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quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Como o possível fim da escala 6x1 afeta a minha empresa?

Recentemente, o debate em torno da escala 6x1 voltou a ganhar bastante força, tanto na internet quanto nas ruas. Isso aconteceu depois que a deputada Erika Hilton (PSOL-SP) fez uma proposta de emenda à constituição (PEC), pedindo a redução da jornada de trabalho de 44 para 36 horas e o fim da escala 6x1. Porém, caso essa proposta seja aprovada, como vai ser daqui para frente?

A primeira coisa que as pessoas precisam entender é que o fim da escala 6x1 não significa folga generalizada no final de semana e que todos os serviços - especialmente o comércio - vão parar no sábado e domingo. Afinal, existem os turnos de trabalho e os funcionários das empresas terão que se dividir, podendo sim trabalhar no final de semana, mas desde que os dois dias contem na nova escala, a 5x2.

No entanto, essa redução pode ser um desafio para grande parte das organizações que já estão acostumadas com esse modelo de escala de trabalho e que precisarão de um tempo para se organizarem, pois é provável que seja necessário a contratação de colaboradores, mas isso demanda refazer as contas e fazer investimentos. E nós sabemos que a partir do momento em que pesa no bolso dos empreendedores, pode não funcionar muito bem à primeira vista.

Um levantamento feito pela Pontotel, empresa de gestão de ponto e jornada no Brasil, com mais de 500 mil funcionários registrados em sua plataforma de ponto, afirma que o fim da escala 6x1 pode impactar milhões de trabalhadores e empresas no país. De acordo com a pesquisa, esse modelo predomina em alguns setores: Alojamento e alimentação (69%), Comércio (49,9%) e Atividades administrativas (35,1%).

Geralmente, áreas que exigem um trabalho contínuo, como por exemplo a saúde, tendem a seguir escalas diferentes e não há possibilidade de deixarem de adotar a 6x1 ou qualquer outra que seja. Muitos médicos fazem plantões de 36 e até 48 horas seguidas, tudo varia de acordo com a demanda no hospital e também de suas próprias disponibilidades, então não podem se enquadrar nesse novo modelo.

A verdade é que tudo que envolve o cenário trabalhista brasileiro precisa ser avaliado com bastante cautela e sem precipitação. E uma aprovação sem a devida discussão e análise de impactos em grande escala será pior não só para o empreendedor como para o trabalhador, pois quem gera emprego é aquele e não o governo.

O ideal mesmo é que exista um equilíbrio, para que o empreendedor e os colaboradores de maneira geral não saiam prejudicados, porém, é preciso encontrar um meio termo. Neste sentido, é extremamente importante que os gestores das empresas comecem a avaliar a situação em que se encontram, para que saibam o que fazer se o fim da escala 6x1 de fato ocorrer em um futuro próximo.



Pedro Signorelli - um dos maiores especialistas do Brasil em gestão, com ênfase em OKRs. Já movimentou com seus projetos mais de R$ 2 bi e é responsável, dentre outros, pelo case da Nextel, maior e mais rápida implementação da ferramenta nas Américas. Mais informações acesse: http://www.gestaopragmatica.com.br/


Gestão de riscos prevê e evita custos com sucessão trabalhist

Empresa de Porto Alegre terá que arcar com indenização a funcionário devido à sucessão trabalhista. Especialista alerta sobre a importância da gestão de riscos para evitar casos como este.

 

Recentemente, uma indústria de laticínios de Porto Alegre/RS foi condenada pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) a quitar os débitos trabalhistas de um auxiliar de produção, após a empresa adquirir uma unidade produtiva em um processo de recuperação judicial. Este caso ilustra como a falta de uma gestão de riscos bem estruturada pode resultar em custos inesperados e graves consequências jurídicas para as empresas.

 

A empresa argumentou que, com base na Lei de Falências (Lei 11.101/05), ela estaria isenta de responsabilidade pelos débitos trabalhistas referentes a uma unidade produtiva adquirida. A defesa da indústria indicava que ela havia adquirido apenas Unidades Produtivas Isoladas (UPIs) e, portanto, deveria ser responsável apenas pelas obrigações surgidas após a aquisição. No entanto, a 7ª Turma do TST decidiu, por unanimidade, que a transferência formal do contrato de trabalho do funcionário para a nova empresa, com o devido registro na carteira de trabalho, caracterizou sucessão trabalhista. Como resultado, a empresa foi responsabilizada por todas as verbas trabalhistas pendentes, desde o início do contrato de trabalho, e não apenas pelos débitos pós-aquisição.

 

Segundo Sandro Wainstein, advogado especializado em gestão de riscos e negociação, a decisão evidencia a importância de uma gestão de riscos eficiente para evitar complicações jurídicas em processos de aquisição e recuperação judicial. "Este caso demonstra como a falta de um planejamento adequado e de uma análise minuciosa dos riscos envolvidos pode resultar em custos inesperados. A sucessão trabalhista, quando mal interpretada, pode gerar um impacto financeiro significativo, que poderia ser evitado com uma estratégia jurídica e tributária bem estruturada", afirma Wainstein.

Ele ainda destaca que, ao adquirir UPIs, as empresas precisam estar atentas às obrigações que podem ser transferidas, como no caso de relações de trabalho, que podem ser entendidas como sucessão trabalhista. "Uma gestão de riscos sólida e uma assessoria jurídica preventiva são fundamentais para garantir que a empresa compreenda todos os aspectos legais envolvidos e se proteja contra possíveis passivos que possam surgir após uma aquisição", explica o especialista.

“Este caso mostra como o cenário jurídico brasileiro, com sua complexidade e constante evolução, exige das empresas uma gestão eficiente para mitigar riscos e evitar surpresas que possam comprometer sua saúde financeira e reputação no mercado”, finaliza Wainstein.



Sandro Wainstein
www.wainstein.com.br


DCTF será extinta em 2025: quais os impactos para as empresas?

