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terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Aborto: por que despenalizar?



 Especialistas apontam inconstitucionalidade na criminalização do aborto e defendem sua realização em qualquer circunstância, como forma de redução da mortalidade e do número de abortos no país


Nas últimas semanas, foi reaceso o debate acerca do aborto. Um jornal de grande circulação chegou a abordar o tema em seu editorial, defendendo que o governo federal realize um plebiscito para discutir sua descriminalização. No dia seguinte, a Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou uma recomendação defendendo a flexibilização dos mecanismos legais para a permissão do aborto, visando os casos relacionados ao zika e à microcefalia.

Para o médico ginecologista e obstetra Dr. Thomaz Rafael Gollop, coordenador do Grupo de Estudos sobre o Aborto (GEA), toda esta movimentação é positiva e o assunto deve ser amplamente debatido, pois a população ainda carece de informações sobre o tema.

"Nenhum Estado ou lei no mundo deve interferir em uma questão tão particular, obrigando uma mulher a ter um filho indesejado. Cada um tem suas ponderações, valores éticos e morais, que devem ser respeitados. De acordo com a atual legislação, hoje assistimos passivamente uma gestante interromper sua gravidez colocando a sua vida em risco e, depois disso, ao invés de acolher esta mulher, ela é julgada e penalizada."

É importante salientar que, dos 65 serviços de abortamento legal teoricamente existentes no Brasil, muitos, infelizmente, não fornecem assistência integral às vítimas de violência, sejam elas mulheres, homens ou crianças.

"É necessário, urgentemente, a ampliação destes serviços pelo Brasil afora", avalia Dr. Thomaz. 


Legislação brasileira

O que está em discussão atualmente é se o aborto deve seguir o Código Penal vigente, incriminando as mulheres que a ele recorrem.

De acordo com o Código Penal brasileiro, a mulher que pratica o aborto, com exceção dos casos já legalizados, será punida com pena de detenção de um a três anos.

Em decisão recente, o Supremo Tribunal Federal (STF) revogou a prisão de cinco pessoas detidas em uma operação da policia do Rio de Janeiro em uma clínica de aborto clandestina, pois considerou que os artigos do Código Penal que criminalizam o aborto, que são de 1940, são inconstitucionais, pois violam os direitos sexuais e reprodutivos da mulher, bem como o direito à autonomia de fazer suas escolhas e o direito à integridade física e psíquica.

Para o Dr. José Henrique Rodrigues Torres, Juiz de Direito Titular da 1ª Vara do Júri de Campinas/SP, a decisão é importante, mas ainda não é a ideal.

"Qualquer que seja a circunstância do aborto, e não importa o tempo da gestação, a criminalização da mulher deve ser entendida como inconstitucional e contrária ao sistema de proteção dos direitos humanos. Mas, descriminalizar o aborto pelo menos nos casos em que a mulher está no início da gestação já seria um avanço em direção ao acolhimento das mulheres e à garantia de seus direitos."

O Juiz alerta para outro grande absurdo, nos casos em que a denúncia é realizada por um médico que atendeu a gestante com complicações resultantes de um aborto inseguro.

"Estes processos não deveriam ser aceitos, pois a prova é ilícita, visto que implica uma violação do sigilo médico. Além de impedir o processo contra a mulher nestas situações, o correto seria gerar a responsabilidade do médico pela violação do sigilo", afirma Dr. Torres.


Aborto em números

"É importante lembrar que ocorrem cerca de 300 mortes maternas por ano no Brasil e que o aborto inseguro é a quinta causa de mortalidade materna. Em algumas localidades, como Salvador, é a primeira causa", adverte Dr. Thomaz.

Estas mortes são consequências das mais de 500 mil mulheres que recorrem ao aborto a cada ano, no Brasil, associado à assistência no aborto inseguro, que é a segunda causa de internações em Ginecologia no SUS.

"O aborto clandestino traz outras consequências graves, como a esterilidade, infecções, perfuração em órgãos e hemorragias", destaca Dr. Thomaz.

De acordo com a edição 2005 da Norma Técnica de Atenção Humanizada ao Abortamento do Ministério da Saúde, o resultado deste cenário foram as cerca de 244 mil internações motivadas por curetagens pós-aborto realizadas somente em 2004, decorrentes de abortamentos espontâneos e inseguros, orçadas em pouco mais de R$ 35 milhões.

Este valor seria reduzido drasticamente com a alteração da legislação, que hoje mantém as curetagens na segunda posição entre os procedimentos obstétricos mais praticados nas unidades de internação, superadas, apenas, pelos partos.


