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quarta-feira, 3 de abril de 2019

Bullying pode ser determinante no desenvolvimento e na constituição da personalidade


Problema já afeta 150 milhões de jovens no mundo


O bullying nas escolas é um problema recorrente que ainda exige muito debate, atenção, combate e conscientização. Ele afeta crianças e adolescentes em todo o mundo e preocupa pais, educadores e especialistas. Segundo um levantamento do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, metade dos adolescentes entre 13 e 15 anos, cerca de 150 milhões de meninos e meninas, sofre violência corporal ou psicológica por parte dos colegas, dentro e no entorno das escolas.

Segundo a psicóloga da Clínica Maia, Aline Grou, é considerado bullying a prática de atos violentos e intencionais, seja verbal ou fisicamente, que acontece de modo repetitivo e persistente, sem aparente razão ou motivação clara, com intuito de intimidar, humilhar e maltratar qualquer pessoa que se mostre indefesa. O ato pode ocorrer em diversos ambientes, porém, atualmente, é visto mais comumente em colégios.

"Além dos pais ficarem atentos a machucados e hematomas sem explicação, é importante entender que o problema interfere diretamente no comportamento e no emocional da criança/adolescente, que passa a apresentar isolamento, irritabilidade, agressividade, alterações no sono e no apetite, choro sem motivo aparente e desinteresse pela escola. A vítima do ato pode criar até mesmo meios para não ir ao colégio, inventando dores de cabeça constantes e mal-estar, por exemplo", alerta Aline, especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental.

As consequências do bullying, além de físicas, são também psicológicas, afetando seriamente o emocional e o cognitivo. O problema pode ser determinante para o estabelecimento da autoestima e pode influenciar de maneira negativa no desenvolvimento e constituição da personalidade, além de provocar queda no rendimento escolar, evasão da escola, dificuldades de aprendizagem e socialização, e, em casos mais graves, desenvolvimento de depressão, ansiedade e pensamentos autodestrutivos como o suicídio.

"É essencial que os pais se atentem às mudanças de comportamento do filho.

Por isso, esta é uma fase que exige um vínculo forte com a criança/adolescente, mantendo um diálogo aberto, frequente e sem julgamentos. Caso se confirme a suspeita do ato, é fundamental procurar a escola para alertar sobre o que está acontecendo, a fim de exigir que as devidas providências sejam tomadas para evitar que este tipo de situação perdure", comenta a psicóloga.

Aline ressalta, ainda, que o bullying praticado por meninos é feito de maneira mais expansiva e agressiva com chutes e socos, por exemplo, sendo mais fácil de identificar. Já o bullying praticado por meninas acontece de maneira mais velada, através de fofocas, humilhações e comentários negativos. A vítima é isolada, excluída do convívio, ignorada na realização de trabalhos ou atividades em grupo.

"Nesse tipo de situação, a escola precisa ficar atenta e intervir rapidamente, comunicando aos pais e encaminhando o agressor para um tratamento psicológico, pois é bem possível que a criança que comete o ato também esteja em sofrimento psíquico. É necessário promover também medidas de conscientização e combate a todos os tipos de violência dentro do ambiente escolar. É importante ter um olhar cuidadoso sobre o assunto - nem tudo pode ser considerado como brincadeira típica da idade", destaca a especialista. O bullying tornou-se um "fenômeno" tão sério que motivou a regulamentação de novas leis para coibir esse tipo de ação, principalmente no ambiente escolar (lei 13185/2015 e a lei 13.663/2018).

Para a psicóloga, a família é o primeiro grupo social do qual a criança faz parte, portanto é importante os pais observarem os tipos de brincadeira e verbalização que ela apresenta em casa, e chamar sua atenção para atitudes que possam ofender ou constranger o outro, esclarecendo que aquilo não é uma brincadeira. "As escolas, por sua vez, podem promover com frequência palestras preventivas sobre o tema, com uma abordagem colaborativa e pacificadora para resolução de conflitos".

