Todas
as formas de expressão e comunicação social podem produzir ruídos de
comunicação entre pessoas e a comunicação feita pelas redes sociais pode ser
meio de conflitos num casal. “Numa rede social, muitas vezes a publicação de
uma circunstância pode ser impulsiva e outro pode desconsiderar o
contexto. Assim já temos uma forma bastante comum de produção de ruídos na
comunicação”, fala Oswaldo.
Um
problema anexo das redes sociais, que nem todos os indivíduos compreendem é a
criação rápida de formas de expressão utilizando contrações nas palavras, emoticons, figuras
variadas, gifs. Quando uma forma específica se cria num grupo, somente terá o
significado combinado dentro do grupo. Fora dele deverá receber novos
significados e a compreensão da comunicação será desvirtuada e poderá produzir
conflitos com a mudança da compreensão original.
Um
casal precisará ter meios muito limpos de comunicação ou quando um deles
publicar alguma coisa relativa a um dos tantos grupos dos quais participe e que
usa aquelas formas diferentes de comunicação... o que publicou poderá ser
mal-entendido.
Então
voltamos ao casal: se ambos têm segurança em como se relacionar, com o futuro e
compromissos entre si, não serão as redes sociais que trarão mal-estar,
dificuldades de comunicação, brigas ou separações. Então, quando existe um
problema num casal e reportam que é devido a uma rede social, perguntem-se: não
haveria algum problema anterior? Possivelmente esse deva ser o caminho a ser
compreendido para buscar uma superação da situação problema.
Abster-se de ter perfis nas redes pode ser a solução?
Para
Carla Zeglio, esse comportamento não adianta. A aparência será de que se não
nos envolvermos com redes sociais, elas não serão problema, mas e se o casal já
tem problemas? “Então de nada adiantará absterem-se das redes sociais. O casal
precisa compreender que se algo está errado, devem procurar ajuda. E atenção: muitos
casais não conseguem relacionar-se se não apresentarem problemas cotidianos,
discussões e situações de mal-estares. Esses casais arranjarão problemas com ou
sem as redes sociais”, comenta.
Ter
perfil de casal pode ser a solução (2)?
Para
Carla, alguns casais acreditam que os perfis de casal, aqueles com fotografias
que colocam os nomes dos dois será suficientemente controlador dos problemas
que por ventura, teriam nas redes sociais. Contudo, não são definitivamente
segurança para nada se não houver realmente confiança, disponibilidade e
vontade de se manterem juntos. Um perfil de casal na rede social, não vai
impedir qualquer um dos dois de usar a rede social com fins de romper ao
contrato do casal. Por fim, nenhum tipo de controle funciona muito se ambos não
estiverem realmente dispostos a permanecerem juntos, apesar da grande
possibilidade de encontrar muitas outras pessoas legais pela vida, nas redes
sociais e fora delas.
O ciúme se estende para a vida social virtual da mesma maneira
como na vida real?
O
mundo virtual pode exacerbar as emoções, pois as consequências podem não se
apresentar tão imediatamente como na vida real. “Assim, visualizar uma
publicação do cônjuge, sem tê-lo por perto para questionar e debater, pode
permitir fantasiar a busca de uma compreensão que pode ser a errada e começam
os sofrimentos”, fala Oswaldo. Esse mecanismo existe no mundo real e nas redes
sociais, mas no mundo real existe mais controle e menos impulsividade!
Quais as dicas, em um mundo tão on-line e tecnológico, para que um
casal não seja afetado pelo universo virtual, seja pelas redes sociais ou pelo
tempo que passam conectados na tela e desconectados um do outro?
Um
casal que pretende manter-se junto por mais tempo necessita de mecanismos para
que isso ocorra. “Um casal precisa solucionar problemas, ter habilidades
sociais e capacidades em comunicação assertiva e afirmativa. Tudo em prol do
futuro juntos”, diz o psicólogo Oswaldo Rodrigues Jr.
Mas, e quando o casal não sabe administrar problemas, facilmente
discutem e sentem-se mal com os debates sobre o relacionamento?
Carla
fala que um casal como esse precisa de atenção profissional de psicoterapeutas
que atendam casais para que desenvolvam estas habilidades. Não se tratam de
conselhos nem de orientações. ”Estamos nos referindo a casais que têm estas
dificuldades e não saem do lugar! As redes sociais podem ser mal usadas nestas
horas, expondo um ou outro cônjuge de modo a produzir um futuro negativo. Com raivas
e ciúmes, publicar informações verdadeiras ou falsas levará a expor e deixar
compreensões erradas sobre o outro. Quem foi exposto também poderá reagir com
emoções negativas e a briga virtual poderá continuar e lesar a ambos de modo
irremediável”, explica.
Também
devemos considerar que existam casais que vivem destes meios agressivos, um
agredindo ao outro e depois da briga sentem o alívio e confundem isso com o
amor e o prazer. Consideram-se adequados e acreditam que brigar e discutir não
é um problema.
Outra
questão sempre será o tempo usado na vida on-line. Muitos não compreendem que
passar horas em comunicações ou jogos virtuais os retiram do contato real a
dois. Estes têm mais problemas que os afastam e dificultam reencontrar um
caminho diferente em prol de um futuro. Não basta um reclamar que o outro não
tem participado da vida conjugal. Aquele que está envolvido com esta vida
virtual é que precisa compreender se está desenvolvendo estas formas para
evitar algo que não controla ou se não sabe como produzir um relacionamento de
prazer a dois. Os prazeres que um casal sente juntos é o que manterá o casal.
Evitar o contato pode conduzir a alívios e, se forem confundidos com prazer, o
problema se estenderá em muito.
Como lidar com a tecnologia então?
Os
psicólogos especialistas em terapia de casais falam que a vivência de uma
variedade de comportamentos e formas de relacionamento e interação de um casal
será muito útil num prazo longo. Casais nem sempre aprendem e desenvolvem novas
e variadas formas para ampliar e manter o relacionamento a dois. Também
podem usar todos os meios tecnológicos para que o casal exista. As redes
sociais e os novos mecanismos de comunicação podem ser muito úteis para que o
casal se desenvolva e crie novos comportamentos que tragam mais bem-estar
juntos. Mas, se existem problemas, eles precisam ser compreendidos, modificados
e superados. Só assim o casal se manterá e viverá com qualidade.
Fontes:
Carla Zeglio e Oswaldo M. Rodrigues Jr -
psicólogos especialistas em sexualidade e terapia de casais do InPaSex (Instituto
Paulista de Sexualidade) http://psicologia.inpasex.com.br/