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quarta-feira, 12 de agosto de 2020

A pandemia e seus impactos no recrutamento pós-covid

A Luandre, uma das maiores consultorias de RH do Brasil, analisa o que será exigido dos candidatos no recrutamento após a crise

 

O reflexo da pandemia no mercado de trabalho brasileiro é grande. De acordo com o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desocupação subiu para 13,1%, na quarta semana de junho, em relação à semana anterior, chegando a 12,4 milhões de pessoas desocupadas. É sem dúvida, uma das piores crises econômicas já enfrentadas no país.

A Luandre, contudo, já enxerga a retomada de diversos setores e uma tendência no recrutamento e seleção dos candidatos em um cenário pós-covid. Neste ponto, é importante entender o cenário atual e como ele se refletirá na reabertura de vagas que já ocorre em grande volume.

Segundo Fernando Medina, CEO da Luandre, o profissional que deseja se destacar precisa começar a trabalhar agora em seu desenvolvimento e enxergar as oportunidades escondidas em meio ao caos “Há uma demanda reprimida e estamos confiantes que muitas vagas serão abertas neste final de ano. É fundamental que o candidato continue evoluindo, fazendo cursos ou estudando, por exemplo”, afirma.

Muitos candidatos querem saber o que mudará nos processos seletivos a partir de agora. Por isso, Fernando ressalta algumas questões que farão parte da rotina dos recrutadores quando a pandemia passar:

 

O que você fez durante a pandemia?

Segundo Fernando, essa é uma questão bastante importante porque com ela consegue-se perceber como esse candidato lida com tempo “ocioso” de forma produtiva, se buscou se especializar em algo ou se aprofundar na sua área, por exemplo, e quais ferramentas utilizou para isso.

 

Como você lidou com o trabalho durante a Covid-19?


Essa pergunta diz respeito aos candidatos que estavam trabalhando durante a pandemia e sobre os hábitos adquiridos, o que já era comum antes da pandemia, mas passará a ter um peso maior. “Queremos saber como esse profissional de organizou e conciliou todas as tarefas da vida pessoal e profissional, como passou por esse desafio, uma vez que a forma como ele lida com as adversidades do momento mostra autocontrole e iniciativa pessoal”, pondera Fernando.

 

Como você se manteve atualizado na quarentena?

Essa questão indica a proatividade do candidato: “Queremos saber se esse profissional buscou autoconhecimento por meio de cursos, livros ou exercícios, uma vez que é em situações adversas que se demonstra a capacidade de adaptação ao novo e como ele é impactado por grandes mudanças” reforça Fernando.

 

Quais hábitos trouxe para sua vida por causa do coronavírus?

Nesse item “Queremos saber se o candidato adquiriu habilidades comportamentais como autogestão, liderança, trabalho em equipe, automotivação, entre outros” fundamentais para qualquer profissional bem preparado, conta Fernando.

 

Quais aprendizados você tirou deste período?

 “Alguns estão vivendo tragédias pessoais, outros estão experimentando a preocupação pelo desemprego, alguns trabalhando de uma forma totalmente desafiadora e há até quem esteja revendo objetivos. Sem dúvida estamos passando por um momento muito difícil, e em momentos assim é importante refletir, aprender e evoluir. É importante saber o que o candidato aprendeu com toda esta dificuldade e o que fará com isto no futuro.”, conclui Fernando.

 



Luandre Soluções em Recursos Humanos

  

Na contramão da crise, empresas de logística se reinventam e alcançam grandes avanços em meio ao período de pandemia

Entre os meses de fevereiro e maio deste ano, o e-commerce apresentou um crescimento de 71% e alcançou um faturando R$ 27,3 bilhões no Brasil, tendo como comparação o mesmo período em 2019, segundo informações do movimento Compre & Confie. O aumento no volume de encomendas alavancou as locações de galpões logísticos, impulsionou a valorização dos Fundos imobiliários de logística, estimulou a compra de equipamentos de movimentação e armazenagem de materiais, e contribuiu para o avanço do número de construções de armazéns, centros de distribuição e condomínios logísticos em nosso país. Conforme uma pesquisa recente da plataforma SiiLa Brasil, o total de área locada no Rio de Janeiro no segundo trimestre de 2020 foi de 74,7% frente a 67,9% no mesmo período de 2019. Entre os anos de 2015 e 2020, a locação de condomínios logísticos para o e-commerce em São Paulo, passou de 254,3 mil m² para 430 mil m².

Todos estes dados demonstram que o setor logístico vem atingindo grandes resultados e um desenvolvimento acentuado neste último ano, mesmo com os efeitos da pandemia. Isso também impactou positivamente diversos empreendimentos do segmento e um destes exemplos é empresa mineira Transcota - logística e transporte, que apresentou um crescimento de cerca de 15% entre os meses de janeiro e abril deste ano, tendo como comparação os rendimentos alcançados no mesmo intervalo de tempo em 2019. Segundo o engenheiro de produção e CEO do empreendimento, Felipe Marçal Cota, a empresa pretende alcançar um avanço de 25% de seus negócios até o final de 2020 e prevê um aumento de 30% em seu faturamento no próximo ano.

De acordo com o empresário, estes bons resultados se devem ao desenvolvimento de novos clientes dos setores alimentício, hospitalar e farmacêutico. "Iniciamos o planejamento estratégico no dia 20 de março, o que possibilitou melhor tempo de resposta para enfrentar o período crítico da recessão. É interessante ressaltar que não tivemos nenhum tipo de impacto quanto ao desempenho de nossos colaboradores, que estão em home office. Todos os nossos servidores, sistemas, computadores estão alocados em nuvem, o que permite o acesso remoto de qualquer parte do mundo. Ainda implementamos entre nossos motoristas, todas as medidas de proteção e higiene orientadas pela Organização Mundial da Saúde, como o uso de máscaras e álcool gel, e a intercalação dos horários de trabalho de cada profissional. Por estes motivos, continuamos os nossos atendimentos e trabalhos em equipe 100% ativos ao longo da epidemia", ressalta.

Com mais de 30 anos de trajetória, a empresa possui sedes nas cidades de Contagem (MG), São Paulo (SP) e Parauapebas (PA), oferecendo serviços de cunho logístico como a elaboração de projetos, a realização de consultorias, armazenagens e etiquetagens, a montagem de kits, a gestão de estoques e transportes, e dentre outros. "Estamos reforçando o serviço de hub logístico. Este trabalho consiste em gerenciar toda a operação de nossos clientes, desde a coleta nos fornecedores, passando pela armazenagem, separação e embalagem, até a entrega no cliente final", comenta.

