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terça-feira, 22 de março de 2022

SÍNDROME DO PIRIFORME: TUDO O QUE VOCÊ PRECISA SABER!

O que é? Como tratar? Quais são os sintomas? A fisioterapeuta Raquel Silvério conta tudo sobre o assunto. Confira

 

A Síndrome do Piriforme, recebe esse nome justamente porque acomete o músculo piriforme localizado na região do glúteo, e é identificada por uma dor intensa na região dos glúteos e do quadril. Ela geralmente acontece quando ocorre um espasmo ou uma contratura na região, que pode ou não comprimir o nervo ciático, que passa bem próximo ao músculo piriforme. Quando ocorre a irritação do nervo, provoca dor na região glútea, e pode acabar irradiando para a parte posterior da coxa, causando formigamento e dormência. 

“O diagnóstico é feito através da avaliação clínica, e com alguns testes específicos, que tem como objetivo excluir qualquer problema lombar, para o diagnóstico final. Falo isso porque infelizmente vejo pessoas sendo diagnosticadas com a Síndrome do Piriforme quando na verdade, essa dor está vindo da região da coluna lombar, onde passa a raiz do nervo ciático, causando sintomas parecidos. Portanto, uma avaliação detalhada é de extrema importância.”, explica Raquel Silvério, fisioterapeuta e diretora do Instituto Trata de Guarulhos. 

Quando a pessoa que tem essa síndrome e apresenta a irritação do nervo ciático, é comum o surgimento de intensa dor na nádega, dormência e sensação de queimação no membro inferior. 

Para confirmar o diagnóstico, normalmente o fisioterapeuta realiza alguns testes, assim é possível também descartar outras situações e verificar a gravidade, podendo então ser indicado o tratamento mais adequado. 

“A síndrome pode ser evitada através da realização regular de exercícios físicos, de fortalecimento, inclusive de musculatura profunda. Mas quando a patologia já se instalou, o tratamento conservador acaba sendo muito eficaz. Entre eles: fisioterapia para sair da crise aguda e exercícios para reequilibrar a força da musculatura da região do quadril. “comenta a fisioterapeuta. 

Abaixo, Silvério traz alguns dos sintomas mais comuns, fique de olho, essas estão relacionados com a compressão do nervo ciático pelo músculo piriforme e podem ser percebidos principalmente na região lombar, glúteos e coxa, sendo os principais:

  • Dor em forma de pontada e dor ao yoque na região glutea.
  • Sensação de queimação ou de formigamento no glúteo ou atrás da coxa;
  • A dor piora ao ficar sentado e cruzar a perna;
  • A primeira crise pode surgir na gravidez, devido ao aumento do peso e tamanho da barriga;
  • É comum a pessoa andar mancando durante uma crise ciática;
  • Podem estar presentes sintomas como fraqueza da perna, e sensação de dormência na nádega ou na perna.

Para saber mais sobre doenças, tratamentos, dicas, acesse: www.institutotrata.com.br

 

 

Raquel Silvério - fisioterapeuta (Crefito: 116746-F) e Diretora Clínica do Instituto Trata, Unidade de Guarulhos, a profissional possui especialização em fisioterapia músculo esquelética pela Santa Casa de São Paulo, além de formação em terapia manual ortopédica nos conceitos Maitland, Mulligan e Mckenzie e forte experiência em tratamentos da coluna vertebral. Acesse: www.institutotrata.com.br


Piercing oral precisa de cuidados redobrados, explicam dentistas

O acessório, quando colocado na boca, requer cuidados extras a fim de evitar inflamações ou doenças mais graves, como câncer    

 

De acordo com historiadores, o piercing remonta aos tempos antigos, quando as estruturas sociais eram representadas pelo uso de joias. Por exemplo, na Índia, o uso do piercing no septo e na ala do nariz representava as castas mais altas. Quanto aos Maias e Astecas, o piercing na língua distinguia os sacerdotes dos templos. Entretanto, odontólogos reforçam a importância do cuidado extra sob o risco de infecções mais graves na região oral.     

Nos anos mais recentes, os piercings na boca têm se tornado uma forma de expressão individual. Contudo, o acessório colocado na língua, lábios, freio superior ou bochechas pode trazer riscos maiores em relação aos aplicados na orelha, por exemplo. O coordenador do curso de Odontologia do UNINASSAU - Centro Universitário Maurício de Nassau Teresina, Sérgio Pires, ressalta que os procedimentos e a rotina pós-aplicação do piercing são decisivos para a boa cicatrização e saúde do paciente. “Antes de perfurar a região, a pessoa deve procurar um dentista. Os principais problemas conhecidos pelo uso do piercing bucal se deve tanto no momento da colocação como em razão do tipo de material utilizado. Podemos citar ainda os constantes atritos dos tecidos bucais, a dificuldade para a higienização adequada e o impedimento da mastigação de determinados alimentos como facilitadores de doenças mais graves, como infecções, inflamações e, em um nível mais grave, câncer na região”, comenta.    

A boca contém milhões de bactérias, motivo pelo qual a probabilidade de infeções depois de um piercing oral seja relativamente alta. Após a aplicação, o dentista Sérgio Pires alerta que a manipulação sem a devida higiene e a fricção do acessório contra os dentes podem danificar a estrutura dental. “É comum que as pessoas fiquem tentadas a ‘brincar’ com o piercing, promovendo atritos com os dentes, os prejudicando. Podem acontecer fraturas e, ao longo do tempo, abrem-se portas para entrada de bactérias. Isso está ligado também à má higiene bucal, quando o paciente não escova os dentes, línguas e bochechas. Piercings na boca precisam de cuidados redobrados. Então, as orientações são simples: lave bem as mãos para tocar no piercing; higienize de forma satisfatória a sua boca, tendo cuidado para não machucar o local do furo; e, não menos importante, visite um dentista a cada três meses, pelo menos”, finaliza o professor.     

Para evitar problemas indesejáveis, é importante seguir algumas etapas para prevenir infecções e demais complicações. São elas: higienização diária do piercing com detergente e álcool; escovação adequada dos dentes e região; realização de bochecho com solução antisséptica e redução dos movimentos com a língua e piercing durante fala e mastigação. Ao menor sinal de alterações, o dentista deve ser consultado. 


Imunoterapia e vacinas são novas opções no tratamento do câncer de mama, diz oncologista

O médico Ramon de Mello destaca pesquisas recentes e os novos métodos 

A imunoterapia e as vacinas abriram um novo horizonte para o tratamento do câncer de mama avançado. “Diante de um panorama preocupante, com 25% das pacientes apresentando taxa de sobrevida de cinco anos, ter novas abordagens para a doença vai contribuir para a melhoria da qualidade de vida delas”, afirma o médico oncologista Ramon Andrade de Mello, professor da disciplina de oncologia clínica do doutorado em medicina da Universidade Nove de Julho (UNINOVE), do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, e PhD em oncologia pela Universidade do Porto, Portugal. 

