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quarta-feira, 14 de abril de 2021

Chocolate pode ser um aliado da saúde vascular

Especialista comenta os benefícios e malefícios de um dos doces mais queridos do Brasil


O chocolate é um alimento rico em carboidrato e gordura, em maior ou menor quantidade, dependendo do tipo. Ele fornece grande quantidade de energia, além de proporcionar sensação de bem-estar pela ingestão do açúcar. Por possuir cacau em sua composição, é rico em flavonóides, um antioxidante potente que auxilia em nossa saúde vascular.

 

Esses antioxidantes potentes possuem ação benéfica comprovada para a circulação do nosso corpo, mas isso não significa que comer chocolate aos montes seja benéfico. “Por ser rico em açúcar e gordura, ele também eleva o risco de diabetes mellitus e aumenta os níveis de colesterol ruim (LDL)”, conta a cirurgiã vascular, Fátima El Hajj.

 

Por conta disso, o indicado para ser consumido ao dia são no máximo 30g, mas isso vale apenas para pacientes que não possuem nenhuma restrição dietética. Além disso, não são todos os chocolates que são recomentados, pois a proporção de açúcar, chocolate e leite varia de acordo com o tipo.

Para quem não é fã do doce mais apreciado no mundo“,

 

alimentos como café, frutas vermelhas e alimentos cítricos ricos em vitamina C também possuem benefícios para a nossa saúde vascular”, finaliza a médica.

Conheça abaixo os tipos de chocolate e suas composições: -

 

-Chocolate ao leite: Não apresenta uma quantidade significativa de cacau e é rico em gordura e açúcar. Esses são inimigos da saúde vascular, pois estão relacionados com a obesidade e a diabetes mellitus. 

 

-Chocolate branco: Similar ao chocolate ao leite, com o agravante de não conter nenhum resquício de cacau em sua composição, ou seja, pode ser produzido apenas com óleos vegetais hidrogenados, cujo consumo resulta no aumento dos níveis do mau colesterol (LDL). 

 

-Chocolate amargo: As opções 70% de cacau são as mais saudáveis! O cacau atua na redução dos riscos de doenças vasculares, redução do mau colesterol (LDL) entre outros benefícios ao organismo. 

 

-Chocolate meio amargo: Geralmente com 40% de cacau, essa opção tem mais açúcar que a versão amarga, mas também traz benefícios antioxidantes. Aposte nas versões com avelã, nozes ou castanhas, que fornecem vitaminas e minerais importantes, que têm ação antioxidante e melhoram a circulação sanguínea. 


COVID-19 em gestantes: Nova ferramenta laboratorial pode ajudar na detecção precoce do vírus e diminuir o tempo das pacientes no hospital

 Considerado um dos maiores grupos de risco, gestantes precisam de diagnóstico preciso e acompanhamento médico para evitar possível progressão da doença

 

A disseminação do novo coronavírus continua alta no Brasil, seguida por milhares de casos de óbitos e complicações. Entre os grupos de risco que apresentam maiores chances de progressão da doença e devem seguir à risca as medidas preventivas estão as mulheres em período gestacional, especialmente as que se encontram após a 28ª semana de gravidez ou possuam idade mais avançada, sofram de obesidade ou outras doenças como diabetes e hipertensão. Nesses casos, havendo qualquer suspeita de contaminação, o diagnóstico precoce pode ser decisivo para frear a evolução do quadro.

"Muitas gestantes apresentam sintomas leves como febre, mal estar e tosse, parecidos com os de uma gripe. Porém, em casos de gestação a partir do terceiro trimestre, assim como a presença de comorbidades, os quadros podem se tornar graves, chegando a apresentar falta de ar, confusão mental, trombose, pré-eclâmpsia e parto prematuro. Por isso, ao sinal dos primeiros sintomas é preciso procurar ajuda médica para o diagnóstico, tratamento e acompanhamento das condições de saúde", explica Dr. Sérgio Mancini Nicolau, médico ginecologista livre-docente da UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo).

Nesse sentido, algumas ferramentas laboratoriais têm ajudado médicos e pacientes, com resultados rápidos e diagnósticos precoces. Recentemente, a multinacional alemã especialista em tecnologia para testes moleculares QIAGEN, apresentou à comunidade científica uma ferramenta laboratorial que permite a testagem de um painel respiratório da paciente, ao identificar qual dentre 22 principais agentes, entre bactérias e vírus, é o causador dos sintomas, incluindo o SARS-Cov-2, o novo coronavírus.

Na categoria de testes sindrômicos, o QIAstat-Dx auxilia na identificação de múltiplos patógenos simultaneamente, responsáveis por causar sintomas clínicos parecidos, como febre, tosse e dor de cabeça, o que facilita a conclusão do diagnóstico e o tratamento adequado para o quadro.

Voltado ao diagnóstico clínico e com registro ativo na ANVISA, o QIAstat-Dx realiza, de forma rápida e sem necessidade de manipulação, o diagnóstico direto de amostras de swab nasofaríngeo de pacientes com suspeita de infecção respiratória, e libera o resultado da análise em até uma hora. Sua tecnologia tem o potencial de diminuir o tempo de permanência da paciente no hospital, evitar internações desnecessárias e identificar pacientes que, dependendo da contaminação, precisam de isolamento ou demais medidas de controle da infecção.

"Essas ferramentas são de extrema importância para concluirmos o diagnóstico da paciente. Caso a infecção seja por bactéria, já iniciamos a administração de antibióticos. Se a paciente estiver contaminada pelo novo coronavírus, providenciamos seu isolamento e tratamento adequado. Os testes sindrômicos facilitam o trabalho da equipe médica e reduzem os efeitos colaterais dos medicamentos desnecessários", declara o médico intensivista do Hospital das Clínicas, Dr. Daniel Joelsons.


