outros 10% são perdidos por falhas no manejo clínico do paciente em morte cerebral. Agravando ainda mais o cenário, de acordo com dados do Ministério da Saúde, a pandemia de Covid-19 reduziu em 20% o número de transplantes em 2020, o que afetou diretamente pacientes que estão na fila aguardando um doador - de acordo com a ABTO, em dezembro de 2020, eram 43.643 pessoas em espera.

Tendo em vista esse cenário, a Campanha Setembro Verde é realizada ao longo deste mês com o objetivo de sensibilizar a população para que mais pessoas se declarem doadores de órgãos e tecidos. A ideia é conscientizá-las sobre a importância de comunicar à família o desejo de doação, já que de acordo com o pneumologista Dr. José Eduardo Afonso Jr., "a falta de conhecimento sobre o desejo do parente em doar pode motivar os familiares a recusarem a ideia".

Dr. José Eduardo destaca também os desafios enfrentados durante o período de pandemia. "Até 2019, a quantidade de doações vinha em curva ascendente, não só em números absolutos, mas também em relação a doador por população. Naquele ano, tínhamos 18 doadores por milhão de habitantes, e estimava-se que chegaríamos a 20. Porém, tivemos uma queda de 12,7%, voltando ao patamar equivalente a 2017, e não tendo doadores, o número de transplantes é impactado diretamente".

Houve uma variabilidade entre as regiões do Brasil: Sudeste e Centro-Oeste tiveram 5% de redução; Sul teve 13%; Nordeste, 28%; e Norte do país, 43%. Apesar da situação crítica, ao longo de 2020 o cenário foi sendo controlado, e "mesmo em épocas de maior disseminação da Covid-19, as entidades brasileiras de transplantes conseguiram se organizar para que a doação e as cirurgias ocorressem da forma mais segura possível. Contamos com instituições e profissionais extremamente engajados para que todo o processo fosse o mais eficiente possível", destaca o médico.

Existem, atualmente, diversos projetos de incentivo e apoio às doações, inclusive no sistema público de saúde - um exemplo é o Programa de Transplantes do Hospital Israelita Albert Einstein, que faz parte dos mais de cem projetos realizados pelo Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS) e é coordenado pelo Dr. José Eduardo. A iniciativa é responsável por capacitar médicos da rede pública de saúde para a realização de transplantes de órgãos e tecidos, bem como as equipes multiprofissionais na aplicação das melhores práticas de assistência, além de realizar o procedimento gratuitamente a pacientes atendidos pelo SUS em todo o país.

De acordo com o pneumologista, "a iniciativa visa o atendimento a pacientes mais complexos para a realização de transplantes de intestino, multivisceral e hipersensibilizados, à espera de transplante renal, assim como pacientes na fase pré ou pós-transplante que apresentam outras patologias, como o hepatopata, o cardiopata e o pneumopata". Só este ano, o projeto já garantiu o procedimento a 96 pacientes - em 2020, foram 150 pessoas atendidas. De janeiro a junho de 2021, foram 52 transplantes de fígado; 1 multivisceral; 19 de rim; 13 de coração; e 11 de pulmão. Em 2020, 84 de fígado; 41 de rim; 14 de coração; e 11 de pulmão.


Doações que salvam vidas

A vida do mineiro Luiz Augusto Nogueira Borges, de 30 anos, mudou drasticamente ao ser diagnosticado com fibrose pulmonar, doença que faz com que os pulmões percam a capacidade de absorver e transferir oxigênio para a corrente sanguínea. O diagnóstico ocorreu em 2016, após o paciente perceber que se cansava rapidamente durante atividades que já faziam parte do seu dia a dia. "Meu mundo desabou com a notícia, porque tudo o que eu mais gostava de fazer, como jogar bola, nadar, correr ou andar de bicicleta, me parecia impossível a partir daquele momento", relata o policial penal.

Borges conta que seu quadro clínico piorou consideravelmente em setembro de 2019, após ficar três meses sem o medicamento que estabilizava sua condição pulmonar, tornando necessário um transplante de pulmão. Ele, que já vinha sendo atendido em São Paulo, foi encaminhado ao Einstein, para o Programa de Transplantes do hospital por meio do PROADI-SUS, em parceria com o Ministério da Saúde.

O paciente entrou para a fila de transplantes em março de 2020, e passou pela cirurgia um ano depois. "Minha vida deslanchou depois daquele momento. É até difícil de acreditar, porque há seis meses eu estava preso a uma cama, respirando por oxigênio, sem perspectiva de nada. E hoje, até andar na rua parece algo extraordinário. Falo para todo mundo que o que eu vivi nesses seis meses pós-cirurgia não vivi nem antes do diagnóstico. Ainda não retomei minha rotina como antigamente, mas já corro um pouco e busco fazer de tudo, com os cuidados necessários por conta da pandemia", afirma.

O rapaz, que viveu na pele a ansiedade da espera por um doador, deixa seu apelo à população: "o pulmão que recebi apareceu no momento certo, pois meu quadro já estava muito grave e sem possibilidade de reversão. Só eu, minha família e as pessoas que acompanharam a situação de perto entendem o valor desse momento para mim, e como isso salvou, literalmente, a minha vida. Por isso, eu digo: sejam doadores de órgãos! A vida de milhares de pessoas depende disso".