O câncer de mama lidera entre as doenças que mais afetam as mulheres no mundo. Apenas em 2018, 2,1 milhões novos casos foram diagnosticados ao redor do globo. “O diagnóstico inclui os tumores que já se espalharam para outros órgãos”, explica o oncologista. As metástases mais frequentes são registradas nos ossos (67% dos casos), fígado (40,8%) e as cadeias de linfonodos axilares (30% -- 50%).

“Os tratamentos tradicionais têm promovido poucos avanços na sobrevida e na cura da doença. Por outro lado, pesquisas com a imunoterapia para câncer de mama avançado, por meio do tratamento com células T, têm sido promissoras”, esclarece o oncologista. A técnica tem a coleta de células de defesa específicas diretamente da corrente sanguínea da paciente. Elas são levadas para o laboratório, onde há uma expansão in vitro dessas unidades. Em seguida, elas são reintroduzidas na paciente. “Ao voltarem para o organismo, essas células atacam as células cancerígenas”. 

Em 2018, um estudo realizado com camundongos, por meio de reintrodução de células T modificadas, registrou a redução do tumor em todos os animais em até quatro semanas. “Outras pesquisas apontam que a técnica CAR-T funciona em vários tipos de tumor”, esclarece Ramon de Mello.

 

Vacinas

As terapias com vacinas em câncer de mama avançando trazem progressos em comparação com os tratamentos convencionais. Um dos estudos mostra que, em 15 anos, a taxa de recorrência dos tumores entre as pacientes vacinadas foi de 12,5%, contra 60% daquelas que receberam o tratamento convencional e uma vacina placebo. “Uma outra pesquisa também concluiu que pacientes vacinadas tiveram, em cinco anos, uma sobrevida livre da doença de 14 pontos percentuais maior do que aquelas que receberam placebo”, detalha o pesquisador. 

Ramon de Mello ressalta que o diagnóstico precoce ainda é o melhor caminho para alcançar bons resultados no tratamento do câncer de mama: “Realizar os exames regulares e procurar o especialista sempre que notar alguma alteração no organismo são atitudes importantes no tratamento de qualquer tipo de câncer”.

 


Ramon Andrade de Mello - Pós-doutorado em Pesquisa Clínica no Royal Marsden NHS Foundation Trust (Inglaterra), Ramon Andrade de Mello tem doutorado (PhD) em Oncologia Molecular pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (Portugal). O médico tem título de especialista em Oncologia Clínica, Ministério da Saúde de Portugal e Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO). Dr. Ramon de Mello é oncologista do corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, e do Centro de Diagnóstico da Unimed, em Bauru, SP.  

Confira mais informações sobre o tema no site.

 

 30 de março é Dia Mundial do Transtorno Bipolar, uma das doenças com maior índice de suicídio

 

O dia 30 de março se tornou o Dia Mundial do Transtorno Bipolar em homenagem ao aniversário do pintor Vincent Van Gogh, que foi diagnosticado como possível portador do transtorno bipolar. Trata-se de uma doença mental que representa um desafio significativo para portadores, profissionais de saúde, familiares e comunidades. O objetivo do Dia Mundial do Transtorno Bipolar é chamar a consciência mundial para transtornos bipolares e eliminar o estigma social. 

De acordo com o Dr. Adiel Rios, Mestre em Psiquiatria pela UNIFESP e Pesquisador do Programa de Transtorno Bipolar do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (IpQ-HCFMUSP); o transtorno bipolar é altamente incapacitante e está associado à mortalidade prematura. Uma taxa mais alta de doenças cardiovasculares comórbidas e taxas de suicídio explicam em grande parte a expectativa de vida reduzida. 

A doença é crônica, caracterizada pela recorrência de episódios de mania/hipomania e depressão, com prevalência estimada na população em torno de 1 a 2,4%. As manifestações clínicas geralmente aparecem no final da adolescência e início da fase adulta, o que leva a grandes deficiências, redução da expectativa de vida e altas taxas de mortalidade. 

 

Como identificar

No episódio de mania, o portador apresenta um aumento da energia, euforia, uma alegria intensa e felicidade fora do normal. Também apresenta ideias de grandeza, superioridade ou elevada autoestima e autoconfiança excessiva, que pode atingir um grau fora da realidade. A pessoa pode apresentar também irritabilidade e impulsividade de forma exacerbada.  

“O pensamento fica acelerado, muitas ideias e projetos fluem simultaneamente ou numa sequência tão rápida que fica difícil entender sobre qual assunto a pessoa está falando”, diz o psiquiatra.  

Há diminuição da necessidade de sono, comportamento sexual excessivo, descontrole nos gastos e atitudes sem a percepção de sua inadequação. Fica agitado, eventualmente agressivo, distraído e totalmente desconcentrado. Segundo Adiel, a hipomania tem características similares ao de mania, mas os sintomas são mais brandos.  

Já o episódio de depressão se caracteriza por tristeza profunda, perda de interesse por tudo, pensamentos negativos (ideias de ruína, culpa, inutilidade, baixa autoestima) que podem ser intensos a ponto de configurar um delírio. Há modificações no sono: enquanto algumas pessoas têm insônia, outras apresentam hipersonia (dormem mais do que o habitual).  

Em relação ao apetite, pode haver aumento no consumo de alimentos como forma de aliviar a ansiedade. No entanto, a perda de apetite é mais comum neste quadro. Há também diminuição da libido, perda do prazer, fadiga excessiva e desinteresse por tudo. “A pessoa mal tem vontade de levantar da cama pela manhã ou não existe forças para realizar suas atividades básicas da vida diária”, ressalta o psiquiatra.  

A sequência de manifestação dos episódios maníacos/hipomaníacos e depressivos é variada, ou seja, não acontece, necessariamente, de forma alternada. Os eventos de hipomania e mania, assim como os de depressão, têm duração, em geral, de dias ou semanas.

 

Relação com suicídio

O transtorno bipolar é uma das doenças psiquiátricas com maior índice de suicídios, ao lado da depressão. Segundo a Associação Brasileira de Transtorno Bipolar, de 30% a 50% dos pacientes com o diagnóstico tentam o suicídio, sendo que cerca de 15% cometem o ato.  