 

QIAGEN

www.qiagen.com/us/


Cirurgias eletivas x vacinação contra covid-19: especialista afirma que é preciso analisar casos separadamente

Associação Nacional dos Hospitais Privados aponta queda de mais de 32% em exames e consultas para esses procedimentos em 2020

 

Com a pandemia da Covid-19, o setor da saúde precisou focar a atenção em pacientes que contraíram a doença. Por isso, outros tratamentos acabaram ficando em “modo de espera”, entre eles as cirurgias eletivas, que são procedimentos marcados com data e hora para serem feitos. Por conta do contágio do coronavírus, muitas foram reagendadas. Após a elaboração das vacinas contra a doença, no entanto, muitas dessas cirurgias começaram novamente, mesmo em período de isolamento social e, então, surgiu a dúvida em pacientes e médicos: seria mais adequado aguardar a vacinação de todas as pessoas para depois reagendar e, efetivamente, realizar as cirurgias eletivas? 

Para o médico ortopedista especialista em quadril e membro da Sociedade Brasileira do Quadril, Edmar Simões da Silva Junior, que atua em Vitória (ES), cada circunstância deve ser observada separadamente na hora de tomar essa decisão tão importante. ‘‘Muitos quadros têm se agravado durante a pandemia, e merecem uma atenção especial’’, diz. ‘‘Por isso, é importante analisar cada caso individualmente, para que possamos analisar todos os riscos e benefícios envolvidos’’, completa o especialista. 

Mas, segundo o médico, é preferível, caso seja possível, aguardar uma estabilidade maior do sistema de saúde para retomar as cirurgias. ‘‘Acho necessário o retorno das cirurgias eletivas, mas é preciso conter o avanço da Covid-19. Só assim elas serão realizadas da maneira mais segura tanto para o paciente, quanto para os profissionais que irão atendê-lo neste processo’’, declara o ortopedista. 

De acordo com o Conselho Federal de Medicina, é preciso evitar a contaminação pela covid-19, mas também é necessário que os pacientes não pausem seus tratamentos por medo de ir ao hospital. "A Covid tem diferentes efeitos: tem o efeito dela em si e o efeito que ela gera naquelas condições que não estão sendo tratadas adequadamente pois os tratamentos estão sendo postergados", diz o CEO do Sabará Hospital Infantil de São Paulo, Ary Ribeiro.

 

Os números

Segundo a Associação Nacional dos Hospitais Privados, houve uma queda de 32% no agendamento e realização de exames e consultas para cirurgias eletivas no país em 2020. Nas últimas semanas, a média de mortes por covid-19 têm aumentado no Brasil. A vacinação também tem progredido no país, mas não na mesma velocidade de contágio da doença. De acordo com dados do Mapa da Vacinação Contra Covid-19 no Brasil, elaborado pelo Consórcio de veículos de imprensa, até o momento pouco mais de 9% da população brasileira já recebeu a primeira dose, enquanto desses, apenas 2,78% já estão imunizados com a segunda dose da vacina.


Saiba como aliviar os sintomas da Síndrome do Intestino Irritável

Presente em até 20% da população, desordem afeta a qualidade de vida e pode ser tratada com ajustes na alimentação


A Síndrome do Intestino Irritável (SII) está presente na vida de até 20% da população adulta brasileira, mas muitas pessoas ainda vivem com o desconforto sem serem diagnosticadas. Com sintomas que incluem dores, inchaço abdominal e episódios intercalados de constipação e diarreia, o distúrbio não é considerado uma doença, mas traz perda na qualidade de vida. "A síndrome causa uma desordem funcional no intestino, mas não provoca nenhuma alteração ou lesão que possa ser detectada em exames. É mais comum em mulheres e pode estar diretamente relacionada a momentos de estresse emocional. E embora não haja nenhum exame para comprovar a SII, é preciso procurar o médico para excluir a possibilidade de outras doenças", explica a nutricionista ortomolecular Claudia Luz, da Via Farma.

Após feito o diagnóstico por eliminação, é possível amenizar os sintomas e melhorar a qualidade de vida por meio de algumas mudanças nos hábitos, principalmente na alimentação. "Já que a síndrome também pode ser agravada por gatilhos emocionais, em alguns casos também são indicadas abordagens terapêuticas para aliviar o estresse e a ansiedade, além de acompanhamento psicológico", pontua a nutricionista.


Cuidados essenciais

As causas da Síndrome do Intestino Irritável ainda não são completamente esclarecidas, mas acredita-se que sua origem seja multifatorial. "Além da alimentação e da questão emocional, a desordem também pode estar ligada a fatores genéticos e desequilíbrios na flora intestinal" explica Claudia. Por isso, o tratamento adequado deve contar com um acompanhamento multidisciplinar, que inclua o médico e também o nutricionista.

A mudança da alimentação é um dos fatores mais importantes, já que algumas escolhas na hora das refeições podem piorar os sintomas. "Estudos têm mostrado que dietas ricas em alimentos altamente fermentáveis, conhecidos no meio científico como FODMAPs, trazem pioras significativas nos quadros de SII. Por isso, uma das estratégias nutricionais indicadas é justamente reduzir o consumo desses alimentos", diz Claudia. O grupo dos FODMAPs é grande, e inclui desde alguns tipos de frutas até leite e derivados, leguminosas e carboidratos. De acordo com a especialista, a dieta para reduzir o consumo desses alimentos pode amenizar as crises intestinais, mas não deve ser feita por muito tempo e precisa do acompanhamento de um nutricionista.

Dentro do plano alimentar, é preciso priorizar as opções naturais, dando atenção especial à hidratação ao longo do dia. E na hora de temperar os preparos, também é importante dar preferência aos condimentos naturais, já que as versões industrializadas podem ser prejudiciais para a saúde do intestino e do organismo como um todo. Para potencializar os resultados de uma alimentação balanceada, a suplementação de probióticos também pode ser indicada pelo nutricionista e desenvolvida de forma personalizada em farmácias de manipulação. "O uso desse tipo de nutracêutico é muito eficaz no reequilíbrio da flora intestinal e no alívio de dores, distensões, constipação e diarreia. A cepa Saccharomyces cerevisiae (Bowell), por exemplo, conta com estudos que apontam a melhora dos sintomas nos primeiros 15 dias de uso", finaliza Claudia.