A partir de janeiro de 2025, o sistema tributário brasileiro passará por uma mudança significativa com a substituição da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) pela DCTFWeb. Esta transição, em tese, visa modernizar o cumprimento das obrigações fiscais, tornando os processos mais automatizados, seguros e eficientes. Porém, assim como toda mudança legislativa, as empresas devem recorrer ao auxílio de profissionais qualificados que as ajudem neste compliance, evitando descumprimentos que gerem multas e demais penalidades legais.

Já utilizada para consolidar os tributos fazendários e previdenciários declarados no EFD-REINF e eSOCIAL, a DCTFWeb, estabelecida pela Instrução Normativa RFB nº 2237/2024, será expandida para abranger tributos como o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), contribuições e demais débitos. Seu Módulo Integrado de Tributos (MIT) facilitará a inclusão desses novos débitos, proporcionando mais segurança e confiabilidade na declaração.

Dentre suas mudanças previstas, está o prazo de entrega, unificado para o dia 25 do mês subsequente ao fato gerador, com a possibilidade de emissão do DARF antes da transmissão da DCTFWeb. Isso oferecerá maior flexibilidade no pagamento dos tributos, além de uma maior praticidade e eficiência na entrega desta obrigação, uma vez que unificará uma maior gama de tributos a serem prestados aos órgãos fiscalizadores.

Toda transição, contudo, traz consigo seus desafios ao mercado, e exigirá das empresas que ajustem seus processos internos e capacitem suas equipes para atender às novas exigências. Afinal, a integração das plataformas digitais da Receita Federal demandará maior organização e consistência nas informações fiscais, além de aumentar a rastreabilidade dos dados.

Para ajudá-las nisso, a RF está planejando a organização de eventos que orientem os contribuintes e profissionais envolvidos a conduzirem essa adaptação com máxima assertividade, facilitando o cumprimento dessa importante obrigação acessória. No entanto, é importante destacar que as empresas também devem fazer sua parte nesse sentido, se preparando, com antecedência, para que tenham uma melhor posição a fim de cumprir com essas novas exigências com eficiência e segurança.

Ao invés de encararem essa novidade como mais um trabalho burocrático a ser feito logo no começo do ano, a chegada da DCTFWeb pode ser encarada como uma oportunidade de as empresas modernizarem sua gestão tributária e se tornarem mais competitivas no segmento atuado. Até porque, esta mudança trará grandes chances de colocar o Brasil à frente das práticas internacionais de gestão fiscal, promovendo maior transparência, eficiência e inovação no cumprimento das obrigações tributárias.

Por isso, este é o momento ideal para revisar as práticas corporativas, organizar rotinas internas e aproveitar os benefícios de um sistema fiscal mais moderno e confiável para aperfeiçoar a gestão tributária empresarial – tornando a marca mais competitiva em seu segmento.

Com a publicação da Instrução Normativa, a Receita Federal reforça seu compromisso em fornecer suporte e orientações para a adaptação dos contribuintes. A transição para a DCTFWeb representa um marco importante, oferecendo uma oportunidade única de transformação para as empresas brasileiras. E, aquelas que recorrerem ao apoio de uma consultoria especializada no tema, terão ainda mais segurança em se adaptar às novas regras e, com isso, usufruir de um mecanismo bem mais robusto para seu sistema tributário. 



Carlos Neris - Especialista Tributário na ECOVIS® BSP.

Elaine Miranda - Coordenadora do setor de tributos indiretos da ECOVIS® BSP.



BSP
https://ecovisbsp.com.br/


Número de famílias paulistanas que pretendem obter crédito atinge maior patamar desde 2019

PEIC de novembro aponta que, desse grupo, a maioria deve usar recursos para as compras de Natal; emprego aquecido e inflação mais amena facilitam a obtenção de empréstimos



Em novembro, dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), indicam perspectivas positivas para o Natal na capital paulistana. O número de lares endivididados aumentou de 67,8%, em outubro, para 68,4%, em novembro, o que, na visão da Entidade, é resultado de um cenário econômico favorável, com emprego aquecido e controle da inflação. Com isso, há maior acesso ao crédito. Tanto que 21,2% dos entrevistados planejam contrair algum crédito ou financiamento nos próximos três meses, maior porcentual desde 2019. É um sinal importante para a data comemorativa, uma vez que, desse grupo, 91,3% devem utilizar os recursos para compras.

Na análise da FecomercioSP, a pesquisa revelou outros dados importantes que reforçam essa expectativa positiva, como o da inadimplência — que, em novembro, manteve-se estável em 19,5%. Em 2023, no mesmo período, 23,5% das famílias tinham alguma dívida em atraso. Em números absolutos, houve uma redução de 155 mil de lares inadimplentes na capital.

 

[GRÁFICO 1]
PESQUISA DE ENDIVIDAMENTO E INADIMPLÊNCIA DO CONSUMIDOR (PEIC)

NOVEMBRO DE 2024
Fonte: FecomercioSP

 


Outro termômetro que explica o cenário otimista é a parcela da renda comprometida com a dívida, que chegou a 29,3%, apontando que as famílias estão conseguindo manter um poder de compra relevante por meio de seus empregos e, ao mesmo tempo, contraindo crédito numa proporção adequada ao orçamento.

Além disso, a pesquisa revelou queda no atraso médio das contas: de 67,3 dias, em outubro, para 65,8 dias, em novembro. Um ano antes, a média estava em 68,6 dias. Isso significa que há menos lares com contas em atraso — e, mesmo entre as inadimplentes, o perfil está melhorando, com condições mais fáceis para resolver a situação.

Na opinião da Federação, a inflação controlada, o mercado de trabalho aquecido com ganhos reais de salário e o acesso mais fácil ao crédito têm sido uma combinação favorável para a população, sobretudo a de renda mais baixa, que consegue obter crédito com menor risco de inadimplência, contribuindo para o cenário econômico local. 