Por fim, Felipe afirma que após a epidemia, a maioria das empresas irão precisar reduzir custos e desenvolver maior flexibilidade para voltarem gradativamente a realizar suas operações. "O serviço de hub vai ser extremamente oportuno para auxiliar estes empreendimentos pós-pandemia. Atualmente, os nossos objetivos principais são desenvolver tecnologias inovadoras, que possibilitem a redução de custos logísticos aos nossos clientes, e ainda diversificar a nossa plataforma de atendimento para atender outros setores da economia. Estamos passando por um momento bastante difícil, mas acredito que novas dinâmicas de trabalho e a reinvenção de processos podem ser decisivos para que uma empresa sobreviva ou mesmo se destaque em meio a este complexo cenário", conclui.

 

PIX: Banco Central aprova regulamento

 Nova modalidade de pagamento permitirá transações financeiras em seis segundos e estará disponível 24h por dia, sete dias por semana. Especialista explica


Nesta quarta-feira (12/08), o Banco Central instituiu o Pix (pagamento instantâneo) e aprovou seu regulamento. A inovação trata-se de uma nova modalidade de pagamento, que funcionará em conjunto com as demais existentes no mercado, como DOC, TED, boletos e cheques, e suas transações serão realizadas em seis  segundos, em um serviço disponível 24h por dia, sete dias por semana. É o que explica José Luiz Rodrigues, especialista em regulação e sócio da JL Rodrigues, Carlos Átila & Consultores Associados.

“O lançamento oficial do Pix será no dia 16 de novembro, mas quem tem interesse em sua utilização poderá se cadastrar para obter as chaves de ativação em outubro. Posteriormente, basta acessar o aplicativo da instituição financeira em que possui conta e fazer o registro dessa chave, vinculando um número de telefone celular, e-mail ou CPF/CNPJ àquela conta específica”, detalha José Luiz.

O Banco Central é o responsável pela regulação e acompanhamento da implementação tecnológica, mas a disponibilidade do serviço aos consumidores ficará sob responsabilidade de empresas privadas, envolvendo desde instituições financeiras tradicionais a startups e fintechs. “Para que o Pix funcione, as instituições participantes deverão oferecer aos seus clientes, usuários finais, uma Conta Transacional, que é uma conta cuja finalidade é o pagamento e o recebimento de pagamentos instantâneos. Esta conta pode ser de depósito à vista, poupança ou de pagamento pré-paga”, explica o especialista.

Nos próximos dias, o Banco Central anunciará quais serão as tarifações envolvidas no Pix. “Existe um debate sobre o custo do Pix, tanto para quem fornecerá o serviço, quanto para quem o utilizará. O Bacen já anunciou que haverá uma série de gratuidades em alguns serviços, mas enquanto define os parâmetros tarifários, é possível destacar as outras vantagens já visíveis desta inovação”, pontua José Luiz. “Ao mesmo tempo em que o consumidor terá acesso a um serviço mais prático, rápido e seguro, as instituições financeiras terão um vasto banco de dados, e poderão utilizá-lo da melhor forma. Além disso, ao informatizar seus processos, que muitas vezes são analógicos, será possível não só melhorar a prestação de serviços, mas também entender de forma mais ampla o consumidor. Por exemplo, será possível saber quais produtos e serviços financeiros uma pessoa utiliza e então ofertar opções com melhores taxas, prazos e condições”. 

 



JL Rodrigues, Carlos Atila & Consultores Associados

https://jlrodrigues.com.br/

 

7 orientações para delegar de forma correta no momento de crise

Nunca foi tão difícil ser um líder um em empresa como neste período de coronavírus. O cenário e de incertezas, medo e ao mesmo tempo é necessário adequar o mundo do trabalho e a comunicação a realidades como o home office ou grupos que estão virando dias trabalhando.

A posição de gestor em uma empresa é algo extremamente complexo, ainda mais neste momento. Infelizmente ainda se tem muita confusão entre qualidade técnica com capacidade de liderança e aí nasce um grande problema, principalmente em momentos como o que atravessamos, sendo que constantemente se observa gestores que acumular obrigações em função da dificuldade de delegar.

"Delegar as atividades em uma empresa é uma tarefa que requer muita dedicação do profissional, independentemente do tamanho do negócio, por isso que são constantes treinamentos e capacitações com pontos comportamentais. Essa dificuldade se reforça em relação às empresas pequenas, nas quais os quem tem a liderança ainda é muito próximo das atividades no dia a dia e principalmente no trabalho remoto onde muitas vezes não se tem ferramentas nem métricas", avalia o diretor financeiro e de RH da Farmarcas e Febrafar, André Costa .

Normalmente, nas empresas de pequeno porte, o proprietário ou gestor é responsável pelos atendimentos, administração, negocia, recebe os pedidos, faz o planejamento de precificação dos produtos, executa o financeiro da empresa e participa do balanço e checagem do estoque.

E na hora que a empresa enfrenta dificuldades ele que manter essas funções, mas isso pode se tornar impossível, gerando um grande desgaste para o profissional e até equipe. Mas como delegar a gestão para alguém de confiança? Veja pontos que o diretor da Febrafar e da Farmarcas detalhou, que podem auxiliar nesse processo de demandar:

• Tenha consciência da necessidade - Primeiro ponto é ter a certeza de que é preciso delegar as atividades para conseguir administrar o negócio com eficiência. Planejar as ações e colocar um responsável por projeto e/ou atividade é essencial para o sucesso do negócio. É preciso que o empresário ou gestor desenvolva o espírito empreendedor e incentive isso nos colaboradores para qualificar a maneira como que administra a empresa .

• Equipe correta - Não existe grande líder sem grandes profissionais, assim, um dos aspectos fundamentais para o sucesso de uma empresa é a capacidade de montar uma equipe eficiente. Para evitar a sobrecarga de trabalho, é preciso que o líder entenda a importância de delegar tarefas e de organizá-las de acordo com as qualificações de cada um. Assumir muitas responsabilidades é prejudicial para o direcionamento do negócio.

• Entenda como se tornar um gestor eficiente - O líder deve conhecer a si mesmo e a seus colaboradores, para que identifique o que deve ser feito por ele ou transferido para outras pessoas. Essa capacidade de entender as habilidades contribui não apenas para aliviar o trabalho, mas, principalmente, para garantir melhores resultados.