Aumento de procura por cannabis medicinal chama atenção para dificuldade de acesso no Brasil

Médica canabinóide aponta necessidade de produtos com qualidade farmacêutica para toda população


O crescente interesse pela cannabis medicinal tem trazido debates em vários âmbitos sobre a necessidade de acessibilizar o tratamento para todos os indivíduos. Apesar de ter sido regulamentada pesquisa, produção e comercialização de medicamentos à base de Cannabis no Brasil, aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em dezembro de 2019 e em vigor desde março de 2020, o acesso ainda é bastante limitado e restrito à elite. Mais de 30 países já regulamentaram o uso da cannabis para tratar pacientes com doenças como epilepsia refratária, Alzheimer, autismo, dor crônica, entre outras, seguindo as mais rígidas práticas para um medicamento de qualidade.

Com o cenário brasileiro, a realidade de muitas famílias é recorrer às associações que disponibilizam o óleo de cannabis a preços mais acessíveis, já que o produto importado pode custar cerca de R$ 1,5 mil. A justiça também tem autorizado o plantio individual para uso médico por meio de habeas corpus preventivos. Entretanto, alguns especialistas se preocupam com a qualidade desses medicamentos, que podem apresentar efeitos adversos ou serem ineficazes por não seguirem todos os padrões sanitários previstos pelas agências reguladoras. 

“As pessoas têm acesso a produtos mais baratos e sem controle de qualidade de grau médico. Independente da condição financeira do indivíduo, ele tem que ter acesso a um produto de qualidade, porque a cannabis medicinal é um medicamento que deve seguir todas as etapas necessárias para produção. Em cultivo ao ar livre e produções amadoras podemos ter contaminações provenientes do solo (fungos, bactérias, etc), agrotóxicos, e outros, além da impossibilidade de uma análise rigorosa de Controle de Qualidade, o que pode causar complicações. As boas práticas para fabricação de um medicamento seguro e eficaz incluem certificação do processo de gestão e garantia da qualidade, certificação das instalações e de todas as etapas necessárias, desde escolha do insumo até armazenamento e distribuição do produto final. O ponto essencial é a concentração estandardizada dos princípios ativos, que devem ser iguais em cada lote”, explica a Dra. Maria Teresa Jacob, médica que desenvolve medicina canabinóide. 

No último mês, o estado de Nova York decidiu regulamentar a produção, distribuição e venda de canabidiol (CBD), uma das substâncias da cannabis, visando uma maior cautela com possíveis produtos que não atendam aos padrões de qualidade, exemplo que pode ser seguido no Brasil. “Existe a necessidade de produtos com qualidade farmacêutica para toda população e não somente para uma parte privilegiada. O importante é ter medicamentos que passem por todas as etapas de controle necessários para que sejam seguros e eficazes”, completa Dra. Maria Teresa.

A especialista acredita que deveriam existir mais estímulos para que as indústrias passem a produzir o medicamento aqui, o que diminuiria o custo e traria o respaldo necessário para o uso medicinal mais acessível. “Para isso, tem que ter uma produção industrial com todos os testes necessários, desde a escolha da semente, tipo de plantio, irrigação com água purificada e estéril, colheita e tudo mais. A saúde é um direito garantido pela Constituição. Já existem laboratórios que estão fazendo testes de qualidade para a Anvisa autorizar a produção no país, o que, segundo eles, diminuiria cerca de 40% a 50% no custo em dólar para o paciente. Acredito que beneficiaria uma grande parte da população”, finaliza.

            Hoje, para a Anvisa emitir autorização sanitária de produtos de cannabis, as indústrias devem apresentar os seguintes itens:

  • Autorização de Funcionamento de Empresa (AFE);
  • Autorização Especial (AE);
  • Certificado de Boas Práticas de Fabricação (CBPF);
  • Justificativa para formular o produto;
  • Controle de qualidade;
  • Notificações de efeitos adversos;
  • Concentração dos canabinóides.

 


BEM - Medicina Canábica e Bem Estar – www.centrobem.com.br      

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SAÚDE BUCAL: COMO A HIGIENE DENTÁRIA REFLETE EM TODO O ORGANISMO

Segundo estudos da ACFF, cerca de 100% dos adultos, do mundo, já experimentou pelo menos um episódio de cárie dentária


A pesquisa da Aliança para um Futuro Livre da Cárie (ACFF) revela que, globalmente, cerca de 100% dos adultos têm ou já tiveram cárie dentária. Além disso, mais de 600 milhões de crianças no mundo (60-90%) são afetadas por esta doença. O professor titular da disciplina de Periodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, Giuseppe A. Romito, ressalta que a segunda doença mais prevalente na cavidade bucal é a periodontal, que trata-se de um processo inflamatório causado por um desequilíbrio bacteriano que leva a destruição do aparato de suporte dos dentes.

Giuseppe alerta que este processo inflamatório não fica contido apenas na cavidade bucal, mas pode influenciar negativamente em outros órgãos, como por exemplo, gerar problemas cardíacos, pulmonares, renais e, na diabete, dificultar o controle glicêmico.


Limpeza Dental

"A profilaxia (limpeza) dental é o procedimento mais básico na odontologia, sendo fundamental na manutenção dos dentes. O cirurgião-dentista precisa explicar ao paciente quais são os cuidados necessários, principalmente os caseiros, identificar os problemas e prevenir de maneira adequada as doenças bucais", afirma o periodontista Giuseppe.