No quadro agudo de euforia, a pessoa tem a sensação de que pode tudo, inclusive se colocar em situações de risco, podendo levar ao ato suicida. Já na depressão, a intensidade da angústia, da perda de interesse pela vida e dos pensamentos sempre negativos acaba chegando ao extremo do suicídio.  

“Por isso, no transtorno bipolar, detectar os sintomas e o risco de um quadro suicida é uma tarefa ainda mais complexa, pois tanto na fase depressiva quanto na euforia existe a possibilidade do paciente chegar ao ponto do suicídio”.

 

Diagnóstico

O diagnóstico costuma ser bastante difícil e pode demorar em média dez anos para ser estabelecido devido a tratamentos equivocados, ausência de comunicação entre os profissionais envolvidos, desconhecimento sobre como a doença se manifesta (seja pela falta de conhecimento como pela confusão dos seus sintomas com os de outros tipos de depressão), preconceito e autoestigmatização.  

O histórico do indivíduo é decisivo para o diagnóstico conclusivo, já que alterações de humor anteriores, episódios atuais ou passados de depressão, histórico familiar de perturbação do humor ou suicídio e ausência de resposta ao tratamento com antidepressivos alertam para o diagnóstico do transtorno bipolar. 

“A maioria dos pacientes não procura o psiquiatra na fase de hipomania, mas apenas quando entram em depressão. Se o diagnóstico não for exato, ou seja, se não houver uma maior investigação que aponte o transtorno bipolar, o uso de medicações antidepressivas, sem estabilização do humor, pode piorar o quadro”, pontua Adiel Rios.

 

Causas e tratamentos

Apesar de a doença se manifestar mais comumente no adulto jovem, ela pode acometer pessoas mais velhas, inclusive na terceira idade. Atinge ambos os sexos numa proporção semelhante e perdura a vida toda, ou seja, não tem cura, mas pode ser controlada.  

A causa exata do transtorno bipolar é desconhecida, mas estudos sugerem que o problema pode estar associado a alterações em certas áreas do cérebro e nos níveis de vários neurotransmissores, como noradrenalina, serotonina e dopamina. Esse desequilíbrio reflete uma base genética ou hereditária para o transtorno. Há também fatores ambientais/externos, conhecidos como epigenéticos, como o uso de substâncias psicoativas (anfetaminas, álcool e cocaína, por exemplo). 

O tratamento depende da fase da doença. De acordo com o psiquiatra, os quadros maníacos/hipomaníacos são tratados com estabilizadores do humor, como o lítio, anticonvulsivantes e antipsicóticos. Já nos quadros depressivos podem ser antidepressivos devidamente associadas com estabilizadores do humor e por curto período de tempo, para evitar a ocorrência de um quadro maníaco/hipomaníaco.  

“Os sintomas de depressão são a causa mais frequente de incapacidade, sendo que mais da metade dos pacientes em episódios depressivos não respondem adequadamente aos tratamentos disponíveis. Portanto, há uma necessidade urgente de tratamentos coadjuvantes, visando à remissão completa do transtorno, afirma Adiel Rios. 

Segundo a ABRATA, a adesão aos tratamentos tem como importância:

Redução das chances de recorrência de crises;

Controle da evolução do transtorno;

Redução das chances de suicídio;

Redução da intensidade de eventuais episódios;Promoção de uma vida mais saudável.

“O transtorno bipolar tem forte impacto na vida da pessoa e de seus familiares, comprometendo aspectos sociais, afetivos e profissionais. Na dúvida quanto à possibilidade de ser portador de transtorno bipolar, consulte o quanto antes um médico psiquiatra, que poderá fazer a avaliação dos sintomas, o diagnóstico e indicar o tratamento adequado”, finaliza o Dr. Adiel Rios.


Estudo revela a alta global de osteoartrite em 113.25%

Só no Brasil - cerca 12 milhões sofrem com a doença, o equivalente a 6,3% da população adulta
 

Um levantamento do Colégio Americano de Reumatologia, publicado na revista “Arthritis & Rheumatology”, revela um crescimento no número de casos de osteoartrite no mundo. Segundo o estudo, realizado com base em dados que cobrem o período entre 1990 e 2019, houve uma alta global de casos de 113.25% no período estudado: saltou de 247.5 milhões, em 1990, para quase 528 milhões em 2019.

O levantamento se baseou nas informações coletadas pelo consórcio conhecido como Global Burden Disease (Carga Global de Morbidade), que reúne 7 mil pesquisadores de mais de 150 países. De acordo com o levantamento, a doença afeta mais as mulheres que os homens, mas há diferenças geográficas: países com maior índice de desenvolvimento exibem uma incidência mais alta, o que pode estar relacionado a diagnósticos precoces.

O médico ortopedista Dr. Pedro Baches Jorge, explica que a osteoartrite é uma doença das articulações caracterizada por degeneração das cartilagens com inflamação e quando atinge os joelhos já é considerada um dos problemas que mais pesa no índice do Global Burden of Diseases, embora, percentualmente, a osteoartrite de quadril seja a que mais vem crescendo. “A doença está aumentando pelo aumento da expectativa de vida e pela falta de cuidados ao longo da vida ou por lesão por atividade física. Para reverter esse quadro é importante prevenir para não gastar a articulação e para estabilizar a evolução deste desgaste”, explica.

Para Baches, o tratamento clínico é baseado em 4 pilares: medicamentos que melhoram a condição da cartilagem articular, perda de peso para não sobrecarregar a articulação, atividade aeróbica para estimular a cartilagem e por fim, o fortalecimento muscular adequado. “Quando os qquatro pilates funcionam, conseguimos controlar a doença apenas clinicamente, e nos casos mais graves, há a opção da realização de infiltração com ácido hialurônico, que ajuda a lubrificar a cartilagem e melhorar o quadro de dor. Nos mais graves ainda a última opção é a cirurgia de prótese de joelho, na qual se troca a superfície do joelho e melhora a qualidade de vida, além de possibilitar o retorno às atividades normais e o fim da dor”, finaliza o médico.

Março Lilás: 10 mitos e verdades sobre câncer do colo do útero que você precisa ficar de olho

No mês de conscientização da doença, que tem como principal causa o HPV, é preciso combater a desinformação. Especialista comenta informações relevantes sobre o tema

 

Câncer do colo do útero é assunto sério, mas a boa notícia é que ele pode ser evitado quando alguns cuidados são colocados em prática, como a vacinação de meninas entre 9 e 14 anos e meninos entre 11 a 14 anos contra o HPV - doença que ocorre em quase 99% dos casos por causa do Papilomavírus Humano. 

Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) é estimado que durante o triênio 2020/2022 hajam 16.590 casos de câncer do colo do útero no Brasil ao ano. De acordo com a Dra. Larissa Gomes, oncologista da Oncoclínicas São Paulo, as lesões pré malignas podem ser diagnosticadas precocemente evitando o aumento dos casos de neoplasia em si. 