No entanto, apesar das perspectivas favoráveis, a FecomercioSP recomenda que os consumidores planejem os gastos de fim de ano, sempre lembrando dos compromissos do início do ano, como matrícula escolar, IPVA, IPTU, entre outros.



Nota metodológica 


PEIC 


A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) é apurada mensalmente pela FecomercioSP desde fevereiro de 2004. São entrevistados aproximadamente 2,2 mil consumidores na capital paulista. Em 2010, houve uma reestruturação do questionário para compor a pesquisa nacional da Confederação Nacional do Comércio (CNC), e, por isso, a atual série deve ser comparada a partir de 2010.O objetivo da PEIC é diagnosticar os níveis tanto de endividamento quanto de inadimplência do consumidor. O endividamento é quando a família possui alguma dívida. Inadimplência é quando a dívida está em atraso. A pesquisa permite o acompanhamento dos principais tipos de dívida, do nível de comprometimento do comprador com as despesas e da percepção deste em relação à capacidade de pagamento, fatores fundamentais para o processo de decisão dos empresários do comércio e demais agentes econômicos, além de ter o detalhamento das informações por faixa de renda de dois grupos: renda inferior e acima dos dez salários mínimos. 



FecomercioSP
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Regularização de Imóveis: Segurança Jurídica para o Seu Patrimônio

Com a chegada do fim de ano, o advogado Aleksander Szpunar especialista na área orienta proprietários de imóveis a regularizarem o seu imóvel. Uma das decisões mais acertadas para proteger seu patrimônio.


Frequentemente histórias de pessoas que, por desconhecimento ou descuido, vivem anos com imóveis em situação irregular, são situações que, embora pareçam inofensivas à primeira vista, podem se tornar grandes dores de cabeça no futuro – especialmente em momentos como venda, inventário ou partilha.

 

Um dos casos mais recorrentes que atendo envolve o famoso "contrato de gaveta". Você comprou um imóvel de forma legítima, assinou um contrato de compra e venda com o antigo proprietário, mas nunca formalizou essa transação no cartório. Para muitos, isso é suficiente, pois o imóvel já é usado e considerado "seu". Porém, no mundo jurídico, a história é bem diferente.

 

Sem o devido registro no cartório, aquele imóvel, aos olhos da lei, continua pertencendo ao antigo proprietário. Isso significa que, se houver dívidas em nome dele, o imóvel pode ser penhorado. Além disso, em caso de falecimento, o bem pode ser incluído em um inventário do qual a pessoa que assinou o "contrato de gaveta" sequer faz parte. É um risco desnecessário que pode ser evitado com a regularização.

 

A regularização não é apenas uma questão de formalidade; é um investimento na segurança do seu patrimônio. Um imóvel devidamente registrado tem maior valor de mercado e pode ser facilmente vendido, financiado ou utilizado como garantia em negociações. Além disso, elimina riscos jurídicos, como disputas em heranças ou bloqueios judiciais.

 

Há também o lado prático. Muitos municípios oferecem programas de anistia fiscal no final do ano, permitindo que proprietários regularizem débitos e obtenham descontos significativos. É uma oportunidade única para resolver pendências de forma econômica.


 

O Custo da Irregularidade é alto

 

“Certa vez, atendi um cliente que herdou um imóvel de um parente próximo, mas descobriu que ele nunca havia sido registrado. Para completar, o imóvel possuía uma dívida de IPTU acumulada por anos. O processo de regularização acabou sendo mais longo e custoso do que o necessário, justamente porque a situação foi negligenciada por décadas”, comenta Aleksander Szpunar.

 

Ele explica, ainda, que se a documentação estivesse em dia, o cliente poderia ter economizado tempo, dinheiro e, principalmente, evitado o estresse e vendido na hora. “Esse caso é um alerta para quem ainda adia a regularização do seu imóvel”, destaca Aleksander Szpunar.

 

Regularizar um imóvel pode parecer burocrático, mas é um passo essencial para proteger o que você conquistou. O advogado reforça diariamente a diferença que isso faz na vida dos proprietários. “Um imóvel regularizado é um patrimônio seguro, valorizado e livre de incertezas jurídicas”, afirma o advogado. Estar bem informado pode evitar muitos problemas no futuro e te trazer a tranquilidade de saber que seu patrimônio está, de fato, sob sua proteção.

 

 



Aleksander Szpunar - atua na área de Regularização de Imóveis e Ações de Usucapião; preside a Comissão de Direito Imobiliário da OAB Águas de Lindóia; e é membro do Instituto Brasileiro de Direito Imobiliário (IBRADIM)


Organização Fiscal: como deixar sua empresa pronta para 2025 e o Imposto de Rend

Com o final do ano se aproximando, é o momento ideal para os empreendedores, especialmente de micro e pequenas empresas, pensarem em deixar a casa em ordem para o início de 2025. A organização fiscal é essencial para evitar surpresas indesejadas e garantir que todas as obrigações sejam cumpridas sem percalços, como o pagamento de impostos e a preparação para a declaração do Imposto de Renda.

Patrícia Bastazini, contadora e fundadora da Bastazini Contabilidade, destaca a importância de começar esse planejamento agora. “Muitos empreendedores deixam a organização fiscal para última hora, o que pode trazer transtornos e até mesmo prejuízos financeiros. O ideal é aproveitar o fim do ano para revisar toda a documentação, garantir que todas as guias de pagamento estejam em dia e projetar o que está por vir em 2025”, afirma Patrícia.