Não há um padrão específico para realizar o procedimento de profilaxia, Giuseppe ressalta que o conceito mais antigo, ida uma ou duas vezes por ano ao dentista, já caiu, pois o processo é determinado por condições que envolvem características próprias de cada paciente. "Ou seja, uma pessoa jovem e saudável, talvez, precise ir uma ou duas vezes por ano ao consultório, mas uma pessoa com mais idade e menos habilidade para realizar os cuidados adequadamente, pode precisar ir a cada 3 ou 4 meses, depende de cada caso. Enfatizo que todos precisam fazer uma profilaxia profissional de rotina com o cirurgião-dentista", relata o periodontista.

Além de ir ao consultório odontológico, os cuidados em casa são fundamentais para manter a higiene bucal. É importante utilizar uma escova dental com o cabo de boa empunhadura, recomenda-se o uso de cerdas macias e todas da mesma altura. Os enxaguatórios são favoráveis para a manter a saúde bucal, porém, não resolvem infecções e não substituem a escova ou o fio dental. Os produtos que possuem flúor são essenciais para controlar a cárie.

"Os cuidados em casa são absolutamente simples, a escovação e a limpeza entre os dentes bem feitas, por meio das escovas e o uso do fio dental ou escovas interdentais, já são suficientes para controlar a formação da placa bacteriana, que, quando em excesso, rompe o equilíbrio do organismo e leva a doença", orienta Giuseppe.

 


EMS (Electro Medical Systems)


Nutróloga do GRAACC alerta para a importância da alimentação saudável na imunidade das crianças

• Adotar uma dieta saudável com o consumo regular de frutas, verduras, legumes e oleaginosas pode auxiliar na redução do risco de infecções.

• Alimento que será consumido cru deve ser lavado e deixado em solução de hipoclorito de sódio por, aproximadamente, 10 a 20 minutos. Depois, enxaguá-los com água para o consumo.

• Preparar pratos coloridos é uma boa indicação para que não faltem os principais nutrientes. Alimentos vermelhos como tomate e morango são ricos em licopeno; os brancos como leite e derivados, têm boa concentração de cálcio; amarelos e laranjas como mamão, laranja e cenoura possuem vitamina C e betacaroteno.

 

A pandemia de Covid-19 colocou a população mundial em alerta e despertou nas pessoas a importância de cuidar da saúde da família e manter o sistema imunológico em alta. Essa máxima tem ainda mais relevância para indivíduos de grupos de risco delimitados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como, por exemplo, idosos, doentes crônicos e imunossuprimidos.

A boa imunidade não consegue barrar o contágio, porém é percebida como uma grande aliada para os dias atuais e algumas atitudes e mudanças de hábitos alimentares podem auxiliar na manutenção e recuperação do sistema imunológico.

"O consumo diário equilibrado de porções de frutas, legumes e verduras nas refeições auxilia na melhora na imunidade e, consequente, na prevenção de doenças. As vitaminas como a C e as do complexo B, além de minerais como zinco, selênio e cobre, contribuem significativamente com o bom funcionamento do sistema imune", orienta a Dra. Marise Yago Rodrigues Sahade Moretti, responsável pelo serviço de Nutrologia do Hospital do GRAACC, referência no tratamento de casos de alta complexidade de câncer infantojuvenil.

 

Cuidados com a Higienização dos alimentos

Tudo começa com a higienização das mãos, fundamental para iniciar qualquer processo de manipulação de alimentos seja na limpeza ou no preparo. Com legumes, verduras e frutas, consumidas cruas, o ideal é lavá-las e deixá-las em solução de hipoclorito de sódio por, aproximadamente, 10 a 20 minutos. Depois, enxaguá-los com água para o consumo. Alimentos que serão cozidos ou consumidos sem casca devem ser apenas lavados, se possível, com água e sabão.

"É importante utilizar álcool 70% em todas as embalagens de produtos que chegam das compras, para limpar bem as superfícies antes de guardar em armários ou mesmo utilizá-las. É um cuidado básico que deve ser feito principalmente em locais com pessoas de grupos de risco", destaca a nutróloga.

 

Vá pelas cores

Preparar pratos coloridos é uma boa indicação para que não falte nenhum nutriente ou, pelo menos, que a maioria deles esteja presente na refeição. Quanto mais colorido o prato, maior será a oferta de nutrientes. "As cores indicam propriedades dos alimentos como, por exemplo: alimentos vermelhos como tomate e morango são ricos em licopeno; os brancos como leite e derivados e banana, têm boa concentração de cálcio e potássio, respectivamente; amarelos e laranjas como mamão, laranja e cenoura possuem vitamina C e betacaroteno, entre outras cores, além dos grãos, sementes e oleaginosas com antioxidantes, fibras e diversas vitaminas e minerais", explica Dra. Marise.

 

Rotina atribulada

Manter uma dieta equilibrada com as rotinas diárias cada vez mais atribuladas e dificultadas, por conta da pandemia, não é tarefa fácil. Com a correria e a necessidade das pessoas em encontrar mais tempo para realizar todas as atividades do dia, o consumo desregrado de petiscos, fast food e outros alimentos ultraprocessados ricos em gordura, sódio e açúcar ganham cada vez mais espaço, o que não é nada recomendado, principalmente para as crianças.

"Uma boa dica é preparar grandes quantidades de refeições no fim de semana, por exemplo, e congelar em porções para serem consumidas ao longo dos dias. A refeição está pronta, é só aquecer. Outro caminho, principalmente no lanchinho das crianças, é oferecer alimentos saudáveis como queijo branco e frutas mesclando essas opções entre biscoitos, bolinhos e petiscos", aconselha Dra. Marise.

A nutróloga do GRAACC também orienta pais e responsáveis de crianças que não comem bem e rejeitam legumes e verduras. "Cozinhe as hortaliças junto com outras preparações que são bem aceitas e procure oferecer diariamente pequenas porções de verduras ou legumes para a criança ir se acostumando com essa rotina. Mas lembre-se: alimentação saudável é benefício para todos e ser exemplo para as crianças é fundamental para a criação de bons hábitos alimentares", diz.