• Confie nas pessoas - A confiança na equipe é primordial para que esse processo funcione, já que o líder não pode dar conta de tudo sozinho. Tarefas simples devem ser facilmente desempenhadas por outras pessoas. É preciso ter em mente que o operacional deve ser delegado a outros colaboradores. O gestor deve ter o foco no planejamento de outros projetos estratégicos e focar no desempenho dos resultados. No caso de atividades muito demoradas, uma boa ideia é transferir a parte mais mecânica, de modo que o gestor realize apenas a aprovação. Assim é possível dar a atenção necessária às tarefas mais decisivas para a empresa.

• Capacite seus funcionários - Outro tipo de atitude que contribui para delegar as atividades é dividir a carga de trabalho. Com isso o gestor consegue dedicar parte do seu tempo para ensinar os colaboradores a realizar algumas tarefas. Isso demonstra que o gestor tem interesse genuíno pelo desenvolvimento da equipe e pode ajudar na identificação das pessoas com postura pró ativa e mais comprometidas.

• Acompanhe as atividades - Delegar as atividades não significa abandonar as entregas. Para garantir a qualidade do serviço desempenhado, o líder precisa estar atento ao que os funcionários estão fazendo e acompanhar frequentemente as atividades. Muitas vezes o gestor comete o erro de delegar as tarefas e se esquece de auxiliar a equipe para fazer os ajustes necessários.

• Melhore a sua comunicação - Para delegar atribuições e atividades é verificar se a pessoa que recebeu a ordem a entendeu corretamente. Principalmente quando o assunto inclui a entrega de trabalhos dentro de prazos determinados. Muitas vezes a mensagem emitida pelo líder não ficou totalmente clara. Então fica mais difícil cobrar uma entrega se se não tem ideia do que o colaborador realmente compreendeu.

"Enfim, como pode ser visto, evitar a centralização das atividades é essencial para o desenvolvimento da qualquer organização. Quando o gestor trabalha verdadeiramente lado a lado com seus subordinados, consegue melhorar a qualidade dos resultados da empresa, facilitando no combate de crises", finaliza André Costa, que complementa que é importante que essa crise vai passar e teremos que utilizar o que aprendemos com ela.

 

Juros abusivos? Entenda a prestação do financiamento habitacional

 

A prestação do financiamento habitacional é um verdadeiro bicho de sete cabeças para qualquer pessoa. Em uma conta muito simples, de tudo que já foi pago ao banco, comparando com o que foi abatido da dívida, a primeira impressão que se tem é de que o financiamento tem juros abusivos. Na verdade, o mutuário não vê tanta diferença no valor das parcelas porque nem tudo que ele paga é destinado à amortização do seu saldo devedor.

 

Para entender o valor da parcela, é necessário saber como é calculada a prestação do financiamento habitacional. De acordo com o presidente da Associação Brasileira dos Mutuários da Habitação (ABMH), Vinícius Costa, a prestação é composta de três a quatro elementos. “Amortização, juros, seguros e taxa de administração (esta não presente em todos os contratos de financiamento)”, enumera.

 

A taxa de administração do contrato de financiamento habitacional que é cobrada pelas instituições financeiras tem respaldo no Banco Central. Vinícius Costa diz que não se sabe ao certo sua função, uma vez que é a própria instituição bancária cobra pela emissão de planilhas de evolução, o que ocorre principalmente com a Caixa Econômica Federal. “Essa taxa tem um valor médio de R$ 25,00, pago mensalmente na parcela do financiamento habitacional. Para entender o seu impacto, em um contrato de 300 meses, se cumprido rigorosamente, ao final terá sido pago R$ 7.500,00 que não vai amortizar um centavo sequer na d í vida com o banco”, destaca.

 

Os seguros embutidos no financiamento habitacional, que são obrigatórios (Decreto 73/66), são por Morte e Invalidez Permanente (MIP) e Danos Físicos no Imóvel (DFI). Eles têm como finalidade garantir o pagamento do financiamento em caso de inadimplência. No entanto, apesar de serem pagos mutuário, quem recebe o valor é o banco. “O valor pago a título de seguros MIP e DFI são embutidos também na prestação e o seu valor é calculado levando em conta a idade do mutuário, o valor do imóvel e o saldo devedor. Quando esses elementos variam para mais ou para menos, o seguro também tende a variar. Destaque-se que o seguro é obriga t&oacute ;rio, mas a parcela que se paga mensalmente não abate o saldo devedor, ele é redirecionado à seguradora”, informa Vinícius Costa.

 

Já os juros remuneratórios ou compensatórios têm a finalidade de conceder à instituição financeira um lucro pelo empréstimo ao mutuário, ou seja, têm a finalidade de remunerar a instituição financeira pelo contrato firmado com o mutuário. No entanto, não existe em lei nada que determine que a taxa tem de ser de 12% ao ano, por exemplo, ou 1% ao mês, conforme o presidente da ABMH. “Os juros somente são considerados abusivos se praticados em 1,5 vez a mais que a média do mercado. Dentro do financiamento habitacional, como as instituições que operam no SFH e SFI são mais restritas, acaba que não se tem uma varia ç ão muito grande entre um banco e outro e não se tem uma possibilidade grande de questionar juros abusivos.”

 

Quanto aos juros, o que é importante destacar é que quanto maior o saldo devedor e quanto maior o tempo de financiamento, mais juros o mutuário irá pagar. “Também é importante destacar que os juros são calculados mensalmente pelas instituições e variam de valor dentro da prestação do mutuário. Contudo, também entram para o grupo das parcelas da prestação que não abatem o saldo devedor”, informa Vinícius Costa.

 

Por fim, a amortização destina-se ao abatimento do saldo devedor. Hoje, os financiamentos normalmente são concedidos utilizando o Sistema de Amortização Constante (SAC), no qual a parcela que o mutuário paga de amortização na prestação do seu saldo devedor tende a ser sempre constante, uma divisão exata entre o saldo devedor e a quantidade de prestações contratadas junto ao banco. “Contudo, como os contratos contam com uma correção mensal do saldo devedor (seja pela TR, seja pelo IPC-A), de 12 em 12 meses a parcela de correção é revista pelo banco para adequar à realidade de liquidação da dívida ao final do contrato”, explica o presidente da ABMH.

 

Para auxiliar na compreensão, Vinícius Costa elaborou duas tabelas. Na primeira, foi considerado como base um empréstimo de R$ 100.000,00, à taxa de juros de 1% ao mês, com pagamento em 10 prestações. Na segunda, o pagamento será realizado em 20 prestações. “Não levaremos em conta a correção do saldo devedor, assim como é feito nas planilhas teóricas apresentadas pelas instituições quando da realização do financiamento habitacional”, explicou o presidente da ABMH.

 

 

 

Pela mesma dívida (R$ 100.000,00), um financiamento em 10 meses representa um gasto a mais de R$ 6.750,00. Já o financiamento em 20 meses representa um gasto a mais de R$ 13.000,00.