A Clínica Maia está implementando, inclusive, o programa intitulado Saudável Mente, cujo intuito é abrir um canal especializado de informação nas escolas para que o jovem, o educador e a família possam enxergar a saúde mental sem tabus ou paradigmas, bem como possibilitar a busca da ajuda profissional sempre que necessário. O projeto visa realizar palestras no ambiente escolar, sendo o primeiro contato feito com os educadores, para que eles possam identificar casos, oferecer ajuda aos estudantes e para que saibam também agir em casos de conflito.

O tratamento das vítimas de bullying é realizado através de psicoterapia individual e envolve treinamento de habilidades sociais, promoção de resiliência e psicoeducação. Como as vítimas do problema apresentam insegurança, baixa autoestima e dificuldades para se expressar e se comunicar, essas técnicas visam trabalhar e modificar esse comportamento, contribuindo para que ela crie habilidades de enfrentamento frente ao agressor ou situações de constrangimento. E a família é extremamente importante neste processo.

"O agressor, por sua vez, também deve passar por tratamento psicológico, pois muitas vezes possui uma autoestima tão baixa quanto a das vítimas, assim como um alto nível de sofrimento emocional, que deve ser acolhido e tratado. Também é importante promover a empatia, criando possibilidades de sensibilização e envolvimento de forma positiva com o grupo/vítima", completa Aline.

Será que meu filho está com atraso na aquisição da fala?


Veja alguns sinais de alerta que devem ser investigados


Cada criança tem seu tempo quando o assunto é desenvolvimento infantil. Entretanto, há parâmetros que podem ser usados para avaliar se os marcos do desenvolvimento estão dentro do esperado, ou se é preciso investigar um possível déficit ou atraso. Quando o assunto é fala, os pais precisam ficar atentos.

Isto porque de acordo com um estudo brasileiro, feito pela Universidade do Rio Grande do Sul, 6 em cada 10 crianças com diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) tinham atraso de fala. Esta foi ainda a principal razão para os pais procurarem ajuda.

Porém, segundo a fonoaudióloga Christiane Benevides, da Clínica Walkíria Brunetti, nem todo atraso na fala tem ligação com transtornos do neurodesenvolvimento. O atraso na fala pode estar ligado a diversos fatores, além do autismo.

"Algumas condições como problemas auditivos, apraxia da fala e o Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem (DEL) são bastante prevalentes quando o assunto é atraso na aquisição da fala”, cita Christiane. Para a especialista, outros fatores também devem entrar na avaliação clínica, como estímulos não adequados, seja na escola ou em casa.
 

Cuidado com o ensino bilíngue 
 
Outro aspecto que costuma afetar a fala é colocar a criança, precocemente, em escolas bilíngues. “Se um dos pais é estrangeiro e fala a língua materna em casa, não há problemas de a criança aprender as duas línguas, ou seja, o português e a língua falada pelo pai ou pela mãe. Mas, para incentivar uma aquisição adequada da fala, é importante conversar com a criança nos dois idiomas fora do ambiente escolar”, recomenda Christiane.

Entretanto, a fonoaudióloga ressalta que se os pais são brasileiros e a língua usada pela família é o português, colocar a criança em uma escola bilíngue durante a fase de aquisição da linguagem pode não ser uma boa ideia.

“A criança não terá espaço para praticar o idioma fora de casa. Nestes casos, a recomendação é esperar a criança aprender a falar corretamente a língua materna, para só depois colocá-la em uma escola bilingue”, reforça a especialista.
 

Quais são os sinais de atraso na fala?
 
Alguns marcos são importantes na aquisição da linguagem oral. O primeiro deles é o choro. “O choro é o primeiro sinal de que está tudo bem. Por volta dos três meses de vida, temos o balbucio. Trata-se da emissão de sons repetitivos pelo bebê, como gu......, arrrrr, etc. Lembrando que para que o bebê atinja este marco e os outros, é fundamental que os pais conversem com ele desde a gestação”, ressalta Christiane.