"O câncer do colo do útero é o terceiro tipo de câncer que mais afeta as mulheres no Brasil, em algumas regiões chega a ser o segundo. O exame Papanicolau, por exemplo, é uma maneira de identificar as lesões pré-malignas antecipadamente. O diagnóstico precoce é fundamental para que possamos agir o mais rápido possível para evitar o diagnóstico em estágios mais avançados.", comenta. 

Mas, mesmo com as mais diversas informações sobre a doença, é preciso ficar de olho quanto às fake news, que podem atrapalhar no entendimento do câncer do colo do útero e influenciar negativamente no diagnóstico precoce. Abaixo, a Dra. Larissa Gomes lista quais são os principais mitos e verdades sobre o tema:

 

Qualquer mulher ativa sexualmente pode ter HPV 

Verdade. Qualquer mulher que tiver relações sexuais pode ser exposta ao vírus. Apesar do HPV ser um vírus autolimitado - no qual a infecção é resolvida até os 30 anos - é estimado que 8 em cada 10 mulheres tenham contato com o vírus alguma vez em suas vidas, porém a grande maioria devido a sua imunidade consegue combater a infecção sem desenvolver uma doença ou lesão.

 

O câncer do colo do útero não é prevenível 

Mito! O câncer do colo do útero é uma doença que pode ser prevenida através do rastreamento e diagnóstico precoce com a rotina ginecológica/Papanicolau ou através da vacinação contra o papilomavírus humano - HPV, protegendo assim contra os seus subtipos de alto risco (16 e 18).

 

Toda mulher com HPV terá câncer do colo do útero 

Mito! Pelo HPV promover uma infecção autolimitada, menos de 10% das mulheres irão desenvolver de fato o câncer do colo do útero. Aquelas pacientes que apresentam algum grau de comprometimento de sua imunidade como por exemplo, portadora do HIV, transplantadas ou sob tratamento que afetam a sua defesa podem facilitar a reprodução do vírus. Por isso, mais uma vez, a vacinação contra o HPV se faz essencial.

 

O Papanicolau é uma maneira de identificar o câncer do colo do útero 

Verdade. O exame, realizado dos 25 aos 64 anos de idade (anualmente e depois a cada três anos) é uma maneira de identificar lesões pré-malignas ou de realizar um diagnóstico precoce, ou seja, em estádio inicial. É importante ressaltar que a rotina ginecológica deve ser realizada mesmo se a mulher já for vacinada.

 

Os sinais da doença podem demorar para aparecer 

Verdade. Na maioria dos casos, o câncer do colo do útero é assintomático, mas pode ser possível notar dor na relação sexual ou sangramento ou, ainda, secreção vaginal com odor, quantidade ou aspecto diferente do usual. Quando a doença está avançada, a paciente pode apresentar dores mais intensas em região pélvica, alterações urinárias ou intestinais, perda de peso não justificada ou dores nas pernas e costas, ou cansaço extremo relacionado a perda sanguínea (anemia).

 

Usar preservativos impede a transmissão do HPV 

Mito. O vírus pode ser transmitido através de outras regiões da genitália, uma vez que também estão expostas durante a relação sexual. É estimado que a camisinha consiga proteger em até 70% o contágio do HPV. Além disso, vale ressaltar que o uso de preservativos pode evitar outras doenças sexualmente transmissíveis, por isso seu uso é fundamental. Vale frisar que a vacinação contra o HPV é capaz de proteger contra lesões pré malignas e neoplasias de colo uterino, vulva, vagina, ânus e cabeça e pescoço.

 

Mulheres jovens não precisam se preocupar com o câncer do colo do útero 

Mito! Apesar da maioria dos casos ocorrer após os 40 anos, é importante ressaltar que ele pode acontecer em qualquer idade e por este motivo, é recomendado que se faça o exame do Papanicolau a partir dos 25 anos ou quando a mulher começa a ter relações sexuais. Devido a falta de aderência a vacinação e aos exames ginecológicos de rotina vemos um aumento dos casos em paciente jovens, o que mais uma vez nos mostra que a prevenção é fundamental desde cedo.

 

Sangramento durante a menopausa pode ser um sintoma de câncer do colo do útero 

Verdade. O sintoma deve ser avaliado por um especialista, pois pode ter outras causas relacionadas, sendo o câncer do colo do útero uma delas.

 

Quem toma a vacina contra HPV não precisa usar camisinha 

Mito! A vacina contra o HPV não protege contra os mais de 150 subtipos do vírus, mas previne contra os tipos 16 e 18, que causam mais de 70% dos casos de câncer do colo do útero. É fundamental utilizar preservativos para evitar não só o HPV, mas também outras doenças sexualmente transmissíveis, além da realização periódica de exames preventivos.

 

Menos de 10% das mulheres infectadas pelo HPV podem desenvolver câncer do colo do útero 

Verdade. Apesar do HPV nem sempre evoluir para o câncer do colo do útero, é fundamental marcar consultas periodicamente com o ginecologista para acompanhamento. Por isso, é importante ter atenção e cautela.


Entenda o que é o aneurisma de aorta e os riscos da doença

Tabagismo, hipertensão e doenças congênitas são os principais fatores de risco

 

A aorta é a maior artéria do corpo humano, ela garante que o sangue bombeado pelo coração seja direcionado para o resto do corpo. Pense que para que o fluxo sanguíneo ocorra normalmente pelo corpo, é necessário que haja uma resistência das veias e artérias, senão, ele acumularia em determinadas regiões. Um exemplo seria a forma como a água que corre pelo encanamento das casas. 

Conhecida como aneurisma de aorta, essa doença é caracterizada justamente  pelo enfraquecimento e alargamento das paredes das artérias, permitindo que aconteçam acúmulos na região. Além disso, o evento mais complexo dessa condição é a ruptura da artéria afetada, causando uma hemorragia interna. Nesses casos, a taxa de mortalidade pode chegar a 97%.

Abaixo, o  médico especializado em cirurgia vascular do Hospital Nove de Julho, Dr. Carlos André Vieira, responde cinco perguntas sobre o aneurisma de aorta. Confira: 

 

  1. Qual é a idade mais comum para o aneurisma de aorta aparecer?

R: Essa enfermidade atinge, principalmente, homens acima de 65 anos que fumam. A condição é relativamente frequente em adultos com idade superior a 50 anos, sendo uma estimativa de 4 a 7% no sexo masculino, e 1 no feminino. 