Dicas práticas para uma boa organização fiscal

  1. Revisão dos Pagamentos de Impostos: É fundamental verificar se todos os impostos devidos em 2024 foram quitados. Isso evita multas e juros acumulados. “Certificar-se de que todas as guias foram pagas é o primeiro passo para começar o ano com tranquilidade”, orienta Patrícia.
  2. Antecipar a Preparação do Imposto de Renda: Para empresas e para os sócios, é essencial organizar desde já toda a documentação necessária para a declaração do Imposto de Renda. Isso inclui reunir comprovantes de despesas, receitas, investimentos e documentos que possam ser utilizados como deduções.
  3. Análise de Fluxo de Caixa: Aproveite para revisar o fluxo de caixa e planejar os primeiros meses de 2025. Patrícia reforça que “os primeiros meses do ano costumam ser mais desafiadores financeiramente, especialmente para pequenas empresas. Um fluxo de caixa bem estruturado ajuda a enfrentar essas dificuldades”.
  4. Simples Nacional: Regularização e Opção: Empresas que pretendem optar ou se manter no Simples Nacional devem estar com todas as suas pendências fiscais e tributárias regularizadas. Isso evita problemas e garante que possam usufruir dos benefícios desse regime tributário.


Dados que fazem a diferença

De acordo com a Receita Federal, aproximadamente 20% das microempresas perdem prazos de pagamento de impostos ou enviam declarações incorretas, gerando multas e custos adicionais que poderiam ser evitados com planejamento. “Planejar agora significa não apenas evitar custos extras, mas também garantir que a empresa esteja pronta para crescer em 2025”, conclui Patrícia.


Fim de Ano: hora de planejar o futuro

Patrícia Bastazini também sugere que os empresários utilizem esse período para conversar com seu contador e traçar estratégias que podem otimizar a carga tributária. “Ainda é possível se organizar. Uma conversa honesta e detalhada com o contador pode trazer insights valiosos para reduzir custos e melhorar a saúde financeira da empresa. Este é o momento de planejar o futuro e não deixar nada para a última hora”, aconselha.

Portanto, aproveite o fim de ano para organizar sua empresa e começar 2025 com o pé direito. A preparação antecipada evita problemas e garante um início de ano mais tranquilo e produtivo.


Direito de Família em evolução

Mudanças legislativas e casos emblemáticos de 2024


O ano de 2024 foi marcante para o Direito de Família no Brasil, trazendo mudanças legislativas significativas e decisões judiciais que refletem as novas dinâmicas sociais. A multiparentalidade foi consolidada, as regras da pensão alimentícia foram aprimoradas, e debates importantes sobre transparência no uso da pensão alimentícia ganharam espaço no Congresso. Essas inovações indicam a constante adaptação do sistema jurídico às necessidades das famílias modernas.

 

Multiparentalidade: um marco na justiça brasileira 

O Supremo Tribunal Federal (STF) deu continuidade à consolidação do conceito de multiparentalidade com a decisão do Recurso Extraordinário 898.060. A medida estabeleceu que o vínculo biológico pode coexistir com a paternidade socioafetiva, assegurando direitos e deveres simultâneos para ambas as relações parentais. “Essa decisão é um avanço histórico, pois reconhece as complexidades das relações familiares contemporâneas, protegendo integralmente os interesses das crianças”, destaca o Dr. Henrique Hollanda, advogado familiarista.

 

Novas diretrizes para a pensão alimentícia 

Com o reajuste do salário mínimo para R$ 1.412,00 em 2024, os valores das pensões alimentícias vinculadas a essa base também foram impactados. Além disso, a regulamentação dos acordos extrajudiciais para pensão foi ampliada, permitindo maior agilidade e consensualidade nos processos familiares. Outro ponto relevante foi o debate sobre a prestação de contas da pensão alimentícia, que visa garantir maior transparência na aplicação dos recursos. “O aprimoramento das regras da pensão alimentícia demonstra a preocupação do sistema jurídico em atender às demandas de forma justa e eficaz”, pontua o Dr. Hollanda.

 

Perspectivas e desafios para 2025 

As mudanças de 2024 não apenas modernizaram o Direito de Família, mas também apontaram para questões ainda em aberto. A regulamentação da prestação de contas da pensão alimentícia, por exemplo, continua em tramitação no Congresso Nacional e promete ser uma das principais discussões para o próximo ano. “O Direito de Família é uma área em constante transformação e o desafio é acompanhar as mudanças sociais sem perder o foco na proteção dos envolvidos”, explica o advogado. 



Dr. Henrique Hollanda - especialista em Direito de Família e Sucessões, oferecendo suporte jurídico em casos de guarda, pensão alimentícia e planejamento sucessório. Para mais informações, entre em contato:

Dr Henrique Hollanda
Hollanda e Sinhori Advogados Associados
contato@hollandaesinhori.adv.brhollandaesinhori.adv.br
Rua Ébano Pereira, 11, conjunto 1.802. Curitiba/PR.


Selfies e vídeos para redes sociais requerem atenção máxima em locais de risco

Selfies em um cenário de risco, podem ir de um ato
 inofensivo a um grande problema, ou terminar em morte
Freepik

Distração ao fazer registros em áreas rochosas ou lugares elevados pode ocasionar graves acidentes, inclusive fatais, alerta TRAUMA 


A busca por “likes” nas redes sociais se tornou uma sensação global na última década e, quanto maior a criatividade para compor a foto, maior o engajamento. Porém, quando o cenário é um local de risco, o ato inofensivo pode se transformar em um grande problema, ou em uma tragédia. 

No último domingo, dia 8 de dezembro, uma jovem de 22 anos caiu de um edifício com 25 pavimentos, localizado na avenida principal de Balneário Camboriú (SC). O irmão da vítima, que estava com ela no momento do acidente, disse ao Corpo de Bombeiros que ela fazia vídeos no heliponto do edifício quando perdeu o equilíbrio em um momento de distração. 

No dia 11 de novembro, outra jovem morreu após fazer fotos e vídeos em cima de carro em movimento. O acidente aconteceu em João Pessoa (PB). Ela caiu, foi atropelada, chegou a ser socorrida e levada para o Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa, mas morreu na unidade hospitalar. 