 

Auxílio emergencial pode reduzir perdas do comércio

Segundo levantamento inédito da FecomercioSP, dos R$190 bilhões liberados pelo benefício assistencial em todo o País, R$ 151 bilhões tiveram como destino o consumo varejista

 


A FecomercioSP segue acompanhando os desdobramentos que a pandemia de covid-19 tem provocado na economia brasileira, principalmente nos setores de comércio e serviços. A retomada tem ocorrido em diferentes níveis, seguindo protocolos estabelecidos por cada Estado brasileiro – de acordo com a disseminação da doença nas regiões. Contudo, a recuperação econômica tende a ser lenta, em decorrência da alta do desemprego e do fim da disponibilização do auxílio emergencial, prevista para o mês de setembro.
 
Para compreender melhor o cenário atual e o que esperar dos próximos meses, a Federação produziu uma estimativa inédita levando em conta os recursos que foram disponibilizados pelo governo federal, por meio do auxílio emergencial, e a plenitude da retomada de operações até o mês de agosto.
 
De acordo com a Entidade, a liberação desse benefício assistencial contribuiu para que não houvesse deterioração mais contundente da economia, não apenas sobre o comércio varejista, mas também sobre todos os elos que compõem a cadeia produtiva nacional, o que reflete sobre a renda e o desemprego no País.
 
Os recursos do auxílio emergencial devem ultrapassar os R$ 190 bilhões, alcançando mais de 63 milhões de pessoas. Esse montante corresponde a mais de seis anos do valor anual distribuído pelo Bolsa Família, o que torna o programa um instrumento de grande impacto sobre consumo.
 
Conforme levantamento da FecomercioSP, R$ 151 bilhões tiveram como destino o consumo varejista. Assim, as estimativas de perdas para o fechamento de 2020, projetadas no início da quarentena, foram reduzidas de -13,8%, para -6,7%.

 


São Paulo


No Estado de São Paulo, o recuo deve ser de 5,47% no ano. Caso não houvesse o direcionamento para o consumo de R$ 18,58 bilhões do auxílio emergencial, poderia atingir -8%, com perda de receita de R$ 60 bilhões para o comércio em 2020.

  


Principais números | Brasil 

Mesmo atenuado, o prejuízo deve chegar a R$ 141 bilhões em relação ao faturamento de 2019, no varejo nacional. Desse montante, mais de R$ 102 bilhões foram registrados no auge do cenário de restrições das operações varejistas, correspondente ao período entre março e agosto de 2020.
 
Das noves atividades pesquisadas do varejo, sete tendem a finalizar o ano com baixa nas vendas, com destaque para lojas de vestuário, tecidos e calçados (-25,2%) e materiais de construção (-17,6%).
 
Por outro lado, os segmentos de supermercados (5,4%) e farmácias e perfumarias (2,8%) devem a fechar com faturamento maior do que o de 2019, uma vez que a população está focada apenas nas compras de itens essenciais.


 
Principais números | São Paulo

As perdas do comércio varejista paulista podem atingir R$ 41 bilhões no fechamento de 2020 – queda de 5,4% na comparação com 2019.
 
Das noves atividades pesquisadas do varejo, sete tendem a encerrar o ano com baixa nas vendas, com destaque para concessionárias de veículos (-21,6%) e lojas de vestuário, tecidos e calçados (-19,5%).
 
Em contrapartida, os segmentos de farmácias e perfumarias (3,9%) e de supermercados (3,14%) devem terminar 2020 com faturamento maior do que o de 2019.


 
Perspectivas

A retomada da economia deve ocorrer de forma lenta e gradual, muito embora tenha sido observada uma corrida ao comércio popular no início da reabertura por uma demanda que estava reprimida. Contudo, o que se tem notado é que a população ainda está receosa para sair de casa – enquanto não houver uma vacina – e, acima de tudo, preocupada com o seu orçamento doméstico, além da manutenção do emprego.
 
Ainda segundo estimativas da Federação, diante desse cenário, 202 mil empresas devem encerrar definitivamente as atividades em 2020 no Brasil, das quais 197 mil são de pequeno porte, que empregam até 19 funcionários. Por consequência, estão previstos 980 mil desligamentos no segmento do comércio varejista brasileiro neste ano, dos quais 590 mil devem ocorrer nos pequenos negócios.



Fundo Emergencial para a Saude bate meta de 40 milhões e beneficia 40 hospitais

O Fundo Emergencial para a Saude - Coronavírus Brasil, foi criado pelo IDIS, BSocial e Movimento Bem Maior em meados de março e, em cinco meses, atingiu a meta proposta de captar 40 milhões de reais para ajudar no combate ao COVID-19. A ação, que começou beneficiando hospitais filantrópicos de São Paulo, ganhou força,  se estendeu para outros 16 estados e distribuiu recursos pra um total de 41 hospitais.

“O sucesso do fundo, levando recursos para ajudar milhares de pessoas mostra a força da filantropia e a generosidade do brasileiro, que certamente está aprendendo que transformar é possível”, diz Maria Eugênia Duva, cofundadora da BSocial

A forma como a pandemia se espalhou mostrou a importância de levar os recursos para estados em situação mais vulnerável, como Pernambuco, Amazonas, Acre, Rio de Janeiro, Ceará, Minas Gerais entre outros. Em Manaus, onde a mortalidade foi elevada, quase 1 milhão de reais foram encaminhados para a Associação Brasileira de Enfermagem (AM). Treze Santas Casas de várias partes do país também receberam recursos para enfrentar batalha contra o novo coronavírus.

“Este foi um movimento que engajou além de empresas e grandes filantropos, a sociedade como um todo. É uma união inédita em torno da saúde pública”, explica a presidente do IDIS, Paula Fabiani. 

O Fundo reuniu um total de mais de 10 mil doadores, entre empresas de todos os tamanhos e área de atuação, pessoas físicas, organizações e plataformas e famílias voltadas à filantropia.

Até o final de julho, as doações do Fundo haviam se transformado em 311 mil EPIs (equipamentos de proteção individual), cerca de 11 unidades de medicamentos e em mais de 450 equipamentos hospitalares.

 



Carola Matarazzo - diretora-executiva do Movimento Bem Maior, conta que “como fomos um dos primeiros auxílios a chegar, os gestores dos hospitais nos diziam que o Fundo não estava trazendo só recursos financeiros, mas também uma nova esperança porque eles percebiam que contavam com o apoio da sociedade”.


Religião e política: qual a fronteira?