Penalização do aborto: uma sentença de morte

A penalização do aborto não é uma medida de proteção à vida, muito pelo contrário. No Brasil, a atual legislação coloca as gestantes, especialmente as de baixa renda, em situação de risco. O aborto inseguro é, hoje, um grave problema de saúde pública, figurado como a quinta causa de óbito materno no Brasil.

Para Dr. Torres, a criminalização do aborto em qualquer momento é inconstitucional, pois viola os princípios dos direitos humanos.

"É muito claro que criminalização e assistência à saúde da mulher são incompatíveis. Isso é afirmado pelo sistema internacional de proteção dos direitos humanos. Descriminalizar o aborto, sim, é colocar o sistema de saúde à disposição das mulheres, permitindo a criação de políticas públicas de atendimento, de acolhimento, acesso aos meios anticonceptivos, educação sexual reprodutiva. Com isso, evitamos a gravidez indesejada e também o aborto."

Prova disso está nos números registrados em países que descriminalizaram o aborto. Uma das consequências diretas é a queda no número de abortos, além, é claro, da redução da mortalidade materna.


O aborto no mundo

A Romênia experimentou os dois lados da moeda em um passado não muito distante e pôde, na prática, verificar o impacto da legalização do aborto. Em 1966, com o objetivo de aumentar a sua população, restringiu o aborto legal, que até então era permitido. A medida foi um fracasso: enquanto as taxas de natalidade mantiveram-se inalteradas, a mortalidade de mulheres grávidas por abortos clandestinos aumentou substancialmente.

A taxa de mortalidade materna triplicou nos quatro anos seguintes, assim como a mortalidade infantil, que passou a ser uma das mais altas da Europa. Do outro lado, a Holanda tem a taxa de aborto mais baixa da Europa, mesmo sendo permitido sem restrições.

Observando países mais próximos do nosso, o Chile aprovou em março deste ano um projeto de lei autorizando o aborto nos casos de risco de morte para a mãe, inviabilidade do feto ou gravidez resultante de estupro. Trata-se de um avanço, considerando que o Chile é um dos poucos países do mundo onde o aborto ainda é proibido em qualquer circunstância, ao lado de El Salvador, Nicarágua, República Dominicana, Malta e Vaticano.

No México, a legislação depende de cada estado. Alguns contemplam penas de prisão, mas na capital, Cidade do México, as mulheres podem interromper a gravidez antes da 12ª semana, desde 2007.

O melhor exemplo entre os nossos vizinhos certamente é o Uruguai, onde desde 2012 o aborto é permitido durante as primeiras 12 semanas de gestação. O resultado imediato da medida foi a brusca queda dos números de mortalidade materna, que ainda hoje é próxima de zero. 

"O Uruguai é um país latino e católico como o nosso, com uma série de questões sociais e dificuldades, mas conseguiu resolver este grande problema, que é a mortalidade materna", afirma o Dr. Thomaz.





5 dicas de como controlar a ansiedade



A ansiedade está cada vez mais presente na vida dos brasileiros, prova disso é que cerca de 23% dos brasileiros passa por algum quadro de transtorno ansioso em algum momento da vida, aponta um levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS).

O transtorno ansioso pode apresentar-se por meio de fobias, síndrome do pânico e Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), que podem ser causados pela decorrência de traumas infantis, doenças pré-existentes, estresse, privação do sono, depressão, abuso de substâncias tóxicas e até mesmo por motivos genéticos.

Ela precisa ser tratada na medida em que afeta a vida pessoal ou profissional do indivíduo e traz sofrimento considerável ou cause outros problemas.
Veja 5 dicas de como controlar a ansiedade:

  • Conexão com o presente: o ansioso normalmente está com a mente no futuro, por isso a mudança de hábitos é essencial. Conectar-se com o presente por meio de pequenos exercícios rotineiros é uma forma efetiva de controlar a ansiedade. No momento da refeição, ao escovar os dentes ou tomar banho, faça de forma consciente e envolva-se com o momento. Esvazie a mente e concentre-se no presente.
  • Tecnologia: o acesso irrestrito à tecnologia e a aderência a tantos gadgets acabam por potencializar a ansiedade. Se fizer o exercício de desligar-se por um momento, perceberá que basicamente nada mudará na vida, por isso determine uma quantidade certa de tempo para estar conectado e aproveite o tempo desconectado para praticar atividades que lhe proporcionem prazer.
  • Sono: a ansiedade é a principal causa da insônia, pois a mente fica muito ligada, tão conectada com o externo que não consegue desligar-se para dormir. Por este motivo, o ideal é que se crie um ritual do sono, ou seja, desconecte-se da tecnologia ao menos duas horas antes de dormir, estabeleça um horário para dormir, não faça alimentações pesadas no jantar e busque atividades que relaxem nesse período.
  • Especialistas: a ansiedade pode ser tratada de forma medicamentosa, mas tudo depende do quadro e da análise médica. Outra possibilidade é o trabalho terapêutico, que pode ser feito para controlar a ansiedade pela mente e não pelo corpo.
  • Meditação: a meditação tem como objetivo diminuir a intensidade dos pensamentos, diminuir até o mínimo possível, chegando muito próximo do pensar em nada, o que produz uma profilaxia mental, servindo para a manutenção cerebral. É uma forma efetiva de entrar em contato com você mesmo e ter maior autocontrole. Com os avanços tecnológicos é possível praticar a meditação guiada sem sair de casa, o que é uma ótima opção para aqueles minutinhos antes de dormir.