Em agosto, tia e seu sobrinho, de 43 e 16 anos, morreram após caírem em uma cachoeira ao tirarem uma selfie em Campos dos Goytacazes, no interior do Rio de Janeiro. 

Com as férias e viagens se aproximando, locais como mirantes, cachoeiras e costões rochosos atraem pela beleza para fotos, mas também representam perigos, tornando ainda mais necessário reforçar o alerta. 

“Evite situações de risco, como ficar próximo a penhascos, sentado em muretas ou perto de pedras escorregadias, onde um deslize pode resultar em quedas no mar ou em cachoeiras”, pontua o presidente da Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico, Marcelo Tadeu Caiero.
 
O especialista reforça a importância de nunca subestimar os riscos do ambiente ao redor. “Muitas vezes, a pessoa se orienta pela tela do celular e não se atenta ao entorno, onde está pisando, próximo a que ela está, se há risco de cair, se afogar, então, veja onde está pisando, o que tem ao redor para, em segurança, fazer a foto. Não arrisque a vida por likes”, enfatiza. 

Quando uma queda de altura não é fatal, pode resultar em série de lesões, o chamado politraumatismo, que é quando pelo menos duas partes do corpo se lesionam gravemente. A energia desprendida no momento da lesão está diretamente relacionada com a gravidade das lesões. “Quanto maior a velocidade que o corpo se desloca no momento do trauma, mais sérias as lesões serão”, explica o especialista. 

Os politraumatismos podem incluir múltiplas fraturas ósseas, lesões na coluna, hemorragias, perda de membros (amputações), além de lesões cerebrais. “As consequências podem ser graves e afetar de forma importante a qualidade de vida da pessoa, pois as sequelas, com lesões permanentes, são muito comuns”, salienta Caiero.


 
Locais mais perigosos 
 

Em 2021, a revista Journal of Travel Medicine apontou que a Praia da Penha, em Santa Catarina, está entre os 10 lugares com mais mortes em tentativas de selfies no mundo. Foi lá, inclusive, que uma mulher de 28 anos morreu ao cair do costão da Ponta do Vigia, quando fazia uma foto, em 2021. 

Outros lugares considerados perigosos, de acordo com a publicação, são as cataratas do Niágara (na fronteira entre os EUA e Canadá); o Glen Canyon (EUA); o Charco del Burro (Colômbia); a catarata de Mlango (Quênia); os montes Urais (Rússia); o Taj Mahal e o vale de Doodhpathri (ambos na Índia); a ilha Nusa Lembongan (Indonésia) e o arquipélago de Langkawi (Malásia). 

À época, o Brasil ocupava o quinto lugar da lista, com 17 casos de morte por selfies e os países que mais registravam mortes eram Índia (100 casos), Estados Unidos (39) e Rússia (33).

Atenção máxima também ao caminhar  

Tirar uma selfie em cenários arriscados não é o único risco de acidentes envolvendo a distração com o uso de celular. Ao caminhar pela rua, digitando ou olhando mensagens, situações sérias podem acontecer, como a registrada na cidade de Januária, em Minas Gerais, no dia 18 de fevereiro. Um homem de 33 anos caiu em um bueiro de 2,5 metros de profundidade. Durante o resgaste, a vítima contou aos socorristas que estava focado na tela do aparelho e não percebeu que o bueiro estava aberto. 

“Evite andar na rua com fone de ouvido, que aumenta a distração, e não caminhe e use o celular ao mesmo tempo. Atente-se ao trajeto, nos obstáculos e demais riscos que pode haver no caminho, conclui o presidente da Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico.

   


Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico - ABTO


Serviço de atendimento para casos de violência doméstica contra mulheres registra mais de 10 mil acessos em 2024

Durante os 16 Dias de Ativismo, Instituto Natura reforça a importância do enfrentamento à violência contra mulheres através de serviços de assistência como a Ângela

 

No período de janeiro a setembro de 2024, a Ângela, assistente virtual do Instituto Natura, que recentemente incorporou o Instituto Avon, registrou mais de 10 mil acessos únicos ao chatbot. Este número representa um aumento significativo de aproximadamente 233% em comparação com o ano de 2023, quando o total de acessos foi de quase 3 mil. Dedicada ao apoio às mulheres vítimas de violência doméstica, a ferramenta oferece atendimento gratuito, humanizado e sigiloso, que conta com assistência integral de especialistas no tema.

"A Ângela foi criada em 2020, com a finalidade de proporcionar um ambiente seguro e acolhedor para mulheres vítimas de violência doméstica. Desde sua criação, já conseguimos acolher mais de 700 mulheres em situação de violência doméstica e apoiá-las por meio de serviços de atendimento qualificados", explica Daniela Grelin, diretora executiva de Direitos e Saúde das Mulheres e Comunicação Institucional do Instituto Natura.

De janeiro a setembro de 2024, 377 mulheres tiveram o acompanhamento multidisciplinar especializado através da assistente virtual, um aumento de 10% em relação ao consolidado total de 2023, que foi de 342. Além disso, no mesmo período, 142 Consultoras de Beleza Natura e Avon receberam o atendimento humanizado, contra 119 em 2023. Já para o público em geral, esse número chega a 235, até setembro de 2024, em comparação com 223 no ano de 2023.

Este ano a Ângela é a embaixadora oficial da campanha do Instituto, “Vozes Entrelaçadas – Quem Escuta uma Mulher Cala a Violência", para os 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres.

 

16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres

Embaixadora oficial do Instituto Natura no enfrentamento à violência contra mulheres e meninas, a Ângela cumprirá papel fundamental durante a campanha dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, período entre 25 de novembro e 10 dezembro, voltado para a conscientização sobre o tema.