 Especialista fala sobre os limites da lei e a liberdade de expressão


A Constituição Federal de 1988 garante a todos os brasileiros liberdade de escolha sobre a sua religião, no artigo 5º. Esse fato confere ao país a característica de ser um Estado laico, que não determina o credo que sua população deve seguir. Já na política partidária, o país tem vivenciado um debate às vésperas as eleições municipais, que chegou às portas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).  

"Essa polêmica se dá por causa da vantagem que essas candidaturas poderiam ter em comparação com as demais porque membros das igrejas estão sujeitos à ascendência dos seus líderes, embora, em uma democracia todos tenham o direito de emitir qualquer opinião, inclusive política, desde que não ocorram abusos dos limites da lei eleitoral e não representem ofensas aos preceitos constitucionais e legais assegurados”, afirma Acacio Miranda da Silva Filho, advogado, professor e doutorando em Direito Constitucional pelo Instituto IDP/DF.

Segundo ele, o tema segue sendo tema de polêmicas porque a legislação só indica os elementos que configuram dois tipos de abuso – econômico e político – para garantir que o processo eleitoral transcorra sem interferências. "Não há menção específica ao abuso de poder religioso", esclarece.

O centro da polêmica em evidência reside no TSE, que lançou a proposta de penalizar abusos do poder religioso, por meio do ministro Edson Fachin, em 25 de junho desse ano. O processo que originou a proposta está relacionado à vereadora de Luziânia (GO), Valdirene Tavares (Republicanos), pastora da Assembleia de Deus, acusada de promover a sua candidatura na igreja e influenciar o voto de fiéis. O debate, que foi interrompido pelo pedido de vistas, continua nessa quinta-feira, 13 de agosto. Se aprovada, a proposta pode levar à cassação de mandatos, futuros ou em exercício. O placar, até agora, está empatado em 1 a 1, restando ainda cinco votos.

O ministro Alexandre de Moraes foi quem deu o voto contrário ao colega Fachin, afirmando que "não se pode transformar religiões em movimentos absolutamente neutros sem participação política e sem legítimos interesses políticos".

Na opinião de Acacio Miranda, a população deve acompanhar o tema com atenção. "Somente o Poder Legislativo poderia criar mecanismos para coibir abusos como o caso da vereadora. O restante é ativismo judicial”, critica o advogado. “Fica o desafio para toda a sociedade de fazer valer os ideais da maioria com as regras que existem hoje", alerta.





Fonte: Acacio Miranda da Silva Filho - Doutorando em Direito Constitucional pelo IDP/DF. Mestre em Direito Penal Internacional pela Universidade de Granada/Espanha. Cursou pós-graduação lato sensu em Processo Penal na Escola Paulista da Magistratura e em Direito Penal na Escola Superior do Ministério Público de São Paulo. É especialista em Teoria do Delito na Universidade de Salamanca/Espanha, em Direito Penal Econômico na Universidade de Coimbra/IBCCRIM e em Direito Penal Econômico na Universidade Castilha - La Mancha/Espanha. Tem extensão em Ciências Criminais, ministrada pela Escola Alemã de Ciências criminais da Universidade de Gottingen, e em Direito Penal pela Universidade Pompeu Fabra.


Desastre em Beirute: Por que o impacto foi tão grande?

 Especialistas explicam como o Nitrato de Amônio provocou tanta devastação


Em 4 de agosto, uma megaexplosão na região portuária de Beirute criou uma cratera de 43 metros de profundidade no local e devastou construções da proximidade. O acidente contabiliza, até agora, quase 200 mortos e cerca de 4 mil feridos, segundo a contagem oficial do governo do Líbano.

De acordo com a professora Marcilei Guazzelli, do departamento de Física do Centro Universitário FEI, em uma detonação como essa a energia é liberada em torno de seu material explosivo, formando uma onda de choque que "varre" tudo o que encontra pela frente. "De acordo com as informações e imagens divulgadas, estimo que, do centro da explosão até um raio de 250 metros, a destruição foi total", comenta.

A professora explica ainda que a pressão sentida por quem estava em um perímetro de até 150 m equivale a um mergulho a mais de 100 metros de profundidade sem equipamentos de proteção: "ou seja, morte na certa", explica Marcilei.

O poder de impacto desta explosão química equivale a cerca de 1500 toneladas de TNT, e é comparável a 10% do impacto causado pela bomba lançada em Hiroshima.

Conforme a distância aumenta, a energia da onda de choque se dissipa e, apenas após cerca de 10 km, é possível considerar não ter mais força de destruição. Ou seja, os danos são considerados suportáveis. "Como a detonação ocorreu em uma zona portuária, boa parte da energia da onda de choque foi dissipada em direção ao mar, evitando que o desastre fosse ainda maior", conclui.

Mas o que ocasionou a explosão?

Na região estima-se que estavam armazenadas 2.750 toneladas de nitrato de amônio, substância utilizada em diversas aplicações, dentre elas em fertilizantes, misturas congelantes, herbicidas e inseticidas e explosivos.

O professor Ricardo Belchior, chefe do departamento de Engenharia Química da FEI, explica que o sal nitrato de amônio é obtido pela reação de neutralização do ácido nítrico com a amônia e que, em condições normais de temperatura e pressão, ele é bastante estável e não apresenta riscos se armazenado de forma adequada. "Mas pelas imagens do acidente, é possível observar que antes da grande explosão estava ocorrendo um incêndio no porto. Com a alta temperatura do fogo é provável que tenha ocorrido a decomposição do nitrato de amônio, ocorrendo uma grande expansão dos gases liberados dessa decomposição e potencializando a explosão".

Outro efeito extremamente grave da catástrofe foi a inalação de fumaça tóxica por pessoas que estavam nas proximidades. Belchior ressalta que a fumaça pode mesmo causar danos à saúde. "Os gases tóxicos que atingiram a população pode ter sido proveniente do incêndio que estava ocorrendo, mas também devido à presença do nitrato de amônio. Este sal, quando decomposto totalmente, libera vapor de água, oxigênio e nitrogênio, que não são tóxicos. Todavia, é possível que ele tenha liberado também vapores de amônia, que é extremamente tóxico. Só uma perícia minuciosa poderá concluir o que de fato ocorreu em Beirute", explica.

Como o nitrato de amônio é uma substância muito importante para o Brasil (por seu uso em fertilizantes), o professor recomenda que o caso de Beirute sirva de lição para revisarmos a forma de armazenagem do produto. "Em temperatura ambiente, o nitrato de amônio é seguro de ser armazenado e manipulado. Entretanto, o acidente mostrou mais uma vez o poder de destruição desse produto quando em contato com o fogo", afirma.