“Outro marco importante da fala ocorre por volta dos oito meses. Muitos bebês já entendem o não, dão tchau e começam a falar as primeiras palavras, geralmente formadas por sílabas simples, como mamá, papá, entre outras. Bater palmas e mandar beijos são outras conquistas desta fase. Espera-se que por volta dos dois anos e meio a três a criança esteja falando, formando frases, mantendo diálogos, com um repertório maior de palavras”, explica a especialista.

“Portanto, os sinais de que a fala pode estar atrasada podem ser notados quando o bebê não chora, não balbucia e assim por diante, de acordo com os marcos esperados para cada faixa etária. Quando a criança faz dois anos e não fala nenhuma palavra, é um sinal de alerta importante para procurar um especialista”, alerta Christiane.

Com a ajuda da fonoaudióloga, fizemos uma lista de alguns sinais de alerta quando o assunto é atraso na fala ou problemas de aquisição da linguagem. O ideal é procurar um neuropediatra e um fonoaudiólogo para pesquisar o que pode estar ocorrendo. Confira a lista.

 
  1. O bebê não balbucia ou não emite nenhum som aos 3 meses de vida
  2. Com 8 meses não fala nenhuma vogal ou consoante
  3. Aos 9 meses não dá tchau
  4. Com um ano de idade ainda não aponta para os objetos ou pessoas
  5. Com 18 meses ainda não fala nenhuma palavra
  6. Com 2 anos não consegue combinar duas palavras. Ex: quero água. Diz apenas “água”.
  7. Aos 3 anos não consegue construir frases
  8. Aos 2 anos, embora fale, a linguagem é incompreensível
  9. Regressão da linguagem em qualquer idade
  10. Presença de troca de sons na fala

Cidadania: Ensino sobre a Lei Maria da Penha será obrigatório nas escolas do DF


Instituições públicas e privadas já desenvolvem campanhas que promovem a cidadania nas escolas. Profissionais comentam sobre a importância de discutir o combate à violência contra a mulher


No dia 26 de março, a Câmara Legislativa do DF aprovou em segundo turno o Projeto de Lei n° 233/2019, que agora seguirá para sanção do Governador. A proposta determina que as escolas públicas do DF apresentem noções básicas sobre a Lei Maria da Penha. O conteúdo deverá ser abordado de modo transversal aos conteúdos comuns. Em Brasília, ações com iniciativas que abordam a conscientização já são realidade entre alunos de diversas faixas etárias. 

De acordo com o autor do PL, o deputado distrital Fábio Felix, o objetivo é promover a conscientização de crianças e adolescentes acerca da violência doméstica e familiar. O projeto estabelece ainda a formação continuada de docentes, gestores, orientadores e psicólogos que atuam na área de educação e que poderão trabalhar com o tema.

"Ao levar o conteúdo da Lei Maria da Penha para as escolas, o que se busca é trabalhar a formação de uma nova consciência com os jovens, conscientizá-los contra a prática da violência doméstica e familiar contra a mulher, com a finalidade de desconstruir a cultura de violência existente no Brasil", destaca a advogada Talita Matias, especialista em Direito Penal do escritório Alcoforado Advogados Associados.

Projetos como esse que têm por objetivo promover a cidadania nas escolas já são comuns no DF. No Colégio Objetivo de Brasília, por exemplo, os gestores educacionais criaram uma proposta de combate ao bullying, em que os estudantes participam de rodas de conversa e discutem temas voltados às várias formas de violência e constrangimento no ambiente escolar.

De acordo com Keila Espíndola, orientadora educacional e psicopedagoga do Colégio Objetivo, o ensino da Lei Maria da Penha nas escolas promove autorreflexão e os estudantes passam a entender quem eles são, como são e a pessoa que eles querem se tornar como cidadãos. A educadora destaca que por causa do grande número de casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, é necessário difundir a cultura da informação e conscientização.

"A partir do momento que o aluno tem propriedade desse conhecimento, ele pode muitas vezes levar informação para famílias que não tiveram acesso. Isso faz muita diferença na formação do caráter, na construção desse cidadão. Os alunos aprendem a criar um mundo diferente, e os filhos de opressores passam também a ensinar aos pais aquilo que viram como reflexão na escola", analisa a orientadora.



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