Além disso, durante o período dos 16 Dias, as redes sociais do Instituto contarão com uma série de conteúdos dedicados aos serviços oferecidos pela Ângela, visando incentivar e ampliar o uso do atendimento especializado em casos de violência doméstica. Nosso objetivo é assegurar que todas as mulheres possam contar com um espaço seguro, um lugar onde se sintam acolhidas e apoiadas para enfrentar e superar situações de violência. Queremos ser um recurso valioso para quebrar o ciclo de violência que muitas delas enfrentam, proporcionando-lhes as ferramentas necessárias para se fortalecerem e se libertarem dessas circunstâncias traumáticas", finaliza Daniela.

Neste ano, o Instituto resgata o movimento “Vozes Entrelaçadas – Quem Escuta uma Mulher Cala a Violência”, para reforçar sobre a importância de promover a escuta ativa através de trocas que reflitam sobre os diferentes tipos de violência existentes. Dessa forma, cada vez mais mulheres poderão receber o apoio necessário por meio de sua rede de apoio.

 

Como a Ângela ajuda as vítimas de violência

A vítima de violência doméstica pode acessar a plataforma enviando uma mensagem de texto via WhatsApp para o número (11) 94494-2415. O serviço inicial fornecerá informações e orientações imediatas por meio de um chatbot. Se a vítima optar por um atendimento mais completo, será direcionada para o acompanhamento personalizado e humanizado de uma assistente social especializada no assunto, que poderá orientá-la da maneira mais adequada, de acordo com as necessidades específicas de cada situação.

“É importante salientar que a Ângela não é um canal de denúncias, mas sim de um espaço de acompanhamento para apoiar a mulher em sua jornada de emancipação, permitindo que ela tome decisões em seu próprio ritmo e sem pressões externas”, comenta Daniela.

A diretora reforça, ainda, que muitas delas sentem receio de falar abertamente sobre o que passam. “Muitas vezes as mulheres sentem-se inseguras em seguir para o contato humano, por acreditar que as informações podem ser vazadas, principalmente no caso das consultoras, que imaginam que esses relatos possam chegar até aos seus gestores. Queremos reforçar que toda a comunicação é feita de maneira acolhedora, sigilosa e respeitosa, garantindo confidencialidade em todas as interações”.

 

Coalizão Empresarial pelo Fim da Violência Contra Mulher

A Ângela, conta com o apoio de empresas parceiras para oferecer uma gama de serviços de suporte a mulheres em situação de violência. A Uber, por exemplo, fornece vouchers para que essas mulheres possam se deslocar para delegacias ou centros de assistência especializada. Já a iniciativa Bem Querer Mulher contribui no direcionamento das vítimas para Delegacias de Defesa da Mulher, abrigos e serviços de saúde, conforme as necessidades individuais de cada uma. Além disso, fornece informações precisas sobre os direitos das mulheres e orientações sobre como agir e acessar os recursos disponíveis nas redes de atendimento locais, auxiliando as mulheres a identificar situações de violência e contribuindo para a interrupção desse ciclo. 

Como resultado dessas parcerias, já foram registrados mais de 90 atendimentos psicológicos e 800 socioassistenciais, além de mais de 250 encaminhamentos para políticas públicas e mais de 170 deslocamentos realizados através da Uber, entre Janeiro e Setembro de 2024.

 

Sobre o novo Instituto Natura

Criado em 2010, o Instituto Natura almeja transformar a educação pública, garantindo uma aprendizagem de qualidade para todas as crianças e jovens nos seis países da América Latina em que está presente (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru). Também como forma de atuação, se dedica ao desenvolvimento educacional das Consultoras de Beleza Natura e Avon e trabalha em conjunto com inúmeros parceiros no poder público, no terceiro setor e na sociedade civil.

Desde 2024, por meio da incorporação do Instituto Avon, passou a atuar na defesa dos direitos fundamentais e saúde das mulheres, promovendo iniciativas voltadas ao enfrentamento das violências contra as meninas e mulheres e à atenção ao câncer de mama. Por meio de ações próprias e de parcerias com instituições da sociedade civil, setor privado e poder público, a entidade se concentra na produção de conhecimento e no desenvolvimento de projetos que mobilizem todos os setores da sociedade para o avanço das causas, usando os recursos aprendidos e desenvolvidos durante os mais de 20 anos de atuação nas causas da mulher.

 


Renata Mendes
Associate, Client Experience
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Prevenir é proteger: saiba como preparar seu carro para a temporada de chuvas

Especialistas da AutoZone Brasil dão dicas essenciais para motoristas enfrentarem estradas com segurança durante o período de férias, chuvas intensas e alagamentos. 

 

Com a chegada do período de férias e o aumento do fluxo de veículos nas estradas brasileiras, a temporada de chuvas de final de ano traz um alerta para motoristas: é essencial redobrar os cuidados com a manutenção dos veículos. Alagamentos, pistas escorregadias e baixa visibilidade são desafios comuns, e a prevenção pode evitar acidentes e transtornos durante as viagens de fim e início de ano.  

Segundo os especialistas da AutoZone Brasil, referência em autopeças e manutenção automotiva, "a preparação não apenas reduz o risco de acidentes, mas também evita danos ao veículo que podem gerar altos custos de reparo. Com simples cuidados preventivos, é possível viajar com mais tranquilidade mesmo durante a temporada de chuvas".  

Pensando nisso, a companhia preparou uma lista com as principais medidas que os motoristas podem tomar para garantir a segurança e tranquilidade nas estradas. Confira: 

 

1. Verifique o sistema de freios 

Antes de pegar a estrada, certifique-se de que o sistema de freios está em perfeito estado. Discos, pastilhas e fluido de freio devem ser revisados para evitar falhas, especialmente em situações de frenagem brusca em pistas molhadas. 

 

2. Calibragem e estado dos pneus 

Pneus desgastados ou carecas aumentam o risco de aquaplanagem. Faça a calibragem de acordo com o manual do fabricante e inspecione os sulcos para garantir boa aderência em pistas escorregadias. 