Vale ressaltar que o aneurisma de aorta é a 10ª causa de mortalidade em homens acima de 55 anos.


  1. Em quais regiões do corpo é possível encontrar essa doença? 

R: O aneurisma de aorta é definido de acordo com a localização dele no corpo, se dividindo entre a região abdominal e torácica. Os casos da condição afeta mais a área abdominal, do que o tórax, embora as chances de ruptura do segundo tipo sejam maiores. 

As duas categorias apresentam diferentes formações. Desta forma, elas mostram distinções estruturais em sua parede, no qual acredita-se que seja uma das causas da maior incidência de aneurismas abdominais. Já os aneurismas de aorta torácica são menos comuns, porém, costumam ser identificados acidentalmente na realização de exames, como: radiografia ou tomografia de tórax. 


  1. Como é o tratamento dessa enfermidade? 

R: Na maioria das vezes, como se trata de uma condição assintomática, é essencial que o diagnóstico seja facilitado para que haja uma forma prática de identificar a doença. Porém, nos dias de hoje, em que a medicina baseada em evidência entrou em destaque, ainda não se tem uma resposta precisa de como rastrear essa doença de forma prática na população. 

Um estudo publicado pelo The Journal Of Vascular Surgery, diz que existe uma recomendação para diminuir a taxa de mortalidade da doença. Trata-se da realização de uma ultrassonografia abdominal, ao menos uma vez na vida, por homens acima de 65 anos. Com esse exame é possível checar se ocorreu alguma alteração nas paredes da artéria. 


  1. Quais são os principais riscos do aneurisma de aorta?

R: Um dos riscos mais comuns do aneurisma de aorta é o tabagismo, somado a hipertensão, insuficiência renal, aterosclerose, doenças congênitas do tecido conjuntivo como Síndrome de Marfan, alguns tipos de infeção (aneurismas micóticos) e enfermidades inflamatórias nas paredes dos vasos sanguíneos.  É preciso alertar que homens acima de 80 anos são os mais vulneráveis. 

O tabagismo é o principal fator de risco associado à formação do aneurisma da aorta abdominal. Embora as pessoas fiquem anos sem fumar, existem efeitos que permanecem no corpo por muitos anos e continuam fazendo com que a artéria enfraqueça. Vários estudos inferem que alguma infecção viral ou bacteriana possa ser o gatilho para o início da doença. 

Nesta condição, o maior risco é a ruptura, porém, existem outras preocupações também. Como se trata de uma dilatação na artéria, acontece uma mudança na velocidade e direcionamento do fluxo sanguíneo, fazendo com que, frequentemente, tenha trombos nas paredes arteriais, que podem obstruir a passagem do sangue. Estes são conhecidos como tromboses arteriais, causando dor aguda na região e até casos de amputação. 

Por último, outro ponto importante, é como definir a probabilidade de acontecer uma ruptura na artéria. Ela está diretamente relacionada com o seu tamanho, aqueles com menos de 5 cm têm chance menor que 1%, enquanto aqueles com seis centímetros apresentam chance de cerca de 10% de romper o vaso sanguíneo a cada ano. Diâmetros maiores aumentam muito mais essa probabilidade. 


  1. Quanto aos tratamentos, quais são eles e como podem ser realizados? 

R: O tratamento é realizado principalmente por meio de cirurgias que desviam o fluxo sanguíneo das artérias dilatadas , sem a necessidade de cortes e de forma indolor. Hoje, com a tecnologia e a presença de dispositivos cada vez mais adaptados à anatomia de cada paciente, é possível observar que a taxa de mortalidade operatória não ultrapassa 0,5%. Assim, os riscos de não fazer a cirurgia são muito maiores. 

Nem todos os aneurismas devem ser operados, porque não são todos que apresentam risco de romper. É importante considerar o tamanho e a presença ou não de sintomas. Os pacientes com a doença devem ficar atentos para corrigir fatores de risco e acompanhar o crescimento com exames de imagem como ultrassonografia ou tomografia.

A operação não deve ser considerada cura da doença, mas sim de controle, pois pode haver casos de progressão, principalmente para aqueles que não mudaram o estilo de vida. O tratamento reduz drasticamente o risco de ruptura, mas, não necessariamente, o elimina. 


 

Dr. Carlos André Pereira Vieira - É médico com 15 anos de experiência (2007). Graduação em medicina pela Universidade Federal do Espírito Santo (2002-2007), fez residência médica em Cirurgia Geral pela Irmandade Santa Casa de São Paulo (2008-2010) e residência em Cirurgia Vascular no Hospital do Servidor Público Estadual (IAMSPE) 2010-2012. Possui Título de Especialista pela SBACV em 2013. Foi médico titular em cirurgia vascular no Hospital Paulistano de 2012 a 2019. Atualmente, é médico titular no principal hospital do Grupo DASA em São Paulo (Hospital Nove de Julho). Atua em consultório próprio na realização de exames e consultas na Av. Paulista, 91, conj. 307.

 

Técnica inovadora resgata mobilidade e melhora funções fisiológicas em pacientes com lesão medular


Um grupo com pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), da Universidade de Toronto (Canadá), em parceria com a ONG Associação de Ensino, Pesquisa e Assistência à Saúde (AEPAS) e com a Clínica de Reabilitação Increasing, publicaram os resultados, após quase dez anos de estudo, de uma técnica cirúrgica inovadora para reabilitação de pacientes com lesão medular. 

A técnica, conhecida como Possover-LION, consiste na implantação de eletrodos sobre nervos da região pélvica (ciático e femoral) em pessoas com paraplegia e tetraplegia. A partir da estimulação elétrica programada desses nervos, associada a um programa de reabilitação específico, foi possível a melhora significativa de diferentes funções fisiológicas, como controle urinário, controle gastrointestinal, recuperação da sensibilidade tátil e controle motor. Três meses após a cirurgia, a maioria dos pacientes com paraplegia já conseguia se levantar e iniciar o treino de marcha em barras paralelas, mesmo tendo sofrido uma lesão motora completa. 

Os resultados desse estudo foram publicados na revista médica Neuromodulation. “Esta revista tem um grande impacto na sociedade médica e esperamos com esta publicação disseminar a importância deste procedimento para auxiliar na reabilitação de pessoas com lesão medular”, afirma o pesquisador Nucelio Lemos (Universidade de Toronto, Departamento de Ginecologia da Unifesp, Increasing e AEPAS), médico responsável pela publicação e por trazer a técnica cirúrgica da Suíça para o Brasil em 2014.