 

Direto na fonte

Fontes dos principais nutrientes que contribuem com o fortalecimento da imunidade.

Cobre - sementes e oleaginosas

Selênio - castanha do Pará, gema de ovo, semente de girassol e trigo

Vitamina A - cenoura e hortaliças como couve, espinafre e rúcula

Vitamina C - frutas cítricas como laranja, limão, acerola, caju

Vitamina D - fígado, peixes, gema de ovo, além da exposição ao sol

Zinco - carne bovina, feijão, grão de bico, peixes, aves

 


GRAACC

https://www.graacc.org.br


O jejum intermitente é uma opção de dieta para pessoas com diabetes e doenças da tireoide

Especialista alerta para acompanhamento profissional

 

Diabetes, doenças tireoidianas e obesidade podem ter indicação do jejum intermitente, dieta que conquistou milhares de pessoas e que vem sendo difundida devido aos resultados rápidos de perda de peso.

Um dos pontos positivos do jejum intermitente é a praticidade, ou seja, é uma estratégia mais simples para se encaixar na rotina, já que é mais fácil controlar quantas horas a pessoa fica sem se alimentar do que contar calorias.

Além da perda de peso, para quem gosta de comer muito à noite e tem refluxo, por exemplo, o jejum intermitente é uma boa estratégia, já que ocorre uma melhora significativa nos sintomas de refluxo.

Porém, segundo a endocrinologista Dra. Lorena Lima Amato, o jejum intermitente está contraindicado para pessoas com diagnóstico de hepatopatia grave, doenças crônicas graves assim como a maioria dos cânceres.


Como fazer – A periodicidade por semana vai depender de quantas horas dura o jejum, do perfil do paciente e o que se adequa à rotina de vida dele. “O jejum deve ser iniciado quando a pessoa achar que faz sentido para ela e que a faz sentir bem, mas é fundamental que tenha a orientação de um profissional nutricionista ou endocrinologista para iniciar esse tipo de dieta”, alerta Dra. Lorena.

 


Dra. Lorena Lima Amato - A especialista é endocrinologista pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), com título da Sociedade Brasileira de Endocrinologia (SBEM) e endocrinopediatra pela Sociedade Brasileira de Pediatria. É doutora pela USP e professora na Universidade Nove de Julho.

https://www.instagram.com/dra.lorenaendocrino/


Cegueira afeta 33 mil crianças no Brasil

Entre as causas estão doenças oculares tratáveis ou evitáveis, como a miopia, astigmatismo e hipermetropia

 

O movimento Abril Marrom promove a conscientização sobre a cegueira. De acordo com um relatório do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), estima-se que no Brasil haja cerca de 1,2 milhão de casos de cegueira e mais de 5 milhões de pessoas com perda visual grave. O mesmo relatório mostra que no País mais de 33 mil crianças são cegas devido a doenças oculares tratáveis ou evitáveis.


 
Cegueira na infância
 
De acordo com Dra. Marcela Barreira, Oftalmologista Pediátrica, Neuroftalmologista e Especialista em Estrabismo, os erros refrativos (miopia, astigmatismo e hipermetropia) são responsáveis por 43% ou mais dos casos de cegueira ou baixa visão na infância.
 
“Vale esclarecer que a cegueira pode ser reversível ou irreversível. Uma criança com um alto grau de miopia que não usa óculos, por exemplo, é considerada legalmente cega. Mas, é uma cegueira reversível, já que com o uso de lentes corretivas, a visão volta ao normal”, diz.  
 
Ainda na infância temos as causas de cegueira por cicatrizes de córnea, cicatrizes retinianas causadas por infecções congênitas intrauterinas e retinopatia da prematuridade, sendo essas causas evitáveis.
 
“Já as doenças como catarata congênita e glaucoma congênito são quadros genéticos não evitáveis. Porém, podem ser tratados. Quando isso é feito de forma precoce, e associado a um bom programa de reabilitação visual, consegue-se garantir um bom desenvolvimento visual para a criança”, afirma Dra. Marcela.  
 
Lembrando que o sistema visual da criança não nasce pronto. Ele precisa de estímulo para terminar seu desenvolvimento fora do útero, e tudo que impeça ou atrase esse processo pode levar à baixa visão. O sistema visual se desenvolve por completo por volta dos 7 anos de idade.


 
Cegueira x baixa visão

Nem todas as pessoas consideradas cegas legalmente enxergam tudo preto. “Quem tem uma perda importante do campo visual também é considerado cego. Nestes casos, é adotado o conceito de baixa visão, que ocorre quando há comprometimento do funcionamento visual, mesmo após tratamento ou correção dos erros”, comenta Dra. Marcela.  
 
 
Para Dra. Marcela, o movimento Abril Marrom é de suma importância para chamar a atenção da população a respeito da saúde ocular.
 
O ideal é que todos os pais consultem um oftalmopediatra no primeiro ano de vida do bebê, para prevenir e tratar qualquer condição que possa afetar o desenvolvimento visual normal.

"Afinal, a visão é responsável pela captação de 85% das informações enviadas ao cérebro e, desta maneira, torna-se fundamental para o desenvolvimento saudável de nossas crianças”, conclui Dra. Marcela.
 
 

Os pacientes de hipertensão pulmonar precisam respirar

A hipertensão arterial pulmonar (HAP) é uma doença rara, grave, progressiva e sem cura. As pessoas que têm HAP são grupo de risco para a Covid-19, sendo que a patologia está listada no Plano Nacional de Imunização como uma das comorbidades previstas nas prioridades para vacinação. Neste momento difícil da pandemia de coronavírus no Brasil, com elevada circulação do vírus e alto número de mortes causadas pela doença, os pacientes com hipertensão pulmonar ainda são submetidos a mais um agravante: a falta de medicamento, que causa interrupção no tratamento e coloca em risco as suas vidas. Ou seja, em um cenário de falta de leitos hospitalares, os pacientes de hipertensão pulmonar correm risco de precisarem de internação por terem o seu direito à saúde negligenciado.