 

3. Revisão dos limpadores de para-brisa 

Visibilidade é crucial em dias de chuva. Substitua as palhetas do para-brisa se apresentarem ressecamento ou falhas no contato com o vidro. Não se esqueça de checar o nível do reservatório de água e adicionar fluido limpa-vidros para evitar manchas. 

 

4. Cuidado com o sistema elétrico 

A temporada de chuvas pode expor o veículo a alagamentos. É importante verificar a vedação e o funcionamento de componentes elétricos, como faróis, lanternas e baterias, que podem ser danificados pela umidade. 

 

5. Estepe e kit de emergência 

Em situações de emergência, como furos de pneu em locais alagados, um estepe em boas condições e um kit completo (macaco, chave de roda e triângulo) são indispensáveis. 

 

6. Evite ruas alagadas 

Embora nem sempre seja possível prever enchentes, priorize rotas mais altas e seguras. Em caso de alagamento, nunca avance se a água ultrapassar a metade da roda do carro. 

 

7. Inspeção geral do veículo 

Uma revisão completa antes de viajar é a melhor maneira de garantir que todos os sistemas estão funcionando adequadamente, minimizando riscos e surpresas desagradáveis. 


O legado do G20 e os desafios para o Brasil

Durante a recente reunião dos chefes de estado dos países do G20, realizada no Rio de Janeiro, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, em seu pronunciamento como líder político do país anfitrião do encontro, chamou a atenção de todas as nações para o legado do G20 nos últimos 16 anos. 

Lula afirmou, baseado em sua experiência pessoal, que no período entre 2008 (durante seu segundo mandato) e 2024, o mundo tornou-se pior, com pobreza, miséria, fome, desigualdades gritantes, gerras e conflitos entre nações, com milhares de vítimas, inclusive civis.

Destacou o presidente brasileiro que os países do G20 são responsáveis por 85% do PIB mundial, gerando US$ 90 trilhões/ ano, por 75% do comércio mundial e por 67% da população mundial, com seus 5,42 bilhões de habitantes. 

Tão decepcionante quanto preocupante é o fato de o grupo das 20 nações mais ricas do planeta, com tamanha expressividade, ter produzido, nos últimos 16 anos, uma realidade global conflituosa e desigual, deixando pior o que deveria ser melhorado. 

Conveniente recordar que o G20 estabelece como principais objetivos debater problemas econômicos e financeiros de alcance global, como crises financeiras; crescimento econômico sustentável; comércio internacional; inflação e emprego; políticas de combate à fome; zelar pelo meio ambiente, evitando crises e desastres climáticos; promover o desenvolvimento sustentável e estreitamento, via diálogo das relações entre países visando também evitar reduzir as guerras e seus impactos, e o combate global à corrupção, praga que vem destruindo muitos países. 

Sua carta de propósitos é de um apelo extraordinário para a busca de apoio e consensos nas teses e objetivos desse fórum informal voltado à promoção do debate aberto e construtivo entre países. 

Da reunião no Rio de Janeiro resultou a assinatura, pelos países do G20, de um documento de priorização de combate à fome, à miséria e à pobreza, e de cooperação mundial para a preservação das florestas em pé e de cuidados com a biodiversidade. Entretanto, é preciso passar do discurso à prática. 

É necessário que os governos do G20 realizem estudos para dimensionar os recursos financeiros necessários para colocar em prática as prioridades globais definidas no encontro no Brasil, tornando realidade os programas de intenções consensuais. Caso contrário, as ações globais não alcançarão concretude e poderá se repetir o fracasso dos últimos 16 anos. O passado é importante para a reflexão, não para a repetição. 

Por outro lado, os países emergentes e os que ascenderam à posição de expressividade política e econômica também reivindicam a revisão dos organismos internacionais com maior democratização, eliminação de vetos, e ampliação do multilateralismo. No entanto, tudo isso deveria vir acompanhado da proposição de aumentar as participações proporcionais de responsabilidade global. Estamos falando de custos a serem absorvidos por todos. Não funciona a equação de direitos para um lado e obrigações para outro. 

É fundamental também que muitos dos governantes façam uma profunda reflexão do que ocorreu em seus próprios países. Isso vale inclusive para o Brasil. Nos últimos 16 anos – citados pelo presidente no G20 – e em um período mais amplo – de 2003 a 2024 -, o país foi governado por um mesmo partido em 60% e 70% do tempo, respectivamente. E os resultados merecem uma análise interna. 

Nesses 22 anos, o Brasil caiu da 77ª para a 89ª posição no ranking da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), calculado com base em educação, renda e saúde. 

No coeficinte Gini, instrumento usado mundialmente para medir grau de concentração de renda e apontar a diferença entre rendimentos dos mais pobres e mais ricos, o Brasil permanece na 149ª posição entre 181 países, ao lado do Congo e ligeiramente inferior à Guatemala. 

A concentração de renda também é problema crônico. Relatório da Oxfan divulgado em janeiro de 2024 mostra que, no Brasil, os 1% mais ricos detêm 63% das riǫuezas nacionais, enquanto os 50% mais pobres detêm apenas de 2% a 3% do patrimônio do país. O mesmo estudo aponta que 27% dos ativos financeiros da nação estão nas mãos de 0,01% da população brasileira. 

A desigualdade nacional, segundo o relatório, é ainda mais gritante. Revela que a renda média dos brancos está mais de 70% acima da renda da população negra. Ou seja, o Brasil está mais perto de uma plutocracia do que de uma democracia. 

A estratificação de renda indicada um cenário triste e preocupante: 90% da população brasileira ganha menos de R$ 3.500, considerando-se que do valor bruto de R$ 3.600,00/mês são deduzidos Previdência Social e Imposto de Renda, no total de 17%, fazendo com que a remuneração líquida se reduza a R$ 2.890,00. Outro dado estarrecedor: mais de 30% da população tem remuneração mensal de até um salário-mínimo (R$ 1.412,00). Nesse grupo estão mais de 70% dos aposentados pelo INSS, que somam cerca de 24 milhões de pessoas. Outros 4,7 milhões de brasileiros recebem o mesmo valor pelo Benefício de Prestação Continuada (BPC). 