 

Impacto na mobilidade - Para avaliar a mobilidade dos pacientes foram utilizadas duas escalas: a WISCI II (Walking Index for Spinal Cord Injury) e a MAsTER (Mobility Assessment Tool for Evaluation of Rehabilitation). A escala WISCI II é muito utilizada. “Porém, percebemos que nossos pacientes apresentavam evoluções importantíssimas com a melhora na mudança de posição - rolar, transferir etc., que não eram contempladas nesta escala. Para isso aplicamos a escala MAsTER, que considera a dependência de terceiros para realizar as mudanças de posição e também inclui toda a evolução desde as melhoras na transferência como no ortostatismo [capacidade de ficar em pé, a posição ereta do corpo] e na marcha”, explica Lemos, responsável pelo projeto. 

Com esse resultado os pacientes podem tornar-se menos dependentes da cadeira de rodas para caminhar distâncias curtas, especialmente em casa. Eles também se tornam progressivamente menos dependentes de ambientes adaptados -- por exemplo, passam a ser capazes de se levantar e pegar objetos de prateleiras ou entrar em um chuveiro não adaptado e se sentar em uma cadeira padrão para tomar banho. 

Após um ano de acompanhamento, 18 de 25 (72%) dos pacientes com lesão torácica e 3 de 5 (60%) pacientes com lesão cervical conseguiram estabelecer uma marcha assistida por andador.
 

Impacto na função urinária - A função urinária foi avaliada através de quatro ferramentas: uma escala de incontinência urinária geral, outra escala de perdas urinárias durante o sono, um questionário de qualidade de vida urinária validado e o estudo urodinâmico. 

O que se observou foi que 47,8% dos pacientes melhoraram sua categoria de incontinência urinária, ou seja, passaram a apresentar menos episódios de incontinência, e 52,2% permaneceram inalterados; nenhum piorou. As perdas noturnas melhoraram em 30,4% dos pacientes.
 

Impacto na função intestinal - A função intestinal foi avaliada através do tempo que o paciente demorava para evacuar e também por meio da aplicação de um questionário de avaliação de incontinência fecal (escape de fezes). 

A evolução encontrada na função intestinal foi mais evidente. Usando a escala de incontinência, a capacidade de controle do intestino, em 12 meses, foi em média 9 vezes maior em comparação com o controle intestinal antes da cirurgia. No pré-operatório, 52% (dos pacientes necessitaram de mais de 30 minutos para realizar sua evacuação e no seguimento, 65% dos pacientes reduziram para menos de 30 minutos sua rotina intestinal).
 

Impacto na função sexual - Os pacientes preencheram questionários de função sexual, que mostrou uma tendência à melhora da ereção em pacientes do sexo masculino. Além disso, 71%, de ambos os sexos, afirmaram terem apresentado melhora na sensibilidade na região genital.

O grupo de pesquisadores também disponibilizou um vídeo sobre o trabalho, disponível neste link.

Além de continuar as avaliações clínicas, atualmente já está em curso outros projetos derivados desse estudo. Em dois deles os pesquisadores Jean Faber (Departamento de Neurologia e Neurocirurgia da Unifesp), Gustavo Fernandes (Increasing e AEPAS) e Nucelio Lemos (Universidade de Toronto, Unifesp, Increasing e AEPAS), e colaboradores, estão quantificando as mudanças da atividade cortical promovidas pelo processo de neuromodulação e reabilitação. A ideia é entender melhor os mecanismos fisiológicos envolvidos nesse processo e propor índices quantitativos que avaliem as mudanças neurofisiológicas dos pacientes e promova um melhor prognóstico sobre evolução dos pacientes com a técnica.


Março Azul reforça importância do diagnóstico precoce contra o câncer colorretal

  Apesar do tumor ser mais comum a partir dos 50 anos, estudos mostram que diagnóstico cresce anualmente nos mais jovens; Especialistas alertam sobre maneiras de prevenir a doença e cuidados para adotar no dia a dia

 

O câncer colorretal está em segundo lugar no ranking dos tumores malignos mais frequentes, além de ser um dos que mais mata no país, tanto para os homens, quanto para as mulheres. Esse alerta para a sociedade em geral ganha um reforço neste mês, que marca a campanha Março Azul, voltada à promoção do cuidado e à prevenção da condição em todo o mundo. 

O tumor colorretal se desenvolve no intestino grosso: no cólon ou em sua porção final, o reto. O principal tipo de tumor colorretal é o adenocarcinoma e, em 90% dos casos, ele se origina a partir de pólipos na região que, se não identificados e tratados, podem sofrer alterações ao longo dos anos, podendo se tornar o câncer. A principal forma de diagnóstico e prevenção é através do rastreamento do exame de colonoscopia, em que um aparelho chamado colonoscópio, que conta com uma câmera na ponta, é introduzido no intestino e faz imagens que revelam se há presença de possíveis alterações. No Brasil, o Ministério da Saúde recomenda iniciar o rastreio do câncer de cólon e reto da população adulta de risco baixo na faixa etária de 50 anos. 

“Grande parte dos tumores de intestino aparecem a partir dos chamados pólipos, que são lesões benignas que crescem na parede interna do órgão, mas que se não identificadas preventivamente podem evoluir e se tornarem malignas com o passar do tempo. Após os 50 anos de idade, a chance de apresentar pólipos aumenta, ficando entre 18% e 36%, o que consequentemente representa um aumento no risco de tumores malignos decorrentes da condição a partir dessa fase da vida e, por isso, ela foi estabelecida como critério para início do rastreio ativo”, explica a oncologista Renata D’Alpino, líder da especialidade de tumores gastrointestinais do Grupo Oncoclínicas. 

Ela lembra que pessoas com histórico pessoal de pólipos ou de doença inflamatória intestinal, como retocolite ulcerativa e doença de Crohn, bem como registros familiares de câncer colorretal em um ou mais parentes de primeiro grau, principalmente se diagnosticado antes de 45 anos, devem ter atenção redobrada e realizar controles periódicos antes da idade base indicada para a população em geral. 

Caso o câncer colorretal seja diagnosticado, o especialista irá avaliar através de exames o estádio do tumor e classificá-lo, indicando se há ou não o comprometimento de outros órgãos. 

  • Estádio I -- tumor confinado às partes mais superficiais do intestino, tais como a mucosa, submucosa ou a camada muscular do cólon ou do reto e sem comprometimento dos linfonodos regionais (gânglios);
  • Estádio II -- tumor confinado à serosa que reveste o cólon ou reto ou que atinge órgãos vizinhos, mas sem comprometimento dos linfonodos regionais;
  • Estádio III -- tumor que compromete os linfonodos próximos ao cólon ou reto, independente de sua extensão local;
  • Estádio IV -- tumor que compromete órgãos à distância (metástases).

Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer colorretal é o segundo mais frequente entre os homens, logo após o de próstata, e o segundo mais incidente nas mulheres, perdendo apenas para o câncer de mama. O órgão estima ainda que no triênio 2020-2022 haja 20.520 casos da doença em homens e 20.470 em mulheres a cada ano. A neoplasia está na lista dos três tipos de câncer que mais atingem os brasileiros, causando aproximadamente 20.578 óbitos em 2020. 

Ainda assim, a médica afirma que há muitos tabus que cercam o rastreio preventivo do câncer colorretal, o que contribui para a baixa adesão ao controle precoce da doença mesmo entre pessoas que fazem parte do grupo com risco aumentado. “Muitas vezes, o tumor só é descoberto tardiamente, diante de sintomas mais severos, como anemia; constipação ou diarreia sem causas aparentes; fraqueza; gases e cólicas abdominais; e emagrecimento. Apesar do sangue nas fezes ser um indício inicial de que algo não vai bem na saúde, muitas pessoas costumam creditar essa ocorrência a outras causas convencionais, como hemorróidas, e acabam postergando a busca por aconselhamento médico e a realização de exames específicos. Isso faz com que muitas pessoas só descubram o câncer em estágios avançados", diz. 

Para o c, a prevenção primária e secundária à doença devem ser amplamente estimuladas. “A primária são mudanças nos hábitos alimentares e de vida, como investir alimentos com mais fibras e laticínios e evitando carnes vermelhas e processadas. Essas mudanças de estilo de vida consistem ainda em combater a obesidade, praticar atividades físicas regularmente e evitar o tabagismo e consumo de bebidas alcoólicas”, explica. 

Já a prevenção secundária se baseia em exames que avaliam a presença de sangue oculto nas fezes e de imagem, com destaque para a colonoscopia - principal ferramenta para identificar o câncer colorretal. Apesar de simples, a realização da colonoscopia, contudo, ainda é observada como um tabu a ser vencido, assim como negligenciar sintomas por receio de buscar ajuda. "Esse procedimento é capaz de identificar problemas mais graves e silenciosos, como o caso do câncer, além da doença de Crohn e retocolite ulcerativa. Por isso, é fundamental que informações de qualidade sejam transmitidas à sociedade com o objetivo de conscientizar sobre a importância da colonoscopia e, principalmente, alertar que o exame pode salvar vidas", complementa.
 

Impactos da pandemia 

Durante a pandemia houveram impactos diretos no volume de realização de colonoscopias no país, o que pode de fato trazer desdobramentos preocupantes na luta contra o câncer. 

“Apesar de simples, esse exame requer preparo prévio e por ser considerado invasivo, teria alto risco de contaminação. Por isso, em um primeiro momento, sua realização sofreu os impactos das incertezas trazidas pela covid-19, especialmente nos primeiros meses de 2020, quando muitos centros hospitalares e de medicina diagnóstica precisaram se reorganizar para garantir fluxos seguros para pacientes. Temos relatos de serviços que fecharam completamente durante a primeira onda de contaminações pelo vírus e outros tantos que cancelaram por um período esse tipo de procedimento. Com isso, certamente veremos em breve como consequência o crescimento nos casos de tumores descobertos em fase avançada, quando a chance de cura se torna consideravelmente reduzida”, frisa Renata. 

A percepção apontada pela oncologista é reforçada por dados oficiais: do início da pandemia de covid-19 no país até o início de 2021, ao menos 70 mil brasileiros deixaram de ser diagnosticados com câncer no Brasil, segundo as Sociedades Brasileiras de Patologia e de Cirurgia Oncológica (SBP e SBCO). E mesmo com o constante alerta das autoridades de saúde e entidades voltadas à conscientização sobre o diagnóstico precoce como a melhor forma de garantir tratamentos menos invasivos e mais eficazes para a sobrevida dos pacientes, o agravamento do quadro do câncer é uma preocupação global e exames de rotina não deveriam ser deixados em segundo plano.

 

A importância do tratamento precoce 

Felizmente, o câncer colorretal possui altas chances de cura na grande maioria dos casos. No entanto, é muito importante que a doença seja diagnosticada o quanto antes através dos exames de rotina, aumentando o sucesso do tratamento. 

"O câncer colorretal pode ser evitado ainda na fase pré-cancerosa, ou seja, através da retirada dos pólipos intestinais por colonoscopia. Com o procedimento, é possível fazer com que o aparecimento do câncer não aconteça", explica Rodrigo Felipe. 

Quando o câncer colorretal é diagnosticado de fato, existem dois tipos de tratamentos que podem ser realizados. São eles:

  • Tratamentos locais (cirurgia, radioterapia, embolização e ablação): agem diretamente no tumor primário ou em metástases isoladas, sem afetar o restante do corpo. Portanto, podem ser indicados tanto nos casos iniciais quanto nas fases mais avançadas da doença.
  • Tratamentos sistêmicos (quimioterapia, imunoterapia ou terapias-alvo): Podem ser realizados por drogas orais (comprimidos) ou endovenosas (na veia), aplicando diretamente na corrente sanguínea. Também podem ser indicados tanto nos casos precoces quanto avançados da doença
     

Incidência cresce entre jovens adultos 

Para Renata, outro ponto de grande relevância no combate ao câncer colorretal é o estabelecimento de uma recomendação mais clara para triagem de casos assintomáticos, quando não há sinais de sintomas clássicos que podem levantar suspeitas - caso de sangramentos corriqueiros visíveis nas fezes - entre a porção da população com menos de 50 anos. Entre as ações possíveis, ela destaca uma iniciativa liderada pela US Preventive Services Task Force que considera que testes menos invasivos poderiam ser iniciados precocemente e repetidos com intervalos menores em comparação à colonoscopia. Além disso, prevê mudar a idade de rastreamento para os 45 anos, devendo ser repetido a cada 5 anos em caso de resultados normais, como já vem sendo sugerido desde 2019 pela American Cancer Society (ACS). 

“Nos EUA o debate sobre uma possível mudança de protocolo, passando a adotar a idade de 45 anos como recomendada para o início do rastreio periódico, está sendo baseada na avaliação de centenas de levantamentos e ensaios clínicos que levam em conta o perfil de pessoas assintomáticas na faixa etária acima dos 40 anos. Uma forma possível de ampliar as chances de prevenção seria a indicação de pesquisa das fezes, por meio de testes imunoquímicos e testes de sangue oculto fecais em pessoas mais jovens e que não apresentam mudanças de saúde perceptíveis. De acordo com os resultados, havendo achados suspeitos, a colonoscopia seria então realizada”, ressalta a especialista da Oncoclínicas. 