Para conhecer os projetos do Centro Universitário FEI, acesse www.fei.edu.br ou siga a Instituição nas redes sociais em fei.edu.br/redes.

 

Em tempos de crise, imóveis se sobressaem como garantidor de dívidas bancárias

 Lastro em patrimônio imobiliário abre portas na hora de conseguir crédito e também se credor estiver em dificuldade de pagar a dívida


Fortemente impactados pela grave crise econômica causada pelo novo coronavírus, famílias e empresas quase triplicaram o volume de pedidos de crédito com garantia em imóvel próprio em abril, na comparação com março. É o que aponta levantamento feito pela plataforma Credihome, especializada em empréstimos com lastro imobiliário. Em fevereiro e em março, foram solicitados, em média, R$ 2 milhões em contratos de empréstimo. Já em abril, um mês após as primeiras medidas de isolamento social, esse volume subiu para R$ 5,3 milhões, segundo a Credihome.

No cenário de forte insegurança econômica que se tem pela frente, em que analistas falam numa queda de até 7% do PIB brasileiro, conseguir crédito para se estabelecer ou manter um mínimo de liquidez não é tarefa fácil, mesmo com o país praticando uma taxa oficial de juros a 2,25%, a menor da história. “As incertezas econômicas, não só no Brasil mas em todo o mundo, são enormes e o mercado de crédito bancário nunca caminhou bem em ambientes de dúvida. A lógica é simples: os bancos sabem que a grande maioria das pessoas e empresas não conseguirão honrar seus compromissos e, nesta situação, o crédito será sempre mais caro e difícil, independente da queda da taxa básica de juros”, explica Cidinaldo Boschini, especialista em ativos estressados (créditos concedidos e não pagos aos bancos).

E é justamente essa dificuldade em se oferecer garantias num cenário de baixa atividade econômica como o atual, que faz dos empréstimos com lastro em patrimônios imobiliário uma boa opção de financiamento. Os bancos aceitam garantia hipotecária mas tendem a preferir alienação fiduciária de bens imóveis. Essa modalidade de concessão de crédito costuma oferecer juros mais baixos do que outras linhas de financiamento existentes no mercado, em virtude da mitigação de risco que o tipo de garantia fornece. 



Alienação fiduciária


De acordo com Cidinaldo Boschini, empréstimos com garantia imobiliária acabam sendo mais viáveis num cenário de baixa atividade econômica. “As instituições financeiras estão operando a maioria dos novos empréstimos apenas com garantia hipotecária de bem imóvel e preferencialmente com imóvel em alienação fiduciária. Alienação fiduciária é uma modalidade onde é transferida a propriedade do bem imóvel ao agente que concedeu o crédito, ficando o devedor apenas na posse e uma vez que exista o inadimplemento, o credor realiza a consolidação do imóvel e a venda através de leilão, aumentando a chance dos bancos recuperarem parcialmente o crédito inadimplido.", diz.

Segundo Cidinaldo Boschini, os imóveis são dados como garantia em empréstimos bancários pelo valor de liquidação forçada, ou seja, por 60% do valor de avaliação do mercado. E o valor do crédito concedido geralmente corresponde a 70% do valor de liquidação forçada. Desta forma aumenta a perspectiva do banco recuperar o principal do crédito concedido. Ocorre que para o devedor na maioria das vezes persiste a dívida mesmo com o banco tendo consolidado o bem imóvel e vendido em leilão, vez que existem as atualizações, juros, mora, encargos e honorários advocatícios.

"Essa negociação se dá em valores mais equilibrado quando entram as empresas voltadas à aquisição de ativos estressados. Elas compram dos bancos o direito de recebimento e oferecem melhores condições de negociação ao devedor, pois possuem mais flexibilidade do que os bancos. Muitas destas empresas preferem receber o imóvel dado em garantia em pagamento liberando o devedor de pagar o saldo devedor", explica Cidinaldo.

O especialista explica que diante do cenário econômico que se desenha para os próximos meses o aumento da inadimplência e da renegociação de empréstimos vencidos será inevitável. “Em grandes crises econômicas os níveis de inadimplência podem atingir em média cerca de 20% do total de empréstimos bancários. Temos aí um grande mercado de negociação de dívidas que pode agregar valor tanto para instituições bancárias quanto para os devedores. Para os bancos, é a chance de receber uma boa parte do valor dos créditos inadimplidos, já para o devedor, especialmente quando empresa, é uma oportunidade de fazer uma negociação de pagamento mais flexível do que seria com a instituição financeira”, explica o especialista.

De acordo com Cidinaldo Boschini, empréstimos com garantia imobiliária acabam sendo mais viáveis num cenário de baixa atividade econômica pela redução do risco ao banco que concede o empréstimo. Para o especialista, quando devidamente regulamentado e feito por empresas capacitadas para tal, o mercado de negociação de créditos inadimplidos também pode ajudar na liquidez necessária para a retomada da atividade econômica. “Ao receber uma boa parte desta dívida que dificilmente receberia em condições normais de cobrança, o banco tem condição de liberar mais crédito. E o devedor poder ter uma nova chance de negociar sua dívida, de forma mais flexível que teria junto banco, e com a possibilidade de usar um bem imóvel na negociação”, esclarece Cidinaldo.

 

Novo Normal: o que muda na medicina, na economia e no direito com a pandemia?

 Veja a opinião de especialistas diversos – médicos, empresários, servidores essenciais e advogados – sobre o que mudará após a pandemia

 

O tal “Novo Normal” chegou? Se chegou, o que trouxe de realmente “novo”? O que a pandemia nos ensinou (e está ensinando) que devemos manter – em relação aos hábitos de higiene, mas também em relacionamento, em comportamento?... Perguntamos para diferentes segmentos e colhemos diferentes respostas. Conversamos com advogados, médicos, empresários e servidores públicos essenciais, entre outros. 

O que procuramos saber deles: Afinal, o “novo normal” já chegou? O que muda e o que permanece na sua área de atuação? Podemos dizer que estamos vivendo o “novo normal”? Nem todos concordam que o novo normal já começou, mas todos concordam que há mudanças necessárias a se fazer.

Veja as respostas:


Para o pediatra Mario Ferreira Carpi, do Hospital Águas Claras, “considerando que o “novo normal” é um conjunto de ações e comportamentos que permitem nossa adaptação e sobrevivência diante da realidade da pandemia pelo novo coronavírus, eu diria que já estamos vivendo o “novo normal”. Após 4 meses de isolamento social, tivemos a oportunidade de vivenciar e aprender muitas coisas. Percebemos por exemplo que é possível e, muitas vezes até mais produtivo, trabalhar em casa (home office) e que reuniões que exigiriam deslocamentos e gastos podem ser feitas utilizando ferramentas disponíveis em nossos computadores, permitindo discussões em tempo real. É claro que a maioria das pessoas continuarão a ter que se deslocar para seus trabalhos e as crianças, embora possam ter parte de suas atividades didáticas online, terão que voltar para a escola. O convívio social faz parte da natureza humana e é essencial. Mas, ao menos até nos sentirmos seguros novamente, esse convívio obedecerá a novas regras, como o uso de máscaras, novas formas de nos cumprimentarmos e cuidados com a higiene das mãos. Talvez finalmente nossa sociedade tenha aprendido que vírus respiratórios (não apenas o coronavírus) são transmitidos não apenas por tosse ou espirros, mas também pelo contato com mãos e objetos contaminados por essas secreções. Teremos que ser mais contidos e menos expansivos, mantendo um certo distanciamento social para nossa própria segurança. Como tudo que é novo, isso causa certa angústia, mas já estamos incorporando esse novo padrão de normalidade.

Outros aspectos podem ser ressaltados. Percebemos que não temos controle sobre o mundo (excelente oportunidade para nos tornarmos mais humildes), que altruísmo, solidariedade e fé também fazem parte da natureza humana e nos fortalece nas crises e que a família continua sendo a base de tudo”.


Na esfera do direito o advogado Leandro Rufino, do Rufino & Rebuá Advogados, acredita que “a pandemia alterou de maneira profunda o mundo do Direito, como todas as outras áreas, o que não quer dizer que esse será o novo normal.  Sem dúvida, algumas das mudanças trouxeram ganhos. As audiências online, por exemplo, reduziram custos com deslocamento. A produtividade de alguns servidores dos tribunais foi, por determinação dos respectivos órgãos, aumentada o que faz com que haja uma celeridade maior nos processos. Se por um lado isso é positivo e poderíamos torcer para ficar, já há advogados trabalhistas, especialmente, pedindo para que as audiências não sejam online porque não é possível saber quem está acompanhando a testemunha, por exemplo. Se ela está sendo pressionada ou chantageada. Mas acredito que haverá um meio termo possível, para que audiências em cidades diferentes, por exemplo, possam ocorrer de forma virtual, reduzindo o custo da Justiça”.


Na opinião da infectologista do Hospital Águas Claras, Ana Helena Germoglio, “O que era o normal? Vida corrida, sem olhos no olhos, crianças nas escolas e pais trabalhando 12h ao dia, vida em 4G, reuniões de trabalho intermináveis, digitalização das relações interpessoais.... Infelizmente, é impossível prever o comportamento humano pós-pandemia, porque isso dependerá da conscientização individual. Do contrário, teremos outras pandemias tão graves ou piores. As pessoas devem entender que nosso comportamento pode e tem capacidade de interferência na vida das demais pessoas. Viver coletivamente é a única chance de sermos humanos. E, para continuarmos nessa vida durante e pós-pandemia, precisamos pensar coletivamente. Uma coisa é certa, nada será como antes. Uma doença emergente viral veio para alterar completamente nossos hábitos de consumo e comportamento interpessoal, mostrou quão frágil é o ser humano. Coisas simples que nem pensávamos a respeito, ganham agora uma nova dimensão.  Práticas como hábitos de higiene, solidariedade, altruísmo ganharam destaque em nossas vidas em tão pouco tempo. Valorização do contato olho no olho, dos abraços e apertos de mãos, revalorização de ambientes abertos, novos hábitos de consumo virtual. Talvez sim, esse seja o normal”.


O diretor de Marketing e Vendas da Família do Sítio, Ricardo Barbosa,  não acredita que chegamos ainda ao chamado “novo normal”:  “O novo normal deve acontecer assim que tivermos uma vacina para o vírus, porque a partir desse momento veremos o que essas mudanças que estão acontecendo hoje vão provocar no comportamento da sociedade. Hoje tem pessoas aqui na empresa que estão trabalhando de casa, tem pessoas que estão trabalhando em horário reduzido. Isso está acontecendo não por conta de uma opção da empresa, mas por uma falta de opção trazida pela pandemia. O novo normal vai acontecer depois desse período de pandemia quando nós tivermos a opção de escolher, por exemplo, continuar a trabalhar dessa maneira. Acho que ainda é um momento de transição, de reflexão, onde a gente precisa enxergar agora o que deve ser priorizado. Ainda mais falando sobre empresas, que temos a questão de tempo versus produtividade, se são coisas que têm uma relação direta ou não. A gente fala muito que está vivendo no mundo moderno, mas a maioria das empresas sofreu muito. Que mundo moderno é esse que a gente não está preparado para trabalhar à distância? Na verdade, nós estamos vivendo um momento de transição. Na minha visão não estamos ainda vivendo o novo normal. Iremos viver ainda o novo normal, que com certeza trará mudanças, sejam comportamentais, sejam de postura, de visão de coletivo, de visão do individual. O novo normal vai trazer para a gente a importância da reflexão, de refletir sobre a vida, sobre a nossa atitude e nossos comportamentos.

Eu prevejo mudanças muito positivas. Acho que todo mundo passou a entender melhor o seu papel dentro da organização e o seu papel profissional como indivíduo. Estamos vivendo em uma dicotomia de tempo, em que ao mesmo tempo nos falta tempo e temos tempo demais. Isso fez com que a gente percebesse atalhos, no sentido positivo. O que a gente pode otimizar, que conversas a gente pode ter de maneira mais rápida, sem precisar procrastinar muitas coisas. Acho que a procrastinação aqui na nossa cultura vai ser bem diminuída. Nesse sentido eu vejo uma evolução muito grande de comportamento. Acho que as pessoas começaram a perceber também mais umas às outras, perceber suas dificuldades, porque cada um acabou vivendo momentos exclusivos, problemas únicos. De maneira coletiva as pessoas passaram a se enxergar como um grupo, e não somente como indivíduos trabalhando em uma mesma empresa”.


O infectologista do Hospital Brasília, André Bon, acredita que já estamos vivendo o novo normal. “Algumas mudanças de hábito não vão voltar atrás. A lavagem frequente das mãos, a higienização com álcool, não deve mudar. Me pergunto se o uso de máscaras vai perdurar, mas certamente o reforço de higienização vai persistir, inclusive relacionado aos alimentos e aos produtos que chegam dentro de casa. Em relação aos cuidados de saúde, talvez seja importante fazer um reforço das medidas que estão sendo tomadas agora. Para quem adotou o novo normal, eu não recomendaria que as pessoas voltem a frequentar bares e restaurantes. Continua a recomendação de distanciamento social, que as pessoas se mantenham ainda dentro de casa. Mas, para o futuro, eu diria que a etiqueta respiratória (na hora de tossir e espirrar, usar a face interna do cotovelo) e as medidas de higienização continuarão a ser muito importantes quando estivermos em espaços coletivos. Talvez sejam as medidas mais importantes daqui pra frente nestas situações.”


