De acordo com dados do IBGE, a população com mais de 60 anos soma cerca de
30 milhões de pessoas, equivalente a 15% dos brasileiros
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), por meio do seu Conselho de Emprego e Relações do Trabalho, realizou, na ultima sexta-feira (30/11), o seminário “O trabalho do idoso no Brasil: hoje e amanhã”. O evento apresentou uma visão geral sobre a permanência da terceira idade no mercado, além de abordar as dificuldades, as perspectivas e as futuras oportunidades.
Para o presidente do conselho, José Pastore, a permanência do idoso no mercado de trabalho é inevitável, pois não há um sistema previdenciário que comporte uma massa crescente da terceira idade com um salário adequado. “Há necessidade de o idoso trabalhar e continuar produtivo na sociedade brasileira, e isso já está acontecendo. Não se trata apenas de uma colaboração produtiva. Muitos precisam vencer a solidão, muito mais do que a falta de renda. Temos de entender melhor esse tema e, dessa discussão, elaborar propostas”. O especialista também defende o treinamento e a capacitação desses trabalhadores.
O professor sênior da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP) e coordenador do projeto Salariômetro – da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) –, Hélio Zylberstajn, falou sobre os dados demográficos, a inserção no mercado de trabalho e a legislação. “O mercado vai precisar do idoso, porque não teremos mais jovens. Para isso, é preciso um regime especial de trabalho, mais flexível, para o aposentado”, enfatizou.
Já o presidente do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon, Nilton Molina, se diz surpreso com o fato de formadores de opinião, economistas, governo e sociedade em geral discutirem pouco o tema. “O mundo mudou, 60 anos não é mais idoso, é meia-idade. Temos de estudar, discutir, colaborar propostas para a sociedade”. Para o especialista, as ações devem ter como base saúde, renda e trabalho, o que vai levar ao bem-estar e à socialização na terceira idade.
A psicóloga social e consultora do Senac São Paulo para empreendedorismo na maturidade, Mara Sampaio, falou sobre essa transição da aposentadoria e sugeriu que o idoso invista em seus pontos fortes, nas atividades que lhe dão prazer, para que o trabalho não seja um peso, como pode ocorrer na juventude – com o objetivo de também melhorar a qualidade de vida nesta fase.
No evento ainda foram exibidos cases de novos projetos na área, com as apresentações dos CEOs e fundadores da Maturijobs, Morris Litvak; e da 50Mais Courier Sênior, Pedro Wilson Viana Leitão.
Estatísticas
Segundo dados do Instituto Brasileiro de geografia e Estatística (IBGE), atualmente, a expectativa de vida do brasileiro é de 76 anos, um aumento de mais de 12 anos em relação a 1980. O envelhecimento demográfico está em curso no Brasil, sendo que a população com mais de 60 anos já soma cerca de 30 milhões de pessoas, equivalente a 15% dos brasileiros. Essa fatia movimenta mais de um R$1 trilhão por ano, ou seja, 20% do poder de consumo do País.
Nesse contexto, um levantamento da FecomercioSP com base em informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho mostra que, entre 2006 e 2016, o número de idosos com mais de 60 anos cresceu 31% no campo dos empregos formais (Caged). Isso indica que os brasileiros passaram a adiar a aposentadoria ou, então, permanecem no mercado de trabalho mesmo depois de se aposentarem. Serviços, comércio e administração pública estão entre os setores que mais empregam pessoas nessa faixa etária.