A Associação Brasileira de Apoio à Família com Hipertensão Pulmonar e Doenças Correlatas (ABRAF) recebeu relatos de desabastecimento do medicamento sildenafila em diversas cidades do Brasil. Diante do risco à saúde e à vida dessas pessoas que vivem com hipertensão pulmonar, nós, da ABRAF, decidimos fazer um manifesto pela vida, em formato de vídeo, para chamar a atenção dos governantes e da sociedade para o problema enfrentado por essas pessoas.

Em um dos depoimentos que recebemos, Roseane Sousa Furtado, moradora de Brasília que tem lúpus e hipertensão pulmonar, faz um apelo para que as autoridades olhem por ela e pelas pessoas que necessitam de medicação para continuarem vivas. "Necessito muito dessa medicação, pois assim que eu fico sem usá-la eu me sinto muito cansada, minha respiração fica ofegante e eu tenho que ir para o oxigênio. Eu peço que, por favor, olhem para nós, para que possamos ter uma vida digna com um pouco mais de saúde, diante de tantos problemas que a gente tem que enfrentar".

O medicamento sildenafila é fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e sua compra centralizada pelo Ministério da Saúde. Ocorre que, em um momento em que todos os esforços parecem estar centralizados na pandemia, os pacientes correm risco de morte pela incapacidade do órgão em manter suas responsabilidades de cuidado com os demais pacientes em dia.

A pesquisa Vivendo com Hipertensão Pulmonar: a perspectiva dos pacientes, realizada em 2019 pela ABRAF, nos mostra que o problema de desabastecimento de remédios não é recente. Dentre os diversos problemas que uma doença crônica traz, a falta de medicamentos foi apontada como o tema que mais preocupava os pacientes. Tal preocupação se deve, principalmente, ao impacto negativo que a doença traz nas finanças da casa (80% dos pacientes afirmam isso). Se levarmos em conta que a pandemia afetou grande parte da população e, no caso de pacientes de grupo de risco, limitou também a locomoção do cuidador (o qual se protege, ou seja, evita sair para trabalhar no intuito de proteger a vida do paciente), podemos inferir que certamente as finanças das famílias de pacientes de HAP estão muito piores atualmente.

A manifestação e a exigência dos pacientes em receber a medicação são, pois, legítimas. Comprar medicamentos caros, que fazem parte do componente especializado no SUS, está fora do alcance da grande maioria. Faz-se mister que eles possam manter o tratamento ao qual têm direito e que garanta suas vidas, ainda que diante de um cenário extraordinário como o que estamos vivendo. Trata-se de um direito constitucional e também, previsto nas diretrizes do SUS. Submeter os pacientes de hipertensão arterial pulmonar a um risco de morte ainda maior em plena pandemia de uma doença respiratória é desumano.

 

 

Paula Menezes - Presidente da ABRAF. Advogada e consultora independente em defesa da saúde, comunicação e planejamento estratégico para organizações sem fins lucrativos e para a indústria farmacêutica. É presidente da ABRAF desde 2014 e atuou como vice-presidente da Sociedade Latina de Hipertensão Pulmonar durante sete anos.

 

Flávia Lima - Líder da ABRAF em Brasília, jornalista, especialista em Saúde Coletiva pela Fiocruz Brasília e líder da ABRAF em Brasília.

 

ABRAF - Associação Brasileira de Apoio à Família com Hipertensão Pulmonar e Doenças Correlatas

http://abraf.ong/


Com queda nos números em 2020, exames de Medicina Nuclear podem ajudar no diagnóstico de sequelas da Covid-19

Responsável técnico pelo Serviço de Medicina Nuclear do HCor destaca que esses procedimentos fazem o mapeamento preciso de órgãos comumente afetados pelo coronavírus


Pulmões, coração, rins, sistema vascular. A Covid-19 é uma doença sistêmica que pode comprometer diferentes órgãos, deixando algumas sequelas.

Apesar de as notícias nessa área continuarem sendo atualizadas constantemente, o que já se sabe é que pacientes que foram acometidos pelo coronavírus – sobretudo com quadros mais graves – precisam estar atentos a seu processo de recuperação fazendo acompanhamentos pós-Covid.

De acordo com Rafael Lopes, responsável técnico pelo Serviço de Medicina Nuclear do HCor, nessa direção, o campo da Medicina Nuclear detém técnicas de exame precisas e seguras, como a cintilografia (SPECT) e a tomografia por emissão de pósitrons (PET), que permitem o estudo da maioria dos órgãos, facilitando o rastreamento e avaliação dessas sequelas.

“O Brasil já ultrapassa a marca de 13 milhões de casos de Covid-19. Temos uma média móvel de 70.787 casos registrados por dia nos últimos sete dias, por isso, além de garantirmos os cuidados a essas pessoas durante a infecção pelo vírus, precisamos ter o acompanhamento dos recuperados como uma prioridade de saúde”, ressalta o médico.

Segundo o especialista, um artigo de revisão publicado recentemente – do qual é co-autor – demonstrou que a cintilografia e o PET podem vir a ser grandes aliados nesse processo. Ambos têm a possibilidade de serem aplicados para avaliar sequelas funcionais e/ou complicações, como nos rins, onde medem a função renal, ajudando no tratamento e avaliação prognóstica; e no coração, observando a macrocirculação e microcirculação coronária, inflamação do tecido e disfunção ventricular, entre outros quadros.

Os exames também auxiliam no mapeamento de sequelas pulmonares e o acompanhamento da resposta terapêutica pela evidenciação do volume do tecido pulmonar afetado e os focos ativos de inflamação.

