Dia Internacional da Luta pela Saúde da Mulher levanta questões sobre os obstáculos no acesso à saúde reprodutiva para jovens cis e trans
Desde 1987, o dia 28 de maio é marcado pela celebração do Dia Internacional da Luta pela Saúde da Mulher. A data lembra a preocupação com a falta de acesso à informação e de igualdade de oportunidades no que diz respeito aos cuidados, principalmente com relação à vida reprodutiva das pessoas com útero ao redor do mundo.
Anos de patriarcado levaram as mulheres a terem menos acesso a recursos de saúde, especialmente sexual. Com o tempo, elas começaram a reivindicar direitos e exigir igualdade, o que vem trazendo resultados ao longo do tempo; em janeiro, por exemplo, Brasil e Argentina assinaram uma declaração conjunta abordando uma série de ações em diferentes áreas relacionadas à saúde feminina. O documento também cita a eliminação de barreiras de acesso aos serviços, além do fortalecimento do trabalho conjunto sobre pesquisa, desenvolvimento e produção de vacinas, medicamentos e inovações tecnológicas.
Entretanto, muito ainda precisa ser feito a favor do conhecimento sobre o próprio corpo. Muitas doenças levam anos para serem diagnosticadas nas mulheres, não somente por falta de acesso à saúde, mas também pela falta de informação, o que pode trazer sérias complicações. Uma delas é a endometriose.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o diagnóstico leva em média dez anos para ser feito. “Essa é a maior dificuldade para o tratamento da endometriose, já que as dores causadas pela doença podem ser confundidas com dores rotineiras do ciclo menstrual. Por isso a importância de promover a informação e conscientização, dando visibilidade ao assunto, alertando profissionais de saúde e orientando cada vez mais mulheres a perceberem os sinais do corpo e buscarem ajuda médica quando necessário”, explica o ginecologista Patrick Bellelis, colaborador do setor de endometriose do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.
O médico ressalta, ainda, a importância de manter a rotina ginecológica em dia, já a partir da primeira menstruação. “Consultar um médico ao menos uma vez ao ano pode evitar uma série de doenças, sejam mais ou menos graves. Muitas mulheres só procuram um profissional quando detectam algum sintoma preocupante, mas essa rotina deve ser feita mesmo sem nenhum problema aparente, para que ele possa ser evitado. Somente com o trabalho preventivo é possível identificar doenças precocemente, aumentando a probabilidade de sucesso no tratamento. Essa rotina é essencial para todas as mulheres e quanto mais informação disseminada sobre assuntos relacionados à saúde feminina, mais os cuidados podem ser facilitados”, encerra o médico.
Clínica Bellelis - Ginecologia
Patrick Bellelis - Doutor em Ciências Médicas pela Universidade de São Paulo (USP); graduado em medicina pela Faculdade de Medicina do ABC; especialista em Ginecologia e Obstetrícia, Laparoscopia e Histeroscopia pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo); além de ser especialista em Endoscopia Ginecológica e Endometriose pelo Hospital das Clínicas da USP. Possui ampla experiência na área de Cirurgia Ginecológica Minimamente Invasiva, atuando principalmente nos seguintes temas: endometriose, mioma, patologias intrauterinas e infertilidade. Fez parte da diretoria da Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE) de 2007 a 2022, além de ter integrado a Comissão Especializada de Endometriose da FEBRASGO até 2021. Em 2010, tornou-se médico assistente do setor de Endometriose do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital das Clínicas da USP; em 2011, tornou-se professor do curso de especialização em Cirurgia Ginecológica Minimamente Invasiva — pós-graduação lato sensu, do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio Libanês; e, desde 2012, é professor do Instituto de Treinamento em Técnicas Minimamente Invasivas e Cirurgia Robótica (IRCAD), do Hospital de Câncer de Barretos.