A
semana passada foi repleta de xingamentos, provocações e atitudes quase
infantis, por parte de mandatários, de lideranças políticas institucionais. Um
bate-boca que deixou perplexo o País e nos remeteu ao clima eleitoral de 2018,
extremamente polarizado com um resultado que significou a derrota do centro
democrático. Prevaleceram as posições extremadas, no segundo turno uma escolha
entre oito e oitenta. Um choque de extremos.
Passado o período
eleitoral, esperava-se que a oposição tivesse sensatez de compreender a vontade
da população, respeitar e trabalhar com este cenário. De outro lado, que o
governo afirmasse suas propostas não reveladas durante a campanha e que
apresentasse alternativas claras de políticas públicas.
Buscasse
ampliar sua base no Congresso Nacional para dar sequência ao grande desafio:
fazer as reformas estruturais, que precisam de amplo apoio político e de
engajamento da sociedade para poderem ser aprovadas.
A Reforma
da Previdência, por exemplo, precisa de 308 votos na Câmara Federal e o mesmo
percentual no Senado Federal. Mas precisa também ser entendida e apoiada pelo
brasileiro - e hoje as pesquisas de opinião pública mostram que uma grande
parcela da população rejeita a proposta.
Especialistas
apontam que os efeitos esperados da aprovação da Reforma da Previdência, seriam
uma apreciação do Real de 8% (contra depreciação de 13% em caso de a reforma
não ser aprovada) e uma alta de 26% na bolsa (contra queda de 20% se a reforma
não for aprovada).
Portanto, a
Reforma não se fará com atos de bravata, mas com uma consistente articulação
política. Daí termos estabilidade fiscal, a certeza de que o Brasil poderá ter
um planejamento de médio prazo. Um cenário estável que estimule os
investimentos, ou seja, condições para que o enfrentamento do flagelo do
desemprego e a retomada do crescimento possam acontecer.
A economia
tem sofrido neste clima de "bater cabeças". A Bolsa despencou 3,6% e
o dólar subiu 2%. Os economistas do mercado financeiro reduziram as projeções
para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) para este ano e o próximo. Em
2019, o desempenho econômico deve avançar 2% e em 2020, 2,78%.
A grande
prioridade para o Brasil é a retomada do crescimento, do desenvolvimento, não
discussões vazias e pessoais. É uma vergonha termos mais de 13 milhões de
desempregados em um país por construir e isto deve ser o foco dos chefes de
Poderes, do Presidente da República.
Assim
iremos para uma pauta positiva: implantar o RenovaBio, o Rota 2030, pensar em
um Plano Safra plurianual, com mais recursos e previsibilidade para os
produtores rurais. Avançar na implantação do Novo Código Florestal, acelerar as
concessões de portos, aeroportos e rodovias, fortalecer a "educação para o
trabalho", ter uma política de Inovação que aumente nossa produtividade.
Enfim um
debate político em torno de ideias, uma discussão que não ocorra pelas redes
sociais. Mas que permita ao País celebrar convergências.
O ato de dirigir o Brasil não pode ser fruto de
rompantes, mas refletir decisões cuidadosamente elaboradas, capazes de em torno
delas constituírem uma grande maioria que expresse sua vontade e possibilite o
engajamento da nação.
Não precisamos de incendiários, mas de bombeiros. Chega de
gladiadores é hora dos construtores!
Arnaldo Jardim - Deputado Federal - Cidadania/SP