Sobre o PROADI-SUS

O Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde, PROADI-SUS, foi criado em 2009 com o propósito de apoiar e aprimorar o SUS por meio de projetos de capacitação de recursos humanos, pesquisa, avaliação e incorporação de tecnologias, gestão e assistência especializada demandados pelo Ministério da Saúde. Hoje, o programa reúne seis hospitais sem fins lucrativos que são referência em qualidade médico-assistencial e gestão: Hospital Alemão Oswaldo Cruz, BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo, HCor, Hospital Israelita Albert Einstein, Hospital Moinhos de Vento e Hospital Sírio-Libanês. Os recursos do PROADI-SUS advém da imunidade fiscal dos hospitais participantes. Os projetos levam à população a expertise dos hospitais em iniciativas que atendem necessidades do SUS. Entre os principais benefícios do PROADI-SUS, destacam-se a redução de filas de espera; qualificação de profissionais; pesquisas do interesse da saúde pública para necessidades atuais da população brasileira; gestão do cuidado apoiada por inteligência artificial e melhoria da gestão de hospitais públicos e filantrópicos em todo o Brasil. Para mais informações sobre o Programa e projetos vigentes no atual triênio, acesse: https://hospitais.proadi-sus.org.br


Má circulação e enxaqueca são fatores de risco para o Glaucoma de Tensão Normal

 

Má circulação e enxaqueca são fatores de risco para o Glaucoma de Tensão Normal

Glaucoma é o termo que se usa quando há lesões no nervo óptico, cuja pior consequência pode ser a perda irreversível da visão. O aumento da pressão intraocular (PIO) é o principal fator de risco para a doença. Entretanto, nem sempre o glaucoma é causado por um PIO alta.
 
No caso do Glaucoma de Tensão Normal, um subtipo do glaucoma de ângulo aberto, as lesões no nervo óptico estão ligadas a outros fatores de risco. Em geral, por condições sistêmicas que causam má circulação sanguínea causando a morte das células do nervo óptico por falta de oxigênio.
 
Segundo Dra. Maria Beatriz Guerios, oftalmologista especialista em Glaucoma, esse é o tipo mais preocupante, pois não há sintomas e a pressão intraocular, a princípio, é normal.
 
“O que precisa ser feito para conseguir um diagnóstico precoce, nesses casos, é realizar uma boa anamnese para levantar o histórico do paciente e entender se ele possui outros fatores de risco associados para desenvolver o glaucoma de pressão normal”.
 
Múltiplos fatores, mesmas consequências
 
Entre os fatores de risco associados ao Glaucoma de Pressão Normal estão:
 

  • Ser mulher
  • Ter estrutura corporal pequena (tipo mignon)  
  • Ter mais de 60 anos
  • Asiáticos
  • Hipotensão
  • Enxaqueca
  • Apneia do sono
  • Doenças cardiovasculares (obstrução da carótida, colesterol alto etc.)

 
“No caso do glaucoma de pressão normal, os danos no nervo óptico ocorrem devido à redução do fluxo sanguíneo para as células nervosas dos olhos. A consequência dessa má circulação é a morte celular por falta de oxigenação”, explica Dra. Maria Beatriz.
 
Inimigo silencioso

O grande problema de todos os tipos de glaucoma é que as manifestações costumam surgir quando já há danos no nervo óptico. E esses prejuízos são irreversíveis.

“De maneira geral, o paciente começa a ter dificuldade para enxergar lateralmente e perifericamente. Até chegar no que chamamos de “visão de túnel”.”, cita a especialista.  
 
Diagnóstico

Além da anamnese, o oftalmologista costuma realizar alguns exames na consulta de rotina que podem ajudar a fechar o diagnóstico.

“Quando temos um paciente que preenche alguns fatores de risco para o glaucoma de pressão normal, é essencial fazer a Fundoscopia, o exame de fundo de olho que avalia a situação do nervo óptico”, conta Dra. Maria Beatriz.  
 
Como vimos, isoladamente, medir a pressão intraocular não é suficiente para diagnosticar o glaucoma de maneira geral. No caso do glaucoma de pressão normal, somente a avaliação do nervo óptico pode apontar alterações que sugerem a doença.
 
Tratamento
O glaucoma não tem cura. O principal objetivo do tratamento é evitar a progressão da doença. Em outras palavras, prevenir que o paciente perca a visão de forma irreversível.
 
No caso do glaucoma de pressão normal, o tratamento é feito com colírios, na maioria dos casos.
 
Como nesse glaucoma há uma forte ligação com doenças sistêmicas que prejudicam a circulação sanguínea, também é recomendado tratar essas doenças de base. A atividade física é altamente recomendada, bem como é importante adotar hábitos saudáveis de vida, de forma geral.
 
Para finalizar, é importante dizer que pacientes com glaucoma, de qualquer tipo, precisam fazer um acompanhamento oftalmológico regular, bem como aderir ao tratamento para um bom prognóstico”, encerra Dra. Maria Beatriz.


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