“Fenômenos tromboembólicos têm sido frequentemente associados à Covid-19, e as cintilografias de perfusão, sejam elas pulmonar, cerebral ou até miocárdica, são excelentes ferramentas, já comumente utilizadas para avaliar este aspecto em outras situações, como em doença cardíacas (infartos), cerebrais (demências) e pulmonares (tromboembolismo pulmonar - TEP)”, explica.

Carlos Alberto Buchpiguel, líder do Serviço de PET/CT do HCor, esclarece que o exame de PET/CT já tem sido utilizado para identificar as complicações decorrentes da infecção pela Covid-19, seja detectando em caráter complementar o processo inflamatório pulmonar ou detectando outros focos de inflamação ativa no corpo inteiro.

O especialista conta que coordenará um novo protocolo de pesquisa com o objetivo de investigar os motivos pelos quais pacientes que se recuperam da Covid-19 podem desenvolver distúrbios psicológicos ou cognitivos, com alterações de memória, humor, dentre outros distúrbios funcionais neuropsiquiátricos, utilizando o método de PET/CT.  


Queda no rastreamento de outras doenças

Além de importantes para o rastreamento de sequelas da Covid-19, os exames de Medicina Nuclear também são fundamentais no diagnóstico de outras doenças, tais como: tumores primários e metástases em pacientes oncológicos ou mesmo arritmias e anormalidades da estrutura e função do coração em cardiopatas.

Segundo um levantamento do HCor, grande parte desses procedimentos apresentou queda na procura no ano de 2020, se comparados ao período de 2019.

As cintilografias, por exemplo, mencionadas por Lopes, caíram 33,1%. Os ecocardiogramas e as tomografias de coração tiveram baixa de 27,4% e 22,8%, respectivamente. Também houve redução nos números de eletrocardiogramas (12,5%) e ressonância magnética do coração (5,4%).

De acordo com Buchpiguel, esse movimento já demonstra que, ao retardar o diagnóstico de câncer, por exemplo, muitos pacientes estão retornando com a doença em estágio mais avançado, quando o tratamento já não oferece oportunidades de cura ou mesmo de prolongar sua sobrevida com qualidade. “O exame de PET/CT tem essa finalidade de permitir um diagnóstico mais efetivo e precoce, e de avaliar se o tratamento está sendo eficaz ou não, auxiliando o oncologista no melhor planejamento terapêutico do seu paciente com diagnóstico de câncer e, assim, impactando de forma mais favorável em melhores desfechos clínicos”.

“Sabemos que o avanço da Covid-19 assusta e a preocupação com a propagação do vírus é legítima. No entanto, é fundamental que a população saiba que os hospitais e centros diagnósticos estão preparados para atender suas demandas com segurança. Muitas outras doenças também não podem esperar, por isso os pacientes devem continuar suas investigações e acompanhamento, de forma a não perderem a janela de tratamento e evitarem complicações ou agravamento de suas patologias”, pontua Lopes.

Segundo ele, no HCor, por exemplo, os fluxos de atendimento a esses pacientes são totalmente apartados desde o início da pandemia. O hospital também é certificado pelo Instituto Brasileiro para Excelência em Saúde, com o selo de Melhores Práticas de Prevenção e Enfrentamento à Pandemia de Coronavírus.


Fungos causam riscos à saúde humana pouco conhecidos

Aspergillus fumigatus, responsável por mais de 90% dos casos de aspergilose pulmonar invasiva (Foto: LIFE - www.life-worldwide.org)



Grupo da UFSCar estuda fungos patogênicos para apoiar enfrentamento de doenças e identificação de novos alvos terapêuticos

 

Cerca de 300 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem com doenças causadas por diferentes tipos de fungos, e mais de dois milhões morrem por ano, especialmente nos países mais pobres. As estimativas são do Fundo de Ação Global para Ações Fúngicas (GAFFI), que afirma ser possível salvar mais de um milhão dessas vidas com avanços em diagnóstico, tratamento e monitoramento de infecções e da resistência às drogas existentes. Mesmo assim, infecções fúngicas são negligenciadas e o assunto é pouco abordado, principalmente quando comparamos com a atenção dada a bactérias e vírus.


Na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Iran Malavazi, docente do Departamento de Genética e Evolução (DGE), coordena grupo de pesquisa que busca compreender diferentes espécies de fungos patogênicos - ou seja, que oferecem riscos à saúde humana -, para produzir conhecimento aplicável ao desenvolvimento de novos fármacos. Ele explica que a semelhança entre fungos e humanos é um dos desafios nesta busca.


"Há uma falsa impressão de que os fungos são plantas, talvez por alguns deles, como os cogumelos, crescerem no solo. Mas eles têm a mesma linhagem evolutiva dos animais, não parecem e muito menos são plantas", esclarece Malavazi. "Isto faz com que o nosso genoma e o dos fungos sejam muito parecidos. Quanto mais parecidos patógeno e hospedeiro, mais difícil é a terapêutica, porque os alvos das drogas empregadas são compartilhados entre eles", explica. Ou seja, o que poderia atacar o invasor faz mal também às células humanas, resultando em efeitos colaterais importantes.


Outro problema é que, assim como bactérias e vírus, fungos também se tornam resistentes aos fármacos utilizados e, hoje, não são muitas as opções terapêuticas existentes. Malavazi conta que ainda hoje são usados medicamentos introduzidos no mercado na década de 1950, e que a última das quatro classes de drogas antifúngicas usadas foi introduzida na clínica médica em 2002.



Doenças


Não são todos os fungos que causam problemas. Alguns, inclusive, são muito importantes na vida humana, como aqueles usados na fermentação e, assim, produção de alimentos e bebidas; os cogumelos comestíveis; e as espécies com aplicações biotecnológicas, como a penicilina e muitas outras. Alguns, no entanto, não só causam doenças graves nos seres humanos, mas também afetam plantas, destruindo cerca de um terço da colheita de alimentos anualmente (em lavouras de trigo, arroz, milho, soja, batata e outras) e impactando a biodiversidade vegetal e, também, animal, com doenças, por exemplo, em anfíbios, morcegos e abelhas.