Se tratada de forma correta, a ansiedade pode ser controlada e o paciente que apresenta quadro ansioso pode ter uma vida tranquila e normal.




Doutor Odair Comin - psicólogo e fundador da Pantrus, plataforma online de conteúdos terapêuticos em áudio. Saiba mais em: pantrus.com 





Pais devem redobrar os cuidados com as crianças nos dias mais quentes




Nessa época, os pequenos ficam mais expostos à água e ao sol


Durante o verão e os dias mais quentes, muda-se a rotina da família e, consequentemente, os cuidados com os bebês e crianças devem ser redobrados. Segundo a pediatra de São Paulo, Dra. Maria Julia Carvalho, as crianças ficam mais expostas ao sol, à piscina e ao ar livre e, por serem mais sensíveis do que adultos, os pais devem ficar em alerta com os pequenos.

Entre os incômodos mais comuns dessa época do ano estão aqueles relacionados com a perda de líquidos pelo corpo, como desidratação, as picadas de insetos ou os problemas decorrentes das altas temperaturas, como queimadura solar e insolação.  

Confira algumas dicas da especialista para curtir os dias quentes sem complicações:


Exposição solar: os bebês até os seis meses de idade não devem ser expostos diretamente ao sol e nesta faixa etária não está liberado o uso de protetor solar. Já as crianças maiores devem evitar a exposição solar das 10 às 16 horas, além de usar protetor solar, roupas leves e chapéus.


Insolação: o problema acontece quando há um aumento da temperatura do corpo, decorrente da exposição solar exagerada, podendo levar a sintomas como diarreia, vômitos, vermelhidão na pele e febre. Nesse caso, é aconselhável deixar a criança em local fresco, fazer compressas molhadas no corpo e oferecer uma alimentação de fácil digestão, além de sucos e água.


Desidratação: No calor, as crianças tendem a perder mais líquidos do que adultos. Por isso, é importante mantê-las sempre hidratadas. Mas em caso de desidratação, os pais devem oferecer muito líquido, como suco, chá e água. Além disso, também podem fazer soro caseiro: 200 ml de água potável, a ponta da colher de chá de sal e duas colheres rasas de açúcar.


Intoxicação alimentar: quando há a ingestão de alimentos ou água contaminada pode ocorrer a chamada intoxicação alimentar. Nesse caso, recomenda-se que o paciente ingira muito líquido, tenha uma alimentação leve e faça repouso.


Queimadura por água viva: Caso ocorra esse acidente na praia, lave o local com água do mar durante meia hora e depois lave com vinagre. O maior erro é lavar a região com água doce ou soluções a base de álcool, pois isso faz com que seja liberado mais veneno na região. Gelo também pode ser colocado na área para diminuir a dor, mas caso ocorra alguma alergia é necessário consultar um médico. 


Queimaduras: Lave o local que foi queimado com água corrente fria até que a região seja resfriada e depois apliquei uma gaze molhada com água fria ou com chá de camomila. Procure não passar nenhuma receita caseira ou pomada, pois pode irritar o local da queimadura. Também não se deve estourar possíveis bolhas, que podem surgir depois do acidente.


Ralados: Para cortes pequenos e superficiais pode-se fazer a higienização do local apenas com sabão neutro e água. Já em casos de cortes mais profundos é importante que a criança passe por uma avaliação médica para avaliar a necessidade de sutura. Nesses casos é ainda mais importante que a carteira de vacinação dos pequenos esteja em dia devido ao risco de tétano.





Dra. Maria Julia Carvalho - formada pela UNICAMP (2004-2009). Fez residência em pediatria pela Santa Casa de SP (2010-2012). E é especialista em oncohematologia infantil pela Santa Casa de São Paulo (2012-2014). Plantonista na unidade de internação do hospital infantil Sabara e na UPA do Einstein de Perdizes. facebook.com/dramajucarvalho



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