O país também tira nota vermelha na educação. Entre os 56 países avaliados pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) em 2024 - os 38 membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e mais 16 nações convidadas -, o Brasil figurou na desonrosa 44ª posição. 

Há ainda outros problemas graves, como a corrupção. De acordo com a Transparência Internacional, nos últimos 22 anos o Brasil caiu da 69ª para a 104ª posição no índice de percepção da corrupção. Significa dizer que existem 103 países com setor público mais honesto que o Brasil, onde, segundo estimativas de R$ 200 bilhões a R$ 250 bilhões são desviados anualmente dos cofres públicos, recursos que poderiam ser investidos em setores fundamentais para a população como educação, saúde, habitação, infraestrutura e segurança pública. 

Não é apenas uma questão retórica. A violência urbana mostra-se incontrolável, com o avanço das facções criminosas e do tráfico de drogas, e o incrível número de 45 mil homicídios registrados a cada ano, o que faz do Brasil, em números absolutos, o número 1 do mundo nessa macabra estatística. 

O combate à pobreza, tema abordado com muita ênfase na reunião do G20, merece mesmo especial atenção global. Na Índia, o país mais populoso do mundo, a pobreza e extrema pobreza afetam 234 milhões de pessoas, cerca de 17% a 19% de seus habitantes. Na Rússia, o mesmo problema castiga 13 milhões de pessoas, o correspondente a 9% da população, conforme estimativa feita pelo próprio presidente Vladimir Putin, em fevereiro de 2024, conforme divulgou a Agência de Notícias ETE. A meta do governo russo de zerar pobreza em 2024 foi adiada para 2030. E, na África do Sul, mesmo após 30 anos do fim do apartheid, o nível de pobreza da população praticamente não diminuiu. 

O bom exemplo vem da China. No segundo país mais populoso do planeta, a pobreza atingia 98% da população em 1981. Em 2023, a extrema pobreza havia sido reduzida a zero e menos de 1% dos chineses estavam na linha da pobreza. 

No Brasil, entretanto, a pobreza e a miséria ainda são fantasmas a desafiar os governos. Entre os países do G20, perde apenas para a Índia em percentual de pessoas pobres. (O Globo, 09/04/2024). Em 2008, o país tinha 25,3% da população em situação de pobreza e 8,8% em situação de extrema pobreza. Passados 15 anos, pouca coisa mudou, pois um terço da população ainda vive na pobreza: são 27,5% dos brasileiros pobres e 5,8% em extrema pobreza. 

Optou-se por uma política de assistencialismo, com programas como o Bolsa Família, BCP, vale-gás e outros que, embora ajude a aliviar a insegurança alimentar, não tira ninguém da pobreza nem devolve a dignidade aos chefes de família. 

Não é por acaso que o fenômeno da favelização se acentua no país. Hoje temos 16,4 milhões de brasileiros (7,7% da população) vivendo em favelas, a maioria com serviços de água e saneamento básico inexistentes ou precaríssimos em pleno século XXI, apesar de o Brasil ocupar a 8ª posição no ranking das maiores economias do mundo. É o retrato do fracaso das políticas públicas em todas as áreas relevantes à dignidade humana. 

Por isso, é incompreensível que no âmbito do Ministério da Fazenda técnicos estejam propondo alterações nas fórmulas dos cálculos dos reajustes do salário-mínimo que, se aprovados, implicarão na perda de R$ 6,00/mês na renda do brasileiro pobre. Serão cinco ou seis pães a menos na mesa do trabalhador, do aposentado e dos 4,7 milhões de idosos beneficiários do BPC. 

Essa proposta, eivada de incompetência e insensibilidade dos burocratas, chega a soar como deboche em um país que concede renúncias fiscais que somam mais de 5% do PIB, algo em torno de R$ 565 bilhões por ano. São gastos tributários da União, a maioria sem prazo para acabar, sem reduções ao longo do tempo, sem aferições quanto à correta aplicação, e que não têm como objetivo a redução das desigualdades sociais e regionais, ao contrário do que prevê a Constituição. 

Os dados oficiais mostram que não faltam recursos para a solução. Recursos existem, porém falta vontade política para revertê-los em políticas públicas de qualidade em favor da maioria da população que não detém liberdade econômica e tampouco liberdade política e de expressão, porque estas não existem sem a primeira. 

Não há perspectiva dessa realidade ser transformada se os governos não mudarem a forma de ver o mundo. Sobre isso já alertava o físico alemão Albert Einstein (1879-1955) que afirmou: “Insanidade, é continuar fazendo a mesma coisa e esperar resultados diferentes”. Ou, trazendo para o solo pátrio, o pensamento da escritora Lya Luft (1938-2021): “Não é triste mudar de ideia, triste é não ter ideia para mudar”. 

A análise da performance dos governos dos últimos 22 anos, não deixa dúvida de que é inadiável a elaboração de um projeto a favor do Brasil, um plano que precisará ser abraçado pela sociedade (hoje dividida) e pelas redes de comunicação, sem o que o país não conseguirá melhorar seus vergonhosos índices de desenvolvimento humano. 

O maior legado do G20 no Brasil terá sido, quem sabe, a transformação dos discursos em prática porque somente isso poderá garantir concretude ao sonho de uma vida melhor para os mais pobres, ao desenvolvimento sustentável e duradouro, sem fome, menos violento, e garantidor da dignidade humana. 

 



Samuel Hanan - engenheiro com especialização nas áreas de macroeconomia, administração de empresas e finanças, empresário, e foi vice-governador do Amazonas (1999-2002). Autor dos livros “Brasil, um país à deriva” e “Caminhos para um país sem rumo”. Site: https://samuelhanan.com.br




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