Dentre os fungos patogênicos humanos, quatro são os gêneros mais comuns: Candida, Aspergillus, Cryptococcus e Pneumocystis.


Os fungos estão por toda parte, no solo, no ar, e não há como evitá-los. No caso de fungos filamentosos (comumente reconhecidos como mofos ou bolores), como o Aspergillus fumigatus estudado pelo pesquisador da UFSCar, cada pessoa inala centenas de esporos (conídios) desses fungos por dia. No entanto, na maior parte dos casos, o risco atinge apenas quem apresenta algum comprometimento na resposta imune, como pacientes em tratamento de câncer, transplantados ou com HIV.


Como o número de pessoas que apresentam quadro de imunossupressão vem aumentando mundialmente, em paralelo ocorre o aumento das infeções de natureza fúngica. Durante a pandemia, também tem sido identificada associação frequente entre casos graves de Covid-19, com necessidade de internação, e infecções por Aspergillus fumigatus. Em parte significativa desses casos, a infecção secundária, ou seja, pelo fungo, é a responsável pela morte do paciente, apontam estudos.


O gênero Aspergillus tem cerca de 200 espécies, das quais 20 colonizam órgãos humanos, mas o Aspergillus fumigatus é responsável por mais de 90% dos casos de aspergilose pulmonar invasiva, a forma mais grave da doença, que mata de 60 a 90% dos pacientes acometidos.



Defesa e ataque


"Eu trabalho sempre do ponto de vista do microrganismo. É necessário conhecer o microrganismo para atacá-lo. Outros cientistas se dedicam à compreensão de como o hospedeiro reage à infecção. Eu me interesso por como o fungo 'sente' o ambiente onde está, como diferencia o solo, de onde precisa sair, e as vias aéreas - onde geralmente a infecção é combatida - ou o pulmão do hospedeiro, que ele coloniza no caso das pessoas imunocomprometidas. Que adaptações ele precisa fazer?", situa Iran Malavazi ao falar sobre o seu trabalho.


Uma das hipóteses é que os chamados metabólitos secundários sejam uma dessas ferramentas que o fungo utiliza na adaptação aos ambientes. Metabólitos primários dizem respeito ao conjunto de reações bioquímicas primariamente relacionadas à obtenção de energia pelas células. Já os metabólitos secundários são moléculas cuja produção demanda dos organismos grande gasto energético e que têm entre as suas funções, em geral, justamente a adaptação ou algum ganho que permita ao organismo melhor persistência no seu nicho.


Malavazi exemplifica com o caso da penicilina, um metabólito secundário produzido por fungos para se defender de bactérias. "Não é uma vida fácil! Fungos, bactérias, amebas, no ambiente, estão no mesmo solo e, nesse nicho ecológico, é preciso se defender. Os metabólitos secundários são as armas que precisam ser usadas e, muitas vezes, essas moléculas são importantes também no momento da infecção do hospedeiro", explica o pesquisador da UFSCar, contando, por exemplo, que vários metabólitos secundários são imunossupressores, ou seja, comprometem a resposta imune dos hospedeiros.

 Aliás, um dos principais fármacos usados como imunossupressor na prevenção da rejeição em transplantes de órgãos e no tratamento de doenças autoimunes, a ciclosporina, é também um metabólito secundário produzido por outra espécie de fungo.


Junto com colaboradores, o docente da UFSCar acaba de publicar no periódico Genetics - referência na área de Genética e Biologia Molecular - os resultados de estudo sobre o papel de metabólitos secundários produzidos pelo Aspergillus fumigatus. O trabalho iniciou-se a partir dos estudos conduzidos durante a tese de doutorado de Marina Campos Rocha, então estudante no Programa de Pós-Graduação em Genética e Evolução (PPGGEv) da UFSCar e hoje pesquisadora de pós-doutorado no laboratório de Malavazi.


A molécula estudada foi a fumiquinazolina C, com função ainda desconhecida. Além de terem encontrado evidências dos processos genéticos que fazem com que ela exista apenas nos conídios, a pesquisa identificou que altas quantidades de fumiquinazolina inibem a fagocitose, um mecanismo que pode ser importante tanto no solo quanto na invasão ao corpo humano.


"Amebas de vida livre existentes no solo são um modelo de estudo importante pois sobrevivem fagocitando possíveis 'concorrentes' de modo análogo ao que fazem os nossos macrófagos na resposta imune inata do nosso corpo", revela Malavazi. Ou seja, a hipótese é que a fumiquinazolina, uma molécula antifagocítica, que permite aos fungos se defender das amebas antes da infecção do hospedeiro, no solo, poderia ajudar também a sua evasão das nossas células de defesa. "No entanto, a segunda parte, da infecção, ainda demanda mais estudo, já que o sistema no organismo humano é muito mais complexo, com outras células atuando, além dos macrófagos, mediadores químicos e outras variáveis", registra o pesquisador. "Porém, o fato da fumiquinazolina C integrar o grupo seleto de metabólitos secundários presentes nos conídios, que são a parte do fungo que inalamos e pode gerar a colonização de órgãos como o pulmão, sugere também a sua importância nessa estrutura de propagação do fungo", complementa.


O artigo, intitulado "Transcriptional control of the production of Aspergillus fumigatus conidia-borne secondary metabolite fumiquinazoline C important for phagocytosis protection" pode ser conferido através deste link: https://academic.oup.com/genetics/advance-article/doi/10.1093/genetics/iyab036/6168429. Além de Malavazi, assinam o trabalho outros integrantes do Laboratório de Bioquímica e Genética Aplicada (LBGA) e parceiros da Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade Federal do ABC (UFABC) e do Leibniz Institute for Natural Product Research and Infection Biology-Hans Knöll Institute, Jena (Alemanha).


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