Um dos estudos científicos que embasam a argumentação foi publicado no Journal of the National Cancer Institute e realizado nos Estados Unidos de 1974 até 2014. A análise mostrou que nas pessoas entre 20 a 39 anos de idade, por exemplo, o número de casos novos de câncer de intestino vem crescendo anualmente, entre 1% e 2,4%, desde a década de 1980. Já os casos de câncer de reto, nas pessoas entre 20 e 29 anos de idade, tiveram um aumento anual médio de aproximadamente 3,2%, desde 1974. 

“Na maioria dos casos, a doença pode ser causada por hábitos de vida pouco saudáveis, como o consumo de alimentos ultraprocessados, aumento da taxa de sedentarismo, ingestão excessiva de bebidas alcoólicas e tabagismo. Vale lembrar que a predisposição genética também é considerada um risco, mas não podemos esquecer de outros fatores relevantes. Por isso, é fundamental investir em uma dieta rica em fibras, menor ingesta de carnes vermelhas e a prática de exercícios físicos regulares, assim como uma boa alimentação. Esses cuidados podem não só auxiliar na prevenção do câncer colorretal como no crescimento dos casos de câncer como um todo", finaliza Rodrigo Felipe.

 

Março Azul 

A campanha Março Azul, que já é feita na Europa e nos Estados Unidos, chegou nos últimos anos ao Brasil por iniciativa da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (Sobed). A campanha conta com o apoio da Associação Médica Brasileira (AMB), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e de outras entidades. O objetivo é mobilizar e conscientizar a população e os profissionais de saúde a respeito dos riscos do câncer colorretal. Com a votação completa no Congresso Nacional e com a sanção da Presidência da República, ocorrida em fevereiro de 2022, essa campanha passou a ser prevista em lei, estabelecendo março como o Mês de Conscientização sobre o Câncer de Cólon e Reto (PL 5.024/2019).


Endometriose: revisão de protocolos muda forma de diagnosticar problema que atinge 30% de mulheres com dificuldade de engravidar

Ginecologista da Origen explica importância do trabalho conduzido pela Sociedade Europeia de Reprodução Assistida

 

A Sociedade Europeia de Reprodução Assistida (ESHRE) acaba de revisar os protocolos de diagnóstico e tratamento para endometriose – uma das condições mais associadas à infertilidade feminina, chegando a ser diagnosticada em mais de 30% das pacientes que não conseguem engravidar e buscam avaliação médica. O objetivo da revisão é contribuir com sugestões e novos achados sobre como tratar o problema, até hoje sem causas bem estabelecidas. 

De acordo com o médico ginecologista da clínica Origen, Rodrigo Hurtado, professor do Departamento de Ginecologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), não se sabe ainda se a endometriose é fruto de uma questão genética, imunológica, metaplásica ou correlacionada a outras doenças – fato é que ela é hormônio dependente: sua atividade responde à produção do estrogênio, hormônio feminino mais prevalente entre a primeira menstruação e a menopausa. 

Duas revisões interessantes no guia 2022 dizem respeito ao diagnóstico da endometriose: uma delas abrange dois grupos de mulheres cujas faixas etárias não eram previstas antes - meninas que ainda não menstruaram e mulheres pós-menopausa. “Essa abrangência trazida agora é interessante, pois leva o médico a ter um olhar mais ampliado do problema, que pode aparecer mais cedo do que imaginávamos e persistir pós período fértil, afinal, esta é uma doença que impacta a vida da mulher desde sempre”, diz o médico. No caso das meninas jovens ele avalia que a nova diretriz é importante, uma vez que o atraso no diagnóstico e início de tratamento pode chegar a 12 anos – um tempo, segundo ele, inadmissível do ponto de vista de saúde pública.

A segunda mudança no protocolo diz respeito ao diagnóstico e tratamento inicial: antes, se havia suspeita de endometriose, eram solicitados obrigatoriamente exames de ultrassom e sangue, e, na sequência, laparoscopia e biópsia. “Esta linha de raciocínio deixou de ser o chamado “padrão ouro”. Se a paciente tem sintomas muito significativos – dor pélvica, menstruação dolorosa e, em casos mais graves, dificuldade em engravidar, já iniciamos o tratamento imediato. Se respondeu bem, assume-se que é endometriose. Se não responde, aí parte-se para uma investigação mais detalhada”, comenta Hurtado.   

A primeira edição do guia para endometriose foi feita em 2005, teve uma revisão em 2014, e a versão mais atual, de 2022. “Esse aglomerado de informações técnicas é importante para orientar médicos do mundo todo sobre como tratar a endometriose e traz novas evidências. Propõe também linhas de pesquisa que podem ser exploradas nos centros científicos para, cada vez mais, entendermos a endometriose e adotarmos procedimentos mais bem direcionados e assertivos”, diz. 

Segundo Hurtado, desde o início da publicação do guia – há 17 anos – tentou-se agrupar mulheres com padrão similar de ocorrência da endometriose, mas o formato não trouxe grande impacto positivo. “O que sempre vemos é um agrupamento de pacientes com sintomas que sugerem o problema - a endometriose não deveria ter uma sistematização de sintomas e sim, individualização do tratamento para cada mulher. É como a febre: um achado clínico que pode indicar várias doenças e infecções.”

 

Tratamentos – Para tratar a endometriose, inicia-se com o bloqueio do hormônio estrogênio, fisiologicamente ativo, por meio de anticoncepcional. A segunda linha é tratar a dor pélvica, geralmente com analgésicos e anti-inflamatórios, de acordo com a intensidade e a localização da dor. “Se as queixas da paciente vêm acrescidas da dificuldade de engravidar, aí partimos para a reprodução assistida (RA). Na Origen, trabalhamos sob duas óticas: “menor acometimento por endometriose, é possível adotar a inseminação artificial; maior acometimento, fertilização in vitro passa a ser a melhor opção”, esclarece.

Para mulheres já diagnosticadas, sem filhos e que querem ser mães, Rodrigo Hurtado alerta para a importância de se buscar informações. “Muitos ginecologistas tratam as mulheres do ponto de vista hormonal, da dor e cirurgicamente. Alerto para uma questão delicada, mas real: a possibilidade de ter a reserva ovariana diminuída pela operação de endometriose. Cirurgia ovariana, por mais cuidadosa que seja, interfere diretamente na reserva da mulher, que fica menor do que era antes. Lembrando que a mulher nasce com essa reserva ovariana já pré-estabelecida e, com o passar dos anos, sua taxa de óvulos vai declinando, pelo número de menstruações e pela idade.Deve-se sempre, antes da cirurgia, oferecer a opção de congelamento de óvulos ou embriões”.


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