O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas, José Carlos Magalhães Pinto, também acredita que o novo normal ainda está por vir: “Apesar de grande parte de o comércio estar funcionando, ainda não podemos dizer que vivemos o “novo normal”. Temos novos cuidados, novas condutas, novos canais de venda. Mas o consumidor ainda não se comporta dentro de uma “normalidade”, mesmo que seja diferente do que vivíamos antes da pandemia.

Se pudéssemos já definir um “novo normal”, me arriscaria a dizer que há uma tendência a mudanças no perfil de consumo. As empresas estão apostando no home office como uma medida de médio e longo prazo ou, em muitos casos, definitiva. Isso mudará o consumo de roupas, sapatos e acessórios de maneira relevante. O consumidor está apostando muito mais nos produtos essenciais. Ainda há a questão da higiene, que fez ressurgir no mercado produtos de limpeza como álcool 70, água sanitária, sabão líquido e outros. Também apostaria em uma mudança de perfil de consumo, mais consciente, com valorização dos produtos locais. Tanto as CDLs de todo o Brasil como a CNDL tem incentivado o consumo nas pequenas e médias empresas locais.

Com relação à retomada da economia, ficamos à mercê de medidas que demoraram muito a ocorrer – como a liberação de crédito para pequenas e médias empresas. Se há um “novo normal” para as pequenas empresas, é a triste realidade de que muitas não conseguirão reabrir suas portas. Por outro lado, não podemos negar o perfil empreendedor do brasileiro, que está se reinventando nos mais diferentes setores. Basta ver o sucesso dos Drive-In´s, que já estão conquistando o público dos shows.

Enfim, o “novo normal” exigirá a reconstrução de muitas empresas, a reinvenção de outras e muitas quebras de paradigma. Na Câmara de Dirigentes Lojistas do Distrito Federal, seguiremos acreditando que tudo isso vai passar e que vamos superar os desafios”.


Para a pediatra Sandi Sato, da Maternidade Brasília, “a gente precisa começar a se preparar para o novo normal, entender o que é uma responsabilidade compartilhada e o que é viver em sociedade garantindo o bem-estar do próximo. Isso deveria ser o normal sempre, não apenas pós-pandemia. Já com relação à volta às aulas, vai exigir algumas práticas com cuidados relacionados à transmissão de Covid.  Crianças transmitem doenças com facilidade, então ainda é preciso manter as atuais recomendações e reforçar os cuidados de higiene. Não há novas recomendações, ainda é preciso evitar as saídas desnecessárias e manter o distanciamento social”.


Parte do grupo de trabalhadores considerados “essenciais”, o diretor de política profissional do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários, Antonio Andrade, vê com algum ceticismo o novo normal.  “Com certeza muitas mudanças que foram forçadas por conta da pandemia vão se manter no futuro. E de uma forma positiva, porque a situação atual nos fez rever diversas práticas da carreira, descobrir o que pode ser feito de maneira mais efetiva. Esperamos sair dessa pandemia mais fortes, mais unidos, e isso será extremamente importante para o momento de recuperação. A retomada do crescimento econômico dependerá principalmente do agronegócio e as atividades de fiscalização são essenciais para mantermos a produção, a qualidade dos alimentos e o sucesso das nossas exportações. No entanto, as atividades de campo ainda oferecem risco para os Affas, apesar de todas as medidas de segurança. Vemos agora uma queda no número de casos de Covid em algumas cidades do país, e em outras temos a estabilização. Porém, a contaminação ainda está ocorrendo e, apesar de todos os cuidados de prevenção e equipamentos utilizados, o risco que um Affa em campo se contamine sempre existe. Nós, efetivamente, estamos trabalhando de maneira diferente. Estamos usando mais meios eletrônicos, videoconferências. Conseguimos nos adaptar à realidade com muita desenvoltura. Sem dúvida tiramos muitos aprendizados dessa pandemia”.


O infectologista do Hospital Brasília, André Bon, acredita que já estamos vivendo o novo normal. “Algumas mudanças de hábito não vão voltar atrás. A lavagem frequente das mãos e a higienização com álcool, por exemplo, não devem mudar. Me pergunto se o uso de máscaras vai perdurar, mas certamente o reforço de higienização vai persistir, inclusive relacionado aos alimentos e aos produtos que chegam dentro de casa. Em relação aos cuidados de saúde, talvez seja importante fazer um reforço das medidas que estão sendo tomadas agora. Para quem adotou o novo normal, eu não recomendaria que as pessoas voltem a frequentar bares e restaurantes. Continua a recomendação de distanciamento social, que as pessoas se mantenham ainda dentro de casa. Mas, para o futuro, eu diria que a etiqueta respiratória (na hora de tossir e espirrar, usar a face interna do cotovelo) e as medidas de higienização continuarão a ser muito importantes quando estivermos em espaços coletivos. Talvez sejam as medidas mais importantes daqui pra frente nestas situações.”


Henrique Alencar é empresário (tem uma loja na W3 Sul e outras lojas alugadas) e diretor da CDL-DF. Ele não acredita que estamos vivendo o novo normal. “Todo dia, é um cenário diferente. As pessoas ainda estão com medo, o crescimento da Covid ainda assusta. No meu ramo, de material de construção, a pandemia tem sido favorável. As pessoas estão em casa, aproveitam para fazer pequenas reformas. Mas eu sei que não está assim em todos os setores. Para as lavanderias ou para salões de beleza, por exemplo, está em baixa.  Enquanto isso, as lojas de bicicleta, por exemplo, estão bombando. Todo mundo que não está podendo ir à academia, está aproveitando para pedalar. Não é possível ainda falar em retomada da economia, ainda tem mudança para acontecer, tem decreto novo todo dia. Estamos funcionando em horário reduzido, tentando evitar aglomerações nos transportes urbanos. Ainda é cedo para falar em novo normal. Os nossos negócios exigem presença física. O consumidor não está comprando por impulso. Ele sai de casa com uma meta e compra só aquele produto. Alguns produtos que são vendidos por impulso estão relacionados à pandemia: álcool gel, tapete sanitizante, produtos de higiene. Mas, para alguns setores, a retomada ainda vai demorar muito”.

 

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