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segunda-feira, 9 de setembro de 2019

4 SINAIS QUE ALERTAM PARA O RISCO DE SUICÍDIO



Setembro chegou e ele é amarelo. Mas o que isso quer dizer? Na cultura chinesa, por exemplo, a cor é utilizada para representar a dinastia do Imperador Huang, primeiro chefe tribal de sua confederação, representando força, perseverança e grandes conquistas. Para os nipônicos, o amarelecer dos crisântemos, flor símbolo da Família Imperial, faz jus à elegância e à altivez.

Já para nós, ocidentais, o amarelo é sinal de alerta. Longe da ancestralidade mística das terras que habitam o outro lado dos Montes Urais, cordilheira que separa o continente europeu do asiático, no mês de setembro, abrimos os nossos “olhos cerrados” para ver o que nem sempre conseguimos enxergar: a cada 56 segundos, uma pessoa comete suicídio no Brasil.

E por que motivo isso ocorre? De acordo com estudos realizados pela agência especializada em saúde, World Health Organization, localizada na cidade de Genebra, na Suíça, 70% das tentativas de autoextermínio estão relacionadas à depressão: moléstia que, atualmente, acomete 121 milhões de pessoas, provocando uma espécie de curto-circuito cerebral.

Para a instituição, a depressão é como uma “Bomba de Hiroshima”. À medida que os níveis de serotonina, neurotransmissor responsável por modular as sensações de humor e bem-estar na estrutura do cérebro, deixam de operar normalmente, ocorre o que se chama de “efeito lutar ou fugir”. Isto é: para amenizar o sofrimento, nada melhor do que tentar tirar a própria vida. 

Psicologicamente falando, neurônios defeituosos implicam em um psiquismo manco. Uma vez que o tecido neuronal dá contorno às emoções, sem o combustível vital para a positividade, a teia formada pelas relações afetivas começa a “quebrar”, deixando o deprimido em uma realidade em que seus destroços internos compõem um cenário de conflagração e ruína.

Assim, é como se a mente do deprimido dissesse: “não posso confiar mais no que penso e muito menos no que sinto. A minha dor é tão grande, tão profunda e tão sem forma que, para me ver livre desse cinza existencial, só me resta descansar em paz. Para isso, acho que vou começar a pensar em maneiras rápidas e fáceis de eliminar este estado de uma só vez”.

Paráfrases lúgubres à parte, antes que este desejo possa vazar para a mente consciente e se transforme em um plano friamente calculado ou se faça valer por meio de impulsos involuntários rumo ao grand finale, a escuta suficientemente atenta daqueles que estão mais próximos do enfermo pode ser o alerta-amarelo para prevenir situações de risco iminentes.

Mas como fazer isso? Primeiramente, é comum que a pessoa deprimida recorra a discursos intitulados “deleito de morte”. Sabe aquelas frases como: “quero dormir e só acordar no mês que vêm” ou “queria que abrisse um buraco na terra para que eu pudesse me enfiar?”. Elas indicam que a fantasia e o prazer de estar morto suplantam a vontade e a alegria de viver.

E o que dirá das ideações paranóicas? Como o ódio interno está exacerbado devido à falta de desfastio anímico, também é frequente que pessoas em risco de morte interpelem as loquelas projetivas: “já estou antecipando a divisão dos meus bens, no caso de algum problema” ou, ainda, “já deixei as expensas do meu funeral pagas, vocês não terão com o que se preocupar”.

Prostrado está, melancólica a sua linguagem ficará. Se tudo na vida parece não ter mais graça, toda e qualquer fonte de prazer será atacada funestamente, gerando como se fosse uma espécie de mortalha autodirigida: “não acho mais graça nesse programa de televisão”, “meus amigos não são mais os mesmos” e “esta cidade não é mais como fora em outras épocas”.

Por fim, resta-nos a difícil decisão: interferir ou não interferir? Se avançarmos demais, nos tornaremos nauseabundas muletas maternas. Se recuarmos, talvez o combalido ponha-se a delirar, metamorfoseando-nos enquanto peste responsável pela sua própria desgraça. Afinal, como já diria na Terra do Sol Nascente: “a felicidade só depende de nós mesmos”.




Renan Cola - psicanalista da É Freud, Viu?


Meu filho não fala, devo procurar um médico?


Saiba quando o atraso de linguagem das crianças exige atenção do pediatra


De 5 a 10% das crianças apresentam algum problema de atraso na fala. Esse problema tem causas variadas e podem ir desde distúrbios mais simples como problemas auditivos e respiratórios1, até problemas mais sérios como síndromes ou doenças degenerativas. Quando uma criança não está no nível de desenvolvimento linguístico esperado para sua idade, ela pode necessitar apenas de um “empurrãozinho”, mas os pais devem estar atentos para saber quando procurar ajuda profissional. É esperado que crianças de 12 a 18 meses já respondam quando chamadas pelo nome e saibam dizer palavras que tenham significado, tal como pai e mãe. 

“Para auxiliar no desenvolvimento neurológico e socioemocional da criança, os pais devem motivar seus filhos a conversar com coleguinhas para terem mais autonomia na escola, que é quando estão sem a família e alguém para fazer tudo por eles. Dessa forma, quando a criança estiver em uma situação de necessidade, ela conseguirá verbalizar suas vontades” comenta a neurologista Dra. Maria Luiza Manreza, ex-presidente da Liga Brasileira de Epilepsia (LBE).

Estar atento aos filhos, ler para eles e acompanhar sua evolução cognitiva pode prevenir o desenvolvimento destes atrasos de fala. Muito além de deixar por conta da escola, os pais devem acompanhar de perto o desenvolvimento das crianças sempre. Se tudo está a favor, mas a fala não alcança o ritmo dos demais, deve-se buscar ajuda profissional.

De acordo com a Dra. Manreza, o pediatra é a pessoa certa a ser procurada ao se perceber o atraso na linguagem, pois ele poderá avaliar melhor a situação, pedir exames pertinentes que ajudem a diagnosticar a causa deste atraso e, junto com outros especialistas, indicar o tratamento adequado para cada caso2.

O atraso na fala pode, por vezes, estar associado à Doença de Batten, um conjunto de 14 condições genéticas raras que comprometem o desenvolvimento motor e cognitivo das crianças. Convulsões sem motivo aparente também estão presentes na Doença de Batten e, com frequência, aparecem logo a seguir ao atraso de linguagem. Assim, é preciso procurar ajuda para avaliar crianças com atraso na fala e garantir um diagnóstico correto, preservar seu desenvolvimento e evitar complicações futuras.




Referências
1.   Vitto, M., & Feres, M. C. (2005). DISTÚRBIOS DA COMUNICAÇÃO ORAL EM CRIANÇAS. Medicina (Ribeirão Preto. Online), 38(3/4), 229-234. https://doi.org/10.11606/issn.2176-7262.v38i3/4p229-234.
2.   P. C. SPYER, Letícia, M. DE OLIVEIRA, Vanessa. DISTÚRBIOS DA FALA E DA LINGUAGEM NA INFÂNCIA. Revista Médica de Minas Gerais 2011; 21(4 Supl 1): S54-S60.


A contribuição dos profissionais da Odontologia na campanha Setembro Amarelo



Dez de setembro é oficialmente o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e o Conselho Federal de Medicina (CFM) promovem nacionalmente a campanha Setembro Amarelo.  A proposta é alertar a população sobre os fatores de risco para o comportamento suicida. As(os) cirurgiãs(ões)-dentistas, assim como outros profissionais da saúde, podem desempenhar um papel importante de prevenção ao atentar para sintomas físicos e comportamentais de seus pacientes.  

Ao identificar os sinais da doença eles podem orientar os seus pacientes a procurar ajuda especializada como forma de colaborar com o diagnóstico.  Segundo dados da organização da campanha, mais de 96% dos casos de suicídio têm ligação com transtornos mentais e a depressão é um deles.  
O transtorno provoca, por exemplo, alterações vasculares nos microvasos, principalmente dos tecidos de suporte dos dentes, causando mobilidade dentária. A retração gengival e até a perda dos dentes estão entre as consequências da doença. Pacientes com depressão crônica têm grandes chances de desenvolver o bruxismo, que causa dores e outras complicações, como desgaste dos dentes.  

Também vale atentar para alguns medicamentos, comumente prescritos aos pacientes com depressão, ansiedade e outros transtornos psiquiátricos. Eles podem alterar a saúde bucal. A gengivite, periodontite e xerostomia são algumas das enfermidades mais comuns. É fundamental que o paciente informe a (o) profissional da Odontologia sobre o uso de remédios durante a anamnese para que ele possa determinar o tratamento odontológico adequado.  
A recomendação é de que as(os) cirurgiãs(ões)-dentistas devem ficar atentas(os) aos aspectos que envolvem a sua especialidade e atuar multidisciplinarmente com outras áreas da saúde. Psicólogos, reumatologistas (em casos de fibromialgia), nutricionistas ou nutrólogos podem integrar o grupo de assistência ao paciente, contribuindo para melhoria do bem-estar físico e emocional